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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Prefeitura de Santo André põe lucro acima da natureza

O Centro Logístico de Campo Grande, em Santo André, provocará grande desmatamento em área de Mata Atlântica para beneficiar grandes empresários do transporte rodoviário.

Victoria Lopes


SANTO ANDRÉ (SP) – Na cidade de Santo André, ABC Paulista, foi aprovada neste ano a construção do Centro Logístico Campo Grande (também conhecido como Porto Seco) que irá desmatar 900 mil m² de floresta ombrófila densa –  floresta pertencente ao bioma da Mata Atlântica – e colocará no lugar asfalto, concreto e prédios para abrigar um estacionamento de caminhões.

A Mata Atlântica abriga uma incrível biodiversidade de 8 mil espécies de plantas – a mais rica floresta do mundo em flora – e possui menos de 20% de sua área original, sobrevivendo em fragmentos em todo o território brasileiro.

Santo André vem sendo palco de uma disputa de território. Os moradores, ambientalistas e pesquisadores defendem a derrubada deste projeto, visto sua ilegalidade de acordo com o Plano Diretor da cidade que impede empreendimentos deste porte na região em razão de sua importância hidrológica.

Estudos realizados pelo Laboratório de Gestão de Riscos da UFABC indicam que 52% da região do empreendimento é considerada inapta à urbanização devido à sua geomorfologia. Interferências de qualquer tipo provocarão danos permanentes na bacia hidrográfica, podendo provocar sua extinção.

O empreendimento só possui licença devido à uma pressão por parte dos grandes ricos interessados no lucro do projeto fazendo com que a prefeitura o permitisse, apesar da ilegalidade.

O Brasil passa por um intenso momento de destruição da natureza devido ao governo genocida e negacionista de Bolsonaro que deixa a serviço do agronegócio os territórios indígenas e as florestas brasileiras. Defender florestas e a biodiversidade não está nem na pauta do governo federal, quem dirá da prefeitura andreense dirigida pelo PSDB.

Áreas não permeáveis (pavimento, asfalto) são suscetíveis à retenção de calor, dando margem ao agravamento de ilhas de calor nas cidades, o que aumenta o desconforto da população e os efeitos do aquecimento global – consequência de uma urbanização não sustentável.

Visto a necessidade de abrandar as mudanças climáticas a partir de políticas públicas municipais, estaduais e federais, como ressaltou o último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) e alertou a COP26 (26º Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2021), precisamos de projetos de cidades sustentáveis que possam lidar com os eventos climáticos extremos que põe em risco a população mais vulnerável.

Diminuir as mudanças climáticas passa por evitar o desmatamento. O Brasil precisa, até 2030, zerar os índices de desmatamento.

Aos grandes ricos envolvidos no projeto Centro Logístico Campo Grande como Jael Rawet, dono das empresas Fazenda Campo Grande e Campo Grande Log Logística, que juntas somam um capital de mais de R$114 milhões nada importa. Os condomínios de suas mansões são cheios de árvores, há piscina e ar condicionado.

Para o povo, há má urbanização e os eventos climáticos extremos causam morte e perda dos poucos bens, como vimos nos últimos anos quando inúmeras famílias perderam suas casas pelas enchentes e hoje não tem onde morar.

Capitalismo não é sustentável e, inclusive, é um erro entender que o capitalismo pode ser verde quando está enraizado neste modelo econômico o uso de recursos naturais em busca do lucro.

É preciso que o povo tome o poder para cidades verdes e sustentáveis serem possíveis, para defender as florestas e a biodiversidade da fauna e da flora.

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