UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 19 de abril de 2025
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Polícia invade casa de lideranças do MLB em Natal

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As principais lideranças do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), do Rio Grande do Norte, vêm sofrendo uma violenta repressão da Polícia do Estado e do Ministério Público Estadual. De forma arbitrária e truculenta, a polícia invadiu a casa dos companheiros Wellington Bernardo, Luciana Gomes e Valdete Guerra, no dia 21 de fevereiro, apreendendo agendas e documentos.

O motivo da perseguição às lideranças populares é, segundo o procurador Victor Emanuel de Medeiros, do Ministério Público, que “os denunciados são integrantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), o qual, segundo informações contidas em seu sítio na internet (www.mlbbrasil.net), tem por objetivo ‘impulsionar a luta do povo pelo fim da exploração capitalista e pelo socialismo, única maneira de garantir uma reforma urbana que assegure nossas cidades mais justas e menos desiguais'”.

Mais claro impossível! Os coordenadores do MLB estão sendo processados e tiveram suas casas brutalmente invadidas por decidiram encabeçar a luta e organizar mais pessoas para defender o direito de uma moradia digna e pela conquista de uma nova sociedade justa e fraterna! Seus crimes são, portanto, não se conformarem com as injustiças desta sociedade que nega às pessoas pobres, aos trabalhadores e suas famílias condições mínimas de sobrevivência. Quer o procurador do Ministério Público que os pobres que vivem em barracos e correndo risco de morte, nada façam para melhorar de vida ou para conquistar uma casa própria.

O processo do Ministério Público acusa ainda o MLB de, “diante da completa ausência dos serviços estatais no assentamento, os denunciados foram ganhando cada vez mais poderes junto aos assentados a ponto de instituírem um verdadeiro Estado paralelonaquela comunidade”.

Ora, o próprio MP admite que os serviços estatais, ou seja, os governos, não chegam até a comunidade de Leningrado. Admite, portanto, que as pessoas que lá vivem foram abandonadas à própria sorte pelo Estado. E numa situação como essa, o que fazem os pobres que lá vivem? A resposta foi dada pelo MLB e suas lideranças: organizaram-se, discutiram coletivamente seus problemas, foram solidários uns aos outros. Lutaram pelo direito a uma vida digna, como, inclusive, garante a Constituição brasileira. E é justamente isso que faz o MLB, já que é o movimento responsável pela coordenação do conjunto.

Não é a primeira vez que um órgão da Justiça burguesa tenta criminalizar a luta dos movimentos sociais pelos direitos básicos do povo pobre. “O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas repudia a ação repressora e truculenta do Ministério Público Estadual do Rio Grande do Norte e da Polícia, ao mesmo tempo em que afirmamos que tudo isso não nos intimida, e serve unicamente como combustível para novas e maiores lutas pela Reforma Urbana e pelo Socialismo”, afirma Wellington Bernardo, um dos líderes perseguidos.

Como resposta, o MLB está circulando um abaixo-assinado de apoio entre os conjuntos e ocupações coordenados pelo movimento e entre entidades de classe do Rio Grande do Norte, preparando uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Natal e uma passeata de denúncia até o Governo do Estado.

Em solidariedade, o Programa de Educação Popular em Direitos Humanos “Lições de Cidadania”, uma iniciativa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), lançou uma nota de apoio ao MLB que, por si só, explica muitas questões desse caso de perseguição:

“Uma das localidades em que o Programa atua, desde abril de 2010, é o Conjunto Habitacional Leningrado, situado no Bairro Planalto, Zona Oeste de Natal. A opção pelo Conjunto decorre do diálogo com o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB, nos diversos eventos acadêmicos na UFRN em que o Movimento se fez presente, como o I Seminário de Direitos Humanos, organizado pela Pró-Reitoria de Extensão, compondo mesa sobre criminalização dos movimentos sociais e; o evento sobre Direito à Moradia, realizado pelo Centro Acadêmico Amaro Cavalcanti, do Curso de Direito desta universidade.

A presença do MLB em espaços oportunizados pela Universidade ressalta sua importância para o debate e reflexão de questões atuais pertinentes à realidade sócio-econômica local, prestigiando e demonstrando o valor de suas experiências no fomento das discussões acadêmicas. (…)

A tomada de consciência sobre direitos dos cidadãos leva progressivamente à organização destes. O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas não pode ser reduzido a um excerto de sítio eletrônico. De cunho nacional, tal sujeito coletivo se origina do processo de mobilização em torno das bandeiras de reforma urbana e acesso ao Direito à Moradia, bem como da organização das camadas populares em prol da efetivação de tais ideais.

Este movimento popular, através do esforço de cidadania ativa coletiva, se configura como agente de transformação que fundamenta sua ação em questões do cotidiano da população, bandeira legítima que não é outra senão a busca pela concretização de um direito fundamental previsto na Carta Magna, texto legal supremo do ordenamento jurídico brasileiro.

Em decorrência de sua atuação, centenas de casas foram entregues no cenário potiguar, sendo o Conjunto Habitacional Leningrado a sua maior conquista a nível nacional, com cerca de 500 casas construídas. (…)

Não é admissível esta postura de preconceito e criminalização dos movimentos sociais proveniente do Ministério Público.” (…)

A cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte, tem um déficit habitacional de 25 mil casas. Essas  milhares de famílias  vivem em extrema pobreza, e enquanto elas continuarem oprimidas por um sistema econômica injusto e desigual continuarão lutando por seus direitos e por uma nova sociedade, queira o procurador do Ministério Público ou não.

Rafael Freire, diretor da Fenaj

Instituições privadas de ensino têm péssima avaliação

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Entre as 699 Instituições de Ensino Superior (IES) que obtiveram resultado insatisfatório no Índice Geral de Cursos (IGC) de 2009, 93% são privadas. Atualmente existem cerca de seis milhões de estudantes no ensino superior, sendo 4,5 milhões no ensino pago. Um dos motivos para essa situação é o golpe que as universidades privadas aplicam em seus próprios alunos: após receberem do MEC reconhecimento e autorização para funcionar, as universidades demitem os melhores professores e passam a contratar apenas especialistas para economizar com salários e obterem maiores lucros.

