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sexta-feira, 29 de março de 2024

A situação precária do patrimônio histórico no Brasil

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SEM INVESTIMENTOS – Construções históricas monumentais “caindo aos pedaços” nas grandes capitais. (Foto: Reprodução/Google Maps)
João Maranhão

PERNAMBUCO – No meio de uma crise mundial, as prioridades obviamente se resumem em resolver a crise antes que a situação se agrave cada vez mais. O Brasil já tem inúmeras questões pendentes com a saúde, educação, cultura, infraestrutura, etc. E a pandemia da Covid-19 só agrava problemas que já existiam e traz mais alguns para a conta do Brasil.

A questão é que esse problema em específico não foi o coronavírus que causou. Esse descuido irresponsável e abominável vem de muito antes da pandemia. Descuido que está demolindo aos poucos construções históricas de um valor imensurável não só para as populações locais, mas para a sociedade brasileira como um todo.

Os nossos monumentos, nossos patrimônios, nossa história, estão sendo destruídos a cada pedaço de gesso que cai do Chantecler e Liceu de Artes na Praça da República, centro do Recife, e tantas outras construções históricas espalhadas pelas diversas cidades brasileiras onde as prefeituras, os governo estaduais e o Governo Federal não têm nenhum interesse em resgatar os patrimônios históricos e culturais do Brasil.

Na cidade mais rica do Brasil não é diferente do que acontece com a capital pernambucana. A gigantesca São Paulo, centro financeiro do país que detém aproximadamente um quarto do PIB brasileiro, tem um centro histórico muito mal preservado. Veja a situação de construções históricas de frente a uma das grandes atrações da cidade, a Galeria do Rock, na imagem abaixo:

LENTA DESTRUIÇÃO – Nossos patrimônios, nossa história, estão sendo destruídos a cada parede a parede todos os dias pelo descaso dos governos com nossa história e identidade. (Foto: Reprodução/Google Maps)

E essa falta de interesse em conservar nossos patrimônios é reflexo da falta de interesse em resolver qualquer problema que o Brasil enfrenta. É só ver como o capitão reformado e seus ministros estão lidando com a crise atual. Eles não têm nenhum interesse em erradicar o coronavírus, pois nele encontram uma chance para um possível Golpe de Estado. E o pior de tudo não é ver a precariedade dessas majestosas construções, e sim ver a situação das pessoas que se concentram em torno delas. Milhares de pessoas em situação de rua se concentram nos centros históricos de diversas cidades brasileiras, e os governos federal, estaduais e municipais dão a mesma atenção que a Prefeitura do Recife e o Governo de Pernambuco dão para o Chantecler e Liceu de Artes: nenhuma.

São de fato atrocidades. Essas atrocidades não são vistas nos países socialistas. A cultura nos estados socialistas está em outro patamar, tudo é do povo e aquilo que pertence ao povo merece e deve ser preservado. Por outro lado Havana sempre é vista como paupérrima pelo mundo inteiro. Todos os ataques absurdos que Cuba sofre periodicamente quando taxada de “miserável” são devido ao bloqueio econômico. Por conta dele, a ilha não consegue resolver todos os seus problemas. E mesmo assim o povo vive dignamente, com teto, sem fome e com sua cultura viva e preservada para sempre.

Já o governo brasileiro respira desigualdade e é alimentado pela falta de cultura e o fascismo dominantes. Em cada cidade do Brasil existe uma parte da nossa cultura sendo destruída. Em cada Centro Histórico o que mais se vê é a situação miserável da cultura e do povo. Em cada fissura que se encontra em nosso patrimônio histórico e cultural é uma fissura no coração do povo brasileiro.

A situação atual só agrava as condições da sociedade e da cultura. A pandemia é uma aliada do Governo Federal na extinção da cultura do Brasil e no genocídio do povo, tudo alinhado com as medidas tomadas por Bolsonaro e cia. Mas eles se enganam se pensam que o povo está de olhos fechados pra tudo que está acontecendo no país. Nem o coronavírus nem o capitão reformado são capazes de derrotar o povo brasileiro. Estamos mais fortes do que nunca!

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  1. Preservação não gera voto, pois a maioria da população não valoriza e aí a grande maioria dos políticos se desinteressam. Aqui em Vicência na Mata Norte de Pernambuco, lutamos muito para preservar o Centro Histórico da cidade além de outras áreas importantes, mas esses últimos gestores são negligentes e deixam destruir ou descaracterizar, não atendendo assim as legislações municipais, e as denúncias feitas ao MP praticamente não vem adiantando.

  2. Na maior parte do Brasil, os políticos locais manifestam claramente seu ódio à educação, à arte e à cultura. Aqui no Distrito Federal um emblemático exemplo que se perdeu foi a Igreja de Nossa Senhora de Pompéia na Vila Planalto, toda feita de madeira e criminosamente incendiada (encontraram vestígios de combustível nos pedaços que não foram destruídos). Um outro local que corre riscos enormes é o Museu Vivo da História Candanga, um complexo de várias casinhas de madeira que gradativamente se deteriora mais e mais. Para completar, uma construção de alvenaria que até hoje nunca passou por manutenção, a Rodoviária do Plano Piloto, onde parte do teto já desabou e a única medida mal que mal paliativa foi pintar de branco as partes emboloradas.

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