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quarta-feira, 17 de setembro de 2025
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Por que legalizar o aborto

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 31% dos casos de gravidez no Brasil terminam em abortamento, ou seja, de cada dez mulheres grávidas três abortam de forma espontânea ou induzida. Segundo o Ministério da Saúde, todos os anos ocorre cerca de 1,4 milhão de abortos espontâneos ou inseguros.

O Código Penal prevê apenas duas exceções para a prática do aborto: risco de morte da gestante e gravidez resultante de estupro. O aborto, porém, envolve questões que se estendem para além de leis e concepções religiosas.

Hoje, em nosso país,  o aborto é seguro apenas para as mulheres ricas que podem pagar por ele, embora ele seja ilegal. Quem tem condições de dispor de mais de R$ 3 mil consegue realizar um aborto com certa segurança.

Para as mulheres pobres, ao contrário, a situação é bastante diferente. Elas recorrem a clínicas clandestinas que não dispõem de condições adequadas de estrutura nem de  pessoas capacitadas a realizar o procedimento. Nessas clínicas, utilizam-se medicamentos abortivos vendidos ilegalmente ou métodos mais arcaicos que ocasionam, recorrentemente, perfurações de útero e infecções.

Tais métodos, em geral, fazem que essas mulheres sejam levadas aos hospitais públicos para tratar as sequelas, situação que se agrava no aspecto legal, pois isso deixa de ser uma ação pessoal, privada, delas, e elas passam a ser passíveis de ser denunciadas e presas.

Não se trata de coincidência que estudos e pesquisas realizados demonstrem que,em alguns Estadosdas regiões Norte e Nordeste, o aborto clandestino é a principal causa de morte materna, enquanto, nas regiões Sul e Sudeste, ele ocupa o terceiro ou o quarto lugar nessa classificação. Nos Estados mais pobres, a possibilidade de acesso  das mulheres a um aborto pago são bem menores.

As motivações para um aborto

Segundo a Pesquisa Nacional do Aborto divulgada em 2010, 15% das mulheres entrevistadas realizaram aborto uma vez na vida e, em 60% desses casos, são mulheres entre 18 e 29 anos.

Uma publicação do Ministério da Saúde intitulada “20 anos de pesquisas sobre aborto no Brasil”, de 2009, sintetiza dados de diversas pesquisas divulgadas sobre o assunto e traz importantes informações. Segundo esta publicação, a maior parte das adolescentes, cerca de 78%, que abortam, têm entre 17 e 19 anos e mais de dois terços dessas mulheres dependem economicamente dos pais ou do companheiro, têm uma relação estável e usam algum tipo de contraceptivo regularmente, ou seja, estão decididas a não terem um filho. A publicação revela também o impacto do nascimento de um filho na vida de mulheres adolescentes: 70% delas abandonaram os estudos até o primeiro ano de vida do filho e todas expressaram julgamento negativo sobre a gravidez ao final deste primeiro ano. Entre as mulheres adultas, este quadro se repete: a maioria mantém relação conjugal estável e é usuária de métodos contraceptivos, além de ter ao menos um filho.

Isso demonstra que a interrupção de uma gravidez indesejada, em geral, não vem de uma aventura sexual irresponsável, como se costuma alardear, mas tem muitas outras motivações, tais como: violência sexual ou mesmo casos de coerção não explícita, falta de apoio emocional e (ou) financeiro do parceiro; dificuldades de acesso a contraceptivos ou desconhecimento adequado para usá-los; falha do medicamento, já que nenhum método é 100% seguro; dificuldades econômicas ou sobrecarga de responsabilidades e tarefas familiares; medo de perder o emprego ou não se sentir apta para ser mãe devido à idade; ou a experiências pessoais.

Por isso, não é fácil, física nem psicologicamente interromper uma gravidez. A mulher que apela para essa ação o faz por entender que não há melhor saída, e as pobres, quando fazem, correm sérios riscos.

Os que defendem a criminalização do aborto falam de uma vida em potencial, que não tem culpa de ter sido gerada. Entretanto, nada dizem da vida da mulher a quem é imposta a maternidade indesejada. Defender uma vida em potencial sob quaisquer circunstâncias, sem a garantia mínima de condições estruturais e psicológicas da família que a deveria acolher é hipocrisia, pois a vida é muito mais que o fato de se estar presente neste mundo; envolve condições de dignidade humana não só para quem é gestado, mas também para quem gesta.

Por isso, a humanidade, independente do que digam as leis, pratica o aborto no mundo todo ainda que, em alguns países, seja ilegal, porém faz isso na clandestinidade e sem as condições adequadas.

Mas lutar pela legalização do aborto não significa, de forma alguma, desejar que ele se transforme em método contraceptivo, mas sim que a maternidade não pode ser uma imposição natural às mulheres. Por isso, defendemos o acesso a contraceptivos e informação adequada para seu uso, autonomia das mulheres para que tenham poder de dizer não ou impor condições aos parceiros em uma relação sexual – exigindo o uso de camisinha, por exemplo – e que, se necessário for, tenham direito de interromper uma gravidez indesejada como último recurso.

Todos nós que lutamos por um mundo melhor defendemos a vida e o direito de toda mulher de poder ser mãe quando quiser, e que tenha direito a um atendimento de saúde adequado para gerar e parir e de condições de criar seus filhos com igualdade de direitos e oportunidades para todos os seres humanos.