Fica claro que a faculdades privadas são o grande inimigo da educação, pois visam apenas o lucro. Aumento abusivo das mensalidades, constrangimento aos alunos para não fazer provas ou assistirem às aulas devido ao atraso do pagamento da mensalidade ou mesmo o envio de oficiais de justiça nas casas das pessoas.

Será que os estudantes estão recebendo um ensino digno que faça jus às altíssimas mensalidades que pagam? É hora de os estudantes se mobilizarem, pois é nos cursos privados onde está a maioria dos trabalhadores que estudam, obrigados a deixar nessas instituições boa porte dos seus salários. Trabalhadores esses que deveriam receber uma educação de qualidade para prepará-lo, de fato, para uma nova profissão.

Por isso, o movimento Rebele-se na UNE chega propondo uma mobilização para além da qualidade do ensino, a defesa dos 10% do PIB para educação, a assistência estudantil através de bolsas de pesquisa, moradia estudantil, restaurantes universitários a preços populares e acessíveis e a luta para extirpar de vez a mercantilização das praças de alimentação e fazer da universidade um campo de saber para a sociedade.

Mariana Magaldi e Ricardo Senese, militantes da União da Juventude Rebelião (UJR)

Estudantes fundam federação de escolas técnicas

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Com a participação de 500 estudantes de várias regiões do país, foi realizado entre os dias 21 a 24 de abril, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Encontro Nacional de Estudantes de Escolas Técnicas (Enet).

Organizado por grêmios livres das escolas técnicas, o encontro debateu temas como “O papel do ensino técnico na construção de um país soberano” e “Educação profissional: mito ou realidade?”, discutindo o modelo de ensino técnico que os estudantes desejam.

A programação cultural do Enet valorizou a cultura popular, contando com a roda do Cacique de Ramos, Bateria da Mangueira, o forrozeiro Sergival, DJs e um show de talentos. O esporte também esteve presente, com a copa “Osvaldão” de futsal, em homenagem ao guerrilheiro do Araguaia que foi aluno do Cefet-RJ e atleta (boxeador)  -e também um torneio de vôlei.

Durante o dia, os estudantes organizaram oito grupos de discussão e, á noite, os grêmios se reuniaram para debater a construção coletiva do Enet e a proposta  de  criação de uma entidade nacional dos estudantes de escolas técnicas.

Na plenária final, por unanimidade, foi  aprovada a carta do encontro e a fundação da Federação Nacional dos Estudantes das Escolas Técnicas (Fenet), que tem como seu patrono José Montenegro de Lima, estudante do Cefet do Ceará e membro da diretoria da União Nacional dos Estudantes Técnicos Industriais (Uneti).

 No dia 23 de abril, a diretoria da Fente, juntamente com os delgados do encontro, realizaram uma grande passeata pelo Centro do Rio de Janeiro e seguiram em direção à sede do Ministério da Educação e Cultura (MEC) para dizer não ao corte de verbas na educação e ao programa do governo de privatização do ensino técnico no país. Ao final da passeata, na escadaria da Câmara dos Vereadores, na Cinelândia, foi feita uma homenagem às crianças assassinadas na escola municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, soltando-se  balões com os nomes das 12 crianças mortas.

O último dia do Enet foi reservado para um passeio pelo Rio de Janeiro, o que possibilitou aos participantes do encontro ir à praia de Copacabana, visitar o bairro de Santa Teresa e andar no bondinho que passa pelos Arcos da Lapa.

Gregório Gould e Rafael Coletto, Rio de Janeiro  

Ames-BH defende meia-passagem para todos

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Finalmente, no dia 21 de fevereiro, o movimento estudantil mineiro virou uma página de 25 anos com a assinatura da lei do meio-passe. Nesse dia, os estudantes fizeram um ato público na Praça 7, no centro da capital, e caminharam para a prefeitura, onde foram recebidos para a cerimônia de sanção da lei. Estavam presentes o prefeito Márcio Lacerda, secretários municipais, deputados, vereadores, o presidente da Ames-BH, Gladson Reis, representantes de grêmios, DAs, DCEs, estudantes em geral e toda a imprensa.

A lei foi assinada, uma batalha foi vencida, mas a luta não acabou. A lei sancionada contempla a todos, porém a verba destinada não, tendo como critérios de concessão do benefício estudantes atendidos por projetos assistenciais do governo, no ensino médio e que residem a pelo menos um quilômetro da escola. Junto com a lei foi criado um fundo para financiar o benefício, para o qual foram destinados R$ 4,5 milhões, valor suficiente apenas para 10 mil estudantes.

Por isso, os estudantes voltaram às ruas no dia 23 de fevereiro com uma passeata organizada pela Ames e UJR, e que teve a presença de mais de dois mil estudantes. As reivindicações do protesto foram,  além da regulamentação da lei, que o financiamento viesse do lucro dos empresários do transporte para que todos os estudantes tivessem acesso ao meio-passe e a inclusão da representação estudantil no conselho fiscal e administrativo do benefício, além de que a carteira de identificação estudantil que assegura essa conquista seja emitida pela Ames-BH.

No mesmo dia, Gladson Reis e mais alguns estudantes foram recebidos pela prefeitura e por representantes dos empresários do transporte coletivo para discutir a regulamentação da lei. A prefeitura manteve-se em uma postura resistente às exigências estudantis, mas a Ames-BH posicionou-se com muita firmeza. Foram marcadas outras reuniões.

Este ano de 2011 já se iniciou com grandes vitórias para o movimento estudantil de Belo Horizonte, mas a luta não terminou. Os estudantes continuarão indo às ruas para conquistar todos os seus direitos. Mais manifestações já estão convocadas para o mês de março.

