UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

terça-feira, 26 de agosto de 2025
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Aumento da tarifa de ônibus: não ficaremos de mãos ao alto!

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As mobilizações contra o aumento da tarifa de ônibus em diversos estados do país já está acontecendo, com ampla jornada de lutas em Belo Horizonte, Florianópolis e São Paulo. Unificar essa luta nacionalmente é tarefa dos movimentos sociais em defesa da classe trabalhadora.

Igor Baltar | Recife – PE


BRASIL – Que o transporte que deveria ser público, mas está entregue nas mãos das grandes empresas do transporte é caro, lotado e ruim já sabemos, mas como resolver este problema?

Há anos, diversos movimentos sociais junto com o povo lutam e vão às ruas em defesa de um transporte público, gratuito e de qualidade e contra as privatizações que precarizam o conforto, a segurança, colocando tarifas abusivas para a classe trabalhadora, sem nenhuma perspectiva de melhoria concreta do serviço.

Um dos casos mais conhecidos dessa luta são, a Revolta das Catracas (2004), acontecido em Florianópolis e as jornadas de junho de 2013, que começou contra o aumento da tarifa de ônibus de R$0,20 centavos na passagem em São Paulo e logo em seguida tomou cidades do Brasil inteiro. 

Aumentar o valor de tarifa dos transportes que deveriam ser públicos, mas na prática, continuam geridos por empresas privadas e só fazem pesar ainda mais o bolso do trabalhador, é roubo e não deve ficar impune. É necessário aprender com as lutas do passado e seguir em mobilizações intensivas para barrar os aumentos em todas as cidades que decretaram. Precisamos ousar mais, pautar o passe livre e cobrar a estatização e reestatização daqueles que foram privatizados.

E a tarifa zero? Quem ganhou?

Com a correlação de forças dadas em um governo liberal e conciliatório, onde a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco, a esquerda institucional, base principal do governo, reduz cada vez mais suas pautas e discurso. Vemos que tanto a direita como a extrema-direita aprenderam o jogo das massas. Com o avanço da extrema-direita no país e o recuo da direita tradicional, algumas coisas mudaram, a exemplo do discurso, onde vemos agora candidatos de direita defendendo a tarifa zero, para benefício dos seus.

Até setembro de 2024, 136 cidades brasileiras já contavam com modelos de tarifa zero, segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Em 116 delas, esse modelo atinge todo o sistema de transporte e todos os dias, já nas outras 20, em dias específicos. 

Na última eleição, PL, MDB, PSD e PP também tiveram menções a gratuidades em seus programas.

Na virada dos anos 2024 para 2025, diversas cidades anunciaram novos aumentos como São Paulo, Florianópolis, Recife, Rio de Janeiro, Belo Horizontes e outras mais. Em alguns locais, o preço das passagens já chega aos R$6,90.

Em resposta a isso, Belo Horizonte, Florianópolis e São Paulo já foram às ruas mobilizados para barrar seus aumentos e prometem uma jornada de lutas até conseguirem êxito em suas pautas.

Com isso, aprendemos que somente mobilizada e unida na luta a esquerda conseguirá expandir e defender suas pautas. Através das mídias independentes, panfletaços e atos combativos, deixando bem claro a todos os usuários do transporte que tarifa zero e o passe livre com transportes de qualidade não é utopia e deve ser pautado como sempre foi pela esquerda, até que tenhamos a vitória e provemos quem se encontra ao lado dos menos favorecidos.

Trabalhadores da PepsiCo fazem greve pelo fim da escala 6×1

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A recente greve dos trabalhadores da PepsiCo foi um importante marco na jornada de luta contra a escala 6×1.

Redação SP


A luta pelo fim da escala 6×1 tem se provado um ponto de virada no debate político a respeito da jornada de trabalho no Brasil. Justamente por expor o estado cruel de exploração ao qual milhões de brasileiros estão submetidos, a pauta tem dado um novo fôlego para a luta histórica da classe trabalhadora no país.

A recente greve dos trabalhadores da PepsiCo foi um importante marco nessa jornada. Encerrada no dia 02 de dezembro, a greve contou com enorme adesão da categoria, forte solidariedade por parte de partidos, movimentos sociais e outros sindicatos (embora a CUT, a Força Sindical e a CTB não tenham sido favoráveis à greve), além de grande repercussão midiática. Trabalhadores de todo o Brasil se identificaram com a luta dos bravos operários e operárias da PepsiCo e viram neles a sua própria imagem enquanto irmãos de classe.

A burguesia, é claro, defendeu com afinco o “direito” de explorar os trabalhadores que, com coragem, cruzaram os braços nas unidades de Itaquera e Sorocaba (SP). Vouchers de R$ 200,00 para serem utilizados em aplicativos foram oferecidos a quem estivesse disposto a cumprir o papel de fura-greve e diversas matérias foram plantadas na mídia comercial para descaracterizar a legitimidade da greve. Mesmo assim, os trabalhadores foram até o fim.

A proposta aprovada ao fim da greve não foi favorável aos trabalhadores, como noticiamos em matéria publicada no site do jornal A Verdade no dia 30/11. Entretanto, há de se frisar o que foi positivo nesse processo: a primeira greve operária pelo fim da escala 6×1 parou duas fábricas de uma empresa multinacional. Este salto qualitativo não pode ser ignorado, afinal, cada trabalhador se deu conta de que o fim da exploração não vai se dar por meio de acordos de gabinete, de uma conciliação entre patrão e empregado mediada pelo Estado burguês. Tal conquista deve ser arrancada das mãos da burguesia pela classe trabalhadora organizada.