Movimento de Mulheres Olga Benário

Conferência das Américas é lançada na Paraíba

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Movimento Olga Benário presente

Nos dias 10 e 11 de fevereiro, realizou-se na cidade de João Pessoa, Paraíba, o lançamento da Conferência de Mulheres das Américas, que aconteceu durante o 1° Encontro Estadual do Movimento de Mulheres Olga Benário na Paraíba. O evento serviu também como preparação para escolha da delegação paraibana que participará da Conferência em São Paulo, no mês de junho.

Pela proximidade com a data de aniversário da revolucionária Olga Benário (12 de fevereiro de 1908), no início do evento, houve uma merecida homenagem a essa grande lutadora e militante comunista com exibição de trechos do filme Olga e da entrevista de sua filha, Anita Leocádia Prestes. A força do exemplo de Olga comoveu e serviu de estímulo para todos os presentes.

A abertura aconteceu no auditório do Hospital Universitário da UFPB e contou com a presença de cerca de 80 pessoas, a grande maioria mulheres que saíram de suas cidades, de seu trabalho, para participar deste importante momento de construção da luta feminina na Paraíba.

Na mesa inaugural estavam presentes Nézia Gomes, secretária de Mulheres de João Pessoa, Margareth Diniz, diretora do Centro de Ciências da Saúde da UFPB, Elisabeth Araújo, coordenadora nacional do Movimento Olga Benário, Heloisa de Sousa, da Marcha Mundial de Mulheres, Cândida Moreira Magalhães, da Secretaria da Mulher e da Diversidade Humana do Estado, Paula Frassinete, professora aposentada da UFPB e ex-vereadora de João Pessoa, Paula Virginia Colares, do Comitê Preparatório Internacional da Conferência de Mulheres das Américas e Vilma Rodrigues, vice-presidente do Sindicato dos Urbanitários da Paraíba. Os trabalhos de abertura foram dirigidos por Izabelle Gomes, representando o Movimento Olga Benário da Paraíba, que falou sobre o evento ao jornal A Verdade: “Foram dois dias de formação política com vídeos e debates sobre os direitos das mulheres, sobre a história do dia 08 de março. Tivemos grupos de debate sobre saúde, violência, creche, trabalho e geração de emprego e renda. Em todos os debates, ficou muito claro que as mulheres têm toda disposição em se organizar para lutar por seus direitos e por uma sociedade livre da exploração e opressão capitalistas, uma sociedade socialista.”

O lançamento da Conferência das Américas tem ocorrido em diversos estados, fortalecendo a organização local das mulheres e a preparação para a Conferência, em São Paulo.

Também participaram do evento, representantes dos DCEs e Centros Acadêmicos da UEPB e UFCG, do gabinete da deputada estadual Gilma Germano, do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), da União da Juventude Rebelião (UJR), do Partido Comunista Revolucionário (PCR), da Associação Paraibana dos Estudantes Secundaristas (APES-PB), do Movimento Luta de Classes (MLC), dos sindicatos da limpeza urbana, dos jornalistas e dos urbanitários, além de delegações de mulheres de Patos, Campina Grande, Guarabira, Bayeux e da própria capital, João Pessoa, além de representantes de vários estados do Brasil.

Redação- PB

O PCRV e a revolução popular na Burkina Fasso

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Em 1º de outubro de 2011, o Partido Comunista Revolucionário Voltaico (PCRV) completou 33 anos. Em 1º de outubro de 1978, os comunistas de Burkina Fasso (antigo Alto Volta, país africano limitado a oeste e a norte pelo Mali, a leste pelo Níger e a sul pelo Benin, e com 11 milhões de habitantes), munidos de uma coragem de ferro, fincaram as bases de seu partido. Depois dessa data, apesar da repressão, das torturas, das prisões, dos assassinatos, das pressões e intimidações de toda a sorte, maquinadas pelos poderes que se sucederam no país, esses comunistas efetuaram um longo e exaustivo trabalho – sem abdicar das ideias revolucionárias e comunistas – no seio da classe operária e das massas populares. O objetivo principal em que o partido está centrado é conscientizar, organizar em torno dele a classe operária, o campesinato, o povo oprimido em seu conjunto, a fim de derrubar a burguesia e substituir seu sistema neocolonial corrompido, falido, por um sistema de sociedade, mais justo e melhor, embasado nos valores do marxismo-leninismo, ou seja, o socialismo científico.

Hoje, o PCRV tem uma atuação nacional. Embora na clandestinidade,  é temido pela burguesia nacional e pelas potências imperialistas instaladas no país. Seus posicionamentos sobre a vida política nacional são sempre aguardados com impaciência pelo povo. Ele está presente no cotidiano no seio das camadas populares do país, no seio dos operários das usinas e das minas, no seio da massa de trabalhadores oprimidos da administração nacional, no seio das mulheres e dos jovens, no seio das forças de defesa e segurança, no seio do campesinato e dos intelectuais do país, no seio da diáspora. Esta atuação nacional só foi possível graças a um trabalho minucioso e paciente embasado nos ensinamentos do marxismo-leninismo.

