No dia 27 de abril, aconteceu na Universidade Federal do Grande ABC (UFABC), em Santo André, o I Seminário de Saúde e Segurança do Trabalhador promovido pelo Movimento Luta de Classes (MLC) de São Paulo. O encontro foi uma parceria com a Pastoral Operária (PO) da região e contou com a participação de trabalhadores de diversas categorias como: telemarketing, limpeza urbana, saúde, além de estudantes da área de segurança.
A exposição foi feita pelo engenheiro de Segurança do Trabalho Gilmar Ortiz, membro da PO, que colocou a necessidade de os trabalhadores debaterem o tema e se organizarem para defender uma política de prevenção, já que, na maioria dos casos, a causa dos acidentes é a sede de lucro dos patrões, que querem economizar às custas das vidas das pessoas. Gilmar apresentou ainda dados alarmantes: um deles é que, a cada 15 segundos, um trabalhador morre por acidente ou doença do trabalho no mundo. No debate vários trabalhadores colocaram denúncias de situações no seu local de trabalho e reforçaram a importância da organização dos trabalhadores.
O Seminário foi importante para criar o entendimento de que a discussão da saúde do trabalhador não está à margem da luta de classes, pelo contrário. Só alterando a lógica dominante nas empresas, que hoje é a de tudo pelo lucro, e passando a colocar a vida das pessoas em primeiro lugar, é que poderemos ter um ambiente de trabalho realmente seguro.
A Ditadura Militar, patrocinada pelas classes ricas, recebeu apoio de empresas de diversas áreas: indústrias, bancos, meios de comunicação, agências de publicidade, em geral, comandados por famílias tradicionais, financiaram os gastos dos militares na luta contra as organizações de esquerda.
As formas de apoio foram as mais variadas: contribuição em dinheiro vivo, apoio na estrutura, financiamento de propaganda, pagamento de salário de funcionários da repressão, perseguição a trabalhadores(as) e permissão para militares se infiltrarem nas empresas.
Antes mesmo do Golpe de 1964, empresários criaram o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES), financiado por 125 empresas, entre elas a Light (que até hoje atua na distribuição de energia do Rio de Janeiro) bancos e comércios, principalmente de São Paulo e do Rio de Janeiro, além de Porto Alegre e Minas Gerais. Só em 1963, foi levantado para financiar o IPES cerca de 4 milhões de cruzeiros, moeda da época.
Esse Instituto nada mais era do que uma fachada para a produção de material ideológico e político contra o governo do presidente João Goulart, que, segundo pesquisa do IBGE à época, contava com o apoio de 70% da população. Entre os funcionários do IPES, destacam-se grandes nomes da arte e da cultura do Brasil como o escritor Rubem Fonseca e a escritora Rachel de Queiroz, além dos cineastas Jean Manzon e Carlos Niemeyer, e o famoso narrador Luiz Jatobá.
No dia 15 de março, a jornalista Denise Assis, da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro, exibiu, em São Paulo, num seminário que discutia a participação das empresas na Ditadura, um dos 14 vídeos produzidos pelo IPES. As imagens manipuladas do vídeo e a narração comparam e igualam o terror do nazifascismo ao socialismo soviético.
No primeiro governo militar, foi criado o Serviço Nacional de Inteligência (SNI) para vigiar a atuação de opositores do regime e no seu quadro de funcionários constavam mais de 500 espiões que trabalharam no IPES.
Outro caso famoso foi a “vaquinha” feita entre empresários para comprar equipamentos e armamentos que seriam utilizados caso houvesse resistência dos apoiadores do Jango e que, depois de dado o golpe, serviu para financiar as torturas.
A Operação Bandeirantes (Oban), que foi o embrião do DOI-Codi, era o principal órgão de repressão da Ditadura e funcionava em um prédio na Rua Tutóia, em São Paulo, que existe até hoje e abriga uma Delegacia de Polícia. Ela não tinha verba própria, mas contou com os esforços de Henning Albert Boilesen (presidente da Ultragaz, na época) para torturar e matar quase 60 militantes de esquerda.
