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sábado, 21 de dezembro de 2024

Fazendeiros aproveitam pandemia para desmatar Cerrado

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DESMATAMENTO – Fazendeiros utilizam pandemia como meio de ofuscar sua criminosa campanha de desmatamento das florestas brasileiras. (Foto: Reprodução)
Caio Souza

BRASIL – Diante da pandemia do novo coronavírus, grandes fazendeiros de Goiás têm realizado um verdadeiro ataque ao bioma Cerrado e aos povos quilombolas. As expansões das fronteiras agrícolas, que historicamente degradaram o Cerrado, intensificaram-se neste período de isolamento social. Este avanço chegou até o território de propriedade Kalunga, devastando quase mil hectares de vegetação nativa e ameaçando a vida de um povo.

Historicamente, as principais ameaças à biodiversidade no Brasil estão relacionadas à forte destruição que setores da agricultura e da pecuária fazem para garantir e ampliar seus lucros. Nos últimos dias, criminosos fizeram uso da prática chamada de “correntão”, bastante utilizada para desmatar grandes áreas em pouco tempo, para atacar uma das regiões mais preservadas de Cerrado no Brasil. Assim como fizeram em outros períodos, provocando queimadas, contaminando áreas com agrotóxicos e fazendo uso desordenado da água dos rios da região.

Os povos Kalunga possuem territórios nas regiões do norte e nordeste de Goiás, próximos ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, no Município de Cavalcante, que tem o maior número de habitantes em comunidades quilombolas. Os povos chegaram ali como resultado das diversas revoltas e fugas que ocorreram no período de escravidão do Brasil. As diversas gerações estão presentes com seus quilombos nessa região há quase 300 anos, servindo, desde seu surgimento, de exemplo de resistência para o povo brasileiro.

Além de exemplo de diversidade cultural e resistência contra as mais diversas opressões sofridas, os kalungas mostram um exemplo de como viver em harmonia com o meio ambiente, preservando e fazendo um uso consciente da fauna, da flora e dos recursos hídricos, que existem em abundância na região. Recursos naturais que o Cerrado possui e que os grandes empresários do agronegócio têm bastante interesse em explorá-los. Por isso, este bioma vem sendo atacado ao longo dos anos.

Ainda no período eleitoral, o irresponsável presidente fascista Jair Bolsonaro já havia se pronunciado desprezando a existência dos povos quilombolas, afirmando que “nem para procriar servem mais”. Nas últimas semanas, foi divulgado o áudio de uma reunião ministerial em que o ministro da Educação ataca os povos tradicionais brasileiros. Se no âmbito federal a situação política não está favorável aos povos Kalunga, tampouco está no âmbito estadual, com o governado Ronaldo Caiado (DEM), membro de uma das mais tradicionais famílias ligadas à mineração e um dos maiores aliados do setor do agronegócio na política nacional.

O Cerrado brasileiro é conhecido como “berço das águas”, visto que as quatro maiores bacias hidrográficas brasileiras (Amazônica, Platina, Araguaia-Tocantins e São Francisco) têm suas nascentes nessa região. Então é de grande importância preservarmos as regiões de biodiversidade do nosso país e apoiarmos a permanência dos povos tradicionais nessas áreas. Assim, é urgente denunciarmos as práticas de degradação do meio ambiente e os ataques dos setores capitalistas aos povos tradicionais em todo o Brasil.

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