Kalinin, o sapateiro que se tornou líder do Estado Soviético

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Neste ano, completam-se 77 anos da morte de Mikhail Kalinin. Conheça a história de vida de um dos principais organizadores do Partido Bolchevique da União Soviética, que dedicou sua vida para os ideais do comunismo. 

Igor Barradas | Redação RJ


HERÓIS DO POVO – Liderança da Revolução Socialista de 1917, Mikhail Ivanovich Kalinin nasceu em 19 de novembro de 1875, na cidade de Verkhnyaya Troitsa, durante o período da Rússia Czarista. Filho de pais pobres, Kalinin trabalhou como camponês até ir para a escola primária, aos dez anos de idade.

Quando tinha 16 anos, Kalinin encontrou emprego em uma fábrica de armamentos. Mais tarde, ele trabalhou como sapateiro e depois como operador de torno na Fábrica Putilov, uma das maiores da Rússia.

Na fábrica, o jovem entrou em contato com operários socialistas que tentavam formar um sindicato. Lá, tomou ciência dos problemas da sociedade capitalista e a necessidade dos trabalhadores transformarem os meios de produção em propriedade coletiva. Logo iniciou suas atividades revolucionárias, ingressando no Partido Operário Social-Democrata na Rússia (POSDR). 

Prisões e repressão política 

No período da juventude de Kalinin, houve uma grande repressão por parte do Governo Czarista contra os revolucionários. Como disse Stalin, “Em primeiro lugar, a Rússia czarista era um foco de todo gênero de opressão — capitalista, colonial e militar — exercida na forma mais bárbara e desumana”. Em 1898, Kalinin foi preso.

Após dez meses de prisão, o revolucionário foi exilado para o Cáucaso. Ele logo escapou para Tiflis, trabalhando como artesão de metal.

No entanto, ele foi demitido quando tentou montar um sindicato na fábrica. Esse fato apenas aumentou as capacidades de organização do revolucionário, aumentando seu conhecimento sobre a luta dos trabalhadores.

Os bolcheviques e a luta contra o oportunismo

Entre os anos de 1901 e 1904, Kalinin se consolida enquanto um importante quadro do POSDR. Neste período, surgem no Partido duas frações: a bolchevique (maioria) e a menchevique (minoria). A primeira fração possuía uma visão revolucionária da política, ficando ao lado dos trabalhadores. Já a segunda, tinha uma política reformista, que servia para continuar a exploração do povo russo e a opressão da burguesia. 

Kalinin ingressou no grupo bolchevique em 1905, lutando ao lado de Lênin contra os oportunistas que pretendiam retirar o conteúdo revolucionário do Partido. Neste ano, Kalinin ajudou a fundar a Central Sindical dos Trabalhadores Metalúrgicos e foi organizador da greve das fábricas Putilov, uma das maiores companhias e a mais antiga de São Petersburgo. Esta histórica greve reuniu cerca de 80 mil operários, cansados da exploração de seus patrões, a lutarem por seus direitos. 

Na Conferência de Praga, em 1912, foi eleito membro do Comitê Central Bolchevique e foi um dos fundadores do jornal Pravda (em português, A Verdade).

Guerra imperialista e Revolução de 1917

Após a abdicação de Nicolau II, foi libertado pelo Governo Provisório e voltou para São Petersburgo. Lá, participou ativamente da Revolução de Outubro de 1917, que destruiu o capitalismo na Rússia, deu aos trabalhadores russos o controle dos meios de produção e converteu as indústrias, a terra, os latifúndios, e os bancos em propriedade de todo o povo, em propriedade social.

Esse processo ocorreu enquanto o mundo vivia a 2ª Guerra Mundial. Kalinin denunciou corajosamente a primeira guerra mundial da história da humanidade enquanto uma guerra injusta e imperialista. 

Enquanto os países capitalistas colocam os povos do mundo para lutarem entre si, Kalinin e os bolcheviques mantiveram-se fiéis à causa do socialismo e do internacionalismo. Em novembro de 1916, devido às suas posições revolucionárias, Kalinin foi preso e exilado na Sibéria. 

Herói comunista

Nas eleições realizadas para a Duma de Petrogrado, em 1917, Kalinin foi eleito prefeito da cidade, administrando-a durante e após a Revolução. De 1938 a 1946, integrou o Presidium do Soviet Supremo da URSS, ocupando cargos de grande responsabilidade dentro do Estado Soviético.

Quando Yakov Sverdlov morreu em março de 1919, Kalinin o substituiu como Presidente do Comitê Executivo Central de Toda a Rússia, o chefe de Estado titular da Rússia Soviética. O nome deste cargo foi alterado para Presidente do Comitê Executivo Central da URSS, em 1922.

Em 1920, o comunista revolucionário participou do Segundo Congresso Mundial da Terceira Internacional Comunista em Moscou. Tomou parte da delegação russa, participando ativamente dos debates.

Contribuições revolucionárias 

Kalinin continuou a ocupar o cargo de Presidente do Soviete Supremo sem interrupção até sua aposentadoria no final da Segunda Guerra Mundial. Suas contribuições para a teoria marxista-leninista são dedicadas à educação e organização comunista, com importantes obras como: “Algumas Questões do Trabalho de Massas do Partido”, “Algumas Questões Relacionadas com a Agitação e a Propaganda” e “O Ensino dos Fundamentos do Marxismo-Leninismo nas Escolas Superiores”.

Em um discurso conhecido como “O Estudo e a Vida”, pronunciado na colação de Grau dos estudantes da primeira Universidade fundada após a Revolução, Kalinin expressa as principais características que um comunista deve possuir em seu trabalho revolucionário: “O operário só aprecia o dirigente que se inflama com as massas que, inflamando-se ele mesmo, transmite esse ardor à consciência da massa no seio da qual atua. Por isso, camaradas, para trabalhar no Partido, onde o próprio trabalho adquire um certo grau de heroísmo, para encontrar alegria nesse trabalho e achar interesse nele, cumpre estar profundamente convencido da beleza e da razão dos princípios pelos quais lutamos.”

Kalinin faleceu em 03 de junho de 1946. Dedicou sua vida para os ideais do comunismo. O exemplo de sua militância, portanto, deixa um importante legado à construção e fortalecimento da educação das futuras gerações revolucionárias.