A megaoperação policial faz parte do “Cidade Integrada”, novo projeto de militarização das comunidades cariocas arquitetado pelo governo do Estado do Rio de Janeiro. Cerca de 1.200 policiais civis e militares ocuparam a favela do Jacarezinho, palco da maior chacina já promovida pela Polícia Civil-RJ.
Redação Rio
RIO DE JANEIRO — Na manhã desta quarta-feira (19), cerca de 1.200 policiais, entre militares e civis, invadiram a favela do Jacarezinho e comunidades próximas, como Manguinhos, Conjunto Morar Carioca e Bandeira 2, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.
A megaoperação policial marcou o início do programa “Cidade Integrada”, projeto do governo do Estado que visa aumentar a militarização das periferias e resgatar a fracassada proposta das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
A escolha do Jacarezinho como primeira comunidade a receber o “novo” programa de “segurança pública” do Estado acontece menos de um ano após a chacina policial que executou 28 moradores da favela, em maio de 2021.
Na manhã desta quarta-feira, dois moradores foram presos durante a operação. A Polícia Civil afirmou cumprir 42 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão de adolescentes moradores da favela.
Moradores sofrem com histórico de violações dos direitos humanos
Pretensamente surgidos para “combater o tráfico de droga”, tanto a UPP quanto o “Cidade Integrada” estão inseridos na lógica de violência e repressão que dita a política do Estado brasileiro em relação às favelas. Ao longo dos anos, são inúmeros os casos de assassinatos cometidos por policiais nas comunidades cariocas.
O “Cidade Integrada” não passa de maio um projeto de repressão contra os pobres. Após a chegada da polícia nas comunidades, se inicia um verdadeiro regime de exceção e novas denúncias de abuso são registradas em diferentes bairros.
O governo do Estado anunciou que o projeto será estendido para outras favelas, como Itanhangá, Maré, Rio das Pedras, Pavão-Pavãozinho e Cantagalo.
Esse tipo de política de segurança pública serve somente aos interesses dos ricos. Não será ocupando comunidades inteiras com policiais que se acabará com a violência que toma conta do Rio de Janeiro, muito menos com os graves problemas sociais enfrentados por seus moradores, como o desemprego, a falta de serviços de saúde e educação e a fome.