Em meio à pandemia do coronavírus, como se não bastasse o total descaso com o qual os moradores de favelas e periferias sofrem na cidade, o Estado assassino de Wilson Witzel continua pondo em prática sua política de extermínio contra o povo negro e pobre.
Por Gabriel Montsho
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
RIO DE JANEIRO – Mais uma operação violenta da polícia deixa favelas do Rio de Janeiro em luto em meio à pandemia do coronavírus. Desta vez, a vítima foi João Pedro, de 14 anos, baleado dentro da própria casa, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.
Segundo parentes, os policiais (civis e federais) que faziam a operação na favela, levaram o menino baleado, colocando-o dentro do helicóptero, sem nenhum acompanhante, e sem, ao menos, ter feito contato com a família.
Desde a noite de ontem (18), iniciou-se a busca desesperada pela criança baleada. Foi então que, na manhã desta terça-feira (19), após horas de desespero, o corpo foi encontrado no IML.
Essa é a demonstração da atitude racista, corriqueira e arbitrária, adotada pelas polícias, de desaparecer com corpos de negros e pobres por horas, dias e, às vezes, até meses e anos, como foi o caso de Amarildo, pedreiro que teve seu corpo desaparecido por policiais da UPP da Rocinha em 2014, e que, até hoje, não foi encontrado.
Vale ressaltar que a política de genocídio do Estado brasileiro se intensifica a cada ano. Só em 2019, foram 1.375 pessoas mortas por ações policiais no Rio de Janeiro, o que equivale a 23% do total em todo país.
Mesmo durante a pandemia, as operações continuam. Além do Complexo do Salgueiro, também houve tiroteios que resultaram em mortes em diversas favelas, como Cidade De Deus (ZO), Acari (ZN), e, mais recentemente, no Complexo do Alemão. Esta última foi uma verdadeira chacina promovida pelo BOPE, CORE e pela Polícia Militar do governador Wilson Witzel, a qual deixou 13 mortos no complexo do Alemão (ZN) no último dia 15.
Percebemos claramente, com isso, que a periferia, além de vulnerável aos riscos do coronavírus, devido à situação de falta d’água e saneamento básico, ainda enfrenta o genocídio que o estado promove, uma guerra aos pobres.
Diante disso, é extremamente importante que os movimentos de bairros e favelas, os movimentos populares e o povo em geral se organize, agora mais que nunca, para fazer um enfrentamento e denunciar essa política de morte, camuflada de “guerra às drogas”, as quais continuam matando nossos jovens negros dentro das favelas cariocas e de todo o Brasil.