Estudantes às ruas pelo meio-passe regulamentado, para todos e sob o controle da sociedade em Belo Horizonte!

Sabrina Santana, diretora do Grêmio do Cefet-MG

É hora de ampliar as lutas estudantis

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Entre os dias 13 e 17 de julho ocorreu na cidade de Goiânia – GO, o 52º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Reunindo cerca de 6000 estudantes de todo o país, o congresso debateu temas da conjuntura, como a crise econômica por que passa o mundo, os levantes populares que derrubaram ditaduras na África, o corte de verbas no orçamento da educação e  o novo código florestal, dentre outros.

A abertura do congresso foi um ato em homenagem a Leonel Brizola e a cadeia da legalidade, movimento que impediu um golpe de Estado que não queria a posse de João Goulart na presidência da República, após a renúncia de Janio Quadros.

Na manhã do segundo dia, foi realizado o 2° Encontro Nacional de Prounistas, que teve a presença do ex-presidente Lula. Após a solenidade foi realizado nas ruas de Goiânia um ato público por 10% do PIB para a educação. Com muita combatividade e agitação a oposição a atual gestão da UNE conformou uma coluna denunciando o corte de verbas no orçamento da educação, que no começo do ano somaram mais de R$ 3 bilhões. “Não adianta virmos ao Congresso da UNE debater e não debatermos conjuntamente a venda de nossas riquezas naturais pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), os cortes de verbas no orçamento da educação, o pagamento de juros da dívida pública. É daí que vai sair o dinheiro que falta para investirmos 10% do PIB em educação” declarou Ricardo Senese, presidente do DCE da UFABC. À noite, diversos grupos de discussão sobre o movimento estudantil foram conduzidos pelos diretores da UNE e de entidades estudantis.

O terceiro dia do Congresso concentrou o debate em torno do financiamento da educação pública no Brasil. De um lado, estavam os que defendiam apenas a disputa no Congresso Nacional com  emendas no PNE (Plano Nacional de Educação) e, de outro, a oposição, que reivindicava que só haverá investimento de 10% do PIB na educação quando o governo parar de destinar todos os anos, mais de R$ 220 bilhões para o pagamento da dívida pública. “Os estudantes brasileiros não podem aceitar um PNE que destine apenas 7% do PIB para a educação daqui a 10 anos. É preciso organizar os estudantes em muitas mobilizações nesse segundo semestre, a diretoria majoritária da UNE não tem feito isso. Mas pelo que vi, a União da Juventude Rebelião (UJR) e a oposição de esquerda farão uma grande jornada de lutas em agosto e conquistarão 10% do PIB para a educação”,  declarou Marília Novaes, presidente do DCE da UFPE.

Ainda no terceiro dia foram debatidos temas como a democratização dos meios de comunicação, que contou com a presença de Fernando Alves, representando o jornal A Verdade, Soberania Nacional e Solidariedade Internacional, com Rafael Pires, Coordenador Nacional da UJR; Reforma Urbana no Brasil, com Wellington Bernardo, do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, o MLB. Os debates sobre a Reforma Florestal e a Conjuntura Nacional tiveram uma grande participação dos estudantes, e em todos esses espaços a polarização entre a política de conciliação da diretoria majoritária e as bandeiras de luta e mobilização apresentadas pela UJR e pelo conjunto da oposição tiveram destaque no congresso.

Um momento marcante do Congresso foi a realização do Ato pela criação da Comissão da Verdade. Mesmo com a discriminação frente a alguns lutadores que combateram a ditadura e foram vítimas da perseguição e tortura, ou de familiares dos assassinados pelo regime, o ato simbolizou a entrada da UNE na campanha pela instalação da Comissão da Verdade.

Os últimos dias, reservados a plenária final do Congresso, começaram com um ato dos estudantes brasileiros contra as alterações no Código Florestal propostas pelo deputado Aldo Rebelodo PCdoB  e pela representante dos latifundiários Kátia Abreu (DEM). Apesar da tentativa de sufocar esse debate no congresso, mais de mil estudantes protestaram contra o Novo Código Florestal que beneficia o latifúndio e institucionaliza o desmatamento das florestas brasileiras.  O MST se fez presente no ato e reiterou sua luta contra o novo Código Florestal e a necessidade da Reforma Agrária no país.

O encerramento do Congresso se deu com a votação da política que a UNE deve implementar  nos próximos dois anos e a eleição da nova diretoria da entidade. Três chapas disputaram a diretoria, saindo vencedora a chapa “O movimento estudantil unificado pras mudanças do Brasil” composta pela UJS (juventude do PCdoB), PMDB, PTB, PPL e as correntes do PT (DS, CNB e Mudança), PDT e PSB.

A chapa “Oposição de Esquerda” obteve o segundo lugar, tendo um crescimento de praticamente 50% frente o último congresso e elegeu três diretores na executiva, sendo formada pela União da Juventude Rebelião, PSOL (Juntos, Levante, Contraponto, Rompendo Amarras e Vamos à Luta) e ainda o MRS (Movimento Rumo ao Socialismo), tendo como principais bandeiras a defesa da luta dos estudantes, o apoio a luta dos trabalhadores contra a crise econômica do capitalismo e a construção do socialismo como alternativa para o Brasil e o mundo.

A terceira chapa que disputou o Congresso, “MUDE”, formada pelas correntes do PT (AE, Trabalho e Militância Socialista) manteve durante todo o Congresso uma postura crítica a atual diretoria majoritária e apoiou a oposição nos debates e na realização do Ato contra o Código Florestal, elegeu um representante na executiva da entidade.

