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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Em decisão histórica, UFRJ revoga título de Doutor Honoris Causa de Jarbas Passarinho

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Jarbas Passarinho, ministro da Ditadura Militar, que teve título de Doutor Honoris Causa revogado. Foto: Reprodução.

Karol Lima | Redação Rio

RIO DE JANEIRO – Hoje (20), o Conselho Universitário da UFRJ revogou o título de Doutor Honoris Causa concedido a Jarbas Passarinho, ex-ministro da Ditadura Militar. No governo do general-ditador Emílio Garrastazu Médici, em 1973, ele ocupou a pasta da educação. O pedido foi apresentado pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) Mário Prata da UFRJ. O diretório estudantil, inclusive, carrega em seu nome uma homenagem ao estudante Mário de Souza Prata, assassinado por forças do Estado por lutar contra a Ditadura Militar..

“Dentre as motivações expostas para a indicação do título honorífico, consta no site deste Conselho Universitário que ele foi Ministro da Educação do Brasil. O que não consta, no entanto, são as seguintes informações: 1. que ele participou da articulação do Golpe Civil Militar de 1964, enquanto chefiava o Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia; 2. que ele foi um dos subscritores, como membro do Conselho de Segurança Nacional, do Ato Institucional nº 5, em 13 de dezembro de 1968 (mais de 3 anos antes de receber o título de Doutor Honoris Causa); 3. que ele foi responsável pela destituição de mais de cem dirigentes sindicais em 1968, como resposta às greves operárias da época, que pleiteavam aumentos salariais”. Afirma o parecer apresentado no conselho.

Jarbas Passarinho foi uma das pessoas diretamente responsáveis pela dura perseguição aos movimentos estudantis. Vários militantes de entidades de estudantes foram torturados, mortos e expulsos das universidades. O então minsitro apoiou o AI-5, que endureceu a ditadura militar instituindo diversas medidas para reprimir movimentos e organizações políticas.

Vitória é fruto de anos de luta por memória, verdade e justiça dentro da UFRJ

Para a representante discente do DCE Júlia Vilhena, relatora do processo, militante do Movimento Correnteza e da Unidade Popular (UP) a revogação “significa estar ao lado do serviço público, significa estar ao lado da Universidade. Isso significa estar ao lado da luta pela democracia e pela liberdade. Isso significa estar reafirmando a Universidade Federal do Rio de Janeiro enquanto um polo de resistência, que não vai se submeter ao fascismo de Bolsonaro, que não vai se submeter ao fascismo histórico e as imposições históricas do regime militar.”

A revogação deste título honorífico vem 6 anos após a retirdada do mesmo título do próprio general-ditador Médici. A luta pela memória, verdade e justiça dos herois e heroínas que tombaram durante os anos de chumbo conquistou um importante passo hoje. Trazer a verdade de nossa história, mascarada por anos pelos fascistas que ainda exaltam os que mancharam de sangue a história do nosso país, é fundamental. 

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