UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 15 de novembro de 2025
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Em Brasília, começa o 3º ENET com estudantes de todo país

Foi num clima de muita animação que o 3º Encontro Nacional dos Estudantes de Escolas Técnicas (ENET) iniciou, nesta sexta-feira (18/04), suas atividades no Instituto Federal de Brasília (IFB). O evento, organizado pela Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (FENET), conta com a presença de cerca de 1.500 participantes, vindos de 24 estados, mais o Distrito Federal. A palavra de ordem “Isso que é federação, a FENET tá na rua pra mudar a educação” agitou o plenário e deu o tom da abertura.

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Uma mesa foi composta, presidida por Bia Martins, coordenadora-geral da FENET e estudante do CEFET-MG, contando com as presenças do professor Wilson Conciani, reitor do IFB; Alexandre Fleming, coordenador do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe), que destacou a importância da união entre as lutas do movimento estudantil e sindical para efetivar uma educação de qualidade para toda a rede de institutos federais; Carlos Odas, coordenador da Coordenadoria de Juventude do Governo do Distrito Federal; Edival Nunes Cajá, ex-preso político e presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa, aplaudido de pé por seu discurso sobre a Ditadura Militar no Brasil; além dos grêmios estudantis dos Institutos Federais do Pará, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso e Paraná, representando as cinco regiões do Brasil.

Bia Martins dedicou a abertura do Encontro ao patrono da FENET, o estudante cearense José Montenegro de Lima, assassinado pela Ditadura Militar, quando já residia no Rio de Janeiro para liderar, em nível nacional, a organização do movimento estudantil nas escolas técnicas.

Abaixo, destacamos alguns dos principais trechos das saudações da mesa de abertura.

“Vivemos no Brasil o mais longo período de democracia ininterrupta. Já são 30 anos, mas ainda estamos longe de garantir participação e direitos a todos, e não apenas a uma parcela da população. Precisamos de organizações sociais mais fortes, pois a democracia não é só nos grandes atos e parlamentos, mas também nas pequenas ações, de baixo para cima. Por isso decidimos apoiar a realização do ENET, pois aqui podemos ver que foi construído um espaço amplo e democrático.” – Prof. Wilson Conciani, reitor do IFB

“É uma honra falar, nesta noite, da Tribuna José Montenegro de Lima, que foi um dos pioneiros na organização nacional dos estudantes de escolas técnicas, e foi semente para que, décadas depois, surgisse a FENET. Eles, os militares golpistas, pisaram as flores do nosso jardim, mas não puderam acabar com a primavera. Hoje lutamos em todo o país pelo direito à memória, verdade e justiça, para levar aos tribunais todos os torturadores e comandantes da Ditadura Militar, que assassinou mais de 500 brasileiros, sendo que cerca de 150 ainda não tiveram seus corpos devolvidos a suas famílias, baniu, exilou e torturou. A Ditadura ainda não acabou, pois ficou a impunidade, o entulho autoritário, a prática da tortura nas delegacias e as sequelas nas suas vítimas. Me orgulho de ter ingressado num partido político, o PCR, e ajudado a organizar a luta armada para resistir a tudo isso, e quero homenagear todos os que sofreram violências naquele período nos nomes de três estudantes: José Montenegro de Lima, Manoel Lisboa e Honestino Guimarães.” – Edival Nunes Cajá, ex-preso político

“Espero que cada um que está aqui se coloque nos Grupos de Debate para construirmos uma FENET com muita politização e cultura.” – Luane Motta, do grêmio do IFCE

“Temos que organizar mais lutas nos institutos, e acho que a juventude que veio até Brasília, enfrentando dez horas de barco, mais dois dias de estrada, já provou que está disposta. A nossa Região Norte é muito rica em cultura e bens naturais, mas é uma das mais atingidas pela falta de estrutura na educação e pelas mazelas do sistema.” – Jaqueliny Lopes do grêmio do IFPA

Redação

Morre o escritor Gabriel García Márquez, amigo de Fidel e da Revolução Cubana

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fidel e gabo 02Faleceu, aos 87 anos, neste  17 de abril, o escritor colombiano Gabriel García Márquez, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1982. Teve câncer duas vezes: em 2002, anunciou que a doença tinha atingido seu sistema linfático e, em 2014, a família informou que pulmão, gânglios e fígado estavam comprometidos. Por causa de sua idade avançada, o escritor não passou por novo tratamento, recebendo apenas cuidados paliativos.