Esse crescimento da oposição dentro da UNE é reflexo do avanço da luta dos estudantes nas principais instituições de ensino superior do país. DCE´s importantes e históricos estão assumindo uma postura de defesa intransigente dos direitos dos estudantes, e avançado sua unidade para as lutas nacionais do movimento. A chapa “Oposição de Esquerda” reuniu mais de 20 DCE´s de universidades públicas, entre os quais, UFMG, USP, Unicamp, UFPE, UFPA, UFRGS, UFF, UFRJ, UFABC, UFAL e tantos outros. “No momento em que vivemos, em que as mobilizações da juventude no mundo inteiro se intensificam, em que o governo investe mais no pagamento da divida pública do que na educação e que o desemprego assola cada vez mais os jovens, é preciso crescer cada vez mais a intervenção da oposição na UNE. Precisamos ampliar essas lutas e o movimento estudantil precisa dar sua contribuição para a construção de um Brasil livre da exploração capitalista” afirmou Isabela Rodrigues, coordenadora-geral do DCE-UFMG.

Com certeza, a oposição saiu fortalecida do congresso da UNE. Agora, temos que trabalhar para o movimento estudantil ir à luta, não só contra os cortes de verbas no orçamento da educação, por 10% do PIB, mas também fortalecer as mobilizações por uma sociedade onde as pessoas vivam dignamente e a educação, a saúde, a cultura e a democracia verdadeira sejam prioridade, isto é,  por uma sociedade socialista.

Yuri Pires Rodrigues, membro da Coordenação Nacional da UJR

Congresso da UNE finda com maior oposição

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Aconteceu entre os dias 13 e 17 de julho de 2011, a 52ª edição do Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes). Esse congresso acontece bienalmente e reúne mais de 6 mil jovens universitários do Brasil inteiro para debater política, educação, conjuntura, entre tantos outros temas.

Infelizmente, as últimas gestões da entidade máxima dos estudantes brasileiros, jogam a sua história na lata do lixo, quando serve de porta-voz do governo dentro das universidades, como hoje é comum. O único debate sobre a reforma no código florestal, do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) foi impedido de acontecer pela UJS, juventude do PCdoB, porque tem medo de debater o tema com os estudantes. Também neste congresso, a direção majoritária da UNE (UJS, PPL, PMDB, DS) balançou de maneira vazia a bandeira dos 10% do PIB para a educação. Vazia por que não disseram como fazer isso se o governo federal corta todos os anos o orçamento da educação, e somente este ano cortou R$ 3 bi. Vazia porque não coloca claramente como é que vamos ter 10% do PIB para a educação enquanto o governo destina todos os anos mais de 30% de seu orçamento para pagar juros da dívida pública. Vazia porque não coloca como ter 10% do PIB para a educação enquanto o governo, através do Sr. Haroldo Lima (PCdoB), presidente da ANP (Agência Nacional do Petróleo) continuar privatizando nossas reservas naturais.

Porém, um importante e destacado papel cumpriu a União da Juventude Rebelião e a tese REBELE-SE nesse congresso. Demonstrando claramente que a UNE precisa mudar de rumo se quiser de fato servir aos interesses dos estudantes brasileiros. Precisa se referenciar na juventude grega e espanhola que vai às ruas pelos seus direitos. Nossa juventude e nossa tese deixou bem claro, que a UNE precisa no próximo período, seguir o exemplo da juventude egípcia e tunisiana, que derrubaram ditaduras em busca de um mundo mais justo e que valorize a vida humana e não o lucro.

Ao final do congresso, na eleição da nova diretoria da UNE, a oposição cresceu sua presença na executiva da entidade. A chapa “Oposição de Esquerda” (REBELE-SE, Levante, Juntos, Contraponto, Vamos a Luta, Rompendo Amarras e UNE pela Base) obteve 581 votos, elegendo 3 diretores na executiva da entidade. Além disso, outra chapa de oposição “Reconquistar a UNE” (Articulação de Esquerda-PT, Trabalho-PT e outras tendências do PT) elegeu também 1 na executiva da entidade.

Parabéns a todos os militantes da União da Juventude Rebelião (UJR), a todos os que contribuíram com a tese REBELE-SE para que construíssemos essa grande bancada e essa grande vitória para todos os estudantes que querem ver a UNE de volta as lutas do povo brasileiro.

União da Juventude Rebelião

Congresso da UNE

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O 52º Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Goiânia-GO, finaliza suas atividades neste domingo (17). Cerca de cinco mil estudantes, entre delegados e observadores, participam dos debates com pautas diversificadas, focando nas políticas governamentais para o ensino superior. As universidades da PUC-GO e da UFG concentraram a maior parte das atividades, que agora partem para os últimos debates e aprovação do plenário no Goiânia Arena.

Abertura para ninguém

Esvaziado, o Congresso da UNE teve sua abertura manchada por poucas delegações estaduais terem chegado ao local do evento na quarta-feira. Muitas universidades públicas ainda estão em fim de semestre letivo, o que atrapalhou a participação dos estudantes. Uma abertura de poucos aplausos, baixa combatividade e participação de todas as teses que compõem a UNE infelizmente resume bem a abertura.

Quinta-feira de atrasos

O primeiro dia, realmente, para o congresso foi a quinta-feira. Neste dia, o Congresso começou a tomar forma e começaram suas principais atividades. Na manhã, contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Educação Fernando Haddad, num “encontro” organizado pela UNE em defesa do Prouni – programa do governo que investe em faculdades privadas recursos que deveriam ir para aumentar vagas nas universidades públicas.

Também neste dia os estudantes saíram em passeata desde o Centro de Convenções até a UFG em um ato público. Notória foi a divisão das forças que compõem a entidade, entre governistas (UJS/tendências do PT/JMDB…) e a oposição de esquerda (Rebele-se/Juntos/Contraponto/Rompendo Amarras/Vamos a Luta…). O primeiro sempre defendendo o governo e suas propostas de educação, com ressalvas muito vazias. Já o segundo, mostrando muita disposição por propostas que realmente possam mudar a educação brasileira e questionando posições retrógradas do governo, como a proposta de Reforma Florestal do senador Aldo Rebelo (PCdoB) e o próprio Prouni.

