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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Três mulheres são vítimas de feminicídio em Mauá nas últimas duas semanas

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Apesar do aumento de registros de violência contra a mulher e dos casos de feminicídio estampando as principais páginas de notícias da cidade, a Casa Helenira Preta, que presta atendimento à mulheres vitimas de violência, sofre ataques do poder público e tem seu trabalho ameaçado.

Gabriela Torres


MAUÁ – Juliana Fernandes, de 19 anos, teve o sonho de seguir carreira na área da saúde interrompido no último domingo por um ex-companheiro que não aceitou o término da relação. O ex-namorado deu três tiros nas costas da jovem, que foi socorrida por familiares mas não resistiu.

O caso de Juliana não é uma excepcionalidade no município de Mauá: nas últimas duas semanas, outros dois casos de feminicídio ocorreram. Fran, como era conhecida pelos amigos, foi encontrada morta junto ao filho de 5 anos e Rose, moradora do Parque das Américas, mãe de dois filhos.

A cidade de Mauá conta com o trabalho do Movimento de Mulheres Olga Benario, que atua há quase cinco anos com a casa Helenira Preta – ocupação do movimento que atende mulheres em situação de violência de toda a região do ABC paulista, com amparo jurídico, psicológico e social. A atuação conta com um trabalho voluntário de solidariedade e informação a respeito dos aparelhos públicos da cidade, das formas de violência que as mulheres estão submetidas e formas de denúncia nos casos necessários – com panfletagens, rodas de conversas com as profissionais nas periferias e distribuição de cestas básicas entre as mulheres mães em situação de vulnerabilidade. Após pressão de anos do movimento feminista local, a prefeitura inaugurou o primeiro centro de referência de Mauá. Porém, as políticas públicas para o enfrentamento à violência contra as mulheres ainda são escassas. “Todas os avanços da cidade foram garantidos com muita luta pelas mulheres mauaenses organizadas, mas ainda é insuficiente. Os casos de abuso sexual e estupro de vulneráveis, os assédios nas vielas na volta para casa e os feminicídios pelas mãos dos ex-companheiros ainda são uma realidade cruel e presente para as moradoras dos bairros mais pobres”, diz Amanda Bispo, coordenadora da ocupação. 

Apesar do aumento de registros de violência contra a mulher e dos casos de feminicídio estampando as principais páginas de notícias da cidade, a Casa Helenira Preta sofre ataques do poder público e tem seu trabalho ameaçado: em 5 de março, na semana do dia internacional de luta das mulheres, teve uma de suas ocupações, a Casa Helenira Preta II,  invadida e demolida a mando do prefeito Marcelo Oliveira (PT), e tem o seu espaço localizado na região central ameaçado de despejo após um leilão criminoso do terreno que abriga mulheres em situação de violência.

O Movimento Olga está organizando uma assembleia de mulheres do ABC para debater a situação jurídica e a resistência da Casa Helenira Preta e da Casa de passagem Carolina Maria de Jesus, ocupação do movimento que está localizada em Santo André que também está sofrendo ameaça de despejo.

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