Os posicionamentos do PCRV encontram-se nas folhas volantes e no órgão político central Bug-Parga ou Takisse ou Jewo-Jema (que significa ‘centelha’ nas três principais línguas do país: moore, dioula e peulh). O PCRV publica igualmente um jornal para as forças de defesa e segurança, intitulado Le Clairon. É um jornal comunista para a formação de homens e mulheres no seio das forças de defesa e segurança. Ele constitui uma ligação entre este componente especial do povo e do proletariado. O PCRV é apoiado no trabalho por uma juventude corajosa, dinâmica e combatente organizada na União da Juventude Comunista Voltaica (UJCHV), que dispõe de seu próprio órgão de informação, O Clarté.

O PCRV é um partido de ação revolucionária

Burkina Fasso é um país neocolonial agrícola atrasado, dominado pelo imperialismo, notavelmente o francês, e é um dos mais pobres do mundo, com uma renda per capita inferrior a US$ 300. Parte integrante do sistema capitalista mundial é, portanto, atingido violentamente pela crise que devasta o sistema capitalista há tempos. Esta crise é tão aguda hoje que os dirigentes dos países capitalistas e seus ideólogos têm revelado ao mundo sua incapacidade de encontrar uma solução viável. A máquina está desgovernada e os condutores tentam inutilmente detê-la. Diante da barbárie desta situação, o proletariado mundial, os povos do mundo devem tomar sua responsabilidade. É neste contexto que o PCR afirma sem ambiguidade que a única via de transformação em favor das massas populares é a substituição do poder da IV República pela Revolução Nacional Democrática e Popular, mediante a Insurreição Geral Armada sob sua direção.

Como o país será governado após a vitória da insurreição e como os problemas institucionais serão resolvidos? Qual é o programa econômico, social e político que será posto em prática para as transformações econômicas, sociais e políticas a serem operadas no país a fim de sair da recessão e tomar a via do progresso social e da modernização?

A estas questões fundamentais e legítimas, que preocupam certa-mente todas as pessoas íntegras do país, o PCV propõe a instauração de um Governo Revolucionário Provisório (GRP). Este governo convocará uma Assembleia Constituinte na qual os membros serão eleitos democra-ticamente pelo povo, mediante eleições livres e transparentes. A Assembleia Constituinte, com todo o suporte do poder revolucionário, terá por tarefa colocar em prática os fundamentos institucionais de uma República Democrática Moderna (RDM), de traduzir por meio das leis as aspirações profundas da classe operária e do povo. Todas estas reflexões do PCR estão contidas no documento intitulado “A República Democrática Moderna” para transferência no site www.pcrv.net.

 O PCRV é um partido internacionalista

O PCRV, desde seu nascimento, tomou consciência de que para pôr fim à burguesia nacional dominante no Alto Volta (Burkina Fasso), que tem o patrocínio material, financeiro e militar das potências imperialistas presentes no país (a França em primeiro lugar), ele precisa necessariamente do apoio dos proletários e dos povos do mundo inteiro. Isso porque, depois de 1978, ele não poupou esforços para desenvolver laços de solidariedade internacional em todo o mundo.

Assim, na região sul do oeste africano, apesar das diversas dificul-dades, desenvolveu relações de trabalho com os partidos irmãos do Benin ( Partido Comunista do Benin, PCB) e da Costa do Marfim (PCRCI). Com a situação caótica que vive a Costa do Marfim, depois de aproximadamente 10 anos, as relações entre o PCRV e o PCRCI demonstraram toda sua importância. Os partidos comunistas da região sul têm interesse de reforçar seus laços de fraternidade e de coordenar suas ações em vista do triunfo da revolução em seus respectivos países. A classe operária e o campesinato pobre dos países da região sul deparam-se com os mesmos problemas. Os partidos comunistas da região sul trabalham para o surgimento de partidos comunistas autênticos nos outros países. No nível africano, o PCRV conserva, depois de muito tempo, bons relacionamentos com o Partido Comunista dos Operários da Tunísia (PCOT). O PCOT, durante muitos anos lutou corajosamente contra o regime de Ben Ali. Ele pagou o preço vigorosamente. Ele tomou parte ativa no movimento popular que derrubou esse regime corrompido, sustentado pelas potências estrangeiras. No nível internacional, o PCRV contribui modestamente no reforço e na reorganização do Movimento Comunista Internacional (MCI), do qual um dos componentes atuais é a Conferência Internacional dos Partidos e Organizações Marxista-Leninistas (CIPOML). A CIPOML reagrupa os partidos e organizações marxista-leninistas da África, da Europa e da América Latina.

Extraído de La Forge, França.
Tradução: Alexandre Félix

A verdade sobre a censura em Cuba

Cuba denunciou em dezembro que o Facebook censurou sua página na rede social, que possui mais de 70 mil seguidores, porque ela protestava contra o fechamento do canal do portal Cubadebate no Youtube.

Tudo aconteceu porque o canal de vídeos do sítio estatal Cubadebate.cu publicou um vídeo sobre Luis Posada Carriles, que é acusado por vários crimes na Venezuela, incluindo a derrubada de um avião civil cubano que matou 73 pessoas, cumpriu pena no Panamá por tentar assassinar Fidel Castro e recentemente propôs a via armada para derrubar o governo cubano. O ex-agente da CIA está sendo julgado nos Estados Unidos apenas por fraude migratória, embora a Venezuela exija que o terrorista seja extraditado para ser julgado em seu país natal.