Amigo íntimo de Fidel Castro, Gabriel García Márquez era “um homem com bondade de criança e talento cósmico”, segundo o líder da Revolução Cubana, que o chamou de “um homem do amanhã, ao qual agradecemos por ter vivido esta vida para contá-la”.

Os dois se conheceram nos primeiros dias da Revolução, em janeiro de 1959, quando Gabriel desembarcou na ilha como jornalista para cobrir a chegada ao poder dos guerrilheiros comandados por Fidel.

Crítico das ditaduras e regimes autoritários na América Latina, García Márquez permaneceu sempre fiel à Revolução Cubana e ao amigo estadista. “Nossa amizade foi fruto de uma relação cultivada durante muitos anos, onde pudemos desenvolver centenas de conversações, sempre muito agradáveis para mim”, relatou Castro, em 2008, quando recebeu Gabo (apelido de Márquez) e sua esposa Mercedes, dois anos depois da crise de saúde que o levou a se afastar da direção do Partido e do Estado cubanos, em 2006.

García Márquez, que fixaria por longo tempo seu domicílio em Havana, participou, em 1959, da formação da agência cubana de notícias Prensa Latina e, em 1986, da criação da Fundação do Novo Cinema Latino-Americano e da Escola Internacional de Cinema de San Antonio de los Baños, a 30 km da capital.

Gabo, que recebia em seu lar frequentes visitas noturnas de Fidel, destacava no amigo “sua devoção às palavras, seu poder de sedução”. “Fatigado de conversar, descansa conversando”, escreveu sobre o líder cubano.

Sua história em comum poderia ter começado na Colômbia, já em abril de 1948: no dia seguinte ao assassinato do político liberal Jorge Eliécer Gaitán, Fidel Castro e Gabriel García Márquez, ambos com 21 anos, participaram da revolta que passou para a historia como “Bogotazo”. “Nenhum tinha notícias do outro. Não nos conhecíamos, nem sequer a nós mesmos”, recordou Castro em um artigo publicado em 2002 por ocasião do lançamento do livro “Viver para Contar”, do Prêmio Nobel de Literatura.

García Márquez serviu de emissário especial de Fidel junto ao presidente norte-americano Bill Clinton. Em 1994, participou da solução da crise que culminou em um acordo migratório entre Havana e Washington. Em 1997, Gabo levou a Bill Clinton uma mensagem de Fidel Castro em  que propunha aos Estados Unidos cooperação na luta contra o terrorismo. A cooperação Cuba-EUA foi efêmera. Em setembro de 1998, Washington aprisionou os lutadores antiterroristas cubanos que alertavam sobre os planos e  atentados criminosos que os extremistas de Miami organizavam contra a Ilha.

Gabo tinha muitos amigos, mas nenhuma amizade lhe marcou tanto como a que cultivou durante meio século com Fidel Castro. Eram tão próximos que, dizem, García Márquez mandava a Fidel os esboços de seus romances antes de publicá-los.

O escritor

Considerado o criador do realismo mágico na literatura latino-americana, García Márquez, apelidado pelos amigos de Gabo, foi um dos mais importantes escritores da América Latina. Nascido em 6 de março de 1927 na cidade de Aracataca, na Colômbia, morava no México havia mais de três décadas.

Autor de clássicos como Cem Anos de Solidão, O Amor nos Tempos do Cólera Crônica de uma Morte Anunciada, entre tantos outros, Gabo começou a escrever como jornalista, no jornal El Universal, em Cartagena. Foi correspondente internacional na Europa e em Nova York, onde foi perseguido pela CIA por suas críticas a exilados cubanos e suas ligações com Fidel Castro.

