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sábado, 27 de abril de 2024

O terrorismo de Israel contra o povo palestino

Há décadas, Israel adota uma política de guerras e operações militares com o objetivo de expulsar os palestinos de suas terras. Esta política esbarra na coragem dos palestinos, um povo que ama sua terra, que quer continuar vivendo em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém e que luta para ter seu direito respeitado.

Luiz Falcão | Comitê Central do PCR e diretor de redação do JAV


EDITORIAL – Sob o pretexto de responder ao ataque de 07 de outubro do movimento islâmico Hamas, que vitimou 1.300 israelenses, o governo de Israel despeja toneladas de bombas sobre 2,3 milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza, causando a morte de 2.750 civis (até o fechamento desta edição). Além dos bombardeios, Israel impede o fornecimento de água e de eletricidade, a entrada de alimentos, de remédios, e ameaça invadir o território palestino com 200 mil soldados.

Mas, apesar de a máquina de propaganda do governo israelense, apoiada pelos grandes meios de comunicação da burguesia mundial, apresentar sistematicamente o povo israelense como vítima e os palestinos como os agressores, os fatos se encarregam de desmascarar essa mentira. Vejamos.

Nos últimos 23 anos de conflito, morreram 2.600 israelenses e 13.000 palestinos. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o número de feridos em Gaza, Cisjordânia e Israel, nos últimos 15 anos, são os seguintes: 126.000 palestinos e 6.100 israelenses.

Vale dizer ainda que até as imagens divulgadas por Israel foram colocadas sob suspeita pelo seu maior aliado, os Estados Unidos: poucas horas depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmar que nunca pensou em ver imagens de crianças sendo decapitadas, o porta-voz da Casa Branca reuniu a imprensa e afirmou que nem o presidente dos EUA nem nenhum funcionário viu ou poderia confirmar se a informação divulgada por Israel era verdadeira ou não.

A ocupação do território palestino por Israel

Em 1947, o Reino Unido propôs dividir a Palestina em dois Estados, um judeu e um árabe, com Jerusalém sendo uma cidade comum. Um ano depois, foi criado o Estado de Israel. Em 1967, durante a guerra dos seis dias, Israel invadiu a Península do Sinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e as Colinas de Golã. Após o fim da Guerra, Israel multiplicou por três o tamanho de seu território, tomando posse de terras férteis e de novas fontes de água.

Em 2008 e 2009, o governo israelense lançou a Operação Chumbo Fundido, afirmando ser uma resposta a foguetes lançados pelo Hamas. Resultado da Operação: 1.922 palestinos mortos e 45 israelenses.

Até hoje, Israel ocupa parte importante da Faixa de Gaza, da Cisjordânia e as Colinas de Golã. A parte da Faixa de Gaza onde estão mais de dois milhões de palestinos tem somente 41 km de extensão. Israel também vem ocupando a Cisjordânia com o financiamento de 430 mil colonos distribuídos em 132 assentamentos.

Como vemos, há décadas, Israel adota uma política de guerras e operações militares com o objetivo de expulsar os palestinos de suas terras. Esta política esbarra na coragem dos palestinos, um povo que ama sua terra, que quer continuar vivendo em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém e que luta para ter seu direito respeitado.

Em outras palavras, todos aqueles que condenaram veementemente o ataque do Hamas a Israel, se não quiserem ser chamados de hipócritas, têm o dever humanitário de denunciar os covardes e criminosos ataques de Israel contra o povo palestino.

As riquezas das terras palestinas

Mas qual o objetivo do terrorismo de Israel contra o povo palestino? Apesar de as imagens na TV mostrarem prédios, escolas e hospitais destruídos, a Palestina é uma região com importantes riquezas naturais. Essa conclusão foi revelada pelo documento O custo econômico da Ocupação do Povo palestino: O Potencial não realizado de Petróleo e Gás Natural, divulgado pela Unctad, órgão das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento, em setembro de 2021. O estudo da Unctad mostrou que estes recursos estão localizados na Area C da Cisjordânia e na costa do Mediterrâneo, ao longo da Faixa de Gaza. Precisamente na Bacia do Levante foram identificadas reservas de gás natural de 122 trilhões de pés cúbicos, enquanto a quantidade de petróleo pode atingir 1,7 bilhão de barris. A exploração desses recursos pode representar uma fortuna de 524 bilhões de dólares.

Eis a questão: os monopólios capitalistas da burguesia israelense, que controlam e dominam os sucessivos governos do país, querem se apossar das terras palestinas para explorarem essas riquezas. Por isso, defendem o genocídio do povo palestino, mesmo sabendo que a ampla maioria do povo de Israel quer a paz, e não a guerra. De fato, uma pesquisa publicada, no último dia 13 de outubro, pelo importante jornal judeu Jerusalem Post revelou que, de cada cinco israelenses, quatro culpam o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pelo ataque do Hamas e querem sua renúncia.

Tem mais. Aliadas às grandes corporações norte-americanas, as companhias israelenses também pretendem desencadear novas guerras para aumentar seu poderio econômico no Oriente Médio, como mostram as frequentes ameaças de Israel de bombardear o Irã. A justificativa para essa política belicista é sempre a mesma: se Israel não ampliar suas fronteiras, novos atentados acontecerão contra o povo israelense.