À noite, os grupos de discussão trouxeram pautas importantes para os estudantes, como preconceito, Centro de Cultura da UNE, direitos humanos, financiamento do movimento estudantil, assistência estudantil e o próprio movimento estudantil em debate. Nos grupos, muita denúncia da precariedade das universidades públicas e o abusivo aumento das mensalidades, que a força majoritária da UNE é conivente, chegando à vergonha de, no dia seguinte, chamar na mesa de ensino privado um representante dos donos de faculdades particulares para defender o ensino privado e o Prouni.

Sexta dos acuados e sábado de voz

Com as bancadas já formadas, a manhã de sexta-feira foi de intensa disputa entre a oposição de esquerda e a força majoritária da UNE em todos os GDs. Iniciados depois de muito atraso, várias denúncias da oposição irritaram os governistas que, por várias vezes, tentaram mover o rumo dos debates desvalorizando as críticas. Acuados, já tinham uma resposta pronta: “…este governo é o que podemos ter de mais avançado e temos que respeitar seus limites…” e “…isso é o melhor para o Brasil…”.

O principal debate esperado pelos estudantes era sobre o novo Código Florestal. Buscando impedir o debate – que consequentemente deixaria visível as relações de Aldo Rebelo (PCdoB) com os ruralistas e o DEM -, colocaram o debate em uma sala longe de todo o resto dos GDs com espaço para somente 50 estudantes. Com sala superlotada e o corredor cheio de pessoas ainda tentando entrar flertou-se começar o debate. Os estudantes logo denunciaram a manobra da UJS para impedir a participação de todos e exigiram que fosse mudado para um auditório ou um espaço maior. Em meio à discussão gerada o representante do governo na mesa esbravejou que o código não interessava aos estudantes e que ‘apostava’ que ninguém tinha lido a proposta de novo Código Florestal e então se retirou da sala. Menosprezando a capacidade do estudante e incapaz de continuar em meio a uma discussão tão ampla e importante, a diretoria da UNE, envergonhada pelas palavras de ordem contra o novo código, fez encerrar o GD antes mesmo de começar.

O sábado resumiu-se a plenária de propostas com importante espaço de denúncias nas defesas de propostas, o que chegou a sensibilizar forças de oposição independentes a retirar suas propostas em apoio a oposição de esquerda.

Rebele-se na UNE indica presidente

A chapa Rebele-se na UNE, formada por membros e simpatizantes da UJR e uma das principais forças da oposição, cresceu muito desde sua formação em meados de 2003. O nome escolhido foi o de Yuri Pires, estudante de História da UFRPE. Pires foi presidente do DCE-UFRPE e membro da Federação do Movimento Estudantil de História. Na sua gestão do DCE, em 2009, organizou a luta pela reabertura do Restaurante Universitário, fechado há anos, e quando este foi reaberto, a ocupação que garantiu o aumento no número de refeições e a queda em 50% do preço do RU – hoje a R$ 3 -, já noticiado por A Verdade. De acordo com Yuri: “A UNE tem que se colocar na frente da luta de enfrentamento a mais uma crise do capitalismo. Tem que se colocar contra as injustiças sociais como fome, miséria, desemprego… se colocar contra o corte de verbas para a educação. É preciso se posicionar por uma sociedade mais justa, uma universidade popular e pelo socialismo”.

Eduardo Augusto
Correspondente no 52º CONUNE 
Fotos: Camila Sol

Juventude ergue barricadas em Londres

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Revoltados com o assassinato covarde de Mark Duggan, morador de um bairro de 29 anos, no sábado dia 6 pela polícia, e com os cortes nos gastos sociais, principalmente na educação e na saúde, e o alto desemprego, jovens ingleses estão nas ruas desde domingo  promovendo várias manifestações e enfrentamentos com a polícia. Os jovens ergueram barricadas para se proteger dos tiros da polícia. Na terça feira, dia 9 de agosto, outro cidadão, de 26 anos, foi morto em Croydon,, subúrbio londrino, por um tiro. O governo em vez de atender a reivindicação de Justiça dos manifestantes, decidiu aumentar a repressão.

As férias da Scotland Yard foram todas suspensas. “Vamos ter ajuda de policiais de outras regiões do país e faremos tudo que for necessário para impedir a desordem. Até agora 700 pessoas foram presas e vamos fazer de tudo para acelerar os processos, porque devemos esperar mais detenções. Vocês (manifestantes) vão sentir a força total da lei. Se vocês têm idade o suficiente para cometer esses crimes, vocês têm idade o suficiente para serem punidos”, declarou em tom raivoso o primeiro-ministro.

Segundo o “Guardian”, cerca de 200 jovens entraram em confronto com policiais no Centro de Birmingham, vitrines de lojas foram quebradas. Mais tarde, uma delegacia foi incendiada, e 87 pessoas presas. Uma “zona de exclusão” foi instalada ao redor do shopping center “Bullring”, que fica perto da área onde os conflitos iniciaram. A polícia local disse que mais agentes foram convocados para trabalhar depois que trocas de mensagens na Internet alertavam para uma mobilização na cidade.

Devido aos protestos, o amistoso entre Inglaterra e Holanda marcado para quarta-feira, dia 10, em Wembley, foi cancelado, apesar de 70 mil ingressos vendidos. Os confrontos se concentra mais nas periferias, mas atinge também as áreas mais nobres de Londres. Na segunda-feira, vário grupos de jovens atacaram na segunda-feira os bairros de Hackney, Peckham, Lewisham, Croydon, Clapham, Kilburn, Camden, Notting Hill, Colliers Wood, Ealing e Dalston, entre outros. Todos esses bairros são pobres e possuem grande população de trabalhadores imigrantes desempregados. Moradores afirmam que há muita raiva contra a forma que a policia trata os pobres que são revistados sem nenhuma razão.