Em 1982, García Márquez foi escolhido o vencedor do Nobel de Literatura “pelos seus romances e contos, em que o fantástico e o real se combinam num mundo densamente composto pela imaginação, refletindo a vida e os conflitos de um continente”, segundo o comitê que organiza o prêmio. Foi o segundo latino-americano a receber o prêmio, tendo sido o chileno Pablo Neruda o primeiro.

Em 1958, após retornar da Europa, casou-se com Mercedes Bacha, um amor de infância, com quem teve dois filhos: Gonzalo e o cineasta Rodrigo.

Da Redação, com informações de La Jornada e Opera Mundi

Aumento da tarifa de energia prejudica milhões de brasileiros

imageOs reajustes variam de 11% a 28%. Até o fim do ano, todas as empresas de energia vão aumentar ainda mais as já altas tarifas pagas pelos consumidores.

A conta de luz vai ficar mais cara, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que aprovou nesta semana reajuste nas contas de luz dos estados do Ceará, Sergipe, Rio Grande do Norte e Bahia.

Em Sergipe, o aumento para clientes residenciais será de 12,17% e começa a valer em 22 de abril. No Rio Grande do Norte, a tarifa subiu em média 12,75%; 16,77% no Ceará e 15,35% na Bahia.

No começo do mês a Aneel já havia sido anunciado esse aumento para São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso, que terão suas contas reajustadas em 14,24%, 16,46% e 11,16%, respectivamente. Ao todo, 24,5 milhões de brasileiros serão prejudicados pelo reajuste.

Segundo o governo, a elevação dos preços da energia elétrica é para repor os gastos que as distribuidoras tiveram por causa da estiagem e da queda na produção das hidroelétricas, o que levou ao maior uso das usinas termelétricas, que produzem energia mais cara.

No ano que vem, além desse reajuste, a população também vai pagar um outro aumento. Dessa vez, as empresas vão cobrar de todos os consumidores do país um empréstimo de 11 bilhões de reais feito por elas. Ou seja, o dinheiro emprestado vai para as empresas, mas quem paga a fatura é o povo, que já sofre com uma das tarifas mais caras do mundo, desde que as empresas do setor foram privatizadas.

Apesar de reclamarem de despesas maiores e até de prejuízo, a verdade é que as empresas de energia não param de lucrar. Levantamento feito pela consultoria Economatica com 33 empresas do setor, revelou um faturamento de R$ 2,394 bilhões apenas no segundo semestre de 2013. Como se não bastasse, o governo ainda adota uma série de medidas para aumentar os ganhos das empresas, entre elas, uma “injeção” de R$ 12,4 bilhões no setor, deixando claro que a prioridade é garantir fabulosos lucros para uma minoria de grandes capitalistas que dominam o setor.

Redação Rio

Anexação econômica da Ucrânia pelo FMI

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Anexação econômica da Ucrânia pelo FMITrinta dias após a posse do novo governo ucraniano, a União Europeia (UE) assinou com o primeiro ministro da Ucrânia, ArseniYatseniuk, um acordo de associação. Pelo tratado, a Ucrânia fica obrigada a abrir seus mercados para todos os bens e serviços produzidos pelos países europeus e aceitar “relações de assistência financeira e cooperação em segurança”. Segundo Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, o acordo dará aos ucranianos “o estilo de vida europeu”. Como os países capitalistas europeus vivem há anos uma profunda crise econômica e possuem cerca de 27 milhões de desempregados, os ucranianos não terão vida fácil pela frente.

Fruto dessa associação, na verdade, anexação, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou no dia 27 de março, que irá emprestar US$ 27 bilhões à Ucrânia. Em troca, o país será obrigado a pagar juros; terá que aumentar os preços do gás em 50% para a população e em 40% para as indústrias, reduzir as já baixas pensões pagas aos aposentados, aumentar os impostos, demitir 10% dos funcionários públicos nos próximos meses e mais 20% após as privatizações das empresas públicas, além de permitir ampla liberdade para o capital financeiro e também para monopólios norte-americanos, como Monsanto. Na prática, os ucranianos serão governados pelos técnicos do FMI, que irão “monitorar” a economia e ter poder de veto sobre as autoridades econômicas.