Além disso, documentos do DOI-Codi e do Dops mostram registros da entrada de funcionários do alto escalão das principais empresas em atuação no país. Muitas das entradas ocorriam durante a noite e a saída era registrada no dia seguinte, insinuando que esses funcionários passavam as noites assistindo sessões de torturas dos presos.
Uma das principais formas de apoio veio da chamada mídia. Os vídeos de propaganda contra o governo Jango, produzidos pelo IPES, eram veiculados nas principais emissoras do país na década de 1960, como Tupi, Cultura e Excelsior. Com o sucesso do golpe, grandes grupos da mídia brasileira favoráveis aos militares se fortaleceram e outros conquistaram seu espaço. O falecido Roberto Marinho construiu todo o império midiático da Rede Globo na época da Ditadura, sendo hoje um dos cinco maiores do mundo.
São históricos os editoriais do jornal O Globo engradecendo a chegada dos militares ao poder. O mais exaltado deles saiu nos jornais no dia 2 de abril de 1964: “Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas que, obedientes a seus chefes, demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições”.
Durante os 21 anos do regime, as Organizações Globo tiveram um salto enorme de poder político e econômico. A família Marinho é, segundo a revista Forbes, a mais rica do Brasil, somando uma riqueza de quase R$ 30 bilhões. Tudo construído à base de falácias e da defesa dos militares e, após a redemocratização do país, da defesa das políticas neoliberais do governo dos EUA, do FMI e do Banco Mundial.
Não podemos esquecer da Folha de São Paulo, maior jornal diário do país, que emprestava seus carros de entrega de jornais para que presos políticos e vítimas da tortura fossem transportados para a Oban, hospitais ou valas comuns onde seriam enterrados. Esse fato só ficou claro após militantes de esquerda queimarem um carro da Folha como denúncia.
A rede de lojas de varejo Mesbla bancava caminhões que levavam projetores e telas de cinema para transmitir os filmes produzidos pelo IPES no interior do país e nos horários de almoço dos trabalhadores nas grandes fábricas.
É preciso lembrar que órgãos da imprensa resistiram contra o regime. A revista O Cruzeiro é um exemplo, até ser comprada por apoiadores do regime. Porém, como os funcionários se negaram a apoiar a Ditadura, ela foi fechada. O jornal Última Hora foi outro que se opôs ao golpe e foi à falência. Muitos outros surgiram como O Pasquim e Opinião, etc.
Ditadura criou grandes monopólios
Foi durante a Ditadura Militar que as indústrias automobilísticas estrangeiras tiveram grande crescimento, recebendo incentivos do governo. Em troca, permitiam que policiais infiltrados atuassem nas empresas, espionando as atividades políticas dos trabalhadores. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) foi forte aliada do regime, interessada no arrocho salarial e em outras medidas realizadas pelo governo.
Outro setor favorecido foi o da construção civil. Grandes monopólios atuais como Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa conquistaram seu poder graças aos incentivos dos militares e suas políticas de grandes obras, mesmo que desnecessárias, como a Transamazônica, no Norte, e o “Minhocão”, em São Paulo, além das obras da Usina de Itaipu e da Ponte Rio-Niterói.
Até hoje, sentimos as consequências da política econômica dos militares, como o aumento da nossa dependência em relação aos países capitalistas mais desenvolvidos e as intermináveis dívidas públicas interna e externa.
A Comissão da Verdade de São Paulo realizou um seminário que deve servir de exemplo para que mais estudos sejam feitos sobre a relação das elites brasileiras com os crimes da Ditadura. É preciso aprofundar a investigação desse tema para que, em breve, além dos ditadores e torturadores, passemos a renegar e punir também os aliados e financiadores da Ditadura Militar.
Sobre o Golpe Militar assista:
Cidadão Boilesen, que trata da relação do presidente da Ultragaz com a repressão. Direção de Chaim Litewski
O Dia que Durou 21 Anos, que revela, em detalhes, o apoio do Governo dos EUA ao golpe de 64. Direção de Camilo Tavares.
