Vila Flávia, periferia de São Paulo. Os muros grafitados imprimem um ícone soberano: a mãe negra protegendo os filhos. Três famílias marcadas pela ausência de pai: Nêgo leva tatuado no peito o retrato de D Edith. Fernando tatuou uma Virgem Maria nas costas em homenagem à mãe, D. Vera. Barão cumpre pena há 8 anos e amarga a dor de fazer sofrer D. Fatima. Em lares sem pai, na quebrada esquecida pelo estado, a mãe solitária adquire aura de santa guerreira.
Lucas Nascimento e HR Santana
Foto: Reprodução/Tatiana Lohmann
SÃO PAULO – O Filme Minha Fortaleza: os Filhos de Fulano é um filme que conta a história de três famílias marcadas pela ausência do pai, na Vila Flávia, São Mateus, Zona Leste de São Paulo. Histórias de mães obrigadas a criarem famílias sozinhas, conhecidas como Mãe Solo, que são muito presentes nas periferias da cidade a cada geração, seja pelo fato do abandono do pai ou pelo seu afastamento da liberdade, pelos encarceramentos ou pelas mortes causadas pelas mãos das ações cotidianas do Estado.
Além disso o filme Minha Fortaleza, traz a discussão sobre a necessidade da criação de forças populares contra um projeto genocida de um Estado burguês que tem destruído famílias inteiras, seja por repressão e violência direta nas periferias, ou pela redução de direitos, aumento da do desemprego e da desigualdade social, do avanço do racismo, da cultura moral homofóbica e burguesa, que afeta diretamente nossa classe.
O filme captura na tela do cinema o real de centenas de famílias brasileiras moradoras de favela, cortiço e ocupações, dando relatos desses irmãos, sobreviventes de um projeto genocida de Estado. Joga luz também a realidade da juventude negra e periférica com histórias de guerreiros e guerreiras que indiretamente e diretamente impactam nossas quebrada. História que nos motiva para luta por uma outra lógica de sociedade, onde mulheres mãe solo, sejam respeitadas e fortalecidas por suas comunidades e por toda a sociedade.
Mulheres que mesmo criando sua família sozinhas possam acessar os meios necessários para criarem seus filhos e filhas sem conviver com fardo do julgamento moral e social como visto diariamente nessa sociedade capitalista.
Lutar contra um Estado Genocida Burguês que se apresenta para nossas famílias nas periferias e construir um Poder realmente Popular nos Bairros é garantir no real da vida que esses filhos e filhas de mães sola, sobreviva e sejam protagonista e compartilhem a paternidade com suas novas famílias.