Plano semelhante, conhecido pelo nome de “plano de resgate”, foi adotado na Grécia pelo FMI, levando o país à completa devastação econômica com o fechamento de milhares de empresas, aumento do número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza e causando o desemprego de 28% da população ativa. Em novembro de 2008, antes do plano do FMI, o desemprego na Grécia era de 7,5%.

Mas, no momento, o maior temor da população da população ucraniana é o drástico aumento das contas de gás determinado pelo FMI. A Ucrânia tem um inverno rigoroso e temperaturas abaixo de zero durante vários meses, o que torna o aquecimento vital para a população. Com a elevação do preço do gás e as demissões já anunciadas e apoiadas pelos EUA e pela União Europeia, muitos ucranianos irão literalmente morrer de frio. Em fevereiro de 2012, quando a Ucrânia enfrentou um grande onda de frio, cerca de 130 pessoas morreram de frio no país, que tem 45 milhões de habitantes. A tudo isso, o presidente Barack Obama em reunião da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), chamou de “vitória da liberdade sobre a tirania.”

A República da Crimeia

Em 1922, foi formada a República Autônoma Socialista da Crimeia e decidido por seu povo o ingresso na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Durante a Segunda Guerra Mundial, a Crimeia foi palco de uma das mais sangrentas batalhas da Grande Guerra Patriótica. Os invasores alemães tentaram várias vezes tomar a cidade de Sebastopol, que resistiu bravamente até 1942, quando, após grandes bombardeios, os alemães dominaram a cidade. Em 1944, o Exército Vermelho libertou Sebastopol e toda a Crimeia das bestas nazistas.

Em fevereiro de 1954, NikitaKruschev, para obter apoio dos ucranianos à sua política de reimplantar o capitalismo na URSS e de ataques a Stálin, e desrespeitando a vontade do povo da Crimeia, cedeu toda a península à Ucrânia. Até hoje, a maioria da população da Crimeia é de origem russa. Logo, embora realizado debaixo das tropas do fascista Putin, não foi uma surpresa que o referendo realizado no dia 16 de março, do qual participaram mais de 80% da população da Crimeia, 97% tenham decidido pela união com a Federação da Rússia, contra cerca de três por cento que desejam se manter na Ucrânia.

Lula Falcão, diretor de A Verdade

Metade das mortes na luta pela terra e o meio ambiente foram no Brasil

Casal José Claudio e Maria do Espírito Santo, assassinado no Acre

Segundo pesquisa divulgada pela ONG inglesa Global Witness no último dia 15 de abril, o número de mortes de defensores da terra e do meio ambiente chegou a 908 entre 2002 e 2013. O estudo destina um capítulo ao Brasil, país com o maior número de assassinatos de ativistas do meio ambiente e da terra (49,3% de todas as mortes levantadas na pesquisa, isto é, 448 óbitos). Em segundo vem Honduras, com 109 óbitos. É importante também ressaltar que a pesquisa se deu com relação a mortes ligadas ao ativismo especificamente da área do meio ambiente e da terra, diminuindo escandalosamente o número de mortes na Colômbia, país que mais mata sindicalistas no mundo.

O relatório traz mortes de ativistas em 35 países. A Global Witness reconhece que os números são maiores ainda, pois, na prática, a pesquisa trabalha apenas com dados oficiais. Além do grande número de mortes, a impunidade é algo marcante. Em apenas 1% dos crimes os culpados tiveram que responder na justiça e foram condenados. No Brasil existem casos históricos como o de João Pedro Teixeira, líder das Ligas Camponesas de Sapé, na Paraíba, assassinado pelo latifúndio em 02 de abril de 1962, e o de Chico Mendes, seringueiro que lutou contra a devastação da Floresta Amazônica e assassinado nos fundos de sua casa, em 22 de dezembro de 1988, no Acre.