Nesse sentido, torna-se cada vez mais importante não perder as rédeas da mobilização. Da luta de hoje, deve-se tirar os planos para as lutas futuras. Aprender com os exemplos que os companheiros grevistas nos deram e estar ao lado deles todos os dias. Em cada panfletagem e em cada brigada em porta de fábrica, o exemplo dos trabalhadores da PepsiCo deve ser lembrado e deve-se apresentar a Unidade Popular e o seu programa, que reivindica a redução da jornada de trabalho para seis horas diárias a todos os trabalhadores. É preciso trabalhar para que mais greves se espalhem pelo Brasil, com o objetivo político de fortalecer o proletariado na luta pelos seus direitos.

Apoio popular

Pesquisa publicada pela Folha de São Paulo revelou que 70% da população brasileira apoia o fim da escala 6×1. Não para por aí: 65,8% dos entrevistados demonstram ter consciência de que os patrões se opõem à PEC porque o modelo vigente permite maior exploração do trabalhador, resultando em grandes margens de lucro, e 77% entendem que a produtividade do trabalhador aumentaria com mais tempo de descanso. Além disso, o apoio ao fim da jornada chega a ser até 10% maior entre as mulheres (86%) do que entre os homens (76%).

Matéria publicada na edição nº 304 do Jornal A Verdade

Qual o papel das Forças Armadas na conspiração para dar um golpe fascista no Brasil?

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Ao longo da História, as Forças Armadas realizaram vários golpes militares para reprimir os trabalhadores e manter o poder nas mãos da burguesia. Segundo o inquérito da PF, os comandantes das Forças Armadas se reuniram 14 vezes para discutir o golpe com Bolsonaro após a derrota nas eleições.

Heron Barroso | Redação


Após a publicação do inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a conspiração fascista para dar um golpe de Estado e impor uma nova ditadura militar no Brasil, os meios de comunicação da burguesia imediatamente passaram a defender a tese de que a democracia brasileira foi salva pelo Alto Comando das Forças Armadas, que se recusou a participar da trama bolsonarista.

Para eles, os milhões de brasileiros que foram às ruas pedir a saída de Bolsonaro da Presidência, a falta de apoio da imensa maioria da população, o isolamento do ex-capitão dentro e fora do país e a resistência dos movimentos sociais não tiveram nenhuma importância.

Nos jornais, TVs e internet, centenas de manchetes e colunas saudaram a “firmeza” com que os militares supostamente impediram o golpe. O ministro da Defesa José Múcio chegou a afirmar que o golpismo nas Forças Armadas é um caso isolado e não representa a maioria da instituição. “Eu desejo que tudo seja esclarecido para tirar de cima das Forças Armadas a névoa da suspeição”, disse.

Porém, não se trata de suspeição, sr. ministro, mas de fatos. Nada menos que 25 das 37 pessoas indiciadas pela PF são militares, muitos ainda na ativa, entre eles o ex-ministro da Defesa, o ex-comandante da Marinha e outros quatro generais. Como é possível não enxergar aí o envolvimento da cúpula das Forças Armadas na tentativa de golpe?

Essas mesmas Forças Armadas realizaram, ao longo da História, vários golpes militares para reprimir os trabalhadores, manter o poder nas mãos da burguesia e impedir o avanço da revolução socialista em nosso país. Jamais devemos esquecer que foi nos quartéis do Exército, Marinha e Aeronáutica que foram torturados e assassinados centenas de revolucionários, verdadeiros patriotas e democratas, como Manoel Lisboa, Emmanuel Bezerra, Sônia Angel e José Carlos da Matta Machado, entre outros.

Mas, ao que parece, o ministro da Defesa e algumas personalidades e organizações que se dizem de esquerda se esqueceram. Por isso, nunca é demais relembrar alguns casos de participação direta das Forças Armadas em golpes e conspirações e qual sua verdadeira função numa sociedade capitalista.

A lista é grande

Em 1899, o Exército “proclamou” a República e nomeou dois generais seguidos como presidentes: Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Em 1930, esse mesmo Exército empossa Getúlio Vargas na Presidência e cria o chamado “Estado Novo”, em 1937. Poucos anos depois, em 1945, as Forças Armadas depõem Vargas e “elegem” como presidente o general Eurico Gaspar Dutra. Em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros, os militares tentam impedir a posse do vice, João Goulart, que assume, mas é golpeado em 1964 e se exila. De 1964 a 1985, cinco generais são nomeados presidentes do Brasil, durante uma ditadura que assassinou mais de 10 mil pessoas e perseguiu, prendeu, sequestrou, torturou outros milhares.

Mesmo após o fim do regime militar, as Forças Armadas continuaram reprimindo os trabalhadores. Em 1988, no governo Sarney, o Exército interveio para acabar com a greve dos trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) por melhores salários e por redução da jornada de trabalho. Foram assassinados três operários e centenas ficaram feridos, no que ficou conhecido como “Massacre de Volta Redonda”.

Em 1995, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o Exército reprimiu uma greve na Petrobras, ocupando quatro refinarias, prendendo vários dirigentes sindicais e confiscando o dinheiro dos sindicatos.

Agora que refrescamos a memória do sr. José Múcio e de todos que, como ele, ainda creem no mito do espírito democrático de nossas Forças Armadas, vejamos qual foi o papel dos militares na conspiração para dar o mais novo golpe fascista no Brasil.

O Alto Comando no golpe

Na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro afirmou que seu chefe se reuniu várias vezes com membros do Alto Comando das Forças Armadas para tratar da “minuta do golpe”. Um deles foi o general Estevam Theophilo, então chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, que se colocou à disposição da quartelada. “No final da reunião, foi repassado ao colaborador que o general Theophilo disse que se o presidente Jair Bolsonaro assinasse o decreto, as Forças Armadas iriam cumprir”, afirma trecho da delação de Cid.

