Movimento de Mulheres Olga Benário realiza sua 12ª ocupação no Pará. Estado nortista é um dos recordistas em violência contra as mulheres. Ocupação tem objetivo de dar uma vida digna e sem violências as mulheres no estado.
Redação Pará
LUTA POPULAR – A 12º ocupação do Movimento de Mulheres Olga Benario e primeira ocupação de mulheres do norte do nosso país, nasceu no último dia 15, em Belém do Pará com o nome de Rayana Alves.
Realizada na R. Pres. Pernambuco, 280 – Batista Campos, em um prédio onde funcionava uma antiga escola do estado e que está abandonada há aproximadamente sete anos, sem cumprir com sua função social. O lugar passa agora a ser um espaço que garantirá um acolhimento psicológico, jurídico e social às mulheres vítimas de violência em nossa região.
O Estado do Pará, ocupa uma das posições mais amargas da violência contra as mulheres, em 2020, foi líder em casos de feminicídio e, no mesmo ano, registrou 2.674 casos de lesão corporal provocados por violência doméstica. Foram 46 casos de feminicídio em 2019; 66 casos em 2020; e 69 em 2021, segundo Secretaria de Inteligência e Análise Criminal (Siac), vinculada à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup). Até o fim de janeiro de 2022, já se somavam 9 mortes.
Pará é recordista em violência contra as mulheres
E não para por aí, somente em janeiro e fevereiro deste ano, o Pará registrou 18.428 ocorrências de violência contra mulher de natureza física, psicológica e sexual. Os números chocam e preocupam. Só nesses meses foram aproximadamente 307 casos por dia, isso em apenas dois meses.
Todas essas ocorrências se enquadram na Lei 11.340/2006, a Lei Maria da Penha que completou 16 anos no último dia 7. Mas infelizmente, os dados também mostram que o lar é o local mais inseguro para as mulheres, pois 48,8% das mulheres sofreram violência dentro de suas próprias casas.
Também foi registrado um aumento de 35% nos pedidos de medida protetiva em 2021 em relação ao ano anterior no estado. De 26,3 mil denúncias de violência doméstica no estado no ano passado, 17 mil são vítimas que entraram com pedidos de medidas protetivas de urgência. Em 2022, até março, já foram contabilizados 2.461 pedidos de proteção.
Faltam estruturas de combate a violência contra a mulher no PA
O Pará conta com apenas 17 Divisões Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAMs), mas possui 144 municípios. Os serviços são escassos e os profissionais, em sua maioria, não estão devidamente preparados para atender mulheres vítimas de violência.
Reflexo disso foi a extrema violência de dois policiais militares contra uma mulher na Feira do Ver o Peso, na última sexta-feira (12), onde vídeos lançados nas redes sociais mostraram as agressões extremas e até o momento nada foi feito para punir os agressores.
Esse cenário levou o Movimento de Mulheres Olga Benario a organizar um espaço que assista as mulheres de forma auto-gestionada e popular. A proposta do movimento é construir alternativas de resistência que de fato auxiliem as mulheres a saírem do ciclo da violência que só piora no Brasil sob o governo de Jair Bolsonaro e seus aliados, defensores do patriarcado e do autoritarismo.