UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 15 de novembro de 2025
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Ato relembra os 50 anos do Golpe Militar na Bahia

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ato no barbalho4 (1)Para relembrar os 50 anos do Golpe Militar na Bahia foi realizado um ato (01) que teve a participação de vários militantes ligados ao Partido Comunista Revolucionário, Partido dos Trabalhadores, a Comissão Estadual da Verdade na Bahia, o Levante Popular da Juventude,Parlamentares, Grupo Tortura Nunca Mais, Comissão da Verdade da Universidade Federal da Bahia, a Ordem dos Advogados do Brasil, a União da Juventude Rebelião, Grêmio do IFBA, Federação Nacional dos Estudantes de Ensino Técnico – FENET e Carlos Marighella Filho. Esse protesto teve como objetivo visitar o Forte do Barbalho, local onde aconteceram as torturas aos opositores da ditadura militar na Bahia.

Antes da visita ao Forte, militantes e ativistas fizeram uma caminhada pelo bairro puxando palavras de ordem: “Pela abertura dos arquivos da ditadura” e “Pela punição aos torturadores” foram entoadas por todos que entraram no local. Em seguida foi realizada uma caminhada até as celas onde os presos eram torturados e assassinados pelo regime.

No pátio do Forte ocorreu uma solenidade, onde vários presos políticos e familiares de presos desaparecidos deram seus depoimentos sobre o que viveram na época do golpe. Depois todos os presos políticos presentes leram um manifesto denunciando os tempos de chumbo na Bahia.No Forte do Barbalho foi inaugurado um Memorial de Resistência do Povo da Bahia.

Atualmente são 33 baianos que engrossam a lista de mortos e desaparecidos em nosso país. O ato terminou com muita emoção e a certeza que a luta e a resistência fizeram parte de uma necessidade histórica para combater o fascismo no Brasil. Segue abaixo, os nomes dos Baianos que foram assassinados pela ditadura militar.

MARIO ALVES
CARLOS MARIGHELLA
JORGE LEAL GONCALVES PEREIRA
ADERVAL ALVES
JOEL VASCONSELOS SANTOS
CELIO AUGUSTO GUEDES
LUIZ ANTONIO SANTA BARBARA
WALTER RIBEIRO NOVAES
JOSE CAMPOS BARRETO
NILDA CARVALHO CUNHA
ANTONIO CARLOS M. TEIXEIRA
ROSALINDO DE SOUZA
MAURICIO GRABOIS
NELSON LIMA PIAUHY DOURADO
ESMERALDINA CARVALHO CUNHA
OTONIEL CAMPOS BARRETO
JOSE LIMAPIAUHY DOURADO
DINAELZA SANTANA COQUEIRO
UIRASSU ASSIS
DINALVA OLIVEIRA TEIXEIRA
SERGIO LANDULFO FURTADO
VANDICK REIDNER PEREIRA
PEDRO DOMIENSE
JOAO CARLOS CAVALCANTI REIS
VITORINO ALVES MOITINHO
JOAO LEONARDO DA SILVA ROCHA
PERICLES GUSMAO REGIS
STUART EDGAR ANGEL JONES( Nascido em Salvador)

 

Redação Bahia

Ato na casa dos horrores denuncia torturas no regime militar

Foto0457Na tarde do dia 1º de abril, no Município de Maranguape, Ceará, ocorreu um ato em memória a todos os jovens lutadores que se opuseram ao regime militar, com o objetivo também de denunciar as violações dos direitos humanos cometidas hoje, especialmente por militares.

O ato ocorreu em frente à Casa dos Horrores, na Fazenda Trapiá, uma grande casa afastada do centro da pequena cidade. Na ocasião,estavam presentes sindicatos, partidos e organizações de esquerda, bem como o Comitê Memória, Verdade e Justiça do Ceará e a Comissão da Verdade Universitária – UFC e UECE.

Após as intervenções, com muita emoção de Walter Pinheiro e Benedito Bizerril, que foram torturados na Casa dos Horrores, e o poema declamado por Tatiane Albuquerque, militante da UJR, os jovens da União da Juventude Rebelião cantaram palavras de ordem denunciando o regime e reivindicando a abertura dos arquivos da ditadura.

A execução desse ato para relembrar todos os heróis do povo brasileiro que deram suas vidas por liberdade em nosso país não será o primeiro. Haverá ainda uma audiência pública na Câmara dos Vereadores para divulgar à população atos cometidos no período.

Com certeza, a luta não pode parar, pois devemos honrar o sangue de cada um de nossos companheiros! Para que não se esqueça! Para que nunca mais aconteça! Ditadura Militar nunca mais!

 

Fábio Araújo

 

Fábio Andrade é membro da Comissão da Verdade Universitária UFC e UECE e membro da União da Juventude Rebelião.

Sepe-RJ realiza o maior congresso da história do sindicato

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Sepe realiza o maior congresso da história do sindicatoCom o objetivo de planejar os novos passos da luta contra a privatização do ensino e pela qualidade da educação publica, os profissionais da rede pública de ensino do estado do Rio de Janeiro se reuniram no XIV Congresso do Sindicato dos Profissionais da Educação do RJ (SEPE-RJ).