Ainda segundo o inquérito da PF, os comandantes das Forças Armadas se reuniram 14 vezes para discutir o golpe com Bolsonaro após a derrota nas eleições. Em quatro desses encontros, estiveram os comandantes das três forças juntos. Em cinco ocasiões, dois compareceram e, em outras cinco, somente um deles estava. Freire Gomes, comandante do Exército, foi o mais assíduo: esteve reunido com Bolsonaro 12 vezes.

Ou seja, desde o início, membros da cúpula das Forças Armadas não apenas sabiam, como estavam participando ativamente da conspiração para matar o presidente eleito e seu vice, sequestrar um ministro do Supremo Tribunal Federal e anular o resultado das eleições, mas nada fizeram. Só admitiram conhecimento do plano terrorista depois que a coisa deu errado e perceberam que poderiam acabar na cadeia.

O próprio general Freire Gomes confessou, em depoimento à PF, que “participou de reuniões no Palácio da Alvorada após o segundo turno e que Bolsonaro apresentou hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e estado de sítio”.

O ex-comandante do Exército jura que tentou convencer Bolsonaro a não ir adiante e que chegou a avisar ao então presidente que, se ele atentasse contra o regime democrático, seria obrigado a prendê-lo.

Ora essa! E por que não prendeu?

A resposta é simples: não prendeu porque a cúpula das Forças Armadas não tem um tantinho assim de honra e dignidade; estão mais preocupados em manter seus privilégios e mordomias. Para esses generais, a democracia é desnecessária, a liberdade do povo atrapalha seus interesses e melhor seria que a ditadura de 1964 nunca tivesse acabado. É por isso que, todos os anos, eles fazem questão de comemorar o aniversário do golpe nos quartéis e nos clubes militares.

Um governo sério teria expulsado todos esses comandantes das Forças Armadas e pedido sua prisão por conspirarem contra a Pátria. Mas os defensores do mito de que o Exército é leal à democracia insistem em não ver mais que uma “névoa de suspeição” em tudo isso…

É preciso muita ingenuidade (ou será mau caráter?) para acreditar que justamente os militares indicados por Bolsonaro para chefiar as Forças Armadas tenham impedido a execução do plano golpista. Ou será que esses senhores também esqueceram que, por quatro anos, Bolsonaro e seus generais atuaram para enfraquecer a democracia no país, atacaram as eleições e ameaçaram diversas vezes acabar com as liberdades democráticas?

Quando, finalmente, o ex-capitão foi derrotado nas eleições de 2022, esses mesmos comandantes permitiram que milhares de fascistas montassem acampamentos em frente aos quartéis. Chegaram mesmo a assinar uma nota pública chamando os acampamentos de “manifestações populares”. Agora está claro que esses acampamentos foram parte fundamental do plano e que, sem eles, dificilmente o 08 de janeiro teria ocorrido.

A quem servem as Forças Armadas?

Mais que uma ingenuidade, a recusa em considerar as Forças Armadas como instrumento fundamental de repressão e dominação da burguesia sobre os trabalhadores e o povo é uma das principais causas do atraso da revolução em nosso país. Os governos do PT, aliás, não mediram esforços em aumentar as verbas e comprar armamentos para tornar o Exército e as polícias ainda mais poderosos e modernos.

A verdade é que, numa sociedade capitalista, como a brasileira, o Exército está a serviço da burguesia, defende os interesses dessa classe e está sempre a postos para defender os interesses e as riquezas dos grandes capitalistas.

Por isso, os comunistas revolucionários, para não se deixarem ser pegos de surpresa, devem ter sempre em mente as palavras do camarada Manoel Lisboa, em seu artigo O Exército burguês pode e deve ser destruído:

“Este exército da burguesia não é amado pelo povo brasileiro. Para destruirmos este exército, temos que formar o nosso próprio exército, o exército do proletariado. Este, sim, será um exército realmente popular, porque será formado por pessoas do povo, por pedreiros, carpinteiros, torneiros, soldadores, serventes, tecelões, estudantes, sapateiros, camponeses, comerciários, etc. Será um Exército Popular e Revolucionário porque defende os verdadeiros interesses do povo e luta por uma sociedade melhor, uma sociedade mais perfeita e mais justa, luta por uma sociedade socialista”.

Matéria publicada na edição nº 304 do Jornal A Verdade

Prefeitura de Teresópolis (RJ) não paga 13º salário e revolta servidores

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Milhares de trabalhadores de Teresópolis (RJ) ficaram sem receber o 13º salário de 2024. O novo prefeito, Leonardo Vasconcellos (União Brasil), segue sem dar uma solução para o problema e ataca o direito dos trabalhadores.

Redação RJ


Os servidores da Prefeitura Municipal de Teresópolis enfrentaram um fim de ano de angústia e revolta. Desde o dia 20 de dezembro de 2024, milhares de trabalhadores ficaram sem receber o 13º salário, um direito garantido por lei. O novo prefeito, Leonardo Vasconcellos (União Brasil), até agora não deu uma solução para o problema e segue atacando o direito dos trabalhadores que sequer puderam garantir uma ceia digna com suas famílias

A indignação é geral. Os servidores, que dedicaram todo o ano a prestar serviços essenciais à população, agora vivem a incerteza não apenas do pagamento do 13º, mas também do salário de dezembro. “Foi um Natal muito triste. Tentamos contato com o prefeito e com o secretário Vinícius Oberg, mas fomos ignorados. Quando finalmente recebemos uma resposta, nos disseram que o pagamento dos comissionados estava sendo feito, mas que o dinheiro para o 13º dos servidores não seria depositado”, relatou um representante da categoria em entrevista para o site O Diário de Teresópolis.

A justificativa apresentada pela administração municipal é que a empresa Águas da Imperatriz não realizou um repasse esperado. No entanto, a própria prefeitura foi a responsável por privatizar o fornecimento de água do município para uma empresa do grupo Águas do Brasil, que é alvo de diversas denúncias. A responsabilidade é do governo, que deveria garantir o pagamento em dia.

