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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Por que Bolsonaro tem medo de falar de corrupção?

Temendo ser desmoralizado em rede nacional, Bolsonaro só aceitou participar da entrevista no Jornal Nacional se não fossem feitas perguntas sobre o envolvimento de seus filhos e da sua esposa em casos de corrupção. Relembramos alguns dos muitos esquemas de corrupção no governo, que o ex-capitão agora quer esconder do povo brasileiro.

Heron Barroso
Da Redação


BRASIL – O jornalista Ricardo Noblat revelou hoje (24), em sua coluna no site Metrópoles, a condição imposta por Bolsonaro para aceitar ser entrevistado no Jornal Nacional, da Rede Globo, na última segunda (22). Segundo o colunista, temendo ser desmoralizado em rede nacional, o ex-capitão e aspirante a ditador disse que só participaria da entrevista se não fossem feitas perguntas sobre o envolvimento de seus filhos e da sua esposa em casos de corrupção. “Nada de Fabrício Queiroz, rachadinha, mansão milionária de Flávio em Brasília, depósitos na conta de Michelle e coisas afins. Condição imposta, condição aceita”, afirmou Noblat.

Pois bem, como A Verdade não tem rabo preso com fascista, nem negocia princípios com organizadores de rachadinhas, vamos relembrar aqui alguns dos muitos esquemas de corrupção no governo Bolsonaro, que o ex-capitão agora quer esconder do povo brasileiro.

A lista é grande – parte desses casos só aconteceram porque Bolsonaro permitiu a existência do “orçamento secreto” com o Centrão, que facilita ainda mais o uso de verba pública em corrupção e garante impunidade dos aliados e amigos do presidente envolvidos.

As mansões da família Bolsonaro

Quem não se lembra da mansão de R$ 6 milhões comprada pelo senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, em Brasília, sabe-se lá com que dinheiro? O palacete tem quatro suítes, hidromassagem, piscina, pisos revestidos de mármores, academia, spa e espaço gourmet. Para não ficar atrás do irmão mais velho, o caçula Jair Renan se mudou para uma imensa mansão no Lago Sul, avaliada em R$ 3,2 milhões, com 1.200 metros quadrados, dois pisos e quatro suítes. Um terceiro filho, Carlos Bolsonaro, comprou um luxuoso apartamento, também em Brasília, por R$ 470 mil e pagou à vista. O pai desses riquinhos mora no Palácio da Alvorada, não paga aluguel, faz churrasco com picanha de R$ 1.500 o quilo e passeia de jetski nas praias do litoral paulista e de Santa Catarina, tudo à custa dos cofres públicos.

Queiroz e as rachadinhas

Outra mutreta famosa que Bolsonaro não quer relembrar é o esquema de rachadinha organizado pela família do ex-capitão com apoio do faz-tudo Queiroz, que depositou R$ 89 mil na conta da primeira-dama e até hoje não explicou de onde veio esse dinheiro. Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, o esquema lavou aproximadamente R$ 3 milhões de reais, parte comprando imóveis à vista. Queiroz ficou vários meses foragido, contanto com o apoio e acobertamento de advogados caríssimos, tudo pago pela família do presidente.

Corrupção nos ministérios

A farra com dinheiro público é compartilhada com os colaboradores mais próximos do presidente e de sua família. No Ministério da Saúde, ganhou grande repercussão o esquema de compra de vacinas para a covid-19 em troca de propina, um dólar por cada dose, para ser mais exato. Isso sem falar no caso Covaxin, investigado pela CPI da Covid no Senado, no ano passado, e que o presidente não quer explicar na TV.

No Ministério do Meio Ambiente, o ex-ministro Ricardo Salles foi acusado pela Polícia Federal de participação em esquema de corrupção para exportação ilegal de madeira. De acordo com a PF, as provas reunidas eram suficientes para enquadrar o presidente afastado do Ibama Eduardo Bim, pelos crimes de facilitação ao contrabando e advocacia administrativa, tudo com aval de Salles, homem de confiança de Bolsonaro.

Tem mais. Fabio Wajngarten, ex-chefe da SECOM (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), foi denunciado por receber dinheiro de emissoras de TV e de agências de publicidade contratadas pela própria secretaria, ministérios e estatais do governo Bolsonaro, uma espécie de “mensalão” pago pelas emissoras de TV em troca de verbas públicas. Já o ex-ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi acusado de falsidade ideológica eleitoral por usar candidaturas-laranja do PSL em Minas Gerais para desviar dinheiro do Fundo Eleitoral.

