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sábado, 20 de abril de 2024

Desafios da saúde mental na juventude

Autor(a) Anônimo(a)
União da Juventude Rebelião

MINAS GERAIS – Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem 5,8% de sua população sofrendo de depressão. Em todo o continente americano, nosso país fica atrás apenas dos EUA, onde 5,9% da população padece do transtorno. A depressão é um transtorno mental incapacitante: nos rouba toda perspectiva de vida, sugando qualquer sentimento de felicidade e prazer. Todos estes sintomas são nada mais do que reflexos do que o capitalismo tem a oferecer: tristeza e desesperança para todos aqueles que são subordinados a uma vida de miséria e exploração desumana. Não é de se estranhar que a população pobre, em especial a nossa juventude, seja a mais atingida por essa doença tão devastadora. Embora seja essa uma enfermidade que atinge o conjunto da sociedade.

Vivemos numa sociedade doente: de um lado, uma minoria de pessoas extremamente ricas dita o modo como o outro lado, a maioria de pessoas pobres, deve viver. Você só será feliz se tiver o carro do ano, vestir as roupas das grifes mais caras e tiver o celular de última geração que foi anunciado incessantemente nas propagandas da televisão. Se você não tem condições de manter esse estilo de vida, a mídia também te dá a receita: “trabalhe enquanto eles dormem e viverá o sonho deles”. Sendo mais explícito: “deixe de viver o presente e passe sua vida trabalhando o máximo que puder para se tornar rico, e nunca conseguir, enquanto enriquece meia dúzia de parasitas com sua força de trabalho”. Esse ideal meritocrático se insere com toda potencialidade na nossa juventude pobre. Aos 18 anos você precisa ter entrado na faculdade. Aos 23 você já tem de estar formado e empregado.

Aos 26 anos é melhor que você já esteja pensando em comprar seu apartamento e esteja ganhando mais que seus pais. E assim vamos moldando nossa juventude a viver um padrão que, quase sempre, não condiz com a realidade.

A comparação é o primeiro dos pensamentos negativos. “Por que meu amigo tirou uma nota melhor que a minha naquela prova? Na certa, ele é bem mais inteligente do que eu”. O que ninguém lhe conta é que seu amigo passou o dia estudando enquanto você teve que sair mais cedo da aula para não chegar atrasado no trabalho. Mas até que você se dê conta de que a comparação foi extremamente injusta e desigual, você já rebaixou ainda mais a sua autoestima. Vai passando o tempo, você percebe que não sente mais tanto prazer nas disciplinas da faculdade. Você se olha no espelho e percebe que não faz o tipo “galã de novela” que é tido como ideal de beleza tão propagado e vai se descuidando da aparência.

Aos poucos, a vida fica cada vez mais cinza e você não tem mais força para sair do quarto. Você vai ao médico ver se está com carência de alguma vitamina para estar se sentindo tão fraco. Logo você percebe que o problema não é necessariamente físico, mas mental. Vem o diagnóstico: depressão! Não é uma doença nada fácil. Não bastasse o desânimo, cansaço físico, perda (ou ganho) de peso, os pensamentos são uma verdadeira tortura. Daí pode vir a ideação suicida, numa tentativa de pôr fim a essas torturas tão cruéis. Muitos acabam sucumbindo à dor e pondo fim à própria vida, o que faz do suicídio umas principais causas de morte entre a juventude.

O tratamento não é nada simples e requer um acompanhamento contínuo com profissionais de saúde (psicólogos, psiquiatras, etc.). O SUS oferece o tratamento para a doença, mas que ainda é aquém das reais necessidades dos pacientes. Quem opta por um tratamento na rede particular tem de gastar uma fortuna em antidepressivos que comprometem um orçamento já bastante apertado de jovens que se veem cada vez mais submetidos às piores condições de trabalho, poucas oportunidades de estudo e de incentivo ao esporte e à cultura, fatores que agravam ainda mais os quadros de depressão.

Nossa juventude está inserida numa sociedade doente, que incentiva a competição, o individualismo e estabelece estilos de vida que só favorecem a classe dominante e que não explora as inúmeras potencialidades desses jovens, impondo padrões de estética, cultura e consumo que os impedem de perceber o seu potencial revolucionário.

É preciso, portanto, construirmos uma sociedade nova, onde a cooperação se sobreponha à competição desenfreada, que permita à juventude gozar de plena qualidade de vida e permitindo aos jovens a oportunidade de desenvolver suas habilidades e se expressar livremente.

Nosso desafio, então, é lutar pela conquista dessa sociedade em que possamos viver e trabalhar pelos interesses comuns, tanto no seu aspecto material quanto no espiritual.

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