Jango, sobre a deposição do presidente João Goulart e a realidade do país antes e depois do golpe. Direção de Silvio Tendler.
Eles não Usam Black-Tie, filme baseado na peça de Gianfrancesco Guarnieri que mostra a história de um operário que fura uma greve por interesses particulares. Direção de Leon Hirszman.
Pra Frente Brasil, um dos primeiro a retratar o sistema de torturas quando um homem de classe média, confundido com um militante de esquerda, é preso e morre nos porões da Ditadura. Direção de Roberto Farias.
Lucas Marcelino, presidente do DCE das Universidades Oswaldo Cruz e militante da UJR
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado se reúne quarta-feira (30) para debater o projeto que aumenta penas para crimes cometidos durante manifestações.
Deve ser analisado o substitutivo do senador Pedro Taques (PDT-MT) ao Projeto de Lei (PLS) 508/2013, do senador Armando Monteiro (PTB-PE). A proposta altera o Código Penal e aumenta as penas para os crimes de lesão corporal, homicídio e dano ao patrimônio público quando cometidos durante manifestações públicas e concentrações populares.
O projeto não proíbe o uso de máscaras, muito comum durante as manifestações feitas no país desde junho do ano passado. Mas considera circunstância agravante para a pena os manifestantes que cometerem crimes usando máscara, capacete ou qualquer outro acessório destinado a dificultar a identificação.
Na prática, isso pode resultar em penas de 12 a 30 anos, no caso de homicídios praticados durante protestos. No caso de lesão corporal, a pena poderá ter um acréscimo de 50% e o dano ao patrimônio, público ou privado durante manifestações poderá resultar em multa e reclusão de dois a cinco anos.
No dia 10 de abril, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se reuniu com os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) para tratar do tema. Na ocasião, Cardozo disse que o Planalto tentará aprovar e sancionar o mais rápido possível o substitutivo de Taques. O objetivo é as penas já estejam valendo durante a Copa do Mundo, que começa em 12 de junho. Além do projeto que será analisado na CCJ, tramitam, no Parlamento, mais de dez propostas sobre o assunto.
Com a ausência de dois torturadores convocados pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) – Ubirajara Ribeiro de Souza e Rubens Paim Sampaio – mas com a presença de Paulo Malhães, coronel reformado do Exército, e Inês Etienne Romeu, vítima dos torturadores da chamada “Casa da Morte”, em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, foi realizada audiência pública no auditório do Arquivo Nacional, no Centro do Rio, a fim de oficializar informações acerca das atrocidades praticadas no local.
O coronel Paulo Malhães confessou que torturou, matou e esquartejou militantes revolucionários naquela casa, considerando serem medidas normais para o momento de “exceção” que se vivia. Em seu depoimento, afirmou que, para não haver reconhecimento dos corpos, arrancavam as arcadas dentárias e decepavam os dedos dos militantes, que, por fim, tinham seus corpos jogados no rio amarrados a pedras. Assim aconteceu com o deputado federal Rubens Paiva, torturado até a morte e ainda hoje desaparecido político. O torturador informou que seu corpo foi primeiramente enterrado e depois exumado e jogado em um rio no município fluminense de Itaipava – e não ao mar, conforme ele próprio dissera à CNV na semana anterior.
A ex-militante da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) Inês Etienne Romeu, única sobrevivente da Casa da Morte, foi peça fundamental em todo o processo de reconhecimento e denúncia da casa utilizada pelo Centro de Inteligência do Exército (CIE) para cometer tais crimes. Inês, após sair da prisão, em 1979, denunciou ao Conselho Federal da OAB, com vários detalhes, a planta da casa onde ela e dezenas de outras pessoas foram torturadas, quase todas mortas. Mais tarde, ao liberar a planta da casa, a Prefeitura de Petrópolis demonstrou que Etienne dizia a verdade. Quanto aos assassinos (que agiam sob as ordens do Comando Militar do Leste, do Ministério do Exército e da Presidência da República, conforme declaração de Malhães à CNV), Inês também não titubeou em apontá-los, da mesma forma como identificou dezenas de militantes que por ali passaram e foram mortos.