No MEC, o ex-ministro Milton Ribeiro foi flagrado negociando com pastores ligados a Bolsonaro a liberação de verbas da Educação em troca de barras de ouro. Pelo menos 10 prefeitos afirmaram que os pastores pediram propina para autorizar a liberação de recursos para as suas cidades. Ribeiro chegou a ser preso pela Polícia Federal, mas como é amigo do presidente, logo foi liberado. Mesmo assim, a farra continuou no ministério, que voltou às manchetes depois de uma licitação que previa o pagamento de até R$ 732 milhões a mais por ônibus escolares. Segundo documentos revelados pela imprensa, o governo aceitaria pagar até R$ 480 mil por um ônibus que deveria custar no máximo R$ 270,6 mil.

Farra nos quartéis

Entre os generais a farra com dinheiro público também é grande. Em 2020, as Forças Armadas gastaram R$ 632 milhões comprando leite condensado, chicletes, picanha e até viagra. Apenas com a compra de vinhos, por exemplo, os generais gastaram mais de R$ 2,5 milhões.

Privatização da Petrobras

Uma das obsessões de Bolsonaro e do Centrão é entregar a Petrobras para o capital privado e ganhar muito dinheiro com isso. Explicamos: para realizar uma privatização dessa envergadura, várias empresas de consultoria são contratadas e alguns milhões de dólares são depositados em paraísos fiscais. Elas fazem auditorias e depois põem um preço bem abaixo do valor real da empresa. Foi assim com a Vale do Rio Doce vendida por 1% do seu valor real. Em seguida, são formados cartéis com bancos e grandes corporações internacionais que participam de um leilão onde todas as cartas estão marcadas. Aí ocorre mais negociatas e roubalheira. É essa corrupção que os grandes meios de comunicação e o governo chamam de privatização.

Orçamento secreto

A corrupção ganhou novas proporções no governo Bolsonaro depois da institucionalização do chamado “orçamento secreto”, criado para comprar apoio do Centrão no Congresso Nacional. Desde que a existência do “orçamento secreto” foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo, no ano passado, já foram distribuídos cerca de 27 bilhões em emendas parlamentares. O negócio é tão absurdo que a lei assinada por Bolsonaro garante o anonimato do autor da emenda, dificultando investigações e garantindo a impunidade.

Dessa forma, vários esquemas de desvio de verbas públicas já foram montados através do orçamento secreto. Um deles foi articulado usando dinheiro do SUS no Maranhão. O esquema funciona assim: prefeituras articuladas por parlamentares do Centrão falsificam dados sobre consultas e exames nunca realizados e, dessa forma, conseguem elevar o teto de recebimento de emendas orçamentárias. Em seguida, deputados e senadores aliados a Bolsonaro enviam as verbas superfaturadas e cobram de volta um percentual em propina que pode chegar a 30% do valor que teoricamente deveria ser investido na saúde pública. Um verdadeiro escândalo!

Chega de corrupção!

Enquanto o presidente se nega a dar explicações à nação sobre a corrupção no seu governo – e a Globo aceita –, o país é roubado para enriquecer uma minoria de parasitas, falta moradia digna para 8 milhões de famílias, remédios e assistência médica eficaz para a maioria dos trabalhadores e comida na mesa de mais de 33 milhões de brasileiros.

Bolsonaro fala em pátria e família, mas a pátria deles é a corrupção, são as chacinas nas favelas, o orçamento secreto, é atacar as eleições e as vacinas, matar os povos indígenas, roubar as riquezas nacionais e decretar sigilo de 100 anos sobre tudo isso.

Por isso, em dezembro de 2020, Bolsonaro foi eleito a “Personalidade do Ano” por seu papel na promoção da corrupção e do crime organizado pelo Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), um consórcio internacional que reúne jornalistas investigativos e centros de mídia independente.

É preciso utilizar a campanha eleitoral para denunciar as mentiras de Bolsonaro e mostrar ao povo que a única maneira de por fim de uma vez por todas à corrupção é acabar com o governo da burguesia e colocar em seu lugar um governo dos trabalhadores.

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