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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Covid-19 e o descaso com a população na Baixada Fluminense

Foto: Reprodução
DESCASO. População da Baixada Fluminense sofre com filas nos hospitais (Foto: Reprodução)

Por Gabriel Montsho
Movimento Negro Perifa Zumbi e Unidade Popular Pelo Socialismo


Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou estado de pandemia de coronavírus, a rotina de diversos países ao redor do mundo tem mudado. No Brasil, apesar das declarações criminosas do presidente Jair Bolsonaro, que vão na contramão do que orientam os principais órgãos de saúde, o que se vê é o preocupante crescimento do número de pessoas com Covid-19 no país. Só no Rio de Janeiro, já se somam quase 400 casos confirmados pela Secretaria de Saúde.

O descaso com o serviço de assistência básica, os cortes que foram feitos na área da saúde e as políticas neoliberais e entreguistas de privatização precarizaram ainda mais a condição de resposta do SUS em relação ao vírus.

Trabalhadores são os principais afetados

Apesar de infectar qualquer pessoa sem fazer preferência de raça, classe ou gênero, o coronavírus é uma ameaça principalmente para os trabalhadores e o povo pobre. Isso acontece pois estes são os mais vulneráveis, são a maioria entre os trabalhadores informais (38 milhões de pessoas) e entre os desempregados (mais de 12 milhões, segundo o IBGE).

São essas pessoas, junto aos milhões de assalariados, que vão enfrentar a preocupação de como colocar comida na mesa durante o período da quarentena. Enquanto vai para o Senado a votação do auxílio emergencial de R$ 600,00 para trabalhadores informais contribuintes do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), como fica a situação dessas famílias?

A realidade nas regiões periféricas é de falta de saneamento básico, encarecimento dos produtos em mercados e farmácias, além de hospitais sem atendimento e falta d’água nos bairros, nesses tempos em que a higiene é tão necessária para se manter a vida.

Esse é o caso de quem vive na Baixada Fluminense. Formada por 13 municípios e conhecida como área dormitório, já que seus moradores saem pela manhã rumo ao centro do Rio para trabalhar e voltam apenas ao final do dia para dormir em suas casas, a Baixada é rica em recursos que se fossem usados em benefício de sua população seriam suficientes para garantir qualidade de vida para todos seus habitantes.

Porém, o que vemos é justamente o contrário. Segundo o levantamento da Coordenadoria de Saúde e Tutela Coletiva da Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) e do Conselho Regional de Medicina (CREMERJ), dos 13 municípios que formam a região, apenas Guapimirim apresentou condições satisfatórias no atendimento mínimo de urgência e emergência prestado à população. O Hospital Geral de Nova Iguaçu (Hospital da Posse), que é referência no Estado, sofre com superlotação dos leitos, além de ter chegado a suspender cirurgias em janeiro deste ano por falta de materiais. Nova Iguaçu é o sétimo PIB do Rio de Janeiro.

Outras unidades que sofrem com o descaso são os hospitais Adão Pereira Nunes e Dr. Moacyr do Carmo, em Duque de Caxias, onde a população reclama de superlotação e falta de atendimento. Duque de Caxias tem o 3° maior PIB do Rio Janeiro, mas, apesar devido à corrupção e ao descaso de sucessivos governos, a cidade ocupa a 1.574º colocação no ranking do IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

Região sem saneamento básico

A região também sofre com falta de saneamento. Segundo levantamento feito pelo Instituto Trata Brasil, que mediu a qualidade dos serviços de água e esgoto entre as 100 maiores cidades do país, a Baixada tem quatro municípios ocupando posições no final da lista. São eles: Nova Iguaçu (82º), São João de Meriti (89º), Duque de Caxias (91º) e Belford Roxo (95º).

Dessa forma, vemos um ambiente propício pra que o vírus se alastre ainda mais. Diferente de vários lugares do país, ao andarmos pelas ruas da Baixada vemos que a rotina pouco mudou. Precisamos, portanto, tomar iniciativas de solidariedade entre a própria população para nos conscientizarmos em relação ao vírus. Além disso, devemos buscar alternativas de ajuda financeira e campanhas de doação de alimentos e materiais de limpeza, como as que vêm sendo promovidas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), além de se articular na campanha #CoronaNaBaixada, que reúne cerca de cem lideranças e organizações no combate à proliferação da Covid-19. Só com organização e solidariedade entre os mais pobres poderemos conter o vírus.

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