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sábado, 20 de abril de 2024

Brasil poderia ter vacinado 750 mil profissionais de saúde em 2020, revela CPI da Pandemia

LINHA DE FRENTE. Brasil perde um profissional de saúde a cada 19 horas para a covid (Foto: EFE)

Depoimento de executivo da multinacional estadunidense Pfizer revela que governo brasileiro não quis comprar ao menos 1,5 milhão de doses de vacina contra a Covid-19, atrasando em mais de um mês a vacinação de 750 mil profissionais de saúde.

Felipe Annunziata | Redação Rio 


PANDEMIA – Em depoimento na CPI da Pandemia realizado hoje (13) no Senado Federal, o presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, confirmou que a multinacional estadunidense fez três ofertas de venda de vacinas contra a Covid-19 ao governo brasileiro, em agosto de 2020, que não foram sequer respondidas. As propostas chegaram a 70 milhões de doses a serem entregues até o 3º trimestre de 2021. 

Na última oferta, realizada em 26 de agosto de 2020, a Pfizer se comprometia a entregar no mês de dezembro de 2020 1,5 milhão de doses, suficientes para vacinar 750 mil pessoas ainda no ano passado. De acordo com o Plano Nacional de Imunização, o PNI, os primeiros a receberem vacinas deveriam ser os profissionais da saúde, o que só veio a ocorrer no dia 20 de janeiro, com a vacina do Instituto Butantan.

Vacinas negadas poderiam ter vacinado todos os médicos ou enfermeiros do Brasil

Segundo dados dos conselhos federais de Medicina e Enfermagem, existem hoje no país cerca de 500 mil médicos, 613 mil enfermeiros, 433 mil auxiliares de enfermagem e 1,4 milhão de técnicos de enfermagem. Se a compra das vacinas ocorresse ainda em dezembro, teria sido possível vacinar qualquer um desses grupos com um mês e meio de antecedência, evitando a morte de vários profissionais da linha de frente. 

Dessa forma, o depoimento do executivo da Pfizer comprova que a ação do governo Bolsonaro foi no sentido de favorecer a disseminação do vírus. 

Dinheiro do “Orçamento Secreto” poderia ter ajudado na compra de vacinas

Outra conclusão importante que o depoimento da Pfizer à CPI deixa é de que o Centrão, a base aliada de Bolsonaro no Congresso, também é cúmplice do genocídio. Segundo a Pfizer, os valores unitários contidos nas ofertas eram de 10 dólares por dose. Considerando a oferta de 70 milhões feita em agosto de 2020, o valor correspondente seria de 700 milhões de dólares (3,7 bilhões de reais). 

Porém, de acordo com a denúncia do jornal “O Estado de S. Paulo”, existe um suposto esquema de corrupção que envolveria a entrega de emendas a parlamentares e superfaturamento de tratores a aliados do governo. Estariam envolvidos também o deputado Arthur Lira e o senador Rodrigo Pacheco, presidentes da Câmara e do Senado. O esquema, baseado em recursos não publicizados no orçamento federal, seria de cerca de 3 bilhões de reais, valor próximo do exigido pela Pfizer em agosto.

CPI precisa denunciar Bolsonaro e seus ministros por crime contra a Humanidade

Até agora todos os depoimentos realizados na CPI da Pandemia vêm comprovando a política genocida do governo Bolsonaro. Desde a oferta de medicamentos sem comprovação científica contra a covid, a defesa e implementação da tese da “imunidade de rebanho por contaminação”, até a negligência na compra de vacinas, as ações de Bolsonaro, Pazuello, dos filhos do presidente e de outros ministros vão se comprovando.

Por isso, é fundamental que essa CPI seja uma espécie de comissão da verdade e justiça para com os 428 mil mortos pela Covid-19 no Brasil. Bolsonaro e seus comparsas precisam ser denunciados por crime contra a Humanidade.

O genocídio já está mais que comprovado. Qualquer dia a mais que esse governo continue é mais uma demonstração de omissão e cumplicidade do Congresso e do Judiciário.

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