Segundo o Youtube, o vídeo possui “infração de copyright”; contudo, o sítio cubano afirma que as imagens do vídeo, que mostram  Luis Posada Carriles dizendo que queria o pagamento por seus serviços como terrorista internacional, são utilizadas sem autoria em vários outros sítios.

Em nota, o sítio cubano afirma a existência de vários vídeos no Youtube com informações manipuladas e tendenciosas sobre Cuba com imagens roubadas do site estatal sem que o Google as tenha tirado da rede social, ainda que haja denúncias.

O acesso ao canal e à página cubanos foram restabelecidos, o vídeo de Carriles continua censurado. Outro canal já publicou o vídeo em protesto à censura do Google. Veja a nota no site do Cubadebate: http://www.cubadebate.cu/noticias/2011/01/12/google-censura-canal-de-videos-de-cubadebate-en-youtube/

O embargo midiático

Além do embargo econômico imposto a Cuba pelos Estados Unidos, que dura mais de 50 anos, a ilha também sofre com o bloqueio midiático. A grande mídia filtra as informações reais sobre o país e divulga informações falsas.

Em seu livro “Cuba, apesar do bloqueio”, atualizado em 2011, Mario Augusto Jakobskind, que morou um ano em Cuba, afirma que o bloqueio midiático é a “desinformação externa, que cria no mundo um senso comum que demoniza Cuba. A imprensa mundial não se cansa de dizer que lá é ‘uma ditadura’, chega ao absurdo de chamar de ‘ditadura dos irmãos Castro’. Isso não reflete a realidade”.

Segundo o sítio do Cubadebate, o microblog Twitter censura os TT (temas do momento) quando eles não são do interesse da empresa. Isso aconteceu com o “hashtag” #DerechosCuba, que foi bloqueado na Espanha. Contas da rede social também são fechadas arbitrariamente por motivos políticos em todo o mundo, ou seja, os direitos tão proclamados de liberdade de expressão são simplesmente negados todos os dias para manipular opiniões.

Embora seja intensamente propagandeado que presenciamos a “era da informação”, a realidade é que poucos possuem acesso à rede, e ela é controlada por uma minoria interessada em lucrar com a propaganda online e bloquear o que foge de seus interesses. A sociedade cubana, ao contrário desta tendência, utiliza seus escassos recursos cibernéticos, diminutos por conta do embargo econômico e comercial, para divulgar a verdade sobre sua história. Falsas informações são propagadas com o argumento de que o governo cubano teme liberar o acesso total à internet, quando se trata, na verdade, da falta de recursos tecnológicos no país, devido ao implacável bloqueio.

O “cybermercenarismo”

Outra faceta da propaganda falsa contra Cuba se manifesta por meio do “cybermercenarismo”. O jornal The New York Times publicou, em junho de 2010, que os Estados Unidos lideram um grupo de países que utilizam a tecnologia da informação mediante utilização de plataformas portáteis, viagens, consultorias, hardwares e apoio à criação de páginas virtuais e sistemas de telefonia móveis, para beneficiar os “dissidentes” em suas mensagens contrarrevolucionárias. Sob o falso título de “independentes”, esses mercenários divulgam informações que incitam à desobediência civil, fazem propaganda ilusória sobre o capitalismo e mentem sobre a revolução cubana.

A propaganda pró-capitalismo é o resultado menos perigoso destas ações, já que tais blogueiros não gozam de popularidade entre os cubanos. Tais “cybermercenários” podem trabalhar como espiões e até promover interferências em sistemas estatais e danos nos sistemas de serviços à população, além de acidentes graves.

“La Polémica Digital”

Apesar de todos os gastos e dos imensos esforços da máfia capitalista para manter contrarrevolucionários em ação, a cada dia surgem novos blogueiros cubanos que acreditam na revolução cubana e escrevem sobre o sistema em que vivem.

O blog “La Polémica Digital”, da jornalista cubana Elaine Diaz, é um destes blogs que escreve sobre o dia a dia de Cuba: “É sobre isso que gosto de escrever: o dia a dia, o que vejo na rua, no transporte público, o que ocorre com meu avô – que é camponês e não tem a menor ideia do que seja a internet, e, além disso, ela não lhe faz falta porque não a considera algo necessário para ser feliz. Por isso, eu acho muito engraçado que os indicadores para medir o grau de satisfação da população cubana sejam baseados em termos de internet, uma vez que a maioria da população do mundo nem sequer tem o que comer ou onde dormir esta noite”.

Mariana Mendes, discente em Geografia
UFSCar, Sorocaba

Comunidade de Tito Silva em João Pessoa, na Paraíba, conquista biblioteca

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O dia 7 de fevereiro foi um marco para a comunidade Tito Silva, em João Pessoa (PB), O Centro de Integração Comunitária e Cidadania São Francisco de Assis (Ceifa), o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e o Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza Urbana da Paraíba (Sindlimp-PB), contando com o financiamento do Fundo Municipal de Cultura (FMC), realizaram o que muitos chamaram de ousadia, outros de uma boa iniciativa, no que foi, de fato, uma lição de luta e cidadania. Nesta data, foi inaugurada a Biblioteca Comunitária Antônio Soares de Lima, numa comunidade onde quase 65% da população não sabe ler nem escrever ou tem grande dificuldade por ter frequentado apenas os primeiros anos do ensino fundamental.

