“Cabe aos trabalhadores, além de continuar sua organização pautada na solidariedade de classe, para combater o avanço da fome e da miséria, impulsionar cada vez mais as lutas em defesa de um salário digno e de direitos sociais.”
João Coelho
Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas
SÃO BARNARDO DO CAMPO (SP) – O ano de 2021 não será um ano fácil para a classe trabalhadora. Após um 2020 que trouxe consigo uma crise sanitária, econômica e social profunda, a perspectiva é de mais um ano de dificuldades e aumento da pobreza para o povo brasileiro.
Com o aumento do desemprego e o corte do auxílio emergencial pelo Governo Bolsonaro, a previsão é de que mais 3,4 milhões de pessoas entrem na extrema pobreza (sobrevivam com menos de R$10,00 por dia); isso significa que o Brasil deve chegar a 17,3 milhões de pessoas na extrema pobreza, o maior número desde 2012, quando esse levantamento começou a ser feito no país pelo IBGE.
Enquanto a renda de quem vive do próprio trabalho cai drasticamente, as contas sobem: a cesta básica na cidade de São Paulo em dezembro foi a mais cara do país e a maior em 19 anos (um aumento de 24,67% em relação à 2019, chegando à R$631,46, 53,45% do salário mínimo), o índice de reajuste dos aluguéis para 2021 chegou à 25%, as contas de água e luz também subiram.
O fascista que ocupa o cargo de Presidente do país diz que não pode fazer nada, nega vacina ao povo brasileiro e entrega nossas riquezas aos grandes bancos. Enquanto isso os movimentos sociais têm se organizado e atuado na linha de frente do combate ao crescimento da fome e da miséria: a rede de solidariedade do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) apoiou milhares de famílias em quase todos os estados brasileiros com doações de cestas básicas, álcool, máscaras, produtos de higiene e limpeza, auxílio no cadastro do auxílio emergencial e no acesso à atendimento médico, além de apoiar a organização da luta pelos direitos em várias comunidades; o Movimento de Mulheres Olga Benário também organizou uma rede de apoio à trabalhadoras que perderam seus empregos na pandemia, em especial diaristas e outras trabalhadoras domésticas, além de organizar o combate à violência contra a mulher que tem crescido desde o início da pandemia; o Movimento Correnteza e a União da Juventude Rebelião, em conjunto com dezenas de entidades estudantis universitárias e secundaristas pelo país, organizou doações às famílias de estudantes socialmente vulneráveis, além de lutar pela garantia das bolsas e das políticas de inclusão e permanência estudantil para os estudantes durante a pandemia. Outros muitos exemplos podem ser dados, como a atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) ou de várias organizações comunitárias que atuaram na distribuição de alimentos durante todo o ano de 2020.
Fica claro que a burguesia e seu Estado, que cada dia mais flerta com o fascismo, não se importam com o sofrimento da classe trabalhadora, na verdade usam essa situação para reduzir os salários e lucrar ainda mais. Cabe aos trabalhadores, além de continuar sua organização pautada na solidariedade de classe, para combater o avanço da fome e da miséria, impulsionar cada vez mais as lutas em defesa de um salário digno e de direitos sociais, com vistas a derrubar toda a exploração e construir uma nova sociedade com um estado da classe trabalhadora, a sociedade socialista.