O Congresso, realizado de 26 a 29 de março, contou com cerca de 1.400 delegados eleitos nas escolas, sendo o maior da história do sindicato. A maciça presença dos trabalhadores da educação é consequência da intensificação da luta em todo estado, marcado por inúmeras greves que desde o ano passado vem transformando as ruas em sala de aula com apoio da população.

Na abertura houve homenagens aos professores Emílio Araújo e Sebastião, militantes históricos do Sepe, e do funcionário do sindicato, Paulo César Souza, falecidos recentemente. A mesa do debate de abertura contou com o Prof. da UFRJ Roberto Leher e do professor Gilberto Souza, da rede estadual de São Paulo onde foi feita uma análise do processo de privatização da educação.

Na mesa de Políticas Educacionais foram apontados três eixos principais de luta: contra a meritocracia, contra a privatização e a defesa da autonomia pedagógica.

Nos grupos de discussão foram debatidas as 21 teses apresentadas no Congresso e as propostas levadas para a plenária final que aprovou s mudanças na estrutura interna do sindicato e definiu as próximas lutas da categoria.

Gabriela Gonçalves, Rio de Janeiro

Ato em Natal homenageia combatentes da Ditadura

Ato em Natal homenageia combatentes da DitaduraNo dia 1ᵒ de abril, em Natal, Rio Grande do Norte, cerca de 700 pessoas realizaram uma passeata pelas ruas do centro da capital potiguar para repudiar o famigerado golpe civil-militar fascista realizado neste lamentável dia em 1964.

Construíram e participaram deste ato diversas entidades e partidos de esquerda, entre eles o PCR, PT, PSOL, PSTU, PCdoB, POR, Consulta Popular, UJR, LPJ, UBES, DCE-UFRN, UESP, MLB, Movimento de Mulheres Olga Benário, Marcha Mundial de Mulheres, MST, CUT, CSP-Conlutas e diversos sindicatos.

A concentração se deu às 14 horas na Av. Rio Branco na altura do viaduto do Baldo. Antes da passeata sair foram chamados os nomes dos companheiros e companheiras assassinados e desaparecidos pela ditadura do RN, com todos respondendo: “presente, agora e sempre!” A chamada se repetiu diversas vezes durante a caminhada. Ainda foi apresentado um esquete teatral e todos seguiram pela Av. Rio Branco. Passando em frente a prefeitura o ato relembrou a trajetória do prefeito Djalma Maranhão que fora cassado pela ditadura.

Durante todo percurso aconteceram as intervenções que denunciavam os crimes hediondos cometidos pela ditadura e como a impunidade destes crimes repercutem na prática da tortura que acontecem ainda hoje nas delegacias, presídios e periferias do país. E que a atual criminalização dos movimentos sociais, semelhante ao período ditatorial, deve ser repudiada pela sociedade.

O ato foi encerrado na Praça Pedro Velho. Lá falaram as representações dos Partidos presentes. Representando o PCR, Alex Feitosa dedicou sua fala ao revolucionário Emmanuel Bezerra dos Santos, militante do PCR assassinado em 1973, afirmando que sua luta continuava nos dias de hoje, pois a luta contra a ditadura era também uma luta para por fim a exploração capitalista e pelo socialismo.

Alex Feitosa, Natal

Seguem presentes na luta os companheiros e companheiras potiguares:

Anatália de Souza Alves de Melo
Assassinada pela ditadura militar
Djalma Maranhão
Morto no exílio no Uruguai
Édson Neves Quaresma
Assassinado pela ditadura militar
Emmanuel Bezerra dos Santos
Assassinado pela ditadura militar
Gerardo Magela Fernandes Torres da Costa
Assassinado pela ditadura militar
Hiran de Lima Pereira
Assassinado e desaparecido pela ditadura militar
José Silton Pinheiro
Assassinado pela ditadura militar
Lígia Maria Salgado Nóbrega
Assassinada pela ditadura militar
Luíz Ignácio Maranhão Filho
Assassinado e desaparecido pela ditadura militar
Luís Pinheiro
Assassinado e desaparecido pela ditadura militar
Virgílio Gomes da Silva
Assassinado pela ditadura militar
Zoé Lucas de Brito
Assassinado pela ditadura militar

Derrotada nas urnas, direita tenta golpe na Venezuela

Ato de solidariedade à VenezuelaApós a frustração de 2002, em que o povo venezuelano derrotou nas ruas o golpe de Estado arquitetado pelas oligarquias econômicas venezuelanas e o imperialismo ianque, os setores mais reacionários da direita venezuelana tentam explorar o descontentamento existente em parcelas da população para desencadear ações desestabilizadoras e golpistas monitoradas e financiadas pelos EUA. Mesmo a direita venezuelana tendo sido derrotada há pouco mais de um ano, em duas eleições presidenciais e nas eleições municipais, esses setores, liderados pelo oportunista Leopoldo López, insistem em tentar derrubar o governo eleito.

