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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Prefeitura de Mauá fecha hospital de campanha em meio à pandemia

REVOLTA – Manifestação de moradores da cidade em junho contra o descaso da prefeitura. Foto: Jornal A Verdade

Por Amanda Bispo e Gabriela Torres

Quais devem ser as medidas tomadas pelo Estado durante uma pandemia? Em uma realidade com 100 mil mortes de brasileiros, o estado de São Paulo se destaca por ser o epicentro de toda a América Latina – e apesar dessa tragédia diária, os governos municipais seguem negligenciando as vidas ceifadas nas cidades, no país e em todo o mundo: É o caso de Mauá, que anoiteceu com a notícia de que a prefeitura de Mauá fechará o hospital de campanha do município.

A decisão criminosa da prefeitura vai de encontro à realidade dos moradores de Mauá: cada vez mais expostos ao vírus com a abertura comercial decretada, o número de contaminados diários na cidade aumentou em 100% nas últimas duas semanas, e o município atingiu seu patamar com a taxa de mortalidade em 5.9%.

O cotidiano de moradores de bairros como o Jardim Zaíra, Oratório ou Itapeva, é assolado pela falta d’água, com UPAs sem equipamentos de segurança para os profissionais, e nunca teve sua segurança garantida com o direito à quarentena. Não há dúvidas de quem são os mais afetados pela crise sanitária do COVID-19: os trabalhadores, os moradores das periferias, a juventude desempregada e sem oportunidades, o povo mais pobre.

O hospital de campanha que está sendo fechado, além de ter sido insuficiente para os quase 500.000 habitantes, foi apenas uma oportunidade encontrada pelo atual prefeito, Átila Jacomussi (PSB) para roubar do dinheiro público. Durante o mês de junho, Jacomussi foi alvo de investigação pelo superfaturamento da construção do hospital de campanha: O preço pago foi de R$3,3 milhões, possuindo apenas 30 leitos por 90 dias, um valor duas vezes maior que o pago pela prefeitura de Santo André, que comporta 100 leitos.

Mandados de busca do  Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), junto à polícia passaram pela sede da Prefeitura e o gabinete do político, e Luís Carlos Casarin, secretário de Saúde de Mauá, segue sendo investigado.

ESCÂNDALOS – O fechamento do hospital de campanha é um dos diversos crimes cometidos por Átila Jacomussi.

Diversas são as denúncias de pessoas que não conseguiram leitos em Mauá e também não encontraram vaga para transferência para outra cidade e acabaram falecendo. Os trabalhadores da saúde denunciam a falta de EPIs, a superlotação do Hospital Nardini e o descaso com suas vidas. Familiares de moradores que morreram de COVID-19 em casa tiveram de esperar horas para que os corpos de seu parentes fossem retirados, como conta Samira, moradora de Mauá . Integrante da União da Juventude Rebelião, Samira constrói as brigadas de solidariedade dos movimentos sociais e relatou ao A Verdade sobre o caso:

“Durante uma atividade de entrega de cestas organizada no bairro do Cerqueira Leite, pude conversar com uma moradora local, que relatou um caso de genocídio escancarado, onde um morador da região foi a óbito em sua casa contaminado pela COVID-19.  A remoção do cadáver foi realizada após 12 horas, de maneira que, todas pessoas que conviviam com ele; ficaram expostas ao vírus e viram de maneira desumana o corpo iniciar o estado de decomposição.”

Apesar das decisões genocidas, do descaso com a vida dos habitantes da cidade e de relatos como o de Samira se tornarem cada vez mais recorrentes, esperar justiça já não é mais uma opção para os moradores: Átila Jacomussi sofreu inúmeros processos e já foi alvo de incontáveis investigações envolvendo desvio dos recursos públicos.

O descrédito do político atingiu patamares enormes com flagrantes envolvendo dinheiro do povo escondido dentro de ar condicionado e panelas de pressão, e Jacomussi já chegou a sofrer um processo de impeachment por suas falcatruas. Contudo, a justiça burguesa, para os trabalhadores, tarda e falha: o prefeito foi empossado sob a alegação de inocência, apesar da acusação e prisão terem sido feitas em flagrante. 

SOLIDARIEDADE – Movimentos sociais das cidades fazem o que a prefeitura não faz

Após a sequência de ilegalidades continuarem após sua volta, o pedido de impeachment foi feito mais uma vez, e durante essa semana, foi negado pela câmara municipal. A decisão votada pela continuidade do prefeito no poder não causa espanto, já que 22 dos 23 vereadores participaram dos escândalos de corrupção de Átila Jacomussi.

Enquanto o prefeito decide acabar com as políticas públicas emergenciais para conter a pandemia e a quantidade de mauaenses mortos pelo COVID-19, Admir Jacomussi (Patriota); Cincinato Lourenço (PSB); Chico do Judô (PSD); Chiquinho do Zaíra (Avante); Gil Miranda (Republicanos); Joelson Alves, Jotão (SD); Pastor José da Silva (Avante); Ivan Stella (PSB); Irmão Ozelito (PSC); Ricardinho da Enfermagem (PSB); Betinho Dragões (PL); Samuel Enfermeiro (PSB); Severino do MSTU (PL), e o líder de governo Vladmilson Garcia, Bodinho (Patriota) dão autorização para que a política de negligência continue devastando a vida dos moradores.

 LUTA – Integrantes da Unidade Popular em mobilização pelo direito à vida e em homenagem aos mauaenses assassinados pelo descaso. Foto: Jornal A Verdade

Decidir fechar o hospital de campanha durante a pandemia é, na prática, preferir que o povo morra contaminado: os crimes de Átila Jacomussi contra a população mauaense superam quaisquer limites morais, e estão custando a vida de centenas de trabalhadores, estudantes e crianças da cidade. Mauá continua sem água, sem leitos, sem EPIs e sem respiradores, e mesmo assim, Jacomussi continua mais preocupado em fazer campanha para se reeleger e estampando os noticiários com seus esquemas de corrupção.

Enquanto as mortes por uma pandemia sem vacina não forem prioridade, enquanto não estivermos sob uma política verdadeiramente popular, nosso cenário desastroso continuará se repetindo como farsa. A população de Mauá seguirá organizada na luta por seus direitos, contra este prefeito genocida.

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