A vida do ferroviário Raphael Martinelli foi relembrada por familiares, sindicalistas e por comunistas revolucionários em seu velório, principalmente sua luta pela revolução e construção do socialismo no Brasil.
Thales Caramante
Foto: Thales Caramante/Jornal A Verdade
SÃO PAULO – Aos 95 anos de vida, morreu o ferroviário revolucionário Raphael Martinelli. Martinelli deixou, mesmo após sua morte em de 16 de fevereiro deste ano, um legado único na história do movimento comunista internacional. Desde a década de 1940 já era um ativo sindicalista de luta na ferrovia brasileira e membro do partido comunista. Em 1955 foi preso devido suas convicções e luta pelo fim da fome, do desemprego e da miséria àqueles que constroem as riquezas, a classe operária.
Jamais abandonando a luta pelo socialismo cientifico, construiu a resistência à ditadura militar fascista junto a Carlos Marighella, Joaquim Câmara Ferreira através da Ação Libertadora Nacional (ALN), sendo preso e torturado em 1971. Sendo ele um comunista ativo, jamais se deixou tomar pelo cansaço e, mesmo com a idade avançada, ministrava cursos à União da Juventude Rebelião (UJR), marcava sua presença em inúmeras atividades, entre elas o Congresso do Movimento Luta de Classes (MLC) e do Partido Comunista Revolucionário (PCR), o lançamento do documentário “Manoel Lisboa – Herói da Resistência à Ditadura”, de Carlos Pronzato. Ávido leitor de A Verdade, jamais deixou de estar nas greves, intervindo ativamente na greve dos ferroviários em 2011, já com 87 anos.
Quem não conhece Raphael Martinelli, o líder dos ferroviários brasileiros, o simples operário de outrora e o eminente professor de hoje? Sua história singular, sua participação ativa na luta revolucionária, seu carisma único fez dele um dos maiores educadores da luta operária no Brasil.
Este carisma que tornou possível todas as homenagens de ontem (17). Seu velório contou com intervenções diversas, entre elas a intervenção de Vivian Mendes, da Unidade Popular Pelo Socialismo, que, com clareza, disse também ao A Verdade que “ele tinha uma capacidade impressionante de olhar para a própria vida e para a própria luta como parte do desenvolvimento da história da nossa classe, com tanta convicção e clareza, que ele conseguia enxergar a revolução logo à frente de um jeito muito inspirador. […] [Martinelli] olhava para a continuidade, conversava com a juventude como que via o futuro da revolução. Isso é impressionante porque não é algo simples de fazer.”
Vivian demonstrou a abnegação de uma vida inteira de luta pelo socialismo, “[ele era] uma pessoa muito dedicada, com uma vontade de fazer a revolução, [fazia isso] com uma serenidade de quem entende profundamente qual seu papel na história. Ele fez tudo isso de forma brilhante.”
Durante as homenagens, também participou Ricardo Senese, metroviário, membro do Movimento Luta de Classes (MLC) e amigo de Martinelli, que leu o poema escrito por Bento José, também do MLC:
Me desculpa, Martinelli
Pelas vezes que perdi a hora
Por quando me deixei tomar pelo cansaço
Por quando descansei com o povo chorandoMe guie, Martinelli
Quando vier a dúvida do que fazer
Quando a luta se aflorar
E a greve me chamarQue eu seja Martinelli
No momento que a classe for quem é
Quando a luz acender
E a revolução esteja na hora!
BENTO JOSÉ
Durante o enterro, houve a presença massiva de sindicalistas, familiares, ferroviários aposentados, companheiros e companheiras de luta. Sob muitas despedidas, discursos e lágrimas de sua companheira e dos amigos, a conclusão geral foi a de que Martinelli é um homem do futuro, da próxima sociedade, da sociedade socialista. Um ser humano íntegro por inteiro, um homem de ferro e de partido. Foi suputado no Cemitério Freguesia do Ó, capital paulista, sob a música A Internacional Comunista.
Somente na classe operária poderia nascer homens como Martinelli, este homem ainda cheio de vida na memória dos trabalhadores, eternamente jovem, que sempre caminhou para a frente, assim como caminhou o proletariado. Tudo isso só foi possível porque o Marxismo-Leninismo poderia oferecer à Martinelli as condições para exercer sua imparável atividade política em todo o país. Assim, a vida e luta de Martinelli são provas de toda a força da classe operária. Martinelli vive!