A arrecadação líquida das receitas correntes da Prefeitura de Teresópolis em novembro de 2024 foi de R$ 1.969.594,27, portanto é falso afirmar que não tem dinheiro para o salário dos servidores. Os trabalhadores têm realizado manifestações em frente à Prefeitura e ao restaurante Viva Itália, pertencente ao ex-prefeito, que recorreu à justiça burguesa para tentar impedir os protestos no local.

A direção do SEPE cobrou a realização de uma reunião com a novo prefeito, que ficou definida para o dia 22/01, às 14h. Segundo o governo, a partir desta data terá uma previsão mais realista sobre orçamento. Porém o prefeito Leonardo Vasconcellos, que assumiu o governo no primeiro dia do ano, teve tempo suficiente para resolver a questão e certamente seu salário, de seus assessores, secretários e vereadores não faltarão ou ficarão atrasados.

A população também é chamada a apoiar os trabalhadores. O funcionalismo público é essencial para o funcionamento do município, e o desrespeito a seus direitos afeta a todos. A reivindicação não é apenas por um salário; é por dignidade e pelo cumprimento da lei.

Enquanto isso, o ex-prefeito Vinícius Claussen, aliado dos fascistas Cláudio Castro e Bolsonaro, teve uma virada de ano cheio de regalias, fruto dos impostos da população. Nesse sentido é necessário organizar a luta dos trabalhadores contra os governos reacionários que só favorecem os muito ricos em detrimento da imensa maioria do povo.

MLB realiza brigada de solidariedade às vítimas de enchente em Joinville 

Pondo em prática seus princípios de solidariedade popular, a militância da UP e do MLB em Joinville (SC) distribuiu alimentos, roupas e itens de higiene às famílias atingidas pela enchente no bairro Ulysses Guimarães

Mateus Lemos | Joinville (SC)


Na manhã do último dia 7/12, os moradores do bairro Ulysses Guimarães, localizado na zona sul de Joinville (SC), tiveram suas casas invadidas pela água. A maré alta e as fortes chuvas não foram os únicos responsáveis pelo desastre, pois toda a zona sul de Joinville sofre com o descaso da prefeitura. Esgoto a céu aberto, ruas sem asfalto, pessoas vivendo com energia elétrica improvisada ou sem acesso a água encanada são situações comuns na região, que agravam os efeitos a crise climática capitalista.

Apesar de tudo isso, o prefeito milionário Adriano Silva (NOVO) afirmou que nenhum grande estrago ocorreu na cidade, ignorando as inúmeras famílias que sofreram com as cheias dentro de casa. Fruto desse descaso, nenhum serviço público de emergência e acolhimento foi direcionado pela prefeitura ao local. No entanto, o povo do bairro Ulisses Guimarães pôde contar com a solidariedade do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).

MLB organiza luta na região

Há um ano, o MLB e a Unidade Popular (UP) começaram a desenvolver um trabalho na região, e desde então foram realizadas diversas conversas com os moradores para entender suas demandas. Entre as principais reivindicações de quem vive no local estão a implementação de saneamento básico e o asfaltamento das ruas.

Logo após a enchente em Joinville, toda a militância da região foi mobilizada para a organização de uma brigada de solidariedade, que recolheu alimentos, itens de higiene e roupas e os distribuiu para os moradores mais atingidos. 

Nesse cenário, a presença e mobilização dos militantes do MLB foi decisiva para o apoio aos afetados pelo incidente climático. Em menos de 24 horas, já haviam sido conquistadas cestas básicas para 6 das famílias atingidas e outras 14 cestas foram distribuídas a outras famílias nos dias seguintes. 

No dia 8/12, também foi realizada no bairro uma plenária de apresentação do MLB, que compartilhou com os moradores o trabalho desenvolvido pelo movimento e suas propostas para a reforma urbana. A plenária e toda a linha política foi muito bem recebida pela população do bairro, que gentilmente cederam o espaço para a luta do movimento.

Carestia da vida em Joinville e a luta popular

Em Joinville, a existência de inúmeros imóveis vazios no centro da cidade se localiza em um contexto de forte especulação imobiliária, que faz com que os preços dos aluguéis fiquem mais caros e, portanto, inacessíveis para grande parte da população. Assim, as famílias pobres tem sido cada vez mais jogadas para a periferia da cidade, onde sofrem com o descaso do poder público.

As chuvas voltam todos os anos e, com a falta de infraestrutura, os moradores das regiões periféricas são sempre os mais afetados quando ocorre uma enchente em Joinville. Como é de praxe entre as prefeituras da burguesia, a prioridade dos governos não é desenvolver políticas públicas para evitar tragédias ou realocar pessoas vivendo em áreas de risco, mas garantir a propriedade da pequena parcela de grandes ricos da população. 

Apenas em uma sociedade onde os imóveis sirvam para atender às necessidades da população, e não como fonte de lucro, problemas como esse poderão ser resolvidos, já que o déficit habitacional é inerente ao modo de produção capitalista.

Assim, o povo organizado e realizando brigadas de solidariedade ou ocupações urbanas aprende na prática que somente a organização popular pode mudar nossa dura realidade. Por isso, o MLB e a UP entendem que sua tarefa é ir além e mostrar que, apenas com a organização do povo pobre e periférico é que podemos construir uma nova sociedade, que não seja pautada no lucro e nem se baseie na exploração do homem pelo homem: uma sociedade socialista.

Paralisação do Sindlimp conquista bonificação e pagamento de salários atrasados

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Ação dos trabalhadores da limpeza urbana de João Pessoa (PB) foi motivada pelo atraso de quatro meses no pagamento de seus salários pelas empresas do setor. Ao fim da paralisação, organizada pelo Sindlimp, categoria também conquistou bonificação de R$100

Redação PB


Na noite da quinta-feira passada (9/1), os urbanitários organizados no Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza Urbana na Paraíba (Sindlimp-PB) paralisaram as atividades das empresas Techsol e Inova, na cidade de João Pessoa (PB), devido ao atraso no pagamento de seus salários.