Em dezembro de 2002, a 17a Vara da Justiça Federal de São Paulo julgou procedente a ação movida por Fábio Konder Comparato “para o fim de declarar a existência de relação jurídica entre Inês Etienne Romeu e a União Federal, por conta dos atos ilícitos de cárcere privado e de tortura praticados por servidores militares no período compreendido entre 05 de maio e 11 de agosto de 1971, na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro”. Em 2007, a União desistiu do recurso de apelação, e o Tribunal Regional Federal da 3ª Região confirmou a sentença.
A Polícia Federal, responsável por buscar o subtenente de infantaria da reserva Ubirajara Ribeiro, de 77 anos, e o tenente-coronel da reserva Rubens Paim, de 79 anos, para deporem sob regime de depoimento coercitivo – pois não haviam comparecido às outras convocatórias da CNV – não cumpriu sua obrigação e permitiu que esses testemunhos não ocorressem, prejudicando, assim, o andamento do processo.
Centenas de pessoas estiveram presentes à audiência, reforçando o desejo explícito da sociedade em geral de que esses crimes hediondos não continuem impunes, com esses assassinos andando livremente pela ruas das cidades brasileiras.
Tudo o que ocorreu na Casa da Morte de Petrópolis é considerado por José Carlos Dias, secretário executivo da CNV, como política de Estado, e, de acordo com os artigos 1.1, 8.1 e 25.1 da Convenção Americana de Direitos Humanos, “os familiares das vítimas de desaparecimento forçado têm o direito à investigação sobre os fatos pelas autoridades do Estado; que se instaure um processo contra os acusados por estes ilícitos; que sejam impostas aos responsáveis as sanções cabíveis e que sejam reparados os danos ou prejuízos que os familiares tenham sofrido”. Logo, como a tortura é crime imprescritível, e o sequestro seguido de desaparecimento físico é considerado crime em andamento até que se identifique o corpo da vítima, o julgamento e a prisão de seus autores é a única saída lógica e legal para os fatos já apurados e comprovados, muitos deles confessos, cometidos pelos agentes do Estado durante o regime militar.
Entre as principais reformas de base propostas pelo presidente João Goulart, em 1964, estava a Reforma Agrária, que, por sinal, até hoje não foi feita. Na época, o projeto visava a promover a democratização da terra, paralelamente à promulgação do Estatuto do Trabalhador Rural, estendendo ao camponeses os principais direitos dos trabalhadores urbanos.
O governo pretendia desapropriar as áreas rurais inexploradas, situadas às margens dos eixos rodoviários e ferroviários federais, além das terras beneficiadas ou recuperadas por investimentos da União em obras de irrigação, drenagem e açudagem. No entanto, para se tornar realidade, esta proposta precisava de uma mudança constitucional, já que o governo pretendia indenizar os proprietários com títulos da dívida pública, enquanto que a Constituição da época só permitia indenização paga em dinheiro. Assim, para impedir a Reforma Agrária e outras em benefício dos trabalhadores, trazendo prejuízos aos lucros dos latifundiários e da burguesia, foi dado no Brasil mais um golpe militar no dia 1º de abril de 1964.
Ainda hoje desconhecemos os nomes de todos os sindicalistas e lideranças no campo que tombaram em decorrência da política repressora dos militares e latifundiários. A maioria dos assassinatos no campo eram feitos por jagunços e milícias, já que os militares priorizavam os crimes contra os que resistiam nas cidades e “terceirizaram” as ações dos camponeses e indígenas, dificultando aos familiares dessas vítimas comprovarem a responsabilidade do Estado.