 “Um movimento social capaz de criar uma biblioteca comunitária é um importante contraponto aos megaeventos – sabidamente as Bienais e Salões do Livro que fomentam a concentração de lucros dentro do mercado do livro, geralmente deixando nada ou muito pouco para as populações locais. Menos ainda para os escritores, escritoras e agentes promotores do livro e da leitura. Portanto, cabe aqui uma breve reflexão acerca do que significa hoje o mercado do livro no Brasil para as políticas públicas de leitura. Nosso país é o décimo maior produtor de livros do mundo. O Ministério da Educação é o terceiro maior comprador de livros do mundo. No entanto, o mercado do livro está mais neoliberal que nunca. Silenciosamente foi concentrando sua imensa lucratividade em conglomerados editoriais cada vez mais concentrados. Sem alarde, foi permitindo a compra de editoras brasileiras tradicionais como a Editora Moderna, por corporações internacionais. Apesar de tudo, parece que não está acontecendo nada. Portanto, a comunidade Tito Silva recebeu no dia 07 de fevereiro a semente de uma pequena revolução”, afirmou Lau Siqueira, poeta e parceiro da Biblioteca e do MLB.

O nome da biblioteca

Antônio Soares de Lima, conhecido como “Chuá”, foi o fundador do Centro Comunitário local. Letrado nas lutas populares, analfabeto formal, mas jamais um analfabeto político. Morreu em 2011. Ano passado, quando já estava enfermo, pediu desculpas por não saber ler e escrever, entendendo que, por isso, não tinha feito mais pela comunidade, relata Rosilene Santana, presidente do Ceifa e integrante do MLB. E ela finaliza: “Agora, para lhe prestar uma homenagem, colocamos seu nome na Biblioteca. Acredito que as noites de João Pessoa ficaram mais belas depois desse dia”.

Redação-PB

Famílias do MLB ocupam terreno da UFPE em Recife

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Trezentas famílias organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MLB) ocupou um terreno da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que estava desocupado há 30 anos e fica localizado no Bairro do Engenho do Meio, Recife, cidade que tem um déficit habitacional de 80 mil moradias.

A ocupação aconteceu no dia 31 de janeiro e após um mês de resistência foi batizada pelo nome de  Ruy Frazão Soares. Hoje, funciona com cozinha coletiva, banheiros, creche, segurança, portaria, ruas com coordenadores e assembleias diárias. Três reuniões foram realizadas com a reitoria da UFPE e a última teve a presença de um representante da União.

Mas quem são os moradores da Ruy Frazão e por que eles decidiram participar de uma ocupação?

Mulher de um sorriso contagiante, Josefa Izaura da Silva Gomes, 45 anos, vive de vender empadas e seu único bem é uma bicicleta velha que utiliza para carregar e vender seus salgados. Quando conheceu o MLB, começou a participar de várias reuniões e logo veio a decisão de ocupar. “Tenho 25 anos de casada, uma filha de 18 anos. Morava com meu marido em um terreno numa casa que é herança de sete irmãos; durante esse tempo, sofri ameaças e agressões; quando ocupei, ele não gostou e para se vingar deu fim a tudo que tinha, só sobrou a bicicleta que estava na casa do vizinho. Hoje, em primeiro lugar é Deus, depois minha família da ocupação. Quando a gente começou a limpar o mato e o dia começou a raiar, eu só pensava aqui agora é minha casa.”

A luta não tem idade. Lindalva Nunes de Oliveira, 53 anos, viúva, mãe de dois filhos, sobrevive cuidando de idosos e passou os últimos seis meses na reunião de preparação da ocupação. “O dia da ocupação foi emocionante porque nunca participei de nada parecido; hoje eu olho e digo: meu Deus, eu sou uma mulher muito corajosa, estou feliz, apesar da minha saúde; quando preciso dormir fora, fico o tempo todo pensando no meu barraquinho, acredito que agora é só vitória”

Sulamita Ramos da Silva, 44 anos, casada e mãe de três filhos, decidiu participar da luta por moradia, na Associação de Moradores do Bairro do Joana Bezerra. “Fiz minha inscrição e comecei a participar, foram cinco meses de reuniões. No começo fiquei com o pé atrás, pois minha irmã tinha participado de uma ocupação com outro grupo, que tinha tráfico, muita violência, até o dia que ela desistiu; com o passar do tempo, todos começamos a participar das reuniões do MLB e a acreditar no movimento, porque para dar certo primeiro você tem que acreditar.”

Mãe de seis filhos, Roseane Bezerra da Silva, 28 anos, vive na ocupação com sua filha caçula, a pequena Clarise Stefane, de seis meses. Conheceu a ocupação de Mulheres de Tejicupapo; na época não pode participar e ficou numa lista para uma nova ocupação do movimento. Participou de reuniões por sete meses. “É a situação que faz a gente ocupar,  na hora da entrada eu fiquei desesperada, quando vi cobra, bichos, pensei não vou agüentar!  Hoje, tudo tá valendo a pena, porque pagar aluguel não é fácil não, meu marido tem mais dois filhos e paga pensão, ele dizia que não ia dar certo, eu ia sozinha. Quando ele viu que eu não ia desistir, que era sério, começou a lutar comigo.”

