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quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Movimento Rola Moça Resiste realiza ato contra o Rodoanel

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LUTA POPULARMovimento Rola Moça Resiste em defesa da Serra. (Foto: Rick Mello)

Redação Minas Gerais 

MINAS GERAIS – Na manhã do dia 15 de agosto, organizado pelo Movimento Rola Moça Resiste, demais movimentos ambientais, populares, demais organizações da sociedade civil, aconteceu um importante ato contrário ao Projeto do Governo de Minas de construção do Rodoanel, realizado no Mirante dos Veados, localizado dentro do Parque Estadual da Serra do Rola Moça. Houve falas da representação dos movimentos e apresentações culturais.

O parque, segundo o Instituto Estadual de Florestas de MG (IEF), está situado numa Área de Preservação Permanente entre os municípios de Belo Horizonte, Brumadinho, Ibirité, Nova Lima, com área de mais de 4 mil hectares constituído por biomas do Cerrado e da Mata Atlântica, que conta ainda com 6 mananciais (Taboões, Bálsamo, Catarina, Barreiro e Mutuca) responsáveis pelo abastecimento de água de parte da Região metropolitana de Belo Horizonte e com áreas de visitação e prática esportiva.  

 Entenda o Projeto do Rodoanel 

O projeto do Rodoanel Metropolitano apresentado pelo Governo de Minas tem 100 km de extensão, contando com quatro alças: Norte, Sul, Oeste e Sudoeste; passaria por 11 municípios da região metropolitana (Belo Horizonte, Betim, Brumadinho, Contagem, Ibirité, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Ribeirão das Neves, Sabará, Santa Luzia e Vespasiano).

As obras levariam 60 meses, ao custo de R$ 5,1 bilhões (sendo R$ 3,5 bilhões do acordo do Governo de Minas com a Vale como suposta compensação pelo crime de Brumadinho de responsabilidade da mineradora, que ignora a participação dos atingidos e o restante dos recursos de Parceria Público-Privada que daria concessão de 30 anos). Por isso também, o projeto vem sendo chamado pelos movimentos de Rodominério.

“Na prática, o rodoanel não vai resolver o problema de mobilidade na região metropolitana pois para circular por ele a pessoa terá que pagar pedágios de em média R$0,35 por km, na realidade vai ser um projeto para as mineradoras na região, em especial a Vale, que cometeu o crime em Brumadinho, matou gente, rios e animais e agora será beneficiada: Com a indenização que pagou ao governo, ganhará uma via para escoar sua produção, absurdo que não aceitaremos” declarou Leonardo Péricles, presidente da Unidade Popular e representante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB.

No caminho desse projeto, estão centenas de nascentes e mananciais, florestas, sítios arqueológicos, escolas e principalmente casas, sendo que a maioria das pessoas que serão fortemente atingidas sequer sabem que isso acontecerá.

“A previsão é que sejam desapropriados terrenos e imóveis em uma faixa de 170 a 400 metros em uma extensão de mais de 100km, serão milhares de desapropriações que serão paulatinas. A primeira desapropriação será em 2023, ou seja, depois das eleições de 2022; Projeto eleitoreiro!

Para evitar adensamento populacional ao lado, o rodoanel terá acessos reduzidos, só de 8 em 8 quilômetros. Ou seja, na prática será uma muralha com mais de 100km de extensão que irá sitiar, confinar, ilhar ou separar centenas de bairros em 13 municípios da RMBH” declara Frei Gilvander, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que estuda o projeto desde o seu início. 

 O que reivindicam os Movimentos 

Uma das representantes do Movimento Rola Moça Resiste, Vera Baumfeld, fala sobre a importância das discussões sobre o tema. “O projeto do Rodoanel precisa de uma ampla discussão. Exigimos a formação de um grupo técnico, com especialistas e representantes da sociedade civil das 4 alças, para que sentem juntos com o governo do Estado para discutir o problema.”

“Sabemos que precisamos resolver a questão da mobilidade urbana na Grande Beagá, mas não será assim, sem ouvir a população. O que queremos é acima de tudo, preservar a vida. E preservar a vida passa pela preservação do todo o ecossistema da região, principalmente os nossos mananciais. O Parque do Rola Moça – e todas as Áreas de Preservação Ambiental da região – funciona como uma grande caixa d’água de Belo Horizonte e cidades no entorno. Portanto, nosso lema é: Não trocamos água por estrada”, finaliza.

Além disso, os movimentos propõem que não é necessário o Rodoanel, que existem formas alternativas de resolver o trânsito e mobilidade na região metropolitana de BH, com a duplicação do atual Anel Rodoviário e desapropriação das 32 vilas que estão no seu entorno, projeto que já tem concordância dos representantes das vilas, ampliação do metrô e reativação dos trens metropolitanos.  

Participaram do ato: Fórum São Francisco, Abrace a Serra da Moeda, Movimentos de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB, Fechos (Nova Lima), Comissão SOS Barragem Santa Bárbara (Piedade do Paraopeba), Boi Rosado Ambiental (Contagem), SOS Vargem das Flores (Contagem), Projeto Pomar (BH), Serra Sempre Viva (Ibirité), Movimento Mineiro pelos Direitos Animais (MMDA-MG), Projeto Manuelzão, e Ecotrabalhismo (BH).   

Outros atos estão sendo organizados para as próximas semanas, por moradores e movimentos nas outras cidades e regiões que serão atingidas pelo projeto. 

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