Oposição de direita, com apoio dos Estados Unidos, promove ações violentas para derrubar presidente Evo Morales, após sua reeleição.
Paulo Henrique Rodrigues
Rio de Janeiro
Foto: Reprodução/Reuters
BOLÍVIA – Pressionado pelo crescimento de movimento golpista, o presidente boliviano Evo Morales anunciou ontem (09/11) a realização de novas eleições no país. Evo venceu o pleito realizado em 20 de outubro passado, mas os resultados passaram a ser imediatamente contestados pela oposição. As pressões golpistas partem principalmente das cidades de Santa Cruz, Cochabamba e Potosí.
A violência dos protestos já resultou em ao menos três mortes. Em Cochabamba, um grupo de opositores invadiu a prefeitura e levou à força a prefeita Patricia Arce, do Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo, que foi agredida e pintada de vermelha para ser humilhada em público em frente ao prédio da prefeitura, que foi incendiado pelos golpistas.
Na última sexta (08/11), a situação se agravou quando unidades policiais se rebelaram em Santa Cruz, Cochabamba e Sucre, se negando a reprimir as manifestações contra a vitória de Evo nas eleições. A antecipação em três dias da divulgação da auditoria realizada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) nas eleições também faz parte dos planos golpistas.
A pressão pela saída de Evo Morales do governo contrasta com o forte crescimento econômico da Bolívia – o maior da América Latina – e com a melhora das condições de vida do povo.
O núcleo da oposição é o Comitê Cívico de Santa Cruz, liderado por Fernando Camacho, que vem concentrando suas ações no sentido de ganhar a polícia e as forças armadas bolivianas para o golpe. Camacho, conhecido como “Macho Camacho”, é um conservador radical e racista e foi quem liderou a denúncia de fraude nas eleições que levou às manifestações da direita, à interferência da OEA e ao atual recuo de Evo Morales, aceitando convocar novas eleições.
Todos os ingredientes mostram que se trava na Bolívia uma tentativa de reverter tanto a soberania crescente do país e seu crescimento econômico e social, como o avanço da esquerda na América Latina, que vem ocorrendo da Argentina ao Equador, passando pelo Chile.
A tentativa de golpe em marcha tem todas as digitais do império estadunidense e precisa ser confrontada por todas as forças progressistas do continente e do mundo.
ATUALIZAÇÃO – 10/11: 18:48
MILITARES, PARTIDOS DE DIREITA E EMPRESÁRIOS DÃO GOLPE DE ESTADO E EVO MORALES RENUNCIA À PRESIDÊNCIA
Foto: Reprodução/AFP
Chefe das forças armadas bolivianas, além dos líderes de partidos de direita exigiram hoje (10) a renúncia do Presidente Evo Morales. A situação no país vem se agravando há 2 semanas na esteira dos questionamentos à reeleição de Evo para um novo mandato.
Mesmo com o presidente boliviano anunciando novas eleições, como a própria direita vinha pedindo, grupos armados sequestraram no dia de hoje parentes de dirigentes do governo e do parlamento ligados ao Movimento ao Socialismo (MAS), partido de Evo Morales. Esta situação já provocou a renúncia do Presidente da Assembleia Plurinacional da Bolívia e do Ministro de Energia, segundo a rede de notícias CNN.
Este golpe vem na esteira da reação da extrema direita e de setores ligados ao imperialismo norte-americano ao avanço dos movimentos populares na América Latina como vem ocorrendo nos últimos meses.