Com uma barriga de sete meses,  Priscila Moura Francisco, 20 anos, já participava das reuniões a seis meses. Soube por vizinhos da Iputinga que estava acontecendo uma reunião no Casarão do Barbalho. “No começo, pensei em representar minha mãe, já que moramos juntas de aluguel, mas fiquei grávida, desisti por um tempo, aí foi ela que me chamou para voltar; na noite que ocupamos, só estávamos nós duas, nem meu pai ou o pai de minha filha vieram. Tive medo que pudesse acontecer algo de errado, mas hoje tá tudo tranqüilo acredito na vitória, terei minha casa com um quartinho para minha filha.”

O desejo de realizar o sonho de ser mãe fez com que Daniela Rodrigues da Silva, 28 anos, casada, começasse a participar das reuniões do Movimento.   “A necessidade faz a gente aprender muita coisa. Quero muito ter um filho, mas penso, como? Se tudo é tão caro, pagamos aluguel e não sobra nada. No dia que ocupamos, senti medo, não sabia o que me esperava, mas quando o muro caiu, eu pensei: é minha casa e vou atrás agora; o maior patrimônio do pobre é sua casa.”

As razões que levam uma pessoa a participar de uma ocupação, como vimos, são muitas: desejo de libertar-se de vários tipos de violência, consolidar uma família, envelhecer com tranqüilidade, etc. Ao povo, nada ou quase nada sobra na divisão dos recursos do governo. Resta ao povo apenas a luta, a resistência.

Elizabeth Araújo, Recife

Veja vídeo de matéria feita pela jornalista Amanda Miranda para o NE10.

Cerca de 350 famílias ocupam terreno em Mossoró

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O povo brasileiro enfrenta a cada dia o imenso desrespeito aos direitos fundamentais à vida, como a saúde, a educação e a moradia. Apesar de constitucional, o direito à moradia é arrancado das pessoas por diversas formas: inexistência de políticas habitacionais nas cidades e desocupações desumanas.

Cansadas da humilhação de morar de favor na casa de parentes ou do constrangimento de ser despejadas por não ter o dinheiro do aluguel, cerca 350 famílias ocuparam, no dia 29 de janeiro, um terreno inutilizado, em Mossoró, segunda maior cidade do Rio Grande do Norte. Essa ação se deu, espontaneamente, por um grupo de famílias que atraiu outras até o dia da ocupação.

No mesmo dia da ocupação, as famílias foram surpreendidas pela Polícia Militar, que, com muita violência, derrubou os barracos, queimou os materiais, bateu nos ocupantes – até em mulheres e deficientes – e retirou todas as pessoas do local. Segundo os moradores, os militares agiram sem nenhuma determinação judicial ou documentação comprobatória. As famílias, assustadas e receando as ameaças dos “defensores da lei”, voltaram a seus locais de origem, mas entraram com um processo na Justiça para terem direito à terra.

Os ocupantes tentaram, por mais três vezes, se instalar no terreno, sendo retirados em todas as tentativas. Os policiais, em tom ameaçador, “aconselharam” os moradores a não tentarem mais, dizendo que a (suposta) proprietária do terreno mandara fixar uma cerca em torno de toda a área e estava pagando R$ 200 a eles para que não permitissem novas ocupações. Por isso, fariam ronda no local todos os dias. Integrantes do movimento, porém, fizeram pesquisas e existe a suspeita de que o terreno seja público.

Para ajudar a organização desse movimento, integrantes do Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas do Rio Grande do Norte (MLB-RN) promoveram reuniões e assembleias e planejaram ações ao lado dos ocupantes.

Assim, no dia 15 de fevereiro, um grande ato de protesto marcou o retorno dos trabalhos dos vereadores em Mossoró. Com faixas e cartazes que estampavam dizeres como “Casa popular dá pra pagar” e “Polícia é pra ladrão e não pro cidadão”, além de um carro de som, os ocupantes, liderados pelo MLB, cobraram da Prefeitura Municipal de Mossoró, e dos próprios vereadores, uma audiência para discutir a situação das 350 famílias. O ato teve grande repercussão na cidade e nos meios de comunicação locais, e foi apoiado por setores da sociedade como o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mossoró e a Federação dos Trabalhadores em Administração Pública Municipal do RN – Fetam-RN.

A prefeita da cidade, Fafá Rosado, que se encontrava na Câmara, não recebeu os manifestantes, mas uma comissão foi recebida pelo presidente da Câmara, vereador Francisco José Júnior, e por mais quatro vereadores. Os manifestantes, por sua vez, avisaram que, se nada fosse resolvido, uma nova ocupação seria organizada.

Samara Martins e Marcos Antônio, de Natal

O sucateamento da educação no Brasil

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De acordo com a Constituição brasileira, em seu artigo 205, “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Assegura ainda, no artigo 206, a “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola.”

Não é preciso ser nenhum grande estudioso da educação para ver que essas belas palavras da lei não são praticadas na vida real. No dia a dia, todos nos deparamos com uma educação extremamente atrasada e elitista que visa reproduzir a mesma lógica de dominação da sociedade capitalista.

Uma prova clara desse descomprometimento dos governos com a educação se dá no tocante à remuneração dos profissionais da educação pública. Os trabalhadores de administração escolar recebem, na prática, um salário mínimo, e mesmo os professores, que passaram por anos de estudo e aperfeiçoamento para estar em sala de aula, recebem baixíssimos salários.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em levantamento realizado no final do ano passado com 40 países desenvolvidos e em desenvolvimento, o Brasil paga o terceiro pior salário, menos de 5 mil dólares por ano, no início de carreira.

