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quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Cinema e iniciativas populares: a importância da democratização do acesso à cultura

O cinema é uma expressão artística capaz de transformar a sociedade. Influencia a reflexão crítica e o diálogo entre diversas expressões culturais, mas o povo brasileiro ainda não consegue acessar o cinema, especialmente em contextos desfavorecidos. A democratização cultural é essencial para uma sociedade mais justa, e os movimentos de resistência, como cinemas populares são necessários para confrontar as narrativas da burguesia.

Jesse Lisboa | Recife – PE


CULTURA – Nos últimos anos, o cinema brasileiro tem se destacado como uma poderosa forma de expressão artística e como um veículo de transformação social. Por meio da combinação de imagens em movimento, sons e narrativas envolventes, o cinema possui um potencial único para influenciar e impactar a vida das pessoas, permitindo a reflexão crítica, o diálogo intercultural e a promoção da diversidade. Além disso, o cinema desempenha um papel fundamental na construção da identidade cultural de uma comunidade, atuando como uma forma de arte e entretenimento que reflete e representa as vivências e experiências de seu povo. 

“A força da classe trabalhadora é a organização. Sem organização das massas, o proletariado não é nada; organizado é tudo.” (V.I. Lênin, 1906) Vale ressaltar que o cinema também pode ser um meio de agitação e propaganda, como evidenciado durante o período do Construtivismo Russo no cinema soviético. Filmes como A Greve, de Sergei Eisenstein, tiveram esse papel, de conscientizar o povo soviético sobre a importância da resistência da classe trabalhadora e do caráter coletivo do trabalho.

No entanto, é crucial reconhecer que o acesso ao cinema na sociedade capitalista não é democrático, especialmente em contextos socioeconômicos desfavorecidos. A desigualdade de oportunidades e a falta de acesso à cultura são desafios significativos enfrentados por muitas comunidades marginalizadas. Nesse sentido, a democratização do acesso à cultura, incluindo o cinema, desempenha um papel central na promoção da inclusão social e na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

A busca por uma sociedade socialista visa superar as desigualdades socioeconômicas, proporcionando condições igualitárias de acesso à cultura. Ao romper com as amarras do capitalismo, é possível estabelecer políticas e práticas que promovam a diversidade cultural, a representatividade e a produção de narrativas autênticas e inclusivas no cinema.

Portanto, para alcançar a plena democratização do acesso à cultura, é necessário questionar e transformar as estruturas opressivas do sistema capitalista, e buscar caminhos que valorizem a arte e a cultura como direitos fundamentais de todos os indivíduos. Somente assim poderemos avançar em direção a uma sociedade em que o cinema seja verdadeiramente acessível e representativo, contribuindo para a inclusão social e a construção de um futuro justo para a classe trabalhadora.

Sob a lógica do capitalismo, a cultura é tratada como uma mercadoria, e o cinema não é exceção. A indústria cinematográfica, impulsionada pela busca de lucro, produz filmes em massa que priorizam a rentabilidade em detrimento da diversidade cultural e das narrativas autênticas. Esse processo de comercialização do cinema resulta na marginalização de comunidades com menor representatividade social e cultural. Essa lógica beneficia principalmente os grupos já privilegiados, que historicamente lucraram com narrativas que os favorecem.

Apesar dos desafios diários impostos pelo sistema capitalista, é possível observar o surgimento de iniciativas independentes propostas pelas comunidades. Mostras de cinema, como a promovida pelo MLB durante a pandemia, e cine-debates, como os promovidos pela UJR, são exemplos notáveis dessas ações de resistência e rebelião contra as estruturas dominantes. Essas alternativas proporcionam espaços importantes para a expressão e representação de comunidades marginalizadas, promovendo a inclusão social e desafiando as narrativas burguesas predominantes. Esses eventos têm como objetivo não apenas ampliar as vozes da classe trabalhadora, mas também confrontar as narrativas convencionais que são frequentemente perpetuadas pelo cinema burguês, abrindo espaço para filmes que questionam o status quo.

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