A realidade dos trabalhadores da limpeza urbana, denunciada no último mês pelo jornal A Verdade, mostra as consequências da precarização dos serviços terceirizados de limpeza contratados pelas prefeituras de todo o país. Na região metropolitana de João Pessoa atuam seis empresas, das quais quatro já foram palco de intensas lutas e denúncias por conta dos constantes atrasos no pagamento do vale-alimentação, 13º e mesmo o salário aos trabalhadores da categoria. Em dezembro, os trabalhadores de Bayeux e Cabedelo também recorreram à greve para fazer seus direitos valerem.

Desta vez, não foi diferente. As duas maiores empresas que atuam na capital, ambas com mais de 1000 funcionários, Techsol e Inova, atrasaram o pagamento de seus funcionários. “O motivo, hoje, dessa negativa à empresa é por conta e responsabilidade dela!”, denunciou o presidente do Sindlimp-PB, Radamés Cândido, em uma das assembleias na porta da empresa Techsol.

Com muita força e combatividade, centenas de trabalhadores paralisaram suas atividades por três horas, e junto de seu sindicato conquistaram o pagamento dos funcionários, além de uma bonificação no valor de R$ 100,00. Com contrato renovado junto à Prefeitura, a empresa segue o descaso com o terceiro mês seguido com atrasos no pagamento. A luta, mais do que nunca, organizada e classista se mostra fundamental para arrancar vitórias e avançar na dignidade dos profissionais da limpeza urbana.

Santarém (PA) é a segunda cidade mais poluída do planeta

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No último dia 29 de novembro, o ar da cidade paraense de Santarém só não estava mais poluído que o da capital da Índia, segundo a plataforma PurpleAir. Caso escancara a crise ambiental vivida pelo Pará, que sediará neste ano a COP-30

Denily Fonseca | Belém (PA)


Na madrugada do dia 29 de novembro, Santarém, no Pará, registrou níveis alarmantes de poluição do ar, atingindo 411 microgramas por metro cúbico de material particulado, conforme dados da plataforma PurpleAir. Esse índice coloca a cidade como a segunda mais poluída do mundo, atrás apenas de Nova Délhi, na Índia, que registrou 513 microgramas por metro cúbico no mesmo período. Essa realidade expõe a crise ambiental que vive a região do oeste do Pará e reforça a urgência de ações concretas para proteger a Amazônia e suas populações.

A densa camada de fumaça que cobre Santarém é resultado direto das queimadas na região, evidenciando a falha na fiscalização ambiental e o enfraquecimento das políticas públicas de proteção florestal. Com a proximidade da COP-30, que será sediada em Belém, o Estado do Pará tem uma responsabilidade ainda maior de enfrentar os desafios climáticos com seriedade e compromisso. Acontece que, para isso, é necessário enfrentar grileiros, latifundiários, pecuaristas, enfim, o agronegócio, mas a postura governamental tem sido de buscar lucrar ao máximo com todo o cenário.

Prova disso é que, durante a COP-29, realizada em Baku, no Azerbaijão, o governador Helder Barbalho rapidamente tratou de pôr à venda os chamados Créditos de Carbono, que são compromissos de não emissão de gases do efeito estufa (1 crédito de carbono representa uma tonelada de carbono que deixaria de ser emitida no planeta), uma forma de monetizar o que deveria ser um compromisso com quem está preocupado com a vida. Pois bem, a projeção do governador é de que, até 2026, seja possível arrecadar R$ 35 bilhões aos cofres estaduais, ainda que isso não represente, na prática, melhora da qualidade de vida do povo, pois o mesmo governo busca hoje vender a empresa de água do estado, apoiado pelo BNDES, como já apontou em matéria o jornal A Verdade (BNDES financia privatização da água no Pará).

O que se pode afirmar é que as comunidades locais, povos indígenas e organizações da sociedade civil continuam resistindo, lutando pela preservação da floresta e pela saúde pública. Contudo, seus esforços precisam ser amplificados por governos que estejam verdadeiramente comprometidos com o fortalecimento das leis ambientais, a intensificação da fiscalização e a punição dos responsáveis por crimes ambientais. Sem isso, será impossível conter a devastação que acontece nos solos da Amazônia.

A realização da COP-30 em Belém é vendida como uma oportunidade única de impulsionar ações transformadoras e posicionar a Amazônia como um símbolo global de resistência e regeneração, porém, como demonstrou a COP-29, os países ricos e imperialistas, principais responsáveis pela emissão de gases na atmosfera, não estão dispostos a minimizar a crise causada pelo sistema capitalista, mantido pelas suas burguesias. A proteção da Amazônia não é apenas uma questão ambiental, mas um compromisso político para garantir a saúde e o bem-estar das gerações atuais e futuras. Esta luta cabe às classes exploradas e aos povos oprimidos que buscam uma nova sociedade, uma resposta para seus problemas. Nós dizemos que essa resposta é o socialismo.

Matéria publicada na edição impressa nº 304 do jornal A Verdade

PM executa mais um jovem em Salvador

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Em Salvador (BA), o jovem Gabriel Santos Costa foi assassinado pela Polícia Militar de forma cruel no dia 1º/12. O policial, sem farda, o forçou a deitar no chão com as mãos na cabeça e realizou 12 disparos contra o adolescente negro de 17 anos

Redação BA


Na madrugada de 1º dezembro, Gabriel Santos Costa, um jovem de 17 anos da Vila Matos, e um amigo, de 19 anos, foram abordados por um homem na Avenida Garibaldi que realizou uma espécie de revista típica da Polícia Militar, forçando-os a deitarem no chão com as mãos na cabeça. Logo em seguida, o homem realizou 12 disparos nos jovens que estavam deitados e rendidos. Gabriel Santos foi executado a sangue frio, enquanto seu amigo foi baleado, mas socorrido a tempo e está hospitalizado em estado grave.