Tudo começou quando, no início de fevereiro, estudantes de San Cristóbal, no Estado de Táchira, protestaram contra a falta de segurança nos campi universitários depois que uma jovem sofreu uma tentativa de estupro. Os protestos se alastraram por outras cidades, incorporando novas demandas, como os problemas econômicos e o apelo pela soltura de estudantes detidos em manifestações anteriores.

Aproveitando a oportunidade, uma ala mais radical da coalizão de oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD), encabeçada pelos opositores Leopoldo López (líder do partido Vontade Popular), Maria Corina Machado (deputada reacionária da Assembleia Nacional, eleita pelo Soma-te) e Antonio Ledesma (prefeito de Caracas), incorporou-se às manifestações para dar ao movimento um caráter golpista, exigindo a derrubada do presidente Nicolás Maduro.
O 12 de fevereiro, em que se comemora na Venezuela o Dia da Juventude, foi o dia de maior tensão. O saldo do confronto entre manifestantes da oposição, apoiadores do governo e forças policiais foi de três mortos, 23 feridos, 25 presos, quatro viaturas queimadas e prédios públicos atacados. Mas é importante ressaltar que as baixas e os feridos ocorreram de ambos os lados, e que o governo acusa a ação de milícias fascistas, montadas em motocicletas de altas cilindradas, para realizar atentados.

Mas, diferentemente do que prega a direita, a Venezuela não é uma ditadura. O voto não é obrigatório; presidentes, governadores e prefeitos, além dos membros dos correspondentes poderes legislativos, são eleitos pelo voto popular; e ainda, caso o povo esteja insatisfeito, após dois anos de governo, o mandato do governante pode ser revogado por meio de um plebiscito. Mais de 70% dos meios de comunicação na Venezuela são privados e apoiam a oposição, incluindo os dois principais veículos.

O atual governo do Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV) foi legitimado por duas eleições consecutivas. A primeira em outubro de 2012, quando o ex-presidente Hugo Chávez foi reeleito com 56% dos votos válidos contra o candidato Henrique Capriles, da MUD. Com a morte de Chávez, em março de 2013, novas eleições foram convocadas para abril, quando Nicolás Maduro derrotou o mesmo Capriles com 50,66% dos votos.

A direita então liderou uma onda de violentas manifestações, contestando o resultado. Mas, diante do reconhecimento internacional da vitória de Maduro, Capriles resolveu adotar uma estratégia de reconhecer o resultado e de se fortalecer para derrotar o chavismo nas eleições municipais que ocorreriam em dezembro. A direita foi, então, mais uma vez frustrada pelo desejo do povo venezuelano de manter as conquistas alcançadas pela Revolução Bolivariana. O partido de Maduro, o PSUV, conquistou nacionalmente 49,2% dos votos sufragados nas eleições municipais contra 42,7% da coalizão de oposição MUD. Apesar de a oposição ter vencido em cidades importantes, como nas cidades da região metropolitana de Caracas, o chavismo venceu na maioria esmagadora dos municípios venezuelanos.

Limitações do “Socialismo do Século 21”

Apesar dos avanços políticos garantidos pela Constituição, depois de década e meia de “revolução bolivariana”, o poder econômico de empresários e banqueiros é enorme, e velhos problemas econômicos não foram superados, alguns dos quais se agudizaram.

Em todo esse período, o país pouco desenvolveu a indústria, a ponto de ser preciso importar vários produtos, como papel higiênico, arroz, açúcar, óleo, carne, etc. É claro que neste cenário atua também o boicote empresarial, porém seria um erro responsabilizá-lo exclusivamente pelos acontecimentos.

A realidade é que esta crise demonstra os limites políticos da “Revolução Bolivariana”, que não golpeia de forma profunda o poder das classes dominantes nem rompe com a dependência do país dos recursos do petróleo.
Neste momento, o mais importante é que o povo venezuelano deve rechaçar as intenções de golpe da extrema-direita e do imperialismo, mas também deve atuar no sentido de fazer avançar o governo rumo a uma ruptura revolucionária com o sistema capitalista e as velhas estruturas do Estado burguês.

Clodoaldo Oliveira, João Pessoa

Professor da USP tenta defender o Golpe de 64

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Isolado, o professor Eduardo Lobo Botelho Gualazzi da Universidade de São Paulo tentou ler em sala de aula um “Ode” ao golpe militar de 64 e foi contido por estudantes.

Enquanto tentava iniciar a leitura, estudantes encenavam torturas e perseguições nos corredores da Universidade.

Ditadura usou doente mental como desculpa para crimes

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Com “rabo entre as pernas”, militares colocaram a culpa de várias morte em um doente mental, Orlando Sabino, que chegou a ser internado no interior de Minas Gerais. Doces eram oferecidos por um sargento do Exército para que confessasse.