Panfletos dos organizadores dos protestos são distribuídos ensinando como não ser capturado pela polícia. Um dos panfletos orienta: “Joguem fora todas as roupas usadas nos protestos, inclusive mochilas e acessórios, mudem a cor do cabelo ou passem a usar óculos e barba”. Também, ensina a não fazer nenhum comentário sobre a ação na internet e a se defender das agressões da polícia.

Da Redação

Quinze anos debatendo a revolução na América Latina

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Realizou-se com grande êxito em Quito o 15º Seminário Internacional “Problemas da Revolução na América Latina”. O encontro anual, que se realiza desde 1996, reuniu 26 organizações populares, partidos e frentes políticas da esquerda do continente latino-americano, da Europa e da Ásia, que participaram de importantes debates sobre as perspectivas da revolução na América Latina, contribuindo para o intercâmbio entre as várias organizações e para a avaliação da atual etapa da luta dos trabalhadores e dos povos em nossa região. O Partido Comunista Revolucionário do Brasil esteve representado no seminário pelos companheiros Luiz Falcão e Vivian Mendes.

Nos debates realizados durante cinco dias na capital equatoriana foi ressaltado o importante papel desempenhado pela teoria revolucionária, seu conhecimento e a necessidade de sua difusão para criar a consciência necessária à transformação social. Também se destacou o papel da vanguarda revolucionária para elevar a consciência das massas populares e garantir os objetivos estratégicos da revolução. Entre outros elementos, esses debates e discussões são os que fazem do Seminário de Quito uma importante tribuna do pensamento e da ação das esquerdas na América Latina.

Um dos eventos que atraíram maior público foi o painel “A esquerda e os povos do Equador frente ao governo de Correa”, com a participação de representantes da esquerda equatoriana, como Luis Villacís, Gustavo Vallejo, Marcelo Larrea e Alberto Acosta, que fizeram uma análise do processo de direitização do governo do presidente equatoriano Rafael Correa e da criminalização do movimento social no país.

A arte e a cultura popular também estiveram presentes com uma bela apresentação dos grupos  “Mashca Danza”, da Universidade Técnica de Cotopaxi, e o de dança contemporânea da União Nacional de Artistas Populares do Equador.

Antes do encerramento, os participantes aprovaram uma declaração final (que reproduzimos a seguir) e cantaram o hino dos trabalhadores do mundo, a Internacional.

Da Redação

“Para a vitória da revolução é indispensável utilizar todas as formas de luta”

O mundo continua a estremecer-se como resultado da crise econômica do sistema capitalista que eclodiu há pouco mais de três anos no seio do imperialismo americano e cujas manifestações e efeitos se estenderam rapidamente primeiro às economias mais desenvolvidas e, em seguida, a todo o planeta. As pequenas e curtas manifestações de parcial recuperação, exaltadas pelos grupos financeiros e os economistas defensores do sistema como indícios de que a crise chegava a seu fim, não têm feito mais que confirmar o caráter cíclico dessas crises, no marco da crise geral do capitalismo.

As medidas ensaiadas pelos governos e os organismos internacionais para driblar os problemas derivaram em seu aguçamento. Por efeito da lógica do funcionamento do capitalismo, as classes trabalhadoras, a juventude e os povos em geral transformaram-se em principais vítimas da crise, mas não a enfrentam com resignação: resistem, lutam e, em importantes setores, apresentam propostas assinadas com a exigência de que a crise seja paga pelos capitalistas – os únicos responsáveis por ela -, e não pelos trabalhadores.

Destaca-se na atualidade o fato de que, em vários pontos do mundo, a luta pelo salário, pelo emprego, pela educação e pela saúde vão se incorporando às bandeiras da democracia, da liberdade e de outros direitos políticos. Vivemos um período de ascensão da luta das massas e essa corrente derrubou regimes autoritários e ditatoriais – como os do Ben Ali (Tunísia) e Hozni Mubarak (Egito) – e mantém vários outros em xeque. O questionamento da institucionalidade burguesa está presente nessas lutas, nas exigências dos “indignados” da Espanha, nas greves dos trabalhadores na Grécia ou na Inglaterra, nas mobilizações da juventude na América, entre outros casos. É evidente que as expressões políticas da crise estão tomando vulto.

Na América Latina, a tendência democrática, progressista e de esquerda se afirma e se qualifica em seus setores mais avançados. Tempos atrás constatamos que ocorreu na região uma mudança na correlação de forças políticas e sociais: a burguesia neoliberal e seus partidos sofreram derrotas político-eleitorais em vários países e perderam espaços nos aparelhos administrativos do Estado; emergiram alguns governos progressistas como resultado da busca de mudança por parte de nossos povos e dos combates contra governos entregues abertamente ao capital estrangeiro e aos interesses das classes dominantes locais.

Sem dúvida alguma esse novo cenário latino-americano significou um passo positivo para os povos, para as forças democráticas, progressistas e de esquerda, pois alimentou o desejo de mudança existente entre as massas e afirmou sua confiança na possibilidade de superar um sistema que só trouxe fome e desesperança para os trabalhadores e os povos. Como questão fundamental, o novo momento pôs na mesa de discussão a perspectiva do socialismo como alternativa ao decadente sistema capitalista.

Entretanto, com o passar os anos, pudemos constatar os limites políticos que afetam esses governos. Uns, mais rapidamente que outros, iniciaram giros à direita, traindo as expectativas do início de tempos novos para quem sempre tem vivido na opressão. Tratados de livre comércio com países ou blocos imperialistas, leis de corte antipopular, processos de criminalização do protesto social, entrega das riquezas naturais ao capital estrangeiro e medidas econômicas neoliberais foram assinados por quase todos esses governos que ofereceram a mudança.