Profissionais de países como Alemanha, Suíça e Portugal ganham, em média, cinco vezes mais que os brasileiros, no chamado topo da carreira. Na nossa vizinha Argentina, os professores recebem o dobro da remuneração do Brasil. A desproporção é tão grande que, mesmo numa comparação com a Coreia, os professores primários de lá ganham seis vezes mais que os brasileiros para orientar e dar os primeiros passos na educação das crianças. Tudo isso no país que é a sexta maior economia do mundo.

Quanto à questão educacional, a pesquisa ainda revela que a relação professor-aluno do Brasil é muito alta, chegando a termos em média, 30 alunos por turma, o que prejudica a compreensão e a aprendizagem das crianças.

Essa baixa remuneração traz como consequência uma “fuga” dos jovens estudantes dos cursos de licenciatura, que servem para formar os professores da educação básica. Esses cursos, por sua vez, estão entre os de maior evasão nas universidades e recebem pouco apoio por parte do governo para garantir a formação de mais professores.

Dessa forma, é extremamente comum, em todo o país, a contratação de professores sem o grau mínimo de formação nas salas de aula brasileiras. Segundo o próprio MEC, através do Censo Escolar, 32% dos professores do ensino infantil, fundamental e médio não possuem curso superior, um total de 636 mil professores, sendo esse um número crescente. No curso de Matemática, por exemplo, não passa de 20% o índice de professores com diploma de licenciatura.

Acontece que há cerca de 30 ou 40 anos iniciou-se um movimento de avanço do setor privado na educação básica, e o crescimento das escolas particulares só se fez possível com a queda nos serviços públicos oferecidos à população. Na prática, os governos trilharam o caminho para a privatização do ensino em todas as esferas, e essa situação dos professores é consequência direta dessa exclusão. Quem pagaria uma escola particular tendo uma educação pública, gratuita e com qualidade?

O sucateamento da educação não representa apenas um descompromisso, ou irresponsabilidade dos governos. É, sim, uma forma lucrativa de estabelecer um setor bilionário que se mantém graças às carências da educação pública.

Mas os trabalhadores e a juventude resistem a tudo isso e lutam por uma educação de qualidade. Só em 2011 os professores realizaram greves em 12 estados, lutando por melhores condições de trabalho e remuneração digna. Só mediante a luta da sociedade teremos direito a uma educação de qualidade, e é fundamental uma intensa mobilização para pôr fim ao lucro na educação e avançar no acesso ao conhecimento, pois manter o povo brasileiro distante da compreensão dos problemas da sociedade é mais uma estratégia das classes dominantes. Como bem disse José Martí, “ser culto para ser livre”.

Rafael Pires, membro da coordenação nacional da UJR

Meio-passe em Belo Horizonte é ampliado, mas ainda falta mais!

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Fruto da pressão da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas da Grande Belo Horizonte (Ames-BH), no dia 6 de fevereiro, a Prefeitura da Capital mineira anunciou que todos os estudantes do ensino médio poderão ter meio-passe, acabando, assim, com a regra de que só estudantes atendidos por algum programa social poderiam ter garantido este direito. Essa foi uma importante vitória do movimento estudantil frente à burocracia criada pela Prefeitura para não tirar do papel a Lei Municipal 10.106, de 21 de Fevereiro de 2011, que garante meio-passe para todos os estudantes, seja de ensino fundamental, médio ou superior, de instituição pública ou particular.

Porém, nem tudo está resolvido. Mesmo com esse avanço, ainda existem muitas questões pendentes. A Prefeitura anunciou financiamento para 16 mi alunos, mas quer, com isso, enganar a sociedade, já que só no ensino médio público de BH são mais de 90 mil jovens. Além de não cumprir a lei do meio-passe para todos os estudantes, a PBH ainda mantém o aumento absurdo das passagens.

Diante dessa situação, no último dia 16, mais de 500 estudantes organizados pela Ames e diversos grêmios estudantis pararam as ruas do Centro de Belo Horizonte, realizando mais uma manifestação pelo MEIO-PASSE ESTUDANTIL PARA TODOS OS ESTUDANTES e contra o aumento das passagens.

Redação MG

Lideranças são presas dentro de escola em BH

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Júlia Raffo, presidente do Grêmio

O Grêmio do Estadual Central tem importância histórica no Estado de Minas Gerais e no movimento estudantil brasileiro. Foi palco de grandes lutas contra a Ditadura Militar, pelas Diretas Já!, e na campanha do Impeachment do ex-presidente Collor de Mello. Além disso, teve entre seus diretores o guerrilheiro Idalisio Soares Aranha e até a atual Presidente da República, Dilma Roussef. Até hoje, organiza lutas que são referência em todo o país, chegando a ser a principal escola na recente conquista do meio passe em Belo Horizonte. Porém, a direção da escola ainda reproduz os mesmos métodos fascistas do período em que o Brasil vivia sob o regime militar que governou o nosso país durante 21 anos, fazendo o possível para acabar com as mobilizações dos trabalhadores e da juventude e impedindo, através da repressão a livre organização dos estudantes.