A pesquisa destaca ainda a opinião do professor de História Contemporânea do Brasil da Universidade da Califórnia, Dr Clifford Welch. Ele avalia que o principal motivo é o modelo de utilização da terra, o latifúndio, a produção de commodities e a desvalorização da natureza e da floresta. “Isto desvaloriza as pessoas que vivem ao redor dos latifúndios, e a tendência é que elas sejam empurradas para fora do caminho dos latifundiários”.

Neste sentido, o principal problema das mortes de ativistas no Brasil está ligado à questão da terra e da reforma agrária, onde reina a impunidade e o desmando do latifúndio. É fundamental que os movimentos sociais da cidade e do campo estejam unidos para defender a reforma agrária e combater juntos neste conflito social, o qual não há dúvidas de que é um conflito de classes.

Daniel Victor e Redação

Famílias despejadas continuam acampadas em frente à Prefeitura do Rio

Cerca de 500 pessoas permanecem acampadas em frente à Prefeitura do Rio de Janeiro, após o violento despejo da ocupação do prédio da Telerj/Oi, na última sexta-feira (11/04).

A Prefeitura, ao invés de construir uma saída para o problema, nega-se a negociar seriamente e mantém um efetivo de dezenas de guardas municipais para intimidar as famílias.

Centenas de pessoas protestam em frente à prefeitura do Rio

Segundo Tathy Soares, do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), a reivindicação do movimento é que as famílias sejam cadastradas no programa de aluguel social até que as novas moradias sejam entregues. “Estamos aqui para exigir que o direito do povo pobre à moradia digna seja respeitado”, afirma.

As famílias decidiram, em assembleia, permanecer no local até que uma solução seja apresentada pela Prefeitura.

Redação Rio

Nota pública acerca da resistência popular contra a ditadura militar na Maré

favela-mare-protestoAs grandes mídias executaram nos últimos dias suas rotinas promocionais e divulgaram o suposto grande sucesso da invasão militar para “pacificar” a Maré. O governador Cabral veio a público constar: “Hoje foi, sem dúvida, um dia histórico.” e o secretário de segurança pública Beltrame afirmou: “Mais uma vez, fomos muito bem. Vamos entregar o terreno a quem merece e é dono, que é a população. Tudo correu tranquilamente. Para nós não foi surpresa, por que todas as ocupações têm sido assim.”

Contrariam radicalmente este espetáculo midiático recorrentes relatos sobre violações e abusos pelo lado dos policiais durante a invasão. Policiais entrando nas casas sem mandado; com “toca ninja” ameaçando moradores de morte; depredando bens e roubando eletrodomésticos sem nota fiscal; tratando moradores com violência verbal e apontando armas de fuzil para os seus rostos; constrangendo e agredindo crianças como no caso de policiais mandarem-nas deitar e em seguida pisarem em suas cabeças; prisão coletiva de menores que protestaram por causa de morte de um adolescente, que foram levadas à delegacia em caminhão da Polícia Militar; constrangimento e prisão de idosos; invasão de casa com moradora que estava sozinha e diante da presença ameaçadora da polícia se viu forçada de correr para a rua vestida apenas com roupa íntima.

A grande imprensa divulgou imagens de moradores presos acusando-os de serem traficantes que em seguida foram liberados por não terem nenhum envolvimento e serem inocentes (sem que houvesse uma retratação). Nos casos de mortos e feridos, tem sido difícil apurar ao certo, pois há dificuldade de checar informações, mas temos a confirmação de um jovem de 15 anos morto sem divulgação da causa de sua morte, um jovem de 18 anos baleado e que veio a falecer, e de mais dois adolescentes baleados.

Nós, moradores que estamos envolvidos com a luta pelos direitos humanos fundamentais dos cidadãos que vivem em favelas, estamos colocando esforços para denunciar estes muitos casos de abuso que estão acontecendo com nossos familiares e vizinhos. A presença de diversos grupos de defensores de direitos humanos no domingo, coletivos de advogados, a Comissão de Direitos Humanos da OAB, o NIAC (UFRJ), o Coletivo Tempo de Resistência, a Comissão de Direitos Humanos da ALERJ, foi uma contribuição importante para a luta e resistência dos moradores. Não apenas por atuar em campo fiscalizando o trabalho da polícia e registrando ocorrência de abusos, mas também para testemunhar as dificuldades que a organização popular sofre diante da opressão militar, que não se inibiu em manifestar intimidação contra nós nem diante da presença dos advogados.

