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terça-feira, 23 de abril de 2024

Padre Henrique: herói dos trabalhadores brasileiros

HERÓI DOS TRABALHADORES – Padre Henrique Pereira Neto é imortalizado pela sua luta em defesa dos mais pobres. (Foto: Arquivo/Jornal A Verdade)
Redação Pernambuco
Jornal A Verdade

RECIFE (PE) – Há 51 anos atrás, no dia 27 de Maio de 1969, Antônio Henrique Pereira Neto, conhecido popularmente como Padre Henrique, era torturado e assassinado covardemente pela ditadura fascista brasileira no matagal da Cidade Universitária, onde ironicamente se encontra o Colégio Militar do Recife atualmente, no estado de Pernambuco.

No decorrer de sua curta vida, Padre Henrique foi um dos milhares de brasileiros seguidores do cristianismo, porém o mesmo seguiu sua fé a risca e repartiu da sua grande humildade e conhecimento com mais outros milhares de pobres. Logo ele se tornou Sociólogo, chegando a lecionar em alguns colégios e na Faculdade  de Ciências Sociais no Recife. O Padre exercia suas atividades junto a Dom Hélder Câmara, que na época era Arcebispo de Olinda e Recife e também defensor dos humildes. Além de prestar assistência a juventude, dedicando-se ao trabalho de orientação de jovens, Padre Henrique se mostrava averso a repressão e a perseguição causadas pela ditadura militar. Entre os milhares de jovens na qual o Padre prestava assistência, estava os estudantes que eram cassados pelo regime militar fascista de Costa e Silva – isso num período onde o AI-5 estava a pleno vigor.

Seu recorrente contato com os jovens e os estudantes cassados fez com que Padre Henrique fosse perseguido também, desta forma ele começa a receber ameaças de morte por ligações telefônicas do Comando de Caça aos Comunistas (C.C.C.), uma milícia fascista composta por defensores da ditadura vigente – uma milícia de amedrontados pela força da classe trabalhadora, que também procurou espioná-lo por escutas telefônicas, para intimidar a Igreja e os estudantes. Mas isso não foi suficiente pro Padre parar de defender a classe proletária abertamente.

GRANDE MARCHA – Dom Helder com uma multidão no cortejo do Padre Henrique. (Foto: Arquivo/Jornal A Verdade)

No dia anterior a sua morte, Antônio Henrique participou de duas reuniões com pais e estudantes, ao término das mesmas, já era noite e o Padre recusou a carona de estudantes para voltar para casa. Henrique foi visto pela última vez por uma de suas alunas, que testemunhou o Padre em uma rural acompanhado por três homens. Na madrugada do dia 27 de Maio de 1969, moradores do Engenho do Meio no Recife chegaram a ouvir disparos vindos das matas fechadas ali perto. Logo no início da manhã foi achada a vítima dos disparos, era o Padre Henrique cujo o corpo apresentava marcas de tortura também. Ele tinha apenas 28 anos. A execução política é evidente juntamente com o fato de que as autoridades e a esfera federal de Pernambuco sabiam da autoria da execução e agiram em conjunto para ocultar e interferir no processo por meio do Ministério da Justiça.

A execução do Padre Henrique causou uma comoção enorme na época. Milhares de pessoas participaram do cortejo e do enterro de Antônio Henrique, e logo se transformou numa manifestação popular contra a ditadura militar, a cantos e rezas católicas. Os responsáveis pelo assassinato do Padre estão impunes até hoje, o mesmo aconteceu com outros milhares de camaradas que foram perseguidos e mortos pelo fascismo. Ainda assim, a memória e o humanismo de Antônio Henrique Pereira Neto são lembrados como exemplos de camaradagem e de luta pela nossa libertação. Como disse Dom Hélder Câmara: “O trucidamento do Padre Henrique é obra daqueles que julgam estar salvando a civilização cristã com a eliminação de sacerdotes e líderes estudantis.” Viva Padre Henrique!

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