O recente documento “Camponeses Mortos e Desaparecidos: Excluídos da Justiça de Transição”(1), apresenta uma relação de 1.196 casos de desaparecidos e mortos, de setembro de 1961 a outubro de 1988. No período de 1964 a 1985 foram registrados 756 casos de assassinatos pelo regime militar no campo, ligados diretamente à luta pela Reforma Agrária e aos direitos trabalhistas. Dentre os centenas de assassinados e desaparecidos, podemos citar, baseados nos anais do 3º Congresso da Contag (2), ocorrido em 1979, os seguinte camponeses e lideranças: José Porfírio de Souza (GO); Mariano Joaquim da Silva (PE); Nestor Veras (SP); João Alfredo (PB); Pedro Fazendeiro (PB); Félix Escobar Sobrinho (RJ); Albertino José de Oliveira (PE); Silvano Soares dos Santos (RJ); Sebastião Gomes da Silva (RJ); Alvemar Moreira de Barros (RJ); Amaro Luiz de Carvalho (PE); Nicolau 21 (CE); Otoniel Campos Barreto (BA); José Inocêncio Pereira (PE); Manoel Aleixo da Silva (PE) (3); Marivaldo (PE). Nas edições anteriores de A Verdade, citamos os casos de Margarida Maria Alves (PB) (A Verdade nº 21); João Pedro Teixeira (PB) (A Verdade nº 07); Amaro Félix (PE); Ligas Camponesas da Galileia (A Verdade nº 88), entre outros. Registre-se aqui também o assassinato, em 1961, de Alfredo Nascimento, líder das Ligas Camponesas da Paraíba, e de Antonio Galdino, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mari-PB, que teve sua história resgatada num grande ato organizado pelo Comitê Paraibano Memória, Verdade e Justiça, no último dia 15 de janeiro, por ocasião dos 50 anos da Resistência Camponesa de Mari.
Por fim, não podemos esquecer que o regime militar assassinou milhares de indígenas, os casos mais documentados são de duas tribos Pataxó na Bahia, por inoculação do vírus da varíola e dos índios Cinta-Larga, no Mato Grosso, mortos a dinamites e metralhadoras. O documento “Povos Indígenas e Ditadura Militar: Subsídios à Comissão Nacional da Verdade 1946-1988 (4), apresenta, além desses casos, fatos até então desconhecidos pela maioria da população sobre os crimes do regime militar contra os povos indígenas. No período de 1972 e 1975, no Estado do Amazonas, dois mil indígenas da etnia waimiri-atroari que resistiram à construção de uma estrada (a BR-174, que liga Manaus a Boa Vista), foram eliminados.
Os povos indígenas não estão na lista oficial de desaparecidos políticos, nem de vítimas de violação de direitos humanos durante o regime militar, também não eram ligado a nenhum partido de esquerda, mas foram considerados inimigos pelo militares ao desenvolvimento capitalista e assassinados, fato que ocorre até os nossos dias.
Notas
(1)http://www.forumverdade.ufpr.br/wp-content/uploads/A_%20EXCLUSAO-Versao_18_setembro.pdf
(2) ANAIS do 3º Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais, 21 a 25 de maio de 1979, em Brasilia-DF, Contag.
(3) A Verdade, Edições 07, 21, 87, 88
(4) http://idejust.files.wordpress.com/2012/12/povos-indc3adgenas-e-ditadura-militar-relatc3b3rio-parcial-30_11_2012.pdf
O coronel reformado do Exército, Paulo Malhães, de 76 anos, foi encontrado morto hoje pela manhã (25) em seu sítio na zona rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. De acordo com a polícia, três homens invadiram a casa, amarraram a mulher e o caseiro, e procuraram armas. Durante a ação dos criminosos, o militar foi morto. O corpo do coronel Malhães está no Instituto Médico Legal de Nova Iguaçu, onde será determinada a causa da morte.
Ex-agente do Centro de Informações do Exército, o militar prestou depoimento no dia 25 do mês passado na Comissão Nacional da Verdade, quando admitiu ter torturado, matado e ocultado cadáveres de presos políticos durante a ditadura militar. No depoimento, ele disse não se arrepender de nada e contou como funcionava a Casa da Morte, em Petrópolis, na região serrana, centro clandestino de torturas, onde teriam sido assassinadas 20 pessoas.
O presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous, disse que a morte precisa ser investigada com rigor, porque o coronel reformado foi agente importante da repressão política e detentor de muitas informações sobre a ditadura.
