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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Dia Mundial do Meio Ambiente: empresas escondem crimes ambientais com a máscara da sustentabilidade

No ano de 1972 foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) o dia Mundial do Meio Ambiente. Desde então, o dia 5 de junho se tornou a data principal para chamar a atenção de todas as esferas populacionais do mundo para as questões ambientais do nosso planeta. No entanto, a discussão não é pautada na real causa do problema, que é a lógica assassina de obtenção de lucro do sistema capitalista.

Giullia Oliveira e Pedro Miranda | São Paulo


BRASIL – É muito comum vermos, nesse dia, várias empresas privadas que se dizem sustentáveis divulgando e enfatizando suas preocupações e cuidados com a natureza. Porém fica mais que clara a contradição por trás disso quando existe capital dessas corporações financiando parlamentares para votar em projetos como Marco Temporal, que na prática é a legalização das invasões de garimpeiros e madeireiros ilegais a terras indígenas.

Esse projeto de lei só reforça que qualquer coisa que atrase o crescimento violento do agronegócio será massacrada, mesmo que seja a vida, a dignidade e a história de grandes populações.

Nesse contexto, entrevistamos Rafaela Puri Martinelli, militante e indígena pertencente ao povo Puri, que reforça as questões que envolvem a exploração ambiental e a luta pela vida dos povos originários: “Eu sou uma pessoa indígena em contexto urbano, de quebrada, desterrada, de retomada, que tive minha história apagada por muito tempo e, portanto, tive minha relação com a terra também apagada”.

Ainda sobre a exploração da terra, Rafaela continua: “Uma questão que coloca os povos indígenas na contramão dessa exploração é a relação de subsistência com a terra. É uma questão social e material. Tem uma cosmovisão, mas não somos seres místicos e é aí também que entra a perspectiva de nós marxistas, contra a mistificação dos indígenas”.

A luta pela preservação ambiental, juntamente com a dos povos originários, vai além da demarcação de terras, é uma luta de classes. Um exemplo dessa questão são marcas que fazem propaganda “sustentável” que “empregam indígenas” criando apenas um recorte étnico para a mão de obra, com produção em série de trabalhos artesanais para gerar lucro e mercantilizar a cultura de um povo. “O choque da cultura indígena é também um choque de meios de produção”, reforça Rafaela.

A mineração e o garimpo desenfreado no Brasil são a parte da alta agressão à fauna e flora do nosso país e consequentemente aos povos das regiões exploradas. Segundo dados do MapBiomas, a maior área de garimpo ilegal em terras indígenas do Brasil está nos limites da Terra Indígena Kayapó, no sul do Pará.

Além da invasão dessas terras há outras consequências graves associadas a tais práticas como desmatamento, perda de biodiversidade, a contaminação por mercúrio e a propagação de doenças.

Por fim, como pontua Rafaela: “Não adianta a esquerda reforçar que a luta indígena é parte da luta revolucionária e reivindicar apenas o óbvio, sem se debruçar sobre o assunto. É muito problemático quando dizem, de maneira generalista, que os indígenas protegem o meio ambiente. Não somos escudo contra o desastre do capitalismo”.

A preservação do meio ambiente vai além de incentivar o consumo consciente individual das pessoas. Trata-se também de conservar a história de toda uma nação explorada e dizimada durante séculos. A luta pela proteção da natureza é também uma luta de classes e uma batalha árdua contra o modo de produção capitalista.

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