Fonte: UOL/SBT

 

Ato Unificado Contra o Golpe é encerrado com o hino da Internacional

Ato Unificado que lembrou os 50 anos do Golpe Militar no Brasil, realizado na ex-sede do DOI-CODI em São Paulo, é encerrado com o hino da Internacional.

Fernando Santa Cruz e a luta dos estudantes contra a Ditadura

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fernando_santa_cruz 2Olinda não tem apenas as belezas naturais e a arquitetura colonial que a transformaram em Patrimônio da Humanidade. Essa bela cidade foi palco de muitas lutas de libertação, como as travadas pelos bravos guerreiros caetés contra os invasores portugueses, e os movimentos republicanos. Berço de heróis, ela gerou, entre tantos, um jovem que combateu a ditadura militar implantada no Brasil em 1964 e teve a sua vida sacrificada por defender os ideais de Liberdade, Justiça Social e Lealdade aos companheiros.

Fernando Augusto de Oliveira Santa Cruz nasceu em 20/02/1948, quinto filho do médico sanitarista Lincoln Santa Cruz e de Elzita Santos de Santa Cruz Oliveira. Quando caíram sobre o país as trevas do 1º de abril de 1964, ele tinha apenas 16 anos, mas não tardou a se engajar na luta pela democracia, integrando-se ao Movimento Secundarista.

Ensino público e gratuito, liberdade e revolução

No início dos anos 60 o Movimento Estudantil, dirigido por suas entidades nacionais União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) tinha presença marcante na vida do país. Defendia a Reforma Agrária e demais reformas de base propostas pelo governo de João Goulart e, especificamente, a Reforma Universitária e a democratização do ensino – por uma escola pública e gratuita.

As medidas repressivas adotadas pela ditadura militar desestruturaram as organizações operárias, camponesas e estudantis. Com muita dificuldade, o Movimento Estudantil começou a reerguer-se. Em 1966, recomeçaram as mobilizações de massa contra o acordo MEC-Usaid, que colocava o ensino brasileiro nas mãos dos Estados Unidos da América do Norte, principal potência imperialista. 1968 foi um ano de grandes manifestações nas principais capitais do país, culminando com a histórica passeata dos 100 mil no Rio de Janeiro. Esse ano registra, ainda, a retomada da luta operária com as greves em indústrias metalúrgicas de Contagem (MG) e Osasco (SP). As lideranças tinham a impressão de que os dias da ditadura militar estavam contados e, em pouco tempo, ela ruiria tal qual um castelo de areia.

O regime, ao contrário, endureceu. Em 13/12/1968 editou o Ato Institucional nº 5, o famigerado AI-5. Fechou o Congresso Nacional, cassou mandatos e direitos políticos de líderes oposicionistas; suspendeu as garantias do Judiciário. Daí em diante foi célere a escalada repressiva, até o fecha-mento total. Em fins de agosto de 1969, uma Junta composta pelos ministros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica assume o governo, sucedendo o ditador Costa e Silva, vítima de um derrame cerebral. Em 30/10/1969 torna-se ditador de plantão o general fascista Emílio Garrastazu Médici. Sobrevém a completa escuridão. Imprensa censurada, Lei de Segurança Nacional, criação de um sis-tema repressivo clandestino a partir dos DOI-Codi, Centros de Informação do Exército, Marinha e Aeronáutica, Dops, Polícia Federal, enfim toda uma parafernália articulada nacionalmente. Os militantes eram presos na calada da noite, sem nenhum mandado judicial, torturados e mortos nos porões da repressão. Em relação a alguns, o sistema divulgava notas mentirosas, dizendo que tinham sido “abatidos” em tiroteios com os agentes; outros, simplesmente, eram dados como” desaparecidos”.

A luta dos estudantes era conduzida por organizações políticas forçadas a se manterem clandestinas. Além da luta por um ensino público, gratuito e livre de ingerências imperialistas, elas combatiam a ditadura militar e propagavam o Socialismo como solução para os problemas dos trabalha-dores brasileiros. Entre essas organizações, estava a Ação Popular Marxista-Leninista (APML), na qual militou Fernando Santa Cruz. A APML nascera da Juventude Universitária Católica. Muitos membros da JUC evoluíram politicamente e resolveram romper com os limites da Igreja Católica, fundando em fevereiro de 1963 a Ação Popular (AP). A AP manteve a estrutura organizativa herdada da JUC até 1971 quando, em sua 3ª reunião ampliada, assumiu o marxismo-leninismo e se transformou em Partido Revolucionário, de acordo com os princípios e a estrutura leninistas. Para a derrubada da ditadura militar e a tomada do poder político, definiu o caminho da luta armada, não na forma de guerrilha urbana – como fizeram outras organizações – mas na construção das condições para a deflagração da Guerra Popular, a partir das regiões mais sofridas do campo.

