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sábado, 27 de abril de 2024

Trabalhadores da educação do Paraná aderem à greve nacional

Após Assembleia realizada na Universidade Federal do Paraná (UFPR), cerca de 500 trabalhadores aprovaram a adesão à greve nacional. Até o fechamento desta matéria, 60 das 73 universidades federais do país tinham aderido à greve.

Diego Barbosa e Alice Wakai | Redação PR


CURITIBA – Conforme divulgado pelo Jornal A Verdade, se iniciou no dia 11 de março a greve nacional dos servidores técnico-administrativos em educação (TAEs) maior categoria do poder executivo federal, responsável pelas funções de administração, atendimento hospitalar, laboratórios, redes e diversas outras atividades do dia a dia das universidades.  

Em Assembleia promovida pelo SINDITEST PR e realizada no pátio da Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) no mesmo dia, cerca de 500 trabalhadores aprovaram a greve que reivindica a reestruturação da carreira e recomposição salarial pelas perdas impostas pela inflação nos últimos anos, além de lutarem para repôr o investimento que ficou congelado nos últimos anos.

O SINDITEST representa uma base de cerca de 10 mil trabalhadores que atuam na educação superior em 20 cidades do Estado do Paraná em instituições como UNILA, UTFPR, UFPR e Hospital de Clínicas. O sindicato está ativo desde o final dos anos 70 e esteve presente na luta pela redemocratização no País da luta contra a ditadura militar.

Para Evandro Castanga, um dos organizadores da greve e coordenador-geral do sindicato, os trabalhadores estão com muita força para exigir melhorias fundamentais à carreira, após anos de ataques e abandono pelo governo do golpista Temer e do fascista Bolsonaro. “É a pior carreira do executivo, em que, a cada 10 trabalhadores, mais de 7 abandonam. Isso gera uma rotatividade muito intensa que prejudica a qualidade do serviço e da luta. Tem trabalhador que entra com menos de dois salários mínimos, por exemplo. Ficamos sete anos sem reposição salarial e não vamos aceitar zero de reposição esse ano”, denuncia.

 

Ele explica que, apesar da PEC de transição implementada pelo governo Lula ter reajustado os salários em 9%, o valor ainda é irrisório perto das perdas de salário que somaram 40% nos governos anteriores. “Estamos cobrando do governo que atualize o nosso plano de carreira para fazer com que os trabalhadores ganhem minimamente suficiente para poder se aposentar e viver com dignidade”, diz.

Os trabalhadores reivindicam que o governo divida o reajuste dos salários em 3 etapas. O primeiro aumento de 10,34% a ser aplicado ainda este ano, depois 10,74% em 2025 e finalmente 10,34% em 2026. “O governo apresentou uma proposta de reajuste de 9% dividido em duas vezes, sendo o primeiro reajuste apenas para o ano que vem e o segundo em 2026. Essa proposta não atende as necessidades da categoria, as perdas e ainda nos deixa sem absolutamente nada este ano”, ressalta o grevista.

Ele ressalta também a importância do apoio de outros trabalhadores e da sociedade civil para fortalecer a luta dos técnicos. “A gente espera que a gente consiga construir uma greve unificada de toda educação superior federal. Estamos nos organizando para ir à sala de aula e conversar com estudantes, explicar porque que a gente está em greve, como está a nossa situação financeira, a nossa carreira e também lembrar qual a importância da nossa categoria dentro da Universidade. Sem os técnicos, que fazem tudo funcionar, desde a biblioteca até a enfermagem, a universidade não funciona”, completou.

Paulo*, técnico administrativo do campus Politécnico da UFPR, denunciou ao Jornal A Verdade suas condições precárias de trabalho. “O último aumento que tivemos foi de apenas 9%, que é insuficiente”, diz. Ele também ressaltou a importância da população apoiar a mobilização da categoria, “Acredito que temos que fortalecer as nossas lutas”, completa.

Na mesma Universidade, Flavio*, aluno de economia da UFPR disse que apoia a greve porque acredita que esta é a única forma de pressionar o governo por melhores condições na Universidade. Os alunos também são um dos mais afetados pelo sucateamento do ensino público e pela falta de investimentos na Universidade paranaense, conforme denunciado pelo Jornal A Verdade.

“Acho que tem que parar mesmo, pois se não parar agora, não vai adiantar nada parar no fim do ano, quando estiver a situação pior. Não tem como manter a universidade sem dinheiro, eu mesmo, quando vim fazer vestibular no ano passado, não tinha nem papel toalha”, relata.

Sabrina*, professora da UFPR disse que apoia a greve, mesmo sabendo de todos os riscos da paralisação. “Esses profissionais precisam ser valorizados e a melhor forma é parando e mostrando o quanto eles são essenciais. O poder de compra deles é mínimo e a carreira não tem valorização, acho também que todos professores deveriam parar”, diz.

Ela acredita que essa luta não é somente dos técnicos, mas também de todos os trabalhadores que recebem mal e não são valorizados. “E mais, um presidente que surgiu no cenário político devido a greves, não poderá passar por cima de uma, a hora é agora”, disse.

A greve é direito de todo trabalhador, garantida pelo artigo 9º da Constituição Federal e instrumento eficaz de enfrentamento contra toda exploração exercida pela burguesia por meio do sistema capitalista. Não podemos aceitar salários de fome, tampouco nos conformar com a precarização de nosso trabalho e carreiras. Somente a mobilização de todos os trabalhadores, técnicos e professores, e estudantes contribuirá para a conquista dos direitos dos trabalhadores. Valorização dos técnicos já!

*Os nomes são pseudônimos para preservar a identidade dos entrevistados.

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