Toda a ação foi gravada, capturando a placa do carro e a fuga do assassino. Na filmagem, é possível ver o homem armado, agredindo fisicamente e proferindo diversos xingamentos aos jovens, enquanto os dois estão no chão completamente rendidos. Em seguida, realiza diversos disparos e friamente entra no carro e vai embora, junto com dois outros veículos envolvidos no caso.

O executor do crime foi identificado como Marlon da Silva Oliveira, um Policial Militar, que estava desuniformizado. Após ser indiciado, em depoimento, de maneira cínica e sem escrúpulos, alegou que agiu em legítima defesa.

Antes de ter sido executado, o jovem Gabriel havia sido violentamente sequestrado, arrancando de sua casa por dois policiais militares que insistiam que o jovem havia envolvimento com o crime. Sendo levado injustamente em uma viatura, sob alegações fraudulentas de envolvimento com o crime enquanto seus familiares e amigos clamavam por sua inocência. Mais tarde, no mesmo dia, após ser levado para a Central de Flagrantes, foi liberado pouco tempo depois, sem passagem pela polícia e por falta de provas que embasassem sua violenta e humilhante abordagem. Gabriel foi liberado do cativeiro para ter sua vida ceifada algumas horas depois de maneira cruel, deliberada e degradante, em uma avenida escura, sem qualquer explicação.

Com o correr da notícia, houve a tentativa de espalhar boatos para associar Gabriel ao crime organizado. Contudo, a farsa não se sustentou. Gabriel, muito conhecido em sua comunidade pela sua vivacidade e alegria, nunca se comunicou com qualquer tipo de violência ou ilegalidade. A comunidade de Vila Matos está em desespero diante da violência policial, cada dia mais covarde.

Impunidade

Este incidente evidencia a crescente fascistização do Estado da Bahia, que tem dado aos policiais a certeza de impunidade pelos crimes cometidos. Não por acaso, o estado lidera o ranking de mortes provocadas por policiais no país, com 1.699 mortos em 2023, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que não contabiliza as mortes fora de operação.

Além disso, no mês de novembro, o Governo de Jerônimo Rodrigues (PT), por meio da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), fez a aquisição de 200 fuzis de Israel. O anúncio foi publicado no Diário Oficial do Estado, custando US$ 366.200,00, ou seja, quase R$ 2 milhões dos cofres públicos.

Essa ação é mais uma demonstração do caráter racista e militarista do Governo do Estado da Bahia, que contribui para o financiamento do genocídio do povo palestino, enquanto realiza uma verdadeira chacina nas favelas de Salvador.

Matéria publicada na edição nº 304 do jornal A Verdade

Por que o genocídio sionista nunca mais será normalizado

Sobre o genocídio em Gaza, analista palestino avalia: “O preço cobrado do povo palestino por este momento devastador foi alto e doloroso, mas a história de todas as lutas de libertação nacional, incluindo a Palestina, demonstra que o preço da liberdade é sempre alto. O ímpeto global da libertação da Palestina acelerará nos próximos meses e anos.”

Ramzy Baroud | Palestine Chronicle


A guerra e o genocídio em andamento em Gaza não têm precedentes. Nada que Israel e seus apoiadores possam dizer ou fazer evitará a responsabilização histórica do extermínio do povo palestino na Faixa de Gaza.

A afirmação acima é crítica, tanto para acabar com a ocupação israelense da Palestina quanto para alcançar a liberdade palestina.

Em todas as guerras passadas e crimes de guerra adjacentes, Israel conseguiu apertar o botão de reinicialização em seu relacionamento com os palestinos ocupados.

Após cada guerra, a hasbara israelense, máquina de propaganda, começaria – utilizando a sempre disposta mídia ocidental – a pintar os palestinos de forma negativa e a apresentar Israel, um país que supostamente está em um estado permanente de autodefesa, como a vítima, ou mesmo o único defensor da civilização ocidental.

Esta campanha é sempre paralela à lavagem de Israel no entretenimento popular, de filmes de Hollywood a seriados de TV, a capas de revistas com títulos como “Fotos deslumbrantes capturam as vidas invisíveis de mulheres soldados em Israel”.

Geralmente, políticos ocidentais de diversas ideologias, juntamente com intelectuais, jornalistas e líderes religiosos, todos elogiam, em conjunto, o milagre que é Israel.

Essa tática israelense sempre inclui a demonização dos palestinos também, onde a vítima se torna o “terrorista” e aqueles sob cerco se tornam os sitiantes. Esta última alegação, em particular, foi expressa nas palavras da ex-secretária de estado dos EUA Madeline Albright, que disse, em uma entrevista à NBC, em agosto de 2000, que “os israelenses se sentem sitiados pelos atiradores de pedras palestinos e pelas várias gangues que estão vagando por aí”.

Uma nova tática que Israel já está empregando em países “amigos”, como os Estados Unidos, é a aprovação de leis para bloquear a mera conversa sobre o genocídio israelense em gaza, para que tenha acesso exclusivo ao público americano.

Mas a realidade é que:

Um. Israel cometeu genocídio na Faixa de Gaza e esse ato está sendo investigado pelas maiores instituições legais do mundo, a saber, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) e a Corte Penal Internacional (TPI).

Dois. Diferentemente de investigações anteriores, por exemplo, o Relatório Goldstone, investigando a guerra de 2008-09 em Gaza, a comunidade internacional já tomou algumas medidas práticas para responsabilizar os criminosos de guerra israelenses, incluindo um mandado de prisão emitido em 21 de novembro contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant.