A hora da luta

Fernando Santa Cruz participou ativamente das manifestações contra o Acordo MEC-Usaid, como estudante secundarista no Recife (Colégio Carneiro Leão e, depois, Colégio Estadual de Pernambuco). Numa dessas manifestações, em 19/05/1967, aos 19 anos de idade, amargou sua primeira prisão. Em ofício ao Juiz de Direito da Vara Privativa de Menores, o Delegado de Segurança Social, Moacir Sales de Araújo, informa que Fernando e seu colega Ramires Maranhão do Vale foram detidos “quando, juntamente com vários outros estudantes, promoviam manifestações de caráter reconhecidamente subversivo, representadas por atos previstos no decreto-lei nº 314, de 13 de abril de 1967 (Lei de Segurança Nacional). Passou uma semana no Juizado de Menores, juntamente com crianças e adolescentes recolhidos das ruas. Essa convivência com os excluídos despertou sua consciência de classe; ele saiu mais disposto, intensificou a militância e integrou-se à Ação Popular. Foi um dos reorganizadores da Associação Recifense dos Estudantes Secundaristas (Ares).

Com a feroz repressão intensificada após o general Médici assumir o governo, mudou-se para o Rio de Janeiro em dezembro de 1969, onde ingressou no curso de Direito da Universidade Federal Fluminense, tendo atuado no Centro Acadêmico do seu curso e no Diretório Central dos Estudantes. Em 1972, nasceu o único filho, Felipe, fruto do seu casamento com a também militante Ana Lúcia Valença. Nesse mesmo ano mudou-se para São Paulo, onde assumiu emprego conquistado através de concurso público, no Departamento de Águas e Energia do Estado. Fernando optara por não ingressar na clandestinidade e, por isso, afastou-se de uma militância mais ativa, mas cumpria importantes tarefas de apoio: visitava e ajudava famílias de militantes presos; fazia a ligação entre companheiros clandestinos. Angustiava-se com as prisões e desaparecimentos que ocorriam, cada vez com maior freqüência.  Pouco tempo antes do seu próprio seqüestro visitou a família e disse a um dos irmãos: “Esse pode ser o último ano que venho aqui, que estou tomando cerveja com você, revendo pessoas amigas, queridas, re-vendo Olinda”. Recusou firmemente a sugestão de deixar a política. “A luta política, a defesa do seu povo, era para Fernando o próprio sentido de estar vivo. Abandoná-la, seria como sair da vida”¹.

“Mamãe, por que papai não volta para casa? Tenho tanta saudade dele…”²

Coerente com o que dissera ao ir-mão, Fernando decidiu estreitar os contatos com a APML e retomar uma militância mais intensiva. Para isso, foi com a família passar o carnaval de 1974 no Rio de Janeiro. No dia 23 de fevereiro daquele ano foi a um encontro com o amigo Eduardo Collier Filho, também pernambucano e militante da mesma organização, e nunca mais voltou. A confirmação do seqüestro dos dois jovens pela polícia política veio com a invasão efetuada pouco depois ao apartamento de Eduardo, onde um grupo de homens, sem identificação alguma, revirou todos os pertences e levou os seus livros.

Busca e denúncia da Ditadura

Começou a busca desesperada. Seu irmão, o advogado Marcelo Santa Cruz, hoje vereador em Olinda, pelo PT, impetrou habeas corpus. Parentes peregrinaram pelos órgãos de segurança. Tudo em vão. Encaminharam denúncias a parlamentares do MDB, personalidades civis e militares, e a organismos como Anistia Internacional e Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA. Em 6/10/1974 o deputado pernambucano Fernando Lyra leu no plenário da Câmara uma carta enviada pelas mães dos dois jovens seqüestrados, na qual elas bradavam, a certa altura: “…Já não acreditamos mais em nenhum pressuposto jurídico válido, e todo o ordenamento torna-se anticristão e, por conseguinte, sem nenhum sentido ético. Quando é negado aos cidadãos o elementar direito de defesa sob a subjetiva alegação de ‘segurança nacional’, deixando-o em prisões clandestinas; em que as autoridades recusam e negam informações da prisão efetuada, desanimamos e passamos a acreditar que ressurge um passado que a História condenou e sepultou com a vitória na 2ª Guerra Mundial”.

Ante as pressões, Armando Falcão, ministro da “Justiça” do ditador Ernesto Geisel, divulgou nota incluindo Fernando e Eduardo numa lista de 25 militantes que estavam com mandado de prisão expedido, por atividades subversivas, mas não tinham sido encontrados pela polícia. Portanto, estavam desaparecidos. A família de Fernando desmascarou a farsa, provando que ele tinha emprego fixo e endereço certo em São Paulo,  logo não estava sendo procurado. Voltou o silêncio total. Era mais um jovem seqüestrado, torturado e morto nos porões da repressão. Sem ter cometido crime algum. Sem julga-mento. Nem ao corpo para sepultar, a família teve direito. Nem a certeza da morte.

Esta só veio a ocorrer em dezembro de 1995, quando a Lei Federal nº 9.140  reconheceu como mortos os “desaparecidos” entre 02/09/1971 e 15/08/1979. Foi uma vitória parcial das famílias, pois o Estado não assumiu sua inteira responsabilidade. Não esclareceu quais as circunstâncias das mortes, exatamente porque isso leva-ria à identificação dos assassinos, cuja punição os parentes dos mortos e a sociedade brasileira cobrariam. O Estado deve, ainda, a localização dos corpos, pois é desumano negar aos familiares o direito de sepultar seus parentes mortos.

