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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Por que Bolsonaro tem medo de falar de corrupção?

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Temendo ser desmoralizado em rede nacional, Bolsonaro só aceitou participar da entrevista no Jornal Nacional se não fossem feitas perguntas sobre o envolvimento de seus filhos e da sua esposa em casos de corrupção. Relembramos alguns dos muitos esquemas de corrupção no governo, que o ex-capitão agora quer esconder do povo brasileiro.

Heron Barroso
Da Redação


BRASIL – O jornalista Ricardo Noblat revelou hoje (24), em sua coluna no site Metrópoles, a condição imposta por Bolsonaro para aceitar ser entrevistado no Jornal Nacional, da Rede Globo, na última segunda (22). Segundo o colunista, temendo ser desmoralizado em rede nacional, o ex-capitão e aspirante a ditador disse que só participaria da entrevista se não fossem feitas perguntas sobre o envolvimento de seus filhos e da sua esposa em casos de corrupção. “Nada de Fabrício Queiroz, rachadinha, mansão milionária de Flávio em Brasília, depósitos na conta de Michelle e coisas afins. Condição imposta, condição aceita”, afirmou Noblat.

Pois bem, como A Verdade não tem rabo preso com fascista, nem negocia princípios com organizadores de rachadinhas, vamos relembrar aqui alguns dos muitos esquemas de corrupção no governo Bolsonaro, que o ex-capitão agora quer esconder do povo brasileiro.

A lista é grande – parte desses casos só aconteceram porque Bolsonaro permitiu a existência do “orçamento secreto” com o Centrão, que facilita ainda mais o uso de verba pública em corrupção e garante impunidade dos aliados e amigos do presidente envolvidos.

As mansões da família Bolsonaro

Quem não se lembra da mansão de R$ 6 milhões comprada pelo senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, em Brasília, sabe-se lá com que dinheiro? O palacete tem quatro suítes, hidromassagem, piscina, pisos revestidos de mármores, academia, spa e espaço gourmet. Para não ficar atrás do irmão mais velho, o caçula Jair Renan se mudou para uma imensa mansão no Lago Sul, avaliada em R$ 3,2 milhões, com 1.200 metros quadrados, dois pisos e quatro suítes. Um terceiro filho, Carlos Bolsonaro, comprou um luxuoso apartamento, também em Brasília, por R$ 470 mil e pagou à vista. O pai desses riquinhos mora no Palácio da Alvorada, não paga aluguel, faz churrasco com picanha de R$ 1.500 o quilo e passeia de jetski nas praias do litoral paulista e de Santa Catarina, tudo à custa dos cofres públicos.

Queiroz e as rachadinhas

Outra mutreta famosa que Bolsonaro não quer relembrar é o esquema de rachadinha organizado pela família do ex-capitão com apoio do faz-tudo Queiroz, que depositou R$ 89 mil na conta da primeira-dama e até hoje não explicou de onde veio esse dinheiro. Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro, o esquema lavou aproximadamente R$ 3 milhões de reais, parte comprando imóveis à vista. Queiroz ficou vários meses foragido, contanto com o apoio e acobertamento de advogados caríssimos, tudo pago pela família do presidente.

Corrupção nos ministérios

A farra com dinheiro público é compartilhada com os colaboradores mais próximos do presidente e de sua família. No Ministério da Saúde, ganhou grande repercussão o esquema de compra de vacinas para a covid-19 em troca de propina, um dólar por cada dose, para ser mais exato. Isso sem falar no caso Covaxin, investigado pela CPI da Covid no Senado, no ano passado, e que o presidente não quer explicar na TV.

No Ministério do Meio Ambiente, o ex-ministro Ricardo Salles foi acusado pela Polícia Federal de participação em esquema de corrupção para exportação ilegal de madeira. De acordo com a PF, as provas reunidas eram suficientes para enquadrar o presidente afastado do Ibama Eduardo Bim, pelos crimes de facilitação ao contrabando e advocacia administrativa, tudo com aval de Salles, homem de confiança de Bolsonaro.

Tem mais. Fabio Wajngarten, ex-chefe da SECOM (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), foi denunciado por receber dinheiro de emissoras de TV e de agências de publicidade contratadas pela própria secretaria, ministérios e estatais do governo Bolsonaro, uma espécie de “mensalão” pago pelas emissoras de TV em troca de verbas públicas. Já o ex-ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi acusado de falsidade ideológica eleitoral por usar candidaturas-laranja do PSL em Minas Gerais para desviar dinheiro do Fundo Eleitoral.

