Redação Piauí
Jornal A Verdade
O Jornal A Verdade, na programação de formação na quarentena, decidiu abordar o tema “O Marxismo e as Eleições”. Em uma sociedade profundamente desigual com enorme concentração de riquezas em um polo e, como bem afirmou Karl Marx “acumulação de miséria, tormento no trabalho e degradação moral no polo oposto”, se faz urgente a construção de uma revolução socialista para se estabelecer um sistema onde acabe com a exploração do homem sobre o homem.
Para ter êxito neste objetivo, são vários elementos importantes, a destacar duas tarefas fundamentais, que é construir uma vanguarda e conquistar as massas. Esta edição trataremos do aspecto da conquista das massas, onde a participação nas eleições burguesas tem um importante papel.
Selecionamos alguns textos para possibilitar a melhor compreensão dos leitores sobre como o marxismo aborda este tema. O primeiro é de Friedrich Engels, um trecho breve do livro “Origem da Família, Propriedade Privada e do Estado” , onde apresenta uma excelente definição sobre o Estado capitalista e suas características, também expõe sobre o sufrágio universal (as eleições) e de como os comunistas devem encará-los. Citamos aqui esta passagem:
“O sufrágio universal é, assim, o índice do amadurecimento da classe operária. No Estado atual, não pode, nem poderá jamais, ir além disso; mas é o suficiente. No dia em que o termômetro do sufrágio universal registrar para os trabalhadores o ponto de ebulição, eles saberão – tanto quanto os capitalistas – o que lhes cabe fazer.”
O segundo e terceiro, são textos de Vladimir Lênin, principal líder da revolução bolchevique russa, extraído do livro “Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo”, são os capítulos: “Deve-se Participar do Parlamento Burguês?” e “Nenhum Compromisso?”. Nestes capítulos, Lênin desenvolve uma intensa luta ideológica com os chamados “comunistas de esquerda alemães”, onde rejeitavam a possibilidade dos comunistas em participar de eleições. Segue um fragmento do livro:
“O esquerdismo, diz, por exemplo, que os parlamentos caducaram, que as eleições só servem para propagandear ilusões e que os sindicatos só têm pelegos. Levam em conta para definir sua tática, sua vontade e não a consciência das massas.”
Na “Carta aos Comunistas Austríacos”, Vladimir continua esta luta ideológica, agora com o partido da Áustria, referente a decisão de não participarem das eleições naquele momento histórico. Ele afirma:
“Enquanto não tivermos força para dissolver o parlamento burguês, devemos atuar contra ele, de fora e de dentro. Enquanto um número considerável de trabalhadores – não só os proletários, mas também semi-proletários e pequenos camponeses – tenham fé nos instrumentos democrático-burgueses de que se serve a burguesia para enganar os operários, devemos denunciar esse engano precisamente da tribuna que as camadas atrasadas de operários e, em particular, das massas trabalhadoras não proletárias, consideram como a tribuna mais importante e mais autorizada.”
Definimos como quinto texto, o trecho “os inimigos que o bolchevismo enfrentou dentro do movimento operário para poder crescer, fortalecer e temperar-se” do artigo “A Atualidade do Significado Internacional da Revolução Socialista Russa de 1917”, de Luiz Falcão, diretor de redação do Jornal A Verdade e membro do Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário (PCR), onde faz uma reflexão sobre o livro, já citado, “Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo”, tendo como objetivo do artigo expor a experiência dos bolcheviques na revolução de 1917. Demonstrando que a tática leninista aplicada durante todo o período contrarrevolucionário e revolucionário na Rússia continuam válidos, atuais e obrigatórios para os comunistas revolucionários neste século XXI. Citamos um trecho:
“O problema, portanto, não é se deve ou não participar das eleições, mas como dele se participa e que uso fazer do parlamento: atua-se no sentido de aprofundar as ilusões nas eleições ou se para propagar a ideia da revolução como o único meio para pôr fim à fome e à exploração dos trabalhadores.”
Ainda selecionamos, “O Partido Comunista e o Parlamento, Resoluções Aprovadas no 2° Congresso da III Internacional”, realizado em julho de 1920, uma importante síntese de como os comunistas devem encarar as eleições burguesas e sua participação, além de colocar afirmações necessárias de qual deva ser a postura dos candidatos e membros do partido comunista eleitos.
Encerramos com o texto “Democracia Burguesa e Democracia Proletária”, capítulo do livro “A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky”, onde Lênin desmascara as concepções oportunistas de Kautsky, uma das principais lideranças social-democratas da época. O livro expõe a crítica ao reformismo e a política social democrata, onde se apresentam como administradores do capitalismo e transformam o partido em verdadeiras maquinas eleitorais. Com isso, Vladimir Lênin alerta para outra possibilidade de desvio do marxismo. Neste capítulo em particular, demonstra o que é a democracia burguesa e a verdadeira democracia proletária que os comunistas defendem.
“A democracia burguesa, sendo um grande progresso histórico em comparação com a Idade Média, continua a ser sempre – e não pode deixar de continuar a ser sob o capitalismo – estreita, amputada, falsa, hipócrita, paraíso para os ricos, uma armadilha e um engano para os explorados, para os pobres. É esta verdade, que constitui uma parte integrante essencial da doutrina marxista, que ‘marxista’ Kautsky não compreendeu.”
Compreender dialeticamente a necessidade da participação ou não nas eleições burguesas, com atenção para não cometer os erros do esquerdismo e nem do reformismo, é fundamental para os comunistas na tarefa de ganhar a consciência das massas para a revolução socialista.