A homenagem maior

Fernando não foi esquecido. Tem recebido várias homenagens. Em 1979 os estudantes do curso de Direito da Universidade Católica de Pernambuco deram seu nome ao Diretório Acadêmico. Chama-se também Fernando Santa Cruz o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal Fluminense. Em 23/02/1984 a Câmara Municipal de Olinda aprovou uma lei dando, também, seu nome ao Teatro do Mercado Popular do Varadouro. Esta lei, de n.º 4.423/84, foi sancionada pelo prefeito em 20 de março do mesmo ano. Em 1985 é lançado o livro  Onde está meu filho? História de um desaparecido político. O Teatro Fernando Santa Cruz foi palco, na passagem dos 15 anos do seu seqüestro, 23/02/1989, de um ato público de louvor ao herói e denúncia dos crimes da ditadura, para que não mais se repitam. Em 21/03/1996 foi inaugurada a Escola Municipal Fernando Santa Cruz, no bairro do Jordão, Recife.

Mas a maior homenagem não está escrita em nenhuma lei, em nenhuma placa. Está na consciência, na luta dos estudantes e de todo o povo pernambucano e brasileiro, que continua enfrentando uma ditadura bem mais sutil, mas tão nociva quanto aquela que matou o jovem herói. Uma ditadura que está destruindo o patrimônio nacional, sucateando o ensino público, deixando milhões de famílias sem trabalho, sem terra, sem moradia, na mais profunda miséria. Em cada ato público, greve, passeata, panfleto ou discurso; em cada passo dessa  caminhada árdua e longa, mas vitoriosa porque tem o futuro a seu favor, mesmo que seu nome não seja pronunciado, Fernando Santa Cruz está presente!

 Notas

1- Depoimento de Tuca, irmão de Fernando Santa Cruz, para o livro Onde Está Meu Filho?  Editora Paz e Terra, 1984.

2- Palavras de Felipe, filho de Fernando, à sua mãe Ana Lúcia, aos 2 anos de idade

Luiz Alves

(Publicado em A Verdade, nº 8)

Manoel Lisboa, um homem de verdade

Manoel Lisboa 2Um homem de verdade

“… Pelo conjunto de sua obra, demonstrou ser o produto da elaboração histórica que em sua forja misteriosa elabora de tempos em tempos homens que sintetizam as qualidades mais nobres da espécie…”1. Ele não veio ao mundo em tempo de paz. O ano em que nasceu marca a ofensiva do Exército Vermelho Soviético, que derrotará os invasores nazistas. E não seria a paz a sua missão, pois o tempo era (como continua sendo) de luta de classes, de opressão da grande maioria – os operários, os camponeses, os excluídos – pela minoria que detém em suas mãos a propriedade e os seus frutos. “Meu despertar para as questões sociais apareceu quando eu tinha 17 anos… aos 19 anos, considerei-me marxista-leninista”2.   É claro que você já identificou este ser especial – Manoel Lisboa de Moura. Mas pode chamá-lo também de Mário, Celso, Zé, Galego. Por que tantos nomes?

O golpe civil-militar de 1964 encontrou Manoel Lisboa militando no Partido Comunista do Brasil, estudando Medicina na Universidade Federal de Alagoas. Ele nascera em Maceió, em fevereiro de 1944. Participou ativamente do movimento secundarista, cultural, universitário, ingressou no PCB, mas saiu deste para o PCdoB por considerar reformista a estratégia do “Partidão”. Foi preso várias vezes em 1964, 1965, 1966. Teve de ingressar na clandestinidade e se desencantou também com o Partido Comunista do Brasil, avaliando que o rompimento com o revisionismo havia sido apenas teórico. Junto com um grupo de companheiros fundou o Partido Comunista Revolucionário (PCR), em 1966. Embora as condições fossem inteiramente adversas, o trabalho do PCR se estendeu por todo o Nordeste, o que tornou seus dirigentes, especialmente o Galego, alvo da mais feroz perseguição.

Os tentáculos da ditadura acabaram encontrando-o no dia 15 de agosto de 1973, quando conversava com uma operária, Fortunata, na Praça Ian Flaming, no Rosarinho. “Ele tentou sacar a arma, mas não teve tempo”. Seu calvário foi longo, mas ele nada cedeu, coerente com a tese que defendia junto aos militantes: “delação é traição”. Morreu no dia 4 de setembro. Companheiros presos que conseguiram vê-lo no DOI-Codi do IV Exército ainda com vida e podendo falar, ouviram dele: “Minha hora chegou. Continuem o trabalho do Partido”.