No MEC, o ex-ministro Milton Ribeiro foi flagrado negociando com pastores ligados a Bolsonaro a liberação de verbas da Educação em troca de barras de ouro. Pelo menos 10 prefeitos afirmaram que os pastores pediram propina para autorizar a liberação de recursos para as suas cidades. Ribeiro chegou a ser preso pela Polícia Federal, mas como é amigo do presidente, logo foi liberado. Mesmo assim, a farra continuou no ministério, que voltou às manchetes depois de uma licitação que previa o pagamento de até R$ 732 milhões a mais por ônibus escolares. Segundo documentos revelados pela imprensa, o governo aceitaria pagar até R$ 480 mil por um ônibus que deveria custar no máximo R$ 270,6 mil.

Farra nos quartéis

Entre os generais a farra com dinheiro público também é grande. Em 2020, as Forças Armadas gastaram R$ 632 milhões comprando leite condensado, chicletes, picanha e até viagra. Apenas com a compra de vinhos, por exemplo, os generais gastaram mais de R$ 2,5 milhões.

Privatização da Petrobras

Uma das obsessões de Bolsonaro e do Centrão é entregar a Petrobras para o capital privado e ganhar muito dinheiro com isso. Explicamos: para realizar uma privatização dessa envergadura, várias empresas de consultoria são contratadas e alguns milhões de dólares são depositados em paraísos fiscais. Elas fazem auditorias e depois põem um preço bem abaixo do valor real da empresa. Foi assim com a Vale do Rio Doce vendida por 1% do seu valor real. Em seguida, são formados cartéis com bancos e grandes corporações internacionais que participam de um leilão onde todas as cartas estão marcadas. Aí ocorre mais negociatas e roubalheira. É essa corrupção que os grandes meios de comunicação e o governo chamam de privatização.

Orçamento secreto

A corrupção ganhou novas proporções no governo Bolsonaro depois da institucionalização do chamado “orçamento secreto”, criado para comprar apoio do Centrão no Congresso Nacional. Desde que a existência do “orçamento secreto” foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo, no ano passado, já foram distribuídos cerca de 27 bilhões em emendas parlamentares. O negócio é tão absurdo que a lei assinada por Bolsonaro garante o anonimato do autor da emenda, dificultando investigações e garantindo a impunidade.

Dessa forma, vários esquemas de desvio de verbas públicas já foram montados através do orçamento secreto. Um deles foi articulado usando dinheiro do SUS no Maranhão. O esquema funciona assim: prefeituras articuladas por parlamentares do Centrão falsificam dados sobre consultas e exames nunca realizados e, dessa forma, conseguem elevar o teto de recebimento de emendas orçamentárias. Em seguida, deputados e senadores aliados a Bolsonaro enviam as verbas superfaturadas e cobram de volta um percentual em propina que pode chegar a 30% do valor que teoricamente deveria ser investido na saúde pública. Um verdadeiro escândalo!

Chega de corrupção!

Enquanto o presidente se nega a dar explicações à nação sobre a corrupção no seu governo – e a Globo aceita –, o país é roubado para enriquecer uma minoria de parasitas, falta moradia digna para 8 milhões de famílias, remédios e assistência médica eficaz para a maioria dos trabalhadores e comida na mesa de mais de 33 milhões de brasileiros.

Bolsonaro fala em pátria e família, mas a pátria deles é a corrupção, são as chacinas nas favelas, o orçamento secreto, é atacar as eleições e as vacinas, matar os povos indígenas, roubar as riquezas nacionais e decretar sigilo de 100 anos sobre tudo isso.

Por isso, em dezembro de 2020, Bolsonaro foi eleito a “Personalidade do Ano” por seu papel na promoção da corrupção e do crime organizado pelo Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP), um consórcio internacional que reúne jornalistas investigativos e centros de mídia independente.

É preciso utilizar a campanha eleitoral para denunciar as mentiras de Bolsonaro e mostrar ao povo que a única maneira de por fim de uma vez por todas à corrupção é acabar com o governo da burguesia e colocar em seu lugar um governo dos trabalhadores.

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