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sexta-feira, 29 de março de 2024

Jundiapeba: moradores ameaçados de despejo

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CONTRA OS TRABALHADORES – Prefeitura busca beneficiar empresa de distribuição de energia enquanto não oferece nenhuma alternativa de moradia para os trabalhadores de Jundiapeba. (Foto: Reprodução/Mariana Acioli)
Pedro Dragoni

MOGI DAS CRUZES (SP) – A cidade sofre com a falta de uma política habitacional que atenda efetivamente as demandas populares. Tal situação é uma das expressões do elitismo de grande parte da chamada ‘classe política’ que detém o poder da cidade há décadas (pra não dizer há séculos).

Se por um lado, historicamente falando, o município não proporciona uma ação pública em relação à habitação que beneficie os trabalhadores e os mais pobres, por outro faz parcerias milionárias com empreiteiras para construção de projetos habitacionais que interessam apenas uma pequena camada privilegiada que tem ‘bala na agulha’ pra pagar um imóvel de valor astronômico. Tudo isto pode ser explicado de uma forma simples: quem paga a banda escolhe a música.

Assim, o poder político está intimamente ligado ao poder econômico. Em termos gerais, é o poder do dinheiro que controla a política, seja em Mogi das Cruzes, seja nos quatro cantos do país.

Não é difícil constatar o fato acima – como se presencia com a atual questão da luta dos moradores no bairro de Jundiapeba. Como consequência da falência geral do Estado brasileiro no que diz respeito à implantação de políticas sociais que façam jus à Constituição de 1988 e aos direitos humanos elementares, a restrição ao acesso à moradia popular inevitavelmente gerará resistência e resposta por parte do povo pobre prejudicado que será o justo ato da ocupação e construção de moradias próprias como contrapartida autônoma frente à ineficiência do poder público.

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No bairro mogiano supracitado, em mais um episódio da luta dos moradores por garantir sua dignidade e um teto sobre suas cabeças, a prefeitura mostra total descaso e complacência com os interesses do poder econômico – dos ricos.

Como fiel representante jurídico dos endinheirados, o governo municipal, chefiado por Marcus Melo (PSDB),  em sua nova tática de intimidação ao povo de Jundiapeba, em plena pandemia busca fazer avançar o despejo de mais de 400 famílias que vivem há mais de vinte anos em um terreno público que fora concedido à iniciativa privada na figura da empresa de transmissão de energia elétrica ISA CTEEP.

Moradores que pagam seus impostos e detêm planta de suas casas são constantemente ameaçados de irem pra rua sem qualquer contrapartida. Como a luta dos moradores nos últimos tempos travou a ânsia do poder municipal em retirar em massa as famílias do local, o novo modus operandi são as aproximações sucessivas, como no capítulo mais recente: inventa-se a necessidade de ampliação de determinada rua, se emite notificação dando prazo de uma semana para a desocupação sem qualquer assistência e assim seguem no intento de retirarem aos poucos as moradias do povo trabalhador do bairro.

O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) dá seus primeiros passos na organização do distrito de Mogi das Cruzes, expondo a contradição que existe entre a empresa e os moradores e aplicando a política nacional de Brigadas de Solidariedade na região. “Não há verba pra financiamento de casas populares, mas há verba pra ampliação de rua quando é conveniente para atender os interesses dos capitalistas… uma verdadeira afronta!”

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