“…Passou por todos os sofrimentos físicos e psicológicos, possíveis e imagináveis. Assistiu por dias e dias à sua própria agonia. Se viu e sentiu morrer lentamente. Superou tudo. Derrotou tudo – a tortura, o medo, a própria morte… Lembramos sempre dele. Com saudade, com tristeza, com alegria, com emoção. Às vezes, com uma lágrima solitária por sua memória. E em alguma madrugada, tenho vontade de sair pelas ruas, pichando em sua homenagem seu slogan favorito: “O PCR vive e luta!”3.

 Zé Levino

 

Teu Sangue Será Adubo

Nosso orgulho pela tua coragem,

tua bravura, teu espírito de luta,

tua dignidade, teu heroísmo.

Soubeste construir faróis para iluminar a escuridão.

Foste luz no túnel

Teu sangue será adubo

Tua alma já é semente

No fulgor da aurora

De um novo tempo

Tu brilharás

Certeza tenho

Manuel manual de amor

Justiça- liberdade – paz

Na dor de hoje, na dor de sempre,

Teus companheiros te homenageiam

Presença viva, na esperança

Cantaremos todos, e  a ti

O novo sol

És o futuro

O amanhã virá!

Selma Bandeira, companheira de Manoel Lisboa, em 14/9/1983

Como a Ditadura matou Emmanuel Bezerra

emmanuel2

“Meus soldados não se rendem…

O grande dia chegará”

Na praia de Caiçara, município de São Bento do Norte (RN), dia 17 de junho de 1943, nasceu Emmanuel Bezerra dos Santos, filho do pescador Luís Elias dos Santos e Joana Elias Bezerra. Líder estudantil no Colégio Atheneu e na Fundação José Augusto, onde cursou Sociologia, foi também presidente da Casa dos Estudantes de Natal, onde moravam os estudantes pobres do interior que iam tentar a continuidade dos estudos. Teve presença marcante não apenas pela militância política. Atuou na vanguarda dos movimentos culturais natalenses como poeta, crítico literário e organizador de grupos e associações.

Emmanuel organizou a bancada potiguar ao histórico congresso da UNE de 1968, em Ibiúna (SP). Nesse congresso foi preso e teve seus direitos estudantis e políticos cassados com base no famigerado decreto nº 477, da ditadura militar, que proibia aos estudantes o exercício de atividades políticas nas escolas e universidades. A prisão de seis meses não enfraqueceu o jovem líder, que manteve elevados o ânimo e a certeza na mudança da sociedade ( V. no box, poesia de sua autoria, escrita no cárcere).

Tão elevados que, ao sair, ingressou no Partido Comunista Revolucionário – PCR. Dirigiu o comitê universitário, passou a atuar na clandestinidade em Pernambuco e Alagoas, e em pouco tempo integrou o Comitê Central, dada a sua “dedicação, honestidade, firmeza ideológica e aprofundamento dos conhecimentos teóricos”.

Unir os movimentos anti-imperialistas

No início de agosto de 1973 o PCR enviou-o para  Argentina e Chile, com a missão de contatar revolucionários brasileiros e organizações de esquerda latino-americanas, com o fim de construir um processo de unificação do movimento anti-imperialista no continente. Foi preso na fronteira, em meados de agosto, provavelmente pela Interpol e pela polícia brasileira (na época as polícias políticas sul-americanas agiam articuladamente, através da Operação Condor (V. A Verdade n.º 7 ). Nas mãos do DOI/Codi, órgãos da repressão política do Exército, padeceu violentas  torturas, até ser morto. Não deu uma informação, sequer. Coerente com o lema que defendia, “delação é traição”, morreu como herói do povo para manter vivo o Partido.

Farsa, cinismo e covardia

Como costumavam fazer, os órgãos da repressão montaram uma farsa. Divulgaram nota publicada pela imprensa burguesa, dizendo que ele morrera num tiroteio com a polícia no momento em que se encontraria com Manoel Lisboa de Moura em São Paulo. Tudo mentira. Emmanuel encontrar-se-ia com  Manoel Lisboa no Recife, no dia 15 de setembro, quando estaria chegando da Argentina. Porém Manoel fora preso no dia 16 de agosto, tendo sido também barbaramente torturado e assassinado nos porões da repressão. A mentira, como de praxe, era confirmada pelo falso laudo elaborado pelo já desmascarado médico-legista Harry Shibata. A transferência do cadáver de Manoel Lisboa para São Paulo fez parte da montagem da farsa .     Quando saiu a notícia plantada pela polícia política acerca do “tiroteio”, no dia 4 de setembro, os corpos de ambos já estavam sepultados na “vala comum” do cemitério de Perus, em São Paulo. Isto é certo, tanto que dona Iracilda Lisboa, mãe  de Manoel, foi a São Paulo no mesmo dia em que foi divulgada a notícia; lá, a polícia política mostrou-lhe duas covas em outro cemitério, dizendo já ter ocorrido o sepultamento. Só restou-lhe colocar duas coroas de flores, mesmo desconfiando não se tratar da sepultura do seu filho e do companheiro e amigo Emmanuel, fato que veio a ser comprovado posteriormente com a descoberta da vala comum em Perus.