Os fatos, porém, mostram o contrário: o militarizado Estado de Israel não é indestrutível
nem invencível e o seu endeusado sistema de inteligência, à frente o Mossad, é vulnerável.
Ademais, como mostrou a derrota dos EUA no Vietnã e a vitória da União Soviética sobre o nazismo, os impérios, por mais armas destrutivas que tenham e por mais treinados que sejam seus exércitos, acabam derrotados.

Na verdade, qualquer povo que oprime outro povo e nega a este o direito de viver em paz,
nunca será um povo livre, tampouco alcançará sua própria paz.

Editorial publicado na edição nº 281 do Jornal A Verdade.

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1 COMENTÁRIO

  1. Me sinto extremamente contemplado com o artigo do camarada Luiz Falcão.
    O artigo repõe a centralidade da temática e empreender a mais cirúrgica crítica marxista-leninista ao capitalismo contemporâneo e sua fase imperialista circunstancialmente dada pelos EUA. Nesse sentido, reforçando o extraordinário artigo do camarada Luiz Falcão, essa disputa é financiada pelo capital internacional. Os controles ideológicos das empresas capitalistas que operam os grandes jornais (mais eletrônicos que impressos) infundem seus interesses exauridos pelas mídias eletrônicas ocidentais, refletindo apenas os interesses socioeconômicos da burguesia e seu sistema capitalista imperialista estadunidense.
    A centralidade da questão está na disputa empreendias pelas empresas capitalistas multinacionais pelo controle da rica matriz energética fóssil, uma quase incalculável riqueza petrolífera existente na Faixa de Gaza. Contudo, peço vênia ao camarada Luiz Falcão para levantar algumas questões de ordem ideológica atribuídas as formas de organizações religiosas de extrema-direita de verve fascista, a exemplo do sionismo da religiosidade israelense.
    É ponto superado entre nós pessoas comunistas o que o respeitável artigo analisa, nos convencendo de que isso não tem a ver com o estrito conflito teológico entre clãs no Oriente Médio. Muito menos com algumas vertentes teológicas que tratam analiticamente da história do mito da diáspora judaica na Antigo Testamento ou com o cristianismo primitivo (àquele radicalmente contrário à institucionalização da cristandade, iniciada no Primeiro Concílio de Niceia, um concílio de bispos cristãos, reunidos na cidade de Niceia da Bitínia em 325 pelo Imperador Romano Constantino I).
    Ao meu ver, a religião aqui é operada como uma verdade axiomática pelo senso comum liberal que exerce a hegemonia de uma suposta “verdade” como ideia-força de maneira exponencial na sociedade. Por isso, cumpre-se um papel estratégico relevante nessa propaganda sionista-fascista alardeada pela burguesia capitalista mundial, replicada em países em desenvolvimento capitalista como o Brasil porque serve como cortina de fumaça a qualquer religião hegemônica (metafísica). Essa tese refuta à crítica de Jesus Cristo à ordem estabelecida (Império Romano) porque causam desconforto as lideranças religiosas hegemônica que anseiam servir ao capitalismo daqueles “cambistas na porta do templo” expulsos pelo próprio Jesus de forma agressiva. Esses líderes não são obrigados a submeterem a sua fé a nenhum filtro crítico. Mesmo à verificação moderadamente à “teologia da libertação”, principalmente aos pressupostos científicos (marxiano, sobretudo marxista-leninista).
    É uma decisão moral burguesa blindada porque está no âmbito da individualidade (liberalismo) emprenhada pela ideologia liberal burguesa contemporânea, situada no campo das volições. Isso torna qualquer pessoa adepta ao fundamentalismo religioso irredutível, principalmente em relação ao seu comportamento fanático porque essa relação se regra pelo código moral conduta de confiança-cega. Aqui há uma ruptura extremada com a súmula teológica testamentária (Novo Testamento) no qual o próprio Jesus Cristo é consubstanciado pelo amor incondicional que o leva a perdoar “”Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete.”[Mateus 18:21-22], portanto, ao longo de toda a sua vida poderá errar 539 vezes.
    Para o judaísmo replicado pelos “cristãos” fundamentalistas, não reconhecera a Jesus Cristo, ainda prevalece a “lei de talião”, que diz “Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé” [Êxodo 21:24], o velho Código de Hamurabi Hamurabi, rei babilônico (século XVIII a. C.) que escreveu as 282 leis. Assim sendo, quem fere esse princípio indispensável à manutenção das relações de poder da religião é condenando de forma inexorável pelo ato de suprema traição ao seu deus, um rei como a fidelidade inalterável, uma corrupção moral gravíssima que leva a sentença condenatória “trânsito em julgado”, uma consequência previsível da condenação à morte no inferno.
    Aqui retomo a frase celebre de karl Marx quando analisava que a religião na sociedade burguesa serve como anestésico ao capturar a dor causada pelo excruciante sistema capitalista ao proletariado, sobretudo àquelas pessoas do mundo do trabalho que vivem exclusivamente da venda de sua força de trabalho. “A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração do mundo sem coração e o espírito das condições sem espírito. Ela é o ópio do povo”.

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