Nós, que estamos articulados em organizações populares e empenhados a lutar contra o Estado opressor, estamos sofrendo perseguição e intimidação. Entre outros, uma blazer branca com dois policiais seguiu e filmou de forma intimidadora a Comissão de Direitos Humanos da OAB que estava fiscalizando a atuação ilegal da polícia, e um helicóptero ficou dando várias voltas onde estavam os membros da Comissão. Entendemos que essa opressão é para coibir nossa atuação de resistência e impedir que façamos mobilizações e denúncia dos casos de abuso e violência praticados pela polícia.

Esta invasão foi tão pouco tranquila como as outras invasões em favelas do Rio de Janeiro. Sabemos que este é só o começo de toda uma onda de opressão através da política de extermínio e militarização nas favelas. É imperativo o fortalecimento da resistência. Moradores de favelas, movimentos sociais, defensores de direitos humanos e todas e todos que lutam por uma sociedade justa e igualitária, juntem-se a luta de resistência na Maré e em todas as favelas! Os opressores não calarão as nossas vozes.

Favela resiste. Viva favela!

Polícia despeja 5 mil pessoas no Rio de Janeiro

Na noite do domingo 30 de março, trabalhadores sem moradia digna ocuparam o prédio da antiga TELERJ para fazer valer o seu direito de morar com dignidade. A mando da empresa de telefonia Oi, foi expedido mandado de reintegração de posse. No entanto, a justiça determinou que a Prefeitura realizasse o cadastro de todas as famílias antes da desocupação do terreno, o que não ocorreu.

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Por volta de 5h da manhã de hoje, 11 de abril, a Polícia Militar cercou a região tentando impedir qualquer ato de solidariedade às famílias da ocupação. Trabalhadores, militantes do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) e estudantes solidários às famílias da ocupação acompanharam de perto essa movimentação.

Desrespeitando a ordem da justiça de que se realizasse o cadastro das famílias antes da desocupação, a PM, sob o pretexto de fazer cumprir a famigerada ordem de despejo, reprimiu, de forma truculenta, milhares de pessoas que aguardavam para serem cadastradas.

Mulheres, idosos e crianças não foram poupados da brutalidade policial. Em resistência à opressão do Estado, moradores se deitaram no chão para não permitir a passagem das viaturas e do caveirão. Outros buscaram se refugiar na UPA, escapando das bombas e tiros (na favela não são de borracha). Indignada, uma senhora tentou furar o bloqueio policial para ter notícias das crianças que poderiam ser seus netos, quando também foi agredida. O estudante da UFRJ Esteban Crescente saiu em defesa da senhora e foi espancado e preso pela Polícia.

Esteban Crescente resiste à agressão policial

Essa ação é reflexo do projeto de cidade implementado no Rio de Janeiro, jogando milhares de trabalhadores para os bairros mais distantes e reservando os melhores locais para os condomínios de luxo. Como única saída para esta situação, resta aos trabalhadores e trabalhadoras se organizarem e exigirem na luta seus direitos.

Toda solidariedade à ocupação da TELERJ! Morar dignamente é um direito humano!

Redação Rio

 

Na Cracóvia, tenente-coronel renuncia ao ser obrigado a usar a força

carcoviaNa Cracóvia, Ucrânia, o tenente-coronel Chuikov Andrew Y. renunciou ao cargo após ter recebido ordens do Ministério do Interior da Ucrânia para uso da força contra manifestantes que ocuparam a sede administrativa do Estado. De acordo com o tentente-coronel, “a maior parte da polícia da Cracóvia é carne de seu povo e não irá cumprir ordens criminosas”, e ainda que “cada policial que se preze não deve lutar contra crianças desarmadas!”.