O povo recuperou seu herói

Os restos mortais de Emmanuel foram encontrados numa vala comum clandestina no cemitério de Perus (SP), junto com os de outros militantes de oposição “desaparecidos” durante o regime militar.  Trasladado para o Rio Grande do Norte recebeu merecidas homenagens: vigília cívica no auditório da Casa dos Estudantes de Natal, e sepultamento em grande cerimônia cívica, na sua cidade natal, Caiçara, já emancipada do município de São Ben-to do Norte. Entre os inúmeros depoimentos apresentados na cerimônia, destacamos os seguintes trechos:

” É este um momento de reencontro do RGN com sua História. História de muitas gerações de revolucionários, desde a Comuna de Natal de 1935 até a saga dos trabalhadores rurais por terra para sobreviver.” (Dermi Azevedo, jornalista).

” Seus restos mortais nos trazem vida; seus ossos suplantaram mais de vinte anos de mentira. Eles pensaram que lhe tinham exterminado, no entanto a força de sua ideologia e de tantos outros que se foram  exterminou a ditadura, e mais uma vez fica como exemplo”. (Josivan Ribeiro do Monte, membro da comunidade de S. Bento do Norte)

A melhor homenagem

O editorial do jornal A Luta, órgão do Comitê Central do PCR editado s depois da morte  dos seus três principais dirigentes: Manoel Lisboa de Moura,  Manoel Aleixo e  Emmanuel Bezerra, comentou: “…A melhor homenagem que poderemos lhes prestar é continuar o trabalho pelo qual deram suas vidas: desenvolver, até a vitória, o trabalho revolucionário que conduzirá o Brasil a ser livre da exploração estrangeira, à democracia, ao socialismo e, finalmente, ao mais belo sonho dos homens, o comunismo”.

Da Redação

Às gerações futuras

Eu vos contemplo

Da face oculta das coisas.

Meus desejos são inconclusos,

Minhas noites sem remorsos.

Eu vos contemplo,

Pelas grades insensíveis.

Meu sonho,

É uma grande rosa.

Minha poesia,

Luta.

Eu vos contemplo

Da virtual extremidade.

Minha vida (pela vossa).

Meu amor,

Vos liberta.

Eu vos contemplo

Da própria contingência.

Mas minha força

É imbatível

Porque estais

À espera.

Eu vos contemplo

Pelo fogo da batalha.

Meus soldados

Não se rendem.

O grande dia

Chegará.

Eu vos contemplo

Gerações futuras,

Herdeiros da paz e do trabalho.

As grades esmaecem

Ante meu contemplar.

 

Emmanuel Bezerra dos Santos

Base Naval de Natal/1968

 

Em sua edição de número 18, o editorial do jornal A Luta , órgão do Comitê Central do PCR homenageou Manoel Lisboa de Moura, Emmanuel Bezerra e Manoel Aleixo, como Heróis da Causa Revolucionária. Leia a seguir o trecho relativo a Emmanuel.

Nascido em São Bento do Norte, Rio Grande do Norte, no dia 17 de junho de 1947, Emmanuel Bezerra dos Santos, filho de pais humildes, estudou em Natal, onde participou ativamente do movimento estudantil, principalmente em 1967-1968, quando foi eleito presidente da Casa do Estudante de Natal. Cursava sociologia quando foi cassado e preso, durante seis meses, por causa de sua participação à frente do movimento estudantil em Natal.

Em 1968, ligou-se ao Partido Comunista Revolucionário. Compreendera que a miséria de seu povo, as injustiças e a ditadura fascista brasileira que as garantiam, só podiam ser exterminadas com a existência de uma vanguarda revolucionária orientasse, organizasse, conscientizasse o povo para a revolução.

Integrado ao partido após sua prisão, resolveu entrar na clandestinidade, dedicar todas as suas energias à revolução. Rapidamente, por sua dedicação, honestidade, firmeza ideológica e aprofundamento dos conhecimentos teóricos, chegou a condição de dirigente do PCR.

Em 1970, passou a dirigir o trabalho do partido em Alagoas, demonstrando grande capacidade como organizador. No início de agosto de 1973, foi enviado ao Chile, como representante do PCR, para discutir com grupos revolucionários brasileiros. Possivelmente, foi preso na fronteira do Chile com a Argentina, pela polícia internacional, a pedido da polícia brasileira. Enviado ao Brasil em meados de agosto, foi torturado, da mesma forma que Manoel Lisboa de Moura, no mesmo, local, QG do IV exército, e assassinado pelo Departamento de Ordem Interna (DOI), órgão das forças armadas, semelhante ao Centro de Operações e Defesa Interna (Codi), sob a orientação do celerado Sérgio Paranhos Fleury.

Emmanuel Bezerra foi assassinado friamente, submetido às mais bestiais torturas, por sua atuação revolucionária e, principalmente, por não trair o seu partido e sua organização. Diante dos carrascos, comportou-se como um herói, morreu sob tortura, para manter vivo o partido.

(Publicado em A Verdade  nº 13)