Três. Aqueles que rotineiramente vêm em defesa de Israel, os EUA e outros governos ocidentais, agora estão em conflito direto com a própria lei internacional que ajudaram a articular após a Segunda Guerra Mundial, privando-os de qualquer credibilidade como partes “neutras” neste conflito.

Por exemplo, Biden disse que os mandados eram “ultrajantes”, enquanto o Ministério Francês para a Europa e Relações Exteriores alegou que Netanyahu e outros ministros gozam de imunidade, já que Israel não é parte do TPI.

Quatro. Apesar do preconceito inerente da mídia ocidental, jornalistas palestinos, isolados e mortos em grande número, conseguiram comunicar o genocídio ao resto do mundo, tornando impossível para Israel esconder seus crimes.

Cinco. O impacto do genocídio israelense em Gaza já penetrou nas várias camadas da opinião pública, sem precedentes na história.

Normalmente, a conversa sobre a Palestina se limita a estratos específicos da sociedade, atingindo acadêmicos, ativistas de justiça social e outros grupos interessados em política e questões globais.

Hoje, pessoas comuns foram informadas da conversa, a ponto de se acreditar amplamente que a raiva sobre Gaza contribuiu para determinar o resultado das últimas eleições nos EUA.

Na África, o crescente interesse político e público na luta palestina reavivou o espírito das lutas anticoloniais e de libertação no continente, trazendo muitos países, da África do Sul à Argélia, de volta às linhas de frente da solidariedade global.

Nenhuma quantidade de propaganda israelense, leis injustas, categorizações injustas de palestinos ou as modelos pouco vestidas das IDF conseguirão reverter essas realidades.

Agora, não pode haver botões de reinicialização. Em vez disso, o ímpeto global da libertação da Palestina acelerará nos próximos meses e anos.

O preço cobrado do povo palestino por este momento devastador foi alto e doloroso, mas a história de todas as lutas de libertação nacional, incluindo a Palestina, demonstra que o preço da liberdade é sempre alto.

Matéria publicada na edição impressa nº 304 do jornal A Verdade

Campanha internacional pelo aparecimento de Lichita pressiona o Estado paraguaio

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Filha de dirigentes da resistência camponesa em seu país, Lichita Villalba foi sequestrada pelas Forças Armadas do Paraguai em 2020. Desde então, movimentos populares de todo o mundo organizam luta pela aparição com vida de Lichita

Isis Mustafá e Gabriela Torres


Lichita Villalba, filha de dirigentes da resistência camponesa no Paraguai, é uma criança de 14 anos sequestrada por um destacamento das forças armadas, a Força Tarefa Conjunta (FTC). Nesta mesma operação, outras duas crianças de 11 anos, María e Lilian Mariana, foram assassinadas. O crime aconteceu há quatro anos e faz parte da política de perseguição e extermínio do Estado paraguaio à luta do povo por reforma agrária e à Família Villalba, conhecida pela atuação junto ao Exército do Povo Paraguaio (EPP). Por todo o mundo, inclusive no Brasil, movimentos populares promovem um abaixo-assinado pela aparição com vida da menina Lichita.

O Exército do Povo Paraguaio é uma guerrilha de camponeses pobres criada em 2008 no Norte do país e que luta pela distribuição de terras e realização de uma ampla reforma agrária. Os departamentos de Concepción, San Pedro e Amambay correspondem a 32% do território ocidental, com aproximadamente 700 mil habitantes, profundamente marcados pela concentração de terras e cabeças de gado nas mãos de poucas centenas de estrangeiros, ao passo que a imensa maioria do povo não tem nada.

No dia 30 de novembro, organizações revolucionárias e partidos marxistas de todo o continente latino-americano se reuniram na Plaza de los Desaparecidos, em Asunción. Localizada na capital paraguaia, ex-presos políticos e familiares dos mortos e desaparecidos fazem dessa praça um espaço de luta por Memória, Verdade e Justiça. Um grupo de vítimas da ditadura militar de Stroessner, que acampava em frente à Defensoria Pública exigindo seus direitos, também participou do ato.

A equipe de A Verdade esteve presente em Asunción e entrevistou os membros da 7ª Delegação Internacional Humanitária: Guillermo Kane, deputado provincial de Buenos Aires; Claudio Medina, diretor do Sindicato dos Docentes da Capital Federal Argentina; Fabricio Arnella, dirigente do Partido Comunista Paraguaio; e Ariel Prieto, militante da Juventude Comunista Paraguaia.

A Verdade – O que a violência contra a família Villalba representa para os lutadores da América Latina?

Guillermo Kane – A violência demonstrada pelo Estado paraguaio no crime político cometido contra a Família Villalba, que inclui infanticídios, desaparecimento de pessoas, julgamentos completamente fraudulentos, mantendo presos políticos detidos depois de já terem cumprido até mesmo as sentenças legais dos julgamentos originais pelos quais foram presos… Enfim, toda essa barbárie mostra a ficção representada pelas democracias capitalistas e a disposição de violar suas próprias constituições, sua própria legislação, para reprimir os trabalhadores e o povo quando eles se levantam contra o Estado capitalista.

A Verdade – Qual a importância dessa campanha para a luta dos direitos humanos no mundo?

Claudio Medina – Em primeiro lugar, gostaria de sublinhar que a solidariedade para com os irmãos e irmãs da classe trabalhadora é um princípio de classe. Por essa razão, é de extrema importância que a campanha não se desenvolva somente no Paraguai e na Argentina, que é onde está a família Villalba, mas em todo o continente, como nesta delegação que representa o Brasil. É preciso destacar a importância da solidariedade internacional para unir forças, organizar-se e denunciar publicamente a repressão e perseguição da Família Villalba.