Os trabalhadores das empresas ligadas a Eletrobrás iniciaram neste dia 24 de abril uma paralisação de dois dias para exigir da holding o pagamento da PLR 2013.
A Eletrobrás alega que teve um prejuízo líquido no valor de R$ 6,287 bilhões no ano passado. Já em 2012, alega que também teve prejuízo de R$ 6,879 bilhões. O Conselho Nacional de Eletricitários argumenta, no entanto, que os trabalhadores não podem ser penalizados pelas perdas, pois o caixa da estatal estaria sendo prejudicado por decisões de sua direção e do governo – como o acordo de indenizações previstas na Medida Provisória (MP) 579, que estabeleceu as regras para a renovação das concessões que vencem entre 2015 e 2017.
“Todo ano, os trabalhadores recebiam participação nos lucros, mas, neste ano, não vai ter. A Eletrobrás não deu lucro, mas não é culpa dos trabalhadores. Temos metas a cumprir e entregamos todas essas metas cumpridas”, argumentou Emanuel Mendes Torres, diretor da Associação dos Empregados da Eletrobras (Aeel).
O pagamento de participação nos lucros é referente aos resultados verificados no ano anterior. Embora a estatal já tivesse registrado prejuízo em 2012, os funcionários conseguiram que a PLR fosse paga aos empregados no ano passado com base no princípio de cumprimento de metas.
O diretor da Aeel explicou que o pagamento de participação nos resultados prevê, tradicionalmente, o valor equivalente a duas folhas salariais do grupo para ser dividido entre todos os trabalhadores do Sistema Eletrobrás em forma de PLR.
O pagamento do PLR é a única reivindicação dos trabalhadores da estatal neste ano, cuja campanha salarial tem como data-base o mês de maio. No ano passado, a categoria fez um acordo para dois anos, sendo o reajuste salarial de 2014 de acordo com a inflação do período, medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do IBGE).
No próximo dia 30 está marcada uma manifestação em frente a sede da Eletrobrás, em Brasília, quando a holding estará realizando uma Assembleia Geral Ordinária.
No dia 21 de abril, foi realizado um grande ato político em repúdio à Ditadura Militar e em defesa do direito à memória, verdade e justiça no encerramento do 3º Encontro Nacional dos Estudantes de Escolas Técnicas (Enet), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília-DF. O evento, organizado pela Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Fenet), contou com cerca de 1.500 participantes, vindos de 24 estados, mais o próprio Distrito Federal.
No início do ato, foi feita uma homenagem aos militantes mortos pela Ditadura Militar, com a entrada no recinto, sob fortes aplausos, de estudantes carregando banners com as fotos de José Montenegro de Lima, Carlos Marighella, Nilda Carvalho, José Lima Piauhy, Emmanuel Bezerra e Manoel Lisboa. Montenegro, aliás, é o patrono da Fenet, pois, à época, foi preso e assassinado por organizar o movimento estudantil no setor de escolas técnicas em nível nacional. A plenária final também aprovou uma carta, endereçada à presidenta Dilma Rousseff e à Comissão Nacional da Verdade, para que se apurem as circunstâncias de sua morte e sejam punidos os responsáveis.
Falaram no ato, representando os militantes que combateram o regime, Amelinha Telles, ex-presa política e fundadora da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, e Carlinhos Marighella, advogado e filho do dirigente revolucionário Carlos Marighella. Ambos registraram a importância de reunir tantos jovens para debater o direito à memória, verdade e justiça, ampliando esta luta para várias localidades do país.
Amelinha fez um emocionante relato sobre as torturas que ela e sua família sofreram, inclusive seus filhos, ainda crianças. Já Carlinhos enfatizou a resistência aos regimes autoritários que se impuseram no país, desde o período em que seu pai teve cassado o mandato de deputado federal constituinte, em 1946, e posteriormente a resistência à Ditadura.