No último dia 15 de fevereiro, diretores do Grêmio e da AMES-BH (Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas da Grande BH) estavam nas dependências da escola, mobilizando os estudantes para a manifestação realizada no dia seguinte, quando foram agredidos verbal e fisicamente por funcionários da escola que queriam impedir a mobilização estudantil. Os estudantes não aceitaram as ameaças, por se tratar de abuso de poder e ação ilegal da direção da escola.

Como se não bastasse, a direção da escola chamou a policia militar para agredir e prender dentro da instituição, estudantes e menores de idade, e para dar guarida para os agressores continuarem sua truculência e tirar à força os diretores da AMES-BH e ex-diretores do Grêmio – Julia Raffo e Bruno Duarte.

Infelizmente, esse acontecimento absurdo, que nos faz lembrar os estudos sobre ditadura militar das aulas de história, não é um fato isolado no Estadual Central. Há anos, a direção da escola e alguns funcionários vêm cometendo diversas arbitrariedades e promovido atos autoritários, mostrando sua sede de controlar a consciência dos estudantes.

Mas essa política truculenta começou a ganhar espaço desde o primeiro governo do atual senador Aécio Neves e agora segue aumentando no governo de Antônio Anastasia, com o objetivo de criminalizar os movimentos sociais e as organizações populares. Ninguém pode esquecer que é este mesmo governo que se recusa a pagar o Piso Salarial nacional aos professores de Minas Gerais e que, na última greve, que durou 113 dias (quase quatro meses), gastou rios de dinheiro em propaganda mentirosa contra o SindiUTE-MG para desmoralizá-lo diante da sociedade. É essa mesma orientação que segue o Prof. Jeferson em relação ao grêmio.

O grêmio livre é lei conquistada há anos pelos estudantes. Além disso, a Ditadura Militar já acabou e junto com ela foram derrotadas também as leis que defendiam prisão de estudante que faz movimento estudantil. O Grêmio do Estadual Central e os estudantes da escola, junto com diversas outras entidades que já se solidarizaram, cobrarão das autoridades competentes respostas e soluções sobre os acontecimentos dentro da escola, que mais uma vez passaram dos limites do absurdo.

Grêmio Estudantil do Estadual Central, Belo Horizonte

Alunos se rebelam contra o aumento das mensalidades na PUC-Minas

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Estudantes deixam recado à Universidade

Nos dias 16 e 17 de fevereiro, mais de 300 alunos de todos os cursos e turnos manifestaram-se na PUC Minas, Unidade São Gabriel, em Belo Horizonte, em um protesto contra o aumento de 9,8% nas mensalidades dos cursos de graduação. Este aumento é 50,76% superior ao aumento da inflação registrado no período, e foi imposto pela pró-reitoria financeira da instituição sem nenhum tipo de discussão com as entidades estudantis. Nem mesmo uma planilha de custos, que obrigatoriamente deve ser apresentada para justificar o aumento de mensalidade, foi apresentada. Nos últimos três anos, a mensalidade da PUC subiu 23,6%, enquanto a inflação oficial somou 16,72%.

Esse reajuste impossibilita que estudantes continuem a estudar. Por exemplo, a estudante do 9º período de psicologia Laila Resende, de 27 anos, que paga suas mensalidades vendendo roupas, diz que tem tido dificuldade em manter o compromisso. Por isso, para o período em curso, teve que abrir mão de três disciplinas. “Todo semestre a gente vive na corda bamba. A universidade encara a educação como um negócio”, afirma Laila.

Esse aumento veio como estopim de uma série de problemas apontados pela comunidade acadêmica da instituição, aos quais ainda se somam a falta de infraestrutura adequada para os estudantes, como salas de aula confortáveis, biblioteca defasada e com acervo reduzido em relação ao número de estudantes, falta de vagas no estacionamento, falta de uma assistência estudantil que contemple os interesses dos estudantes e não os da universidade, má remuneração dos professores e funcionários, o baixo valor pago nas bolsas de monitoria e extensão, falta de professores e um quadro de professores despreparados para a formação acadêmica dos estudantes.

Cansados dessa exploração por uma universidade que se diz “filantrópica” apenas para se isentar do pagamento de impostos e ter sua margem de lucro ainda maior, os estudantes decidiram em assembleia, na qual estiveram presentes mais de 500 estudantes, ocupar a reitoria da unidade em ato de protesto. Com palavras de ordem como “Eu pago, não deveria! Educação não é mercadoria!”, e muito espírito de luta e combatividade, os estudantes se colocaram contra essa administração que só visa ao lucro de seus mantenedores.

Outra crítica dos universitários é que as bolsas de monitoria, extensão e pesquisa não tiveram reajuste nos últimos seis anos. O valor nesse período permanece congelado em R$ 300, o que é claramente insuficiente para arcar com as despesas de transporte e alimentação. Aliás, outra antiga reivindicação dos estudantes é a implantação de um restaurante universitário, haja vista que as lanchonetes cobram valores altíssimos por uma alimentação de má qualidade.

Pressionado pelos estudantes, o pró-reitor da unidade, professor Miguel Alonso, recebeu um grupo de representantes. Mas o pró-reitor não deu garantias de nada e ainda tentou desarticular o movimento, demonstrando mais uma vez o seu compromisso com a lucratividade da instituição.

É necessário que a luta e a rebeldia não cessem nas universidades pagas brasileiras, onde a mercantilização da educação – direito fundamental de todo cidadão – atinge seus níveis mais exorbitantes!

Maurício Vieira, Belo Horizonte