Note que a burguesia e suas instituições repressivas não têm problemas de coordenar-se internacionalmente. Por exemplo, no dia 12 de abril, a ministra argentina Patricia Bullrich ordenou ilegalmente que a Família Villalba fosse detida de forma muito violenta, apontando armas pesadas para as crianças. Fizeram tudo em cumplicidade com o Estado paraguaio, que solicitou a extradição. Naquela ocasião, a Família Villalba foi detida e, em seguida, liberada porque tinham o direito de refugiados políticos. Entretanto, o Governo Milei lhes tirou o asilo e estão obrigadas a continuar fugindo desta terrível perseguição.

A Verdade – Você gostaria de mandar um recado para a militância do Brasil?

Fabricio Arnella – Sentimo-nos muito honrados e, ao mesmo tempo, acompanhados neste caminho. Não é comum assistirmos de forma tão sistemática e contundente à materialização do internacionalismo, que, por vezes, se reduz apenas a declarações e assinaturas. Apesar da indiferença do Estado e de muitas organizações de direitos humanos, sociais e políticas, esta delegação cumpriu os seus objetivos e fez-se sentir com a entrega de notas, a conferência de imprensa e a sua destacada participação no evento na Praça. Não é fácil adiar as próprias agendas, alocar recursos e múltiplos esforços para estar ao lado de uma causa tão sensível. Através de Guillermo, María José, Isis, Gabriela, Claudia e Claudio estendemos nossa gratidão aos seus espaços sindicais, políticos e institucionais e a todas as pessoas e organizações da Argentina, Brasil, Honduras e Uruguai aqui representadas.

Matéria publicada na edição nº 304 do jornal A Verdade

Movimento Correnteza luta pela permanência na Univali (SC)

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Através das passagens em sala e das brigadas do jornal A Verdade, a experiência do Correnteza na Univali mostra a importância da construção do movimento estudantil nas universidades privadas.

Otávio Colussi de Almeida | Santa Catarina


JUVENTUDE – No mês outubro ocorreu na Universidade do Vale do Itajaí (Santa Catarina) as eleições para o Diretório Central dos Estudantes (DCE), entidade de máxima representação política dentro da universidade. Há 6 anos, os estudantes da Univali não podiam votar para uma eleição da entidade que os representa e isso aconteceu em função do imobilismo das gestões, muitas vezes com a presença da direita, que pouco se importaram com a condição dos estudantes e só queriam garantir os seus cargos.

O resultado destas gestões são 2 anos sem uma assembleia geral e estatuto ou regimento interno, que acabaram por excluir os campis fora do município de Itajaí, impedindo estudantes de São José, Balneário Camboriú, Tijucas, Biguaçu e Florianópolis de participarem de forma democrática através da construção de uma chapa. Para piorar a situação, foram dispostas urnas apenas em Itajaí, impedindo os estudantes destas 5 cidades de exercer o seu direito de voto, mais um claro ataque ao processo legítimo e democrático da entidade.

No ano de 2023, os estudantes bolsistas sofreram um severo ataque com a proposta eleitoreira do Jorginho Mello, com o programa “Universidade Gratuita”, que na prática deixou milhares de estudantes sem acesso às bolsas, excluindo principalmente os estudantes pobres nascidos em outros estados.

A desorganização é tanta, que mesmo hoje, 1 ano e meio depois do lançamento desse programa, os estudantes ainda não tem uma resposta quanto ao pagamento da contrapartida, deixando estudantes com mais de 300 horas acumuladas para pagar. Estas e muitas outras denúncias fortaleceram a luta e o vínculo entre o Movimento Correnteza e os estudantes que se encontram abandonados pela instituição e pelo seu próprio DCE.

Mobilização do movimento estudantil

Foi através da mobilização intensa da Chapa 2 – Pra Fazer Acontecer, formada por militantes do Movimento Correnteza e do PCBR, que foi possível pautar as verdadeiras necessidades dos estudantes, tendo como principais pautas a necessidade de mais políticas de permanência estudantil.

Hoje não existe uma opção de alimentação acessível em nenhum dos 5 campis da Univali, mesmo com os valores absurdos das mensalidades, que ultrapassam um salário mínimo. Os estudantes ainda precisam pagar para protocolar atestados médicos e para utilizar o estacionamento da instituição. 

Mesmo com todas as dificuldades encontradas no regimento eleitoral, que iam desde impedir as chapas de distribuir panfletos, até proibir agitações com bandeiras e caixas de som, a nossa militância esteve presente nas salas de aula durante todo o processo eleitoral, conversando com os estudantes sobre a necessidade de uma gestão de luta, estando presente, inclusive, nos campi que não poderiam votar. Foi o convencimento passado aos estudantes, através das passagens em sala e das brigadas do jornal A Verdade, que nos permitiu conquistar 903 votos e a vitória em 6 das 9 urnas na eleição mais votada da história da Universidade, com 1832 votos totais. Embora a Chapa 1 tenha sido eleita, com 932 votos, são muitas as vitorias conquistadas durante esse processo eleitoral, desde as denúncias trazidas pelo programa político até a permissão para venda do jornal A Verdade dentro da instituição.

São inúmeras as lutas dentro da nossa universidade e para conquistá-las é necessário um movimento estudantil verdadeiramente revolucionário, comprometido com a luta dos estudantes e presente no dia a dia. A experiência do Correnteza na Univali nos mostra que não é apenas possível, mas também necessário, a construção do movimento estudantil nas universidades privadas. Além disso, nos ajudou a desconstruir o mito de que não se pode falar sobre socialismo nas universidades privadas de Santa Catarina. 

Para construir uma universidade livre de opressão, é necessário que nós, estudantes, nos organizemos nas fileiras do movimento correnteza, levantando sempre e bem alto a bandeira em defesa da nossa educação.