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domingo, 22 de dezembro de 2024

Abandonados por governo, 1,1 milhão de brasileiros perderam o emprego na quarentena

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DESALENTO – Para o DIEESE, 17 milhões de trabalhadores brasileiros estão desempregados. (Foto: André Coelho / Getty Images)

Incompetência de Bolsonaro e sua preferência pelos mais ricos levaram à demissão de 860 mil trabalhadores somente em abril. São Paulo, maior economia do país, fechou 336.755 postos de trabalho.

Por Heron Barroso
Rio de Janeiro

BRASIL – Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta quarta-feira (27), revelam que 1,1 milhão de postos de trabalho com carteira assinada foram fechados entre os meses de março e abril. Este foi o pior resultado dos últimos 29 anos. Na soma de janeiro a abril, 763 mil brasileiros perderam o emprego, resultado da incompetência de Bolsonaro e de sua equipe econômica e da clara opção destes em governar em benefício exclusivo dos bancos e das grandes empresas multinacionais e do agronegócio.

Os trabalhadores que mais sofreram com o “e daí?” do governo Bolsonaro e de seus generais foram os do setor de serviços. Ao todo, mais de 362 mil foram demitidos somente no mês passado. O comércio fechou 230 mil postos de trabalho com carteira assinada em abril, enquanto a indústria pôs na rua 195.900 operários.

Todos esses trabalhadores passaram a engrossar o exército de 12,8 milhões de desempregados no país, segundo Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. Porém, para o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), esse número pode ser ainda maior. “Do último trimestre para cá, a nossa população economicamente ativa decresceu 1% e nosso volume de trabalho decresceu 2,2%. Isso faz com que a gente projete uma taxa de 17,4%, 17 milhões de desempregados e, se esse processo perdurar, podemos chegar a taxas maiores ainda. Quando somamos com quem desistiu do mercado de trabalho, vamos chegar à crise do emprego no Brasil em torno de 20 milhões no próximo trimestre”, acredita a economista Lúcia Garcia.

Dessa forma, o governo Bolsonaro caminha a passos largos para posicionar o Brasil em primeiro lugar não apenas no número de mortos pela Covid-19, mas também em trabalhadores desempregados e, pior, desamparados.

De fato, milhões de pessoas têm se humilhado diariamente nas filas da Caixa Econômica em busca do auxílio de R$ 600 anunciado no final de março. Muitos reclamam que ainda não conseguiram sacar a primeira parcela do benefício, liberada em abril. Outros, sequer tiveram seus pedidos de ajuda analisados pelo sistema da Caixa.

Já quem corre atrás do seguro-desemprego se depara com as mesmas dificuldades. Como as agências do Sistema Nacional de Emprego (Sine) estão fechadas devido à quarentena, a solicitação do benefício precisa ser realizada pela internet, o que por si só já é um enorme obstáculo para muitos trabalhadores. O próprio governo estima que 200 mil pessoas demitidas entre março e abril ainda não pediram o seguro-desemprego simplesmente porque não conseguem acessar o sistema.

Apesar disso, para o Ministério da Economia está tudo em ordem. “É um número (1,1 milhão de novos desempregados) duro que reflete a realidade de pandemia que vivemos, mas que traz em si algo positivo. Demonstra que o Brasil, diferentemente de outros países, está conseguindo preservar emprego e renda”, disse o secretário especial de Previdência e Trabalho do ministério, Bruno Bianco.

Sem dúvida, o emprego e a renda dos banqueiros, especuladores, megaempresários, latifundiários, reis do agronegócio, barões do narcotráfico, das famílias donas dos grandes meios de comunicação, enfim, dos super-ricos, estão mais que preservados, estão prosperando. Porém, eles são apenas 1% da população brasileira (ou até menos). A questão é: e os 99% restantes, como ficam?

Não precisa ser nenhum especialista em economia para perceber que toda a política do governo Bolsonaro, de seu ministro da Economia Paulo Guedes e dos generais confortavelmente instalados no Palácio da Alvorada é voltada exclusivamente para garantir os lucros das grandes empresas. Isso ficou ainda mais claro depois da divulgação do vídeo da reunião ministerial do último dia 22 de abril. Nele, Paulo Guedes afirma sem constrangimento ou “escrúpulos morais” que “nós vamos botar dinheiro, e … vai dar certo e nós vamos ganhar dinheiro. Nós vamos ganhar dinheiro usando recursos públicos pra salvar grandes companhias. Agora, nós vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas”.

Acontece que essas “empresas pequenininhas” são responsáveis por 54% dos empregos com carteira assinada no país, segundo o Sebrae. Em 2019, micro e pequenas empresas abriram 731 mil vagas formais, enquanto as médias e grandes empresas (essas que Paulo Guedes e Bolsonaro querem salvar com dinheiro público) fecharam 88 mil postos de trabalho.

Ao se recursar a ajudar os milhões de brasileiros que são donos de mercadinhos, padarias, restaurantes, pequenas lojas, etc., a se manterem durante a quarentena, Bolsonaro não está apenas condenando todas essas pessoas à falência e ao desemprego, mas também está deixando claro para quem governa, com quem realmente se preocupa quando fala em “salvar a economia”, “preservar os CNPJs” e outras demagogias do tipo.

Este governo não é apenas incompetente, é também cruel, e a cada dia mais pessoas percebem que a sua continuidade representa morte, crise e fome. Derrotá-lo é, pois, uma questão urgente, de vida ou morte para o povo brasileiro.

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