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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Bloco popular e de esquerda vence o primeiro turno das eleições no Equador

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OUTUBRO – O que foi plantado em outubro pode ser colhido agora e nos próximos anos, na medida em que a luta social e o engajamento popular na construção de um projeto socialista e de libertação nacional continua sendo o foco das forças revolucionárias do Equador. (Foto: Reprodução)
Os esforços da classe dominante – apoiados nas máquinas eleitorais e nos grandes meios de comunicação – não conseguiram levar os dois candidatos dos capitalistas (Arauz e Lasso) para o segundo turno. Mais de 70% dos equatorianos rejeitam o candidato de Rafael Correa e suas armadilhas demagógicas.
Sandino Patriota

SÃO PAULO (SP) – As forças sociais que protagonizaram o grande levante popular de outubro de 2019 no Equador estão eufóricas com os resultados eleitorais do último dia 7 de fevereiro. O candidato do bloco composto por centenas de organizações sociais e pelos partidos Pachakutik e Unidade Popular, Yaku Perez, obteve quase dois milhões de votos e disputará o segundo turno com o candidato correísta, do partido Centro Democrático, Andrés Arauz, no dia 11 de abril.

As chances de vitória do candidato do bloco popular são realmente excepcionais, uma vez que as forças dirigidas desde o exterior pelo ex-presidente Rafael Correa – que foge, na Bélgica, de uma sentença de prisão por corrupção – sofrem grande desgaste e são rechaçadas por ampla maioria da população do Equador.

Os resultados do último dia 7 de fevereiro confirmam a derrota do correísmo. A votação de Arauz é menor que a votação do candidato correísta eleito em 2017, o atual presidente Lenin Moreno, representando uma diminuição da representação eleitoral em menos de 4 anos. A intenção dos partidos correístas de vencer as eleições no primeiro turno se transformou em uma grande frustração.

Essa derrota ficou ainda mais evidente na medida em que Rafael Correa passou a acusar o Conselho Nacional Eleitoral de erro na contagem dos votos por, supostamente, tirar votos do candidato banqueiro, Guillermo Lasso. A torcida dos principais referentes correístas para que Lasso, e não Yaku, passasse ao segundo turno se transformou até em motivo de chacota no país.

A derrota do candidato da aliança de direita dos partidos CREO-PSC, de Guillermo Lasso, também se expressou nos números. A cifra de 19,55% é muito inferior à que foi alcançada por esse mesmo candidato em 2017, momento em que essas forças haviam alcançado, juntas, 45% dos votos.

A crise social, econômica e sanitária que vive o Equador gerou uma onda de indignação e de rechaço contra o governo de Lenin Moreno e que se expressa na não aceitação dos partidos que apoiaram as medidas legislativas governamentais. A péssima gestão da crise sanitária em uma grande cidade governada por partidos de direita como Guayaquil (província de Guayas) cobrou a fatura nessas eleições.

O Fortalecimento do Bloco Popular Através da Luta

Há uma ligação direta entre os resultados do dia 7 de fevereiro e a luta de massas ocorrida em outubro de 2019. É possível dizer que houve uma recuperação de um setor do movimento popular organizado que se expressou em outubro e hoje apresenta ao país uma opção de governo que se diferencia do projeto desenvolvimentista capitalista do correísmo e do neoliberalismo da velha oligarquia. 

Os capitalistas seguem buscando formas de impedir que essa opção popular avance para o segundo turno. Os manejos fraudulentos no Conselho Nacional Eleitoral permanecem, e já foram sentidos mesmo na eleição de 2017. O Partido Social Cristão, por exemplo, através de seus funcionários, mantém o controle do sistema informático e, inclusive, publicou números da contagem rápida distintos dos que foram publicados pela presidenta do conselho.

É por esse motivo que as organizações revolucionárias do Equador têm chamado mobilizações populares em defesa do voto em frente aos locais de contagem. Como sempre, apenas a pressão e mobilização popular podem impedir as fraudes e garantir a presença de Yaku no segundo turno.

A possibilidade de vitória de um candidato realmente de esquerda em um país da América do Sul é carregada de simbolismo, uma vez que, pela primeira vez, será possível romper o círculo vicioso de alternância entre as forças abertamente neoliberais e as forças ditas progressistas, mas que praticam política semelhante.

O programa e o discurso de ruptura defendidos por Yaku Pérez, seu carisma, coerência e história militante, fizeram com que essa posição fosse vista pela população como uma opção de mudança. Essa foi uma tendência que se consolidou, cada vez mais, até lutar por um lugar no segundo turno.

Yaku Perez representa os setores de esquerda, das organizações populares que Rafael Correa transformou em alvo de sua política repressiva, organizações que ele criminalizou, estigmatizou e tentou eliminar. Hoje, esses setores de esquerda se unem para derrotar o testa-de-ferro de Correa, Andrez Arauz.

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