No prédio, a polícia encontrou estudantes, trabalhadores e militares reformados. Todos desarmados. Eles reivindicam independência e uma possível Federalização da região. Alguns também falam em anexação à Rússia.

Greve dos Garis do ABC é vitoriosa!

greve_gariNo dia 31 de Março teve início a greve geral dos trabalhadores da Limpeza Urbana das 7 Cidades do ABC paulista. Seguindo o exemplo dos garis do Rio de Janeiro milhares de pais de famílias resolveram não aceitar mais a exploração a que eram submetidos.

No quinto dia de greve, dia 04 de Abril, o sindicato abandonou a greve alegando que era preciso seguir a decisão judicial que apontava para um acordo rebaixado. Indignados, os trabalhadores quiseram continuar a greve e contaram com o apoio do Movimento Luta de Classes – MLC que, junto com a comissão de trabalhadores de cada empresa, mobilizou e fez assembleias em cada empresa, conquistando, já no sábado à noite, uma paralisação de 100% apesar das investidas das empresas e do sindicato pelego.

No oitavo dia de greve, terceiro sem o Sindicato, os patrões se curvaram e fizeram uma proposta aceita pelo conjunto da categoria que saiu da greve do jeito que entrou, unida.

Essa greve foi muito importante para deixar provado que nós, trabalhadores, quando estamos unidos somos mais fortes que o patrão, e que é possível derrotar sua sede de lucro.

Redação São Paulo

Política de UPPs não resolve problemas das favelas no Rio

maréNo último dia 30 de março, as forças de segurança do Rio de Janeiro ocuparam um total de 15 comunidades no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, onde vivem 130 mil pessoas. A área aguarda a implantação da 39ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Já no dia 5 de abril, tropas do Exército e da Marinha substituíram parte do efetivo da Polícia Militar em uma operação chamada “São Francisco”. A ação contou com 2.050 homens da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército, 450 da Marinha, 200 da Polícia Militar e uma equipe avançada do 21° DP/Bonsucesso. A força de pacificação comandada pelo general Roberto Escoto atuará em uma área de 10 quilômetros quadrados.

Há grande dúvida em torno do caráter pacificador na atuação do Estado nas favelas do Rio de Janeiro, tanto quanto do interesse dessas intervenções. Em 2013, só entre 30 de março e 6 de abril, houve denúncias de violações dos direitos humanos em cinco UPPs (Manguinhos, Jacarezinho, Rocinha, Alemão e Mangueira).

A morte de jovens e trabalhadores de diversas formas pelas armas de PMs tem sido recorrente. O caso mais recente de abuso de autoridade por parte da Polícia foi o da auxiliar de serviços gerais Claudia Silva Ferreira, baleada em Madureira e arrastada no asfalto por um carro da PM. A região, que ainda não tem a ação da UPP, é uma das mais violentas da cidade. Ainda este ano, um jovem, Fabiano Oliveira Braga, 17, foi morto a coronhadas por quatro agentes da PM, que foram afastados e presos após a morte do rapaz.

O que sucede é a prática irregular dos autos de defesa por parte da Polícia, que se utiliza da autoridade para massacrar aqueles que não têm amparo na Justiça por sua condição social. A mesma Polícia que pratica estes crimes tem entrado nas favelas do Rio de Janeiro para impor a ordem do Estado por meio das UPPs. Segundo a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), as UPPs têm contado apenas com a força militar, as demais áreas do Estado, como assistência social, educação e saúde, não chegam até as unidades com a mesma intensidade.

A pesquisa realizada pelo professor Julio Jacobo Waiselfisz, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, revela que só a cidade do Rio de Janeiro sofreu com 1.487 óbitos por arma de fogo em 2010. Entretanto, a política adotada para acabar com a violência não condiz com a necessidade da população, que almeja mais que policiais, almeja condições dignas para que a juventude e os trabalhadores tenham a possibilidade de um futuro melhor. Dessa forma, a lógica dos idealizadores da UPP da Maré não superaria este propósito. As tropas lá estabelecidas permanecerão até julho, quando terminar a Copa do Mundo… mas, aí já é outra matéria.

Daniel Victor