As condições mínimas de trabalho dos terceirizados na Universidade Federal do Rio de Janeiro vão de mal a pior. Ainda, os salários nunca são pagos em dia. O Movimento Correnteza encampa mais esta luta ao lado do trabalhador e prestador de serviço de uma das maiores universidades da América Latina.
Dos vários cantos do mundo Falando diferentes línguas; nos entendemos um aos outros. Verdes ramos dessa árvore que é o mundo; Somos aquele povo que chama a sim mesmo juventude!
Nazim Hikmet (Poeta turco)
O Encontro Internacional da Juventude Antifascista e Anti-imperialista – Eijaa acontece em diferentes países a cada dois anos e é organizado por jovens de todo o mundo. Neste ano, nosso encontro se reunirá sob o tema: “a juventude do mundo unida por futuro e paz”; este acontecerá de 2 a 10 de agosto no distrito de Dikili, cidade Izmir, Turquia, com a participação de milhares de jovens turcos, da América Latina, Europa, Oriente Médio, África e Balcãs.
Apesar de toda a massa de riqueza produzida no mundo, milhões de jovens são confrontados com o desemprego e com a falta de acesso à educação, o que é apresentado aos jovens como um fato do destino. Os jovens do mundo que estão privados de um futuro vão unir-se por empregos, educação e lutar por seus sonhos e aspirações. Todas estas aspirações reunidas desta vez às margens do mar Egeu, serão espalhadas novamente pelos países de maneira rejuvelhecida.
Os jovens ousam sonhar que no Oriente Médio, Europa, América Latina e África continuarão a ocupar os espaços públicos exigindo um futuro melhor. Através de novas formas criativas de protesto, assim como através de greves escolares, atos públicos e ocupação das ruas, a juventude ganhou uma nova experiência. O Encontro Internacional vai combinar a experiência e o entusiasmo da resistência de Junho na Turquia (Protesto do parque Gezi) com as experiências e o entusiasmo das lutas da juventude de todo o mundo.
Milhares de jovens, estudantes e trabalhadores, virão de centenas de diferentes universidades, escolas e cidades industriais. Vários países, incluindo o Brasil, Espanha e Tunísia, que já começaram os preparativos. Também nosso país, que já está com os preparativos avançados, faz o seguinte chamado:
A juventude do mundo se encontra!
“Onde é o centro do mundo?” perguntaram uma vez para Nasreddin Hodja2. “É onde meu burro está parado. Se você não acredita, meça então o mundo” ele respondeu… O que ocorreria se fizéssemos essa pergunta para os jovens do mundo que vivem na pobreza, desemprego e incertos sobre seu futuro; para aqueles que são arrastados para guerras e obrigados a suportar todo o peso da crise econômica por falta de acesso à educação e por empregos altamente precários? Somos a juventude vinda de too o globo. Como dizia Nazim Hikmet1, somos os ramos verde dessa árvore que é o mundo. Temos sonhos e aspirações comuns. Vamos romper com a opressão a que somos submetidos e lutar por nossos sonhos e direitos. Sobre as sombras da depressão, suicídio e pessimismo, vamos acender a chama da esperança e espalhá-la por todo o mundo.
Nosso sonhos se tornarão realidade!
Juntos, produzindo e compartilhando conhecimento, mostraremos que um mundo sem guerras e exploração é possível. A cultura da solidariedade coletiva florescerá entre os jovens e trará junto com ela a cultura do trabalho, do papel do indivíduo na sociedade, e a política como ferramenta para transformar a vida; a cada novo dia, nosso sonhos se tornam realidade. O centro do mundo é onde estamos juntos cultivando nossas aspirações, compartilhando nossos anseios e discutindo nosso problemas. Há cada dois anos, o centro do mundo é onde a juventude se encontra, e este ano o centro do mundo é a cidade de Izmir, no coração do mar Egeu.
A juventude estará na linha de frente!