De regimes que respiravam a perspectiva de executar profundas mudanças econômicas, políticas e sociais, e, por isso, abriam espaços para que as organizações de esquerda avançassem no processo de acumulação de forças revolucionárias, a maioria se transtornou em diques para o avanço da luta das massas, para a perspectiva da revolução e do socialismo.

A direitização operada na maioria desses governos, a despeito do que era esperado pelas classes dominantes e pelo imperialismo, não provocou o desalento ou a frustração entre os povos. O desejo de mudança continua presente, manifesta-se nos protestos contra o desemprego, por educação, pela terra, pela água, contra os impostos, por democracia – para que seja escutada sua voz na hora de tomar decisões nas esferas de governo.

A perspectiva do triunfo da revolução e do socialismo se mantém e não depende do que façam o oportunismo, o reformismo ou qualquer facção burguesa pseudoesquerdista; está nas mãos dos trabalhadores e dos povos, das forças autenticamente revolucionárias. Para a vitória da revolução é indispensável utilizar e combinar todas as formas de luta, de acordo com as particularidades presentes em cada país.

Agora, no propósito de pôr fim à contradição que marca a natureza da época em que vivemos, a contradição trabalho-capital, não podemos evitar o combate à política que a social-democracia no poder executa em nome não da mudança social, mas em benefício das classes dominantes e do capital financeiro imperialista.

Para o avanço da luta revolucionária é indispensável separar da nefasta influência ideológica burguesa, em suas diferentes expressões, o movimento operário, a juventude, as mulheres, o movimento popular em geral; nesse propósito, devemos combinar o impulso da luta de massas por suas reivindicações materiais e direitos políticos com o debate ideológico que permita desmascarar o caráter funcional do capitalismo que essas propostas encarnam. O desmascaramento do oportunismo e da social-democracia forma parte da luta ideológica que os revolucionários levantam contra o capitalismo e seus defensores em geral.

As organizações de esquerda revolucionárias constituem o setor mais avançado da tendência democrática, progressista e de esquerda; sua responsabilidade é trabalhar para que o conjunto da tendência e dos povos em geral vejam e compreendam os limites políticos que têm os governos progressistas, a natureza dos de caráter neoliberal e, sobretudo, para que assumam as bandeiras e o programa de uma autêntica revolução que conduza ao socialismo.

Nesse aspecto é fundamental a política de unidade com os setores e forças interessadas na defesa das aspirações e direitos dos trabalhadores e dos povos e por defender os interesses soberanos do país.

Mas a unidade deve ultrapassar as fronteiras nacionais, pois, sendo a revolução um processo que deve concretizar-se em cada um dos países, em sua essência é um movimento de caráter internacional. O trabalho por uma grande frente anti-imperialista dos povos, que se expresse em lutas e ações específicas, é nosso compromisso. A solidariedade ativa com todos aqueles povos que lutam pela libertação social nacional e pela independência é parte de nossa luta. Hoje mesmo expressamos nosso apoio à luta do povo palestino contra o criminoso sionismo israelense, ao povo de Porto Rico em sua luta pela independência, rechaçamos o bloqueio imperialista estabelecido há cinco décadas contra Cuba e a presença de tropas de ocupação no Haiti; condenamos todo ato de agressão e intervenção político-militar impulsionado pelas potências imperialistas contra os povos.

Com esforço coletivo chegamos a este 15º Seminário Internacional que, ano a ano, faz um acompanhamento dos problemas fundamentais que as circunstâncias impõem às organizações revolucionárias. Resgatamos a validade desses tipos de evento que permitem resumir e compartilhar experiências e, por isso, nos comprometemos a dar continuidade a este trabalho e a difundir os acordos e resoluções assumidos nesta ocasião. Convocamo-nos para um evento similar dentro de um ano.

Quito, 15 de julho de 2011

Partido Comunista Revolucionário (Brasil)

Partido Comunista Revolucionário da Argentina

Partido Revolucionário Marxista-Leninista (Argentina)

Movimento de Mulheres Olga Benário (Brasil)

Minga Sul Palmira – Polo Democrático Alternativo (Colômbia)

Partido Comunista da Colômbia (marxista-leninista)

Partido Comunista da Espanha (marxista leninista)

Frente Democrática Nacional (Filipinas)

Partido Comunista do México (marxista-leninista)

Frente Popular Revolucionária (México)

Coordenadora Caribenha e Latino-americana (Porto Rico)

Partido Comunista do Trabalho da República Dominicana

Juventude Caribe (República Dominicana)

Frente Universitária Revolucionária Socialista (Venezuela)

Movimento de Mulheres Ana Soto (Venezuela)

Movimento de Educação para a Emancipação (Venezuela)

Movimento Gayones (Venezuela)

Partido Comunista Marxista Leninista da Venezuela

Partido Comunista (bolchevique) Rússia

Juventude Revolucionária do Equador

Confederação Equatoriana de Mulheres pela Mudança

Movimento Popular Democrático (Equador)

Partido Comunista Marxista-Leninista do Equador (PCMLE)

O álcool e a imprensa contra a Revolução Russa

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Nos seus esforços para embrutecer as massas, a burguesia encontrou um aliado excelente no álcool. A cidade estava minada de adegas privadas, mais perigosas do que fábricas de pólvora. Este álcool nas veias da população significava o caos para a vida da cidade. Com este propósito, as adegas foram abertas e a multidão convidada a entrar e servir-se à sua vontade. Os bêbados, de garrafa na mão, saiam dos porões para cair de bruços na neve ou para andar pelas ruas disparando e saqueando.

Os bolcheviques replicaram a estes pogroms partindo as garrafas a tiro de metralhadora, uma vez que não havia tempo para as partir todas à mão. Destruíram três milhões de rublos de vinho nos porões do Palácio de Inverno, e alguns já lá estavam a um século. Os vinhos saíram não para as gargantas do czar e dos seus servidores, mas para uma mangueira ligada a uma bomba de incêndio que os despejava nos canais. Uma perda terrível. Os bolcheviques lamentaram-na muito porque precisavam do dinheiro. Mas precisavam ainda de ordem.

