A FEUE completou 80 anos e faz parte da história do Equador, enfrentando ditaduras militares, resistindo à repressão e defendendo os interesses dos estudantes. A UJR e o Correnteza estiveram presentes através da companheira Isis Mustafa, secretária-geral da UNE, que representou as delegações internacionais no congresso.
DA REDAÇÃO
JUVENTUDE – No último dia 16 de dezembro, aconteceu o 48º Congresso Nacional da Federação de Estudantes Universitários do Equador (FEUE), que reuniu 1.500 delegados de todas as províncias do país na Universidade Central do Equador, na capital Quito.
A União da Juventude Rebelião e o Movimento Correnteza estiveram presentes através da companheira Isis Mustafa, secretária-geral da UNE, que representou as delegações internacionais no congresso.
A atividade debateu a situação orçamentária e a democracia nas universidades públicas, além das péssimas condições de vida sob o governo neoliberal de Guillermo Lasso. Apesar das tentativas de boicote por parte do governo, os estudantes elaboraram importantes bandeiras de luta para a educação no país, elegendo a nova diretoria da FEUE, que será presidida pelo estudante de Psicologia Social Nery Padilla, o primeiro negro a encabeçar a entidade.
Uma entidade de luta
A FEUE completou 80 anos e faz parte da história do Equador, enfrentando ditaduras militares, resistindo à repressão e defendendo os interesses dos estudantes. A entidade também esteve à frente da revolta indígena e popular de outubro de 2019 que derrotou as reformas neoliberais do governo Moreno e da vitoriosa greve de fome que conquistou o aumento dos salários dos professores, em maio de 2022.
Para Nery, a luta por democracia e autonomia nas universidades será uma das prioridades nos próximos meses. “Lutamos para garantir a plena autonomia e democratização da universidade para que tenhamos a possibilidade de eleger todas as autoridades em todos os seus cargos, já que atualmente só podemos eleger o reitor, e este delega o resto das autoridades dentro da universidade. Por isso, consideramos que a gestão dessas autoridades não está ligada aos interesses da universidade, mas sim a interesses externos à universidade. Propomos a democratização porque vai ser muito importante para que as autoridades prestem contas aos estudantes”, disse.
O 48º Congresso da FEUE também debateu e aprovou um plano de lutas, no qual as principais bandeiras são:
- mais verbas para as universidades públicas, que sofrem um processo de redução orçamentária e tem um déficit de 131 milhões de dólares, além de criação de novas universidades em todas as províncias do país;
- livre acesso ao ensino superior, pois atualmente existem 1,2 milhão de estudantes formados no ensino médio que estão fora da universidade;
- reforma popular da Lei Orgânica do Ensino Superior, uma vez que está em pauta na Assembleia Nacional um projeto privatista e neoliberal, que não foi discutido com a comunidade universitária do país.
“Somos a favor do livre acesso ao ensino superior. Hoje, o ingresso é um processo punitivo, discriminatório, em que o aluno não pode escolher a carreira sem cumprir uma nota para acessar o ensino superior. O direito à educação, que está na Constituição, é um dever do Estado e universal, ou seja, de todos. Portanto, temos o direito de entrar na universidade. Mas isso não é expresso na universidade pública equatoriana. Por isso, propomos o acesso gratuito ao ensino superior”, defende o presidente da FEUE.
Contra o governo neoliberal
O povo equatoriano vive um grave momento de retirada de direitos e piora das condições de vida sob o governo do banqueiro Guillermo Lasso. Há 6 milhões de desempregados e 38,8% da população está na faixa da pobreza, vivendo com menos de US$ 5,50 por dia. Além disso, a insegurança e a violência são os principais problemas do país.
“Lutamos por mais verbas para a educação e pela garantia de emprego e reinserção social, porque está comprovado que quando se abrem as portas da universidade, quando se geram ofertas de trabalho, reduzem-se os fatores de risco e, portanto, reduzem-se os elementos de insegurança e pobreza”, explica Nery.
A América Latina vive um momento de efervescência política e social, com lutas e processos de resistência de norte a sul do continente. O povo equatoriano sempre ocupou um lugar de destaque nas lutas por independência e soberania. E, pelo que se viu no congresso da FEUE, temos certeza que podemos esperar muita energia e combatividade da juventude na resistência ao neoliberalismo e contra o avanço do fascismo no Equador.