Concertos, produções teatrais, oficinas e seminários terão lugar em nosso encontro; ademais, serão várias oportunidades para compartilhar nosso problemas comuns em painéis; também acontecerão em grande e menor escala, fóruns com escritores, cientistas, intelectuais e artistas; comunidades de secundaristas e universitários terão a oportunidade de demonstrar suas produções coletivas; jovens que participarão nas lutas do Oriente Médio por emprego, paz e liberdade falarão de suas experiências. Às noites, teremos a oportunidade de conhecer diferentes culturas e socializar em nosso eventos, construindo fraternidade internacional e compartilhando riquezas e belezas culturais.
Este é nosso convite!
1 Nazim Hikmet: Poeta e dramturgo Turco mundialmente conhecido. Foi militante do Partido Comunista da Turquia e viveu na União Soviética.
2 Nasreddin Hodja: Contista Turco do século XII. É conhecido na cultura popular por suas anedotas e fábulas.
Traduzido do sítio: http://internationalyouthcamp.net/
Com mais de mil participantes em Brasília, iniciou-se o 3º Encontro Nacional dos Estudantes de Escolas Técnicas (Enet). O evento, de 18 a 21 de abril, é organizado pela Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Fenet) e debaterá importantes temas como a luta e a organização do movimento estudantil no setor, financiamento da educação, expansão da rede, assistência estudantil e os desafios da juventude na atual situação do país e do mundo.
O Enet foi convocado por uma plenária nacional de grêmios que ocorreu em fevereiro no Rio de Janeiro. Desde então, os diretores da Fenet têm viajado pelo Brasil para mobilizar o Encontro, contando com o empenho de diversos grêmios. Até agora, os informes dos estados demonstram um grande interesse pelo evento.
Nos últimos anos, tem ocorrido uma importante ampliação da rede de ensino técnico do país, em especial a federal, que hoje alcança mais de 500 campi em 38 institutos federais, doisCefets, uma universidade tecnológica e ainda 25 escolas vinculadas a universidades. Somando-se às redes estaduais, com destaque para os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, temos um contingente superior a um milhão de estudantes no ensino técnico.
Apesar de apenas três anos de existência, a Fenetconseguiu resgatar a história de luta e mobilização dos estudantes das escolas técnicas, cumprindo um importante papel na construção de pautas nacionais do movimento estudantil.
“Depois das gigantescas mobilizações de junho do ano passado, um grande golpe contra os direitos estudantis foi cometido no Congresso Nacional. A redução ao direito à meia-entrada é algo que não podemos aceitar. Esse Enet vai dar um novo impulso à luta para recuperarmos o direito à meia-cultural!”, declarou Bia Martins, estudante do Cefet-MG e coordenadora geral da Federação.
Realizando-se no mês em que se completam 50 anos do golpe militar no Brasil, esta pauta também não poderia ser esquecida e estará presente nas discussões e no ato político do Encontro. Como afirma Emmanuele Rodrigues, do Instituto Federal da Bahia, e 1ªsecretária da Fenet, “milhares de estudantes foram perseguidos, torturados e mortos por esse regime fascista que se implantou no Brasil. Rasgaram a Constituição e assassinaram jovens como José Montenegro de Lima, que era diretor da Uetni, e hoje é o patrono da Fenet. Queremos a apuração desses crimes e a devida punição a todos os responsáveis pela Ditadura Militar”.
Nessa campanha de preparação, a Federação ampliou sua representatividade, chegando a estados que ainda não participaramdos fóruns nacionais da entidade. Para Raphael Pena, estudante do IFRJ e coordenador geral da Fenet, “chegar em Santa Catarina e no Paraná e contar com a receptividade dos estudantes desses estados me deu ainda mais certeza da importância da luta dos estudantes e que estamos no caminho certo de resgatar a combatividade e a representatividade do movimento estudantil”.
Entre os vários temas a serem tratados no Enet serão debatidas a regulamentação do piso salarial técnico, a política de assistência estudantil e a expansão da rede técnica, a construção dos grêmios estudantis, a política esportiva e os megaeventos, a participação da mulher no mercado de trabalho e o machismo na sociedade, entre tantas outras questões que ocorrerão nos quatro dias de atividades.
Redação, com apoio blog da Fenet (www.fenetbrasil.blogspot.com)
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