Gabriel Borges e Victor Afonso
SÃO PAULO –
A IV Semana de Ofícios do Historiador foi realizada pelo Centro Acadêmico de História da USP “Luiz Eduardo Merlino” com a gestão Ainda Assim Eu Me Levanto – construída por militantes do Movimento Correnteza – entre os dias 25 de outubro e 16 de novembro.
Em sua IV edição, a programação contou com um calendário expandido de lives pelas redes sociais do CA, programas de podcast na plataforma do “Fala Merlino” no Spotify, entrevistas, rodas de conversas e intervenções culturais com o tema “Fazer História em Tempos de Crise”.
A Semana de Ofícios do Historiador é uma atividade já tradicional no CAHIS e é realizada anualmente com o intuito de promover no curso debates acerca das áreas de estudo e de atuação de quem se forma no curso de História.
Essa é uma estratégia do Centro Acadêmico de, além de promover debates sobre a nossa área, conseguir dialogar com estudantes que não estão inseridos diretamente no movimento estudantil e tem mais interesse em eventos acadêmicos que debatam a própria carreira de historiador, professor de História, arqueólogo, etc.
Durante os dias do evento, através de um tema comum, promovemos também a politização desse debate que em tempos de cortes nas pesquisas, desvalorização da ciência e ataques ao exercício da docência fazem impossível falar de se formar em História sem levar em conta o quanto o governo Bolsonaro é um grande obstáculo para nossa carreira.
Vale lembrar que no ano passado esse governo tentou vetar o projeto que regularizava a profissão de Historiador no Brasil, conforme já denunciado pelo Jornal A Verdade.
A Semana de Ofícios deste ano promoveu o encontro entre pessoas da academia (historiadores e historiadoras de profissão) com figuras que de alguma forma atuam em defesa da História nos mais diversos setores da sociedade, seja na cena cultural, na militância política contra o racismo, nas organizações de direitos humanos e de luta por memória, verdade e justiça, no ensino de história nas escolas, cursinhos, extensões e outras iniciativas criativas, na produção de conteúdo para novas mídias como com os memes, vídeos de Youtube, programas de Podcast, entre muitas outras.
Em tempos como os que vivemos o fazer História da Academia deve se espraiar e dialogar com o movimento popular e as muitas vozes que hoje reivindicam a nossa história para construir um futuro digno.
Contamos com a presença de figuras importantes neste sentido como Vivian Mendes (presidenta estadual da UP em SP e membra da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos da Ditadura), Leopoldo Paulino (ex-guerrilheiro contra a ditadura pela ALN e produtor do projeto cultural “Tempos de Resistência”), Abiniel do Nascimento (museólogo tabajara da mata norte pernambucana), João Carvalho (apresentador dos podcast “Revolushow” e “Decrépitos”), Luiz Paulo (do projeto História ao Ar Livre que ocupa os espaços públicos de Recife para dar aulas de história), da historiadora e militante comunista brasileira Anita Prestes em uma live para debater o legado de Olga Benário e Luís Carlos Prestes, entre muitos outros.
Esse tipo de evento nos relembra da importância que tem a História para combater os negacionismos e revisionismos que a burguesia, em especial o fascismo, usam e financiam para falsificar a realidade e a herança de lutas e resistência do nosso povo.
É por isso que nós, comunistas, devemos ter a História como arma e militar por ela, pois em tempos de crise a construção do futuro passa também pela compreensão do passado.
As lives estão disponiveis na pagina no Facebook do CAHIS, vale bastante a pena ver.
Segue o link: https://web.facebook.com/cahis.usp/videos