A Verdade é recebido na calçada ao questionar Multservice sobre aumento dos bilheteiros

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Depois de 5 meses de promessa e com pressão dos(as) trabalhadores(as) a MultService concede aproximadamente R$270 de aumento salarial.

David Jaffe Cartum, Reinilson Câmara e Victor Bravo | São Paulo


TRABALHADOR UNIDO – Os bilheteiros, essenciais para o funcionamento das estações de metrô de São Paulo, são trabalhadores terceirizados empregados pela MultService. Como é comum em contextos de terceirização, esses profissionais são frequentemente submetidos a condições precárias de trabalho e têm seus direitos desrespeitados.

Diante de uma sequência de promessas não cumpridas, remunerações abaixo do salário mínimo, punições injustificadas e atrasos nos benefícios, os bilheteiros tomaram a decisão de se mobilizar e reivindicar melhores condições de trabalho.

A Verdade levou as denúncias dos bilheteiros até a sede da MultService para obter respostas e o que conseguiu foi mais uma demonstração de descaso.

Aos repórteres não foi oferecido sequer a entrada no prédio. Dois representantes da empresa receberam o jornal A Verdade na calçada, desprezando a imprensa dentro de suas acomodações. O coordenador regional, Leonardo Leme, e a supervisora, Sheila Silva, pouco sabiam das alegações levantadas pelos trabalhadores.

Uma das principais questões é o descumprimento de uma promessa feita pela MultService, há cinco meses, de conceder um aumento salarial de R$272,95 aos bilheteiros. Após intensa pressão popular a empresa finalmente aplicou um reajuste de cerca de R$270 neste mês de junho. Contudo, a companhia não forneceu nenhuma justificativa para os meses de atraso.

Vale destacar que o salário anterior desses profissionais, de R$1.100, já estava abaixo do salário-mínimo. Portanto, para cumprir com sua promessa a MultService deveria reajustar o valor em R$492,95. Primeiramente, um acréscimo de R$220 seria necessário para colocar o salário no mínimo legal de R$1.320, como anunciado pelo Governo Federal em 1º de maio. Só então os R$272,95 prometidos poderiam ser adicionados como aumento efetivo.

No entanto, visto que apenas R$270 foram incorporados ao pagamento, o aumento real foi de míseros R$50. Cumprir a lei deveria ser o padrão, porém, mais uma vez os trabalhadores foram forçados a aceitar como um “benefício” aquilo que já era deles por direito.

Outra alegação contra a MultService é a de punições arbitrárias. Os representantes da empresa alegaram desconhecer a prática de punições e afirmaram monitorar todos os supervisores dos postos de trabalho. Mas a versão dos trabalhadores é outra: casos de coerção e retaliação foram relatados e, como o jornal A Verdade foi recebido na calçada, o que fica é a impressão de que algo está sendo mantido debaixo do tapete.

A falta de regularidade no pagamento do vale-refeição (VR) e do vale-alimentação (VA) também foi levantada. A MultService justificou que houve problemas com a empresa Alelo, responsável pelos benefícios, e por isso migrou para a Sodexo. Pouco após a mudança, foi decidido retomar o contrato com a Alelo, tudo sem informar os bilheteiros.

A MultService afirmou que, desde 2017, nenhuma vez o VR ou VA deixou de ser pago – o que não bate com as reclamações – e não soube dar um prazo para a regularização dos pagamentos. Enquanto isso, milhares de trabalhadoras e trabalhadores ficam sem saber quando conseguirão fazer suas compras do mês.

Além disso, a empresa foi acusada de coagir mães trabalhadoras a mentir sobre o número de filhos durante o momento da contratação com o intuito de evitar o pagamento do salário família. A MultService nega veementemente essas alegações e afirma desconhecer qualquer ação semelhante.

Os bilheteiros também reclamaram da existência de uma bonificação “meritocrática” que é feita por fora da carteira e condicionada à ausência de atestados médicos e atrasos. A empresa novamente negou alegando que a bonificação de R$150 para os trabalhadores que cumprirem suas obrigações é feita dentro da folha de pagamento.

Oito supervisores estão em um cenário de incerteza enfrentando a ameaça real de demissão, um ato que parece ser uma represália decorrente de suas participações ativas na defesa dos direitos trabalhistas. Se confirmada, essa ação revela uma tentativa de amordaçar os trabalhadores, em luta legítima por melhores condições de trabalho. A retaliação, além de ser uma tática intolerável, revela uma postura autoritária e insensível da empresa.

Tais eventos acendem uma luz de alerta mostrando a necessidade de vigilância constante e da solidariedade entre os trabalhadores na batalha contra a exploração e a injustiça no ambiente de trabalho. No meio dessa adversidade, os trabalhadores – em parceria com o Movimento Luta de Classes – estão se mobilizando para denunciar essa prática e garantir a segurança e a estabilidade desses funcionários.

É importante destacar que apenas a luta unificada dos trabalhadores pode garantir a preservação e a conquista de direitos trabalhistas. A organização e a participação ativa em reuniões e núcleos são fundamentais para construir uma resistência efetiva e obter vitórias significativas.

Essa ação coletiva e organizada é a chama que mantém acesa a luta dos trabalhadores, o coração pulsante da conquista de direitos. Afinal, na união e na luta reside a verdadeira força da classe trabalhadora.