Para resolver esta crise foi afixado um cartaz dirigido aos cidadãos da Rússia: “Cidadãos! – disseram – Não à perturbação da ordem revolucionária! Nem roubos, nem assaltos! Seguindo o exemplo da Comuna de Paris, aniquilaremos todos os ladrões e todos os instigadores da desordem”.

Como a tentativa de envenenar a mente do povo com vinho não foi bem sucedida, tentou-se a imprensa. Estas fábricas de mentiras publicavam uma torrente de jornais e cartazes predizendo a queda iminente dos bolcheviques, dizendo que Lênin fugira para a Finlândia com três milhões em ouro e platina roubados do Banco do Estado, que os vermelhos massacravam mulheres e crianças e que havia oficiais alemães no Smolni (sede do Partido Bolchevique), chefiando as operações.

Os bolcheviques responderam com a suspensão de todos os órgãos “que incitassem à revolta e ao crime”.

“As classes poderosas – declaravam – que possuem a parte de leão da imprensa, procuram confundir o raciocínio e a consciência do povo com uma torrente de mentiras e calúnias. […] Se a primeira Revolução, que derrubou a monarquia, teve o direito de suprimir a imprensa monárquica, então, esta revolução, que derrubou a burguesia, tem o direito de suprimir a imprensa burguesa”.

Contudo, a imprensa da oposição não foi completamente suprimida. Jornais proibidos num dia, apareciam no dia seguinte, sob um novo nome. A Palavra tornou-se A Palavra LivreO Dia apareceu como A Noite, e depois A Noite Escura, Meia Noite, Duas Horas da Manhã, etc. A revista Sátira continuava, alegre e impiedosamente, a ridicularizar os bolcheviques com desenhos e versos. O Comitê Americano de Informação Pública (nota – O Comitê Americano de Informação Pública foi criado pelo presidente Wilson em abril de 1917, pouco depois de os EUA entrarem na guerra mundial. As suas funções incluíam: propaganda de guerra, censura e espionagem. No outono de 1917 foi crida uma delegação russa do Comitê. Na Rússia ele dedicou-se a atividades anti-soviéticas e publicava os Boletins Americanos) continuava a sua propaganda livremente, publicando os discursos de Samuel Gompers (nota – Gompers: Dirigente sindical americano reacionário que apoiou a intervenção contra a Rússia Soviética) sob o título “Socialistas apóiam a guerra”.

Contudo, as medidas dos bolcheviques foram suficientemente eficientes para se impedir a divulgação maciça de mentiras.

O czar tinha feito da Igreja Ortodoxa a sua polícia espiritual e da religião o “ópio do povo”. Com a ameaça das penas do inferno e as promessas de uma vida melhor no paraíso, as massas tinham sido mantidas na submissão à autocracia. Agora a Igreja era outra vez chamada a desempenhar as mesmas funções pela burguesia. Os bolcheviques foram solenemente excomungados de todos os seus ritos e serviços religiosos.

Os bolcheviques não fizeram um ataque direto à religião, mas separaram a Igreja do Estado. Cortaram a torrente de fundos governamentais para os cofres eclesiásticos. Proclamaram o casamento uma instituição civil. Confiscaram as terras dos mosteiros. Transformaram alguns mosteiros em hospitais.

O patriarca protestou contra esses sacrilégios, mas com poucos resultados. A devoção das massas à Santa Igreja mostrou ser quase tão mítica como a sua devoção ao czar. Olhavam para o Decreto da Igreja, que os ameaçava com o inferno se se juntassem aos bolcheviques. Depois olhavam para o Decreto bolchevique que lhes dava terras e fábricas.

“Se temos de escolher – diziam alguns -, escolhemos os bolcheviques”. Outros escolheram a Igreja. Muitos disseram-me, simplesmente: Nitchevo (não tem importância nenhuma) e participavam na procissão religiosa num dia e nas manifestações bolcheviques no dia seguinte.

(Do livro Lenine e a Revolução de Outubro, Coleção Caminhos da Revolução. N° 4. Edições Avante.1977. Lisboa – Portugal.)

Morre Ludo Martens

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Após uma longa batalha contra o câncer, morreu no dia 5 de junho o comunista belga Ludo Martens. No fim dos anos 60, Martens fundou a revista Amado (“Todo o poder para os operários”), de clara orientação antirrevisionista e de crítica ao Partido Comunista da Bélgica, reformista. Dez anos depois, em 1979, o núcleo militante em torno da revista comemorou o congresso de fundação do Partido do Trabalho da Bélgica, do qual Martens seria presidente por muitos anos. Em 1999, deixou o cargo de presidente para se transferir ao Congo e prosseguir o seu trabalho de solidariedade na antiga colônia belga, um dos seus principais campos de batalha.

Autor de importantes obras como o relato antirracista Tien gekleurde meisjes (Dez meninas de cor) e Pierre Muleleou a second vie de Patrice Lumumba, em que narra a vida do revolucionário congolês Pierre Mulele (Patrice Lumumba); e O Partido da Revolução, onde descreve os seus 30 anos de experiência como militante comunista,  e La contre-révolution de velours (A contra-revolução de veludo), descreve os diferentes movimentos contrarrevolucionários que se deram nos países do Leste e as causas que levaram ao retorno do capitalismo nesses países.

Mas, sem dúvida, o livro de Ludo Martens mais conhecido em todo o mundo foi o seu Stálin – Um novo olhar,editado no Brasil pela Editora Revan.  Um trabalho corajoso que foi precursor do estudo de Stálin e de sua época a partir de um enfoque oposto ao paradigma imposto por revisionistas burgueses e trotskistas.

Além das diferenças políticas que cada um possa ter, Ludo Martens foi um lutador antirracista e um comunista que combateu o revisionismo europeu e os falsos partidos socialistas do Velho Continente.