UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 20 de abril de 2024

Novas denúncias revelam corrupção na compra de vacinas pelo governo Bolsonaro

CORRUPÇÃO. Povo não tem vacina porque Bolsonaro quer propina (Foto: Bárbara Finger/JAV_RS)

Representante da empresa Davati Medical Supply, que fornece vacinas contra a Covid-19, afirma que diretor do Ministério da Saúde cobrou propina de US$ 1 por dose “para o grupo” como condição para fechar contrato com o governo.

Heron Barroso
Rio de Janeiro


BRASIL – Artigo publicado ontem (29) pelo jornal Folha de São Paulo traz denúncia gravíssima de corrupção dentro do governo Bolsonaro para a compra de vacinas contra a Covid-19. Segundo a matéria, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply, disse que o Diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, cobrou propina de 1 dólar por dose para fechar contrato para a compra de 400 milhões de frascos do imunizante da AstraZeneca.

Além disso, conforme a denúncia, o representante do governo ainda exigiu que o preço de venda apresentado pela Davati fosse majorado para viabilizar o acordo. Assim, cada dose passaria de US$ 3,50 (cerca de R$ 17,50) para US$ 15,50 (R$ 77,50).

“Eu falei que nós tínhamos a vacina, que a empresa era uma empresa forte, a Davati. E aí ele falou: ‘Olha, para trabalhar dentro do ministério, tem que compor com o grupo’. E eu falei: ‘Mas como compor com o grupo? Que composição que seria essa?’”, relatou Dominguetti.

Segundo o empresário, durante a conversa num restaurante em Brasília, na presença de mais duas pessoas, entre elas um oficial do Exército,“ele [Roberto Ferreira Dias] me disse que não avançava dentro do ministério se não compusesse com o grupo (…), se a gente conseguisse algo a mais tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo. (…) Se você quiser vender vacina no ministério tem que ser dessa forma”.

Dominguetti disse que a empresa negou o pedido feito pelo diretor do Ministério da Saúde e não fechou contrato. “Nós tentamos por outras vias, mas não adiantou nada. Ninguém queria vacina”.

(Foto: Vítor Viana/JAV_Rio)

Corrupção e genocídio

O relato do representante da empresa fornecedora de vacinas reforça as suspeitas, cada vez mais concretas, que a demora do Ministério da Saúde na compra do imunizante está ligada às negociatas para enriquecer membros do alto escalão do governo.

Ainda na semana passada, o servidor do ministério Luís Ricardo Mirando relatou pressão “atípica” para a liberação a toque de caixa da vacina indiana Covaxin, e que levou o caso ao conhecimento do presidente Bolsonaro, que nada fez. A questão agora está sob investigação da CPI da Covid no Senado. Coincidentemente, o preço negociado da Covaxin (US$ 15) é praticamente o mesmo exigido pelo diretor de Logística do Ministério da Saúde para a compra da vacina oferecida pela Davati.

A pressa do governo na negociação da Covaxin contrasta com o tratamento dado à Pfizer e a Coronavac. O presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, afirmou na CPI que tanto o presidente Bolsonaro como o Ministério da Saúde ignoraram pelo menos cinco ofertas de vacina ao longo do ano passado. Será que o valor da propina não agradou “o grupo”?

Enquanto Bolsonaro e seus aliados chafurdam na corrupção, mais de 515 mil brasileiros já morreram de Covid-19 e pela falta de vacina. Hoje, um em cada quatro mortos pelo coronavírus no mundo é brasileiro e nosso país vive o maior colapso sanitário e hospitalar da sua história. Não há medicamentos para intubação, nem cilindros de oxigênio em dezenas de cidades, mas sobra cloroquina no Exército. Bolsonaro transformou o Brasil no “cemitério do mundo”.

Por tudo isso, é urgente tirar Bolsonaro e derrubar seu governo de morte, fome e desemprego. Esperar por 2022 é, além de um grande erro político, um total descompromisso com os milhares de vítimas da covid e os milhões de trabalhadores que amargam o desamparo do desemprego, a crueldade da fome e a incerteza do amanhã.

Próximo sábado (03), novas manifestações ocorrerão em todo país. É preciso transformar toda a indignação e revolta em povo na rua pelo Fora Bolsonaro.

Outros Artigos

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes