Ao todo, mais de 35 milhões de soviéticos morreram nas câmaras de gás, assassinados nas batalhas, exterminados nas aldeias ou de fome nas cidades sitiadas. Os povos do mundo sempre serão gratos ao heroico povo da União Soviética pela vitória contra o inimigo nazista. Honremos aqueles que morreram lutando pelo socialismo no passado, lutando pelo socialismo hoje.
Raphael Almeida | Historiador
Era 09 de maio de 1945, portanto, há 80 anos, quando toda humanidade respirou fundo e pôde comemorar a derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. Os guerrilheiros partisans já haviam executado o ditador fascista Benito Mussolini e libertado Milão, na Itália. Restava apenas a rendição do Japão fascista para que a guerra acabasse. O conflito é considerado, até os dias de hoje, a maior batalha militar da humanidade e vitimou entre 75 e 90 milhões de seres humanos. A guerra foi travada entre duas grandes coalizões militares, de um lado, os Aliados (União Soviética, Inglaterra e EUA); do outro, o Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
A guerra se deu na Europa, Ásia, Norte da África e nos Oceanos Atlântico e Pacífico. No entanto, o principal campo de batalha foi dentro do território da União Soviética. Os filmes comerciais, produzidos por Hollywood, tentam contar uma história que não aconteceu. Para combater essas falsificações, é preciso deixar nítido: os Estados Unidos não foram responsáveis pela derrota do nazismo, tampouco venceram a guerra. A grande responsável pela derrota do nazismo, pela rendição japonesa e pelo fim da Segunda Guerra Mundial foi a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Causas da guerra
O imperialismo já tinha empurrado o mundo para uma guerra mundial entre 1914 e 1918. A crise econômica de 1929 intensificou as disputas por novos mercados e uma redivisão pelo controle das colônias. A cada ano que passava, a beligerância dos Estados e os gastos militares aumentavam. Em 1931, militares japoneses invadiram o Nordeste da China, na região da Manchúria. Poucos anos depois, os japoneses ocuparam Hong Kong, ampliando as ações militares contra a Mongólia e a URSS.
Em 1935, a Itália invadiu a Albânia e a Etiópia a fim de disputar o controle sobre o Mar da Arábia, Mar Vermelho e Canal de Suez. Na Espanha, em 1936, os fascistas impuseram um golpe de Estado que levou a três anos de guerra civil. Inglaterra, França, Itália e Alemanha dividiram a Tchecoslováquia, sem a concordância do Estado Tcheco, entregando a região dos Sudetos ao ditador nazista Adolf Hitler.
Sucessivas provocações foram feitas aos países de economia dependente na Europa por parte dos nazistas, que ameaçavam militarmente as nações em troca de acordos econômicos vantajosos. Assim se deu com a Romênia, a Áustria, até o ataque à Polônia, em 1º de setembro de 1939, que a literatura ocidental trata como o “começo oficial” da Segunda Guerra Mundial.
As ações antissindicais e anticomunistas avançavam, ao passo que se intensificava a hostilidade contra a União Soviética no cenário internacional. Japão e Alemanha assinaram o pacto Anticomintern (Anti-Internacional Comunista), um tratado que visava a atacar o país do socialismo, bem como combater os Partidos Comunistas internos. Posteriormente, Itália, Espanha e Hungria passaram a ser signatárias do acordo.
As burguesias dos demais países capitalistas, como Estados Unidos, Inglaterra, França e Bélgica viam com certo otimismo o avanço da influência nazista, sua política anticomunista, e a recíproca era verdadeira.
Invasão à URSS
Após dominar toda Europa continental, a Alemanha nazista tinha a sua disposição os recursos humanos e materiais (saqueados) necessários para invadir a União Soviética, e assim o fez. Em julho de 1941, as forças armadas alemãs invadiram o território soviético sem nenhuma declaração de guerra com suas 153 divisões, que contavam com 3 milhões e 800 mil soldados, 3 mil veículos blindados e 5 mil aeronaves de combate. Hungria, Romênia, Itália e Finlândia colocaram à disposição dos nazistas 37 divisões e também participaram da invasão.
Os nazistas haviam aperfeiçoado a ciência militar. Precisaram de pouco mais de 150 dias para dominar toda a Europa Ocidental e, após invadir a URSS, alcançaram as duas principais cidades (Leningrado e Moscou) em apenas dois meses. A superioridade militar alemã se dava pela tática da Guerra Relâmpago (Blitzkrieg), que consistia em realizar um ataque coordenado dos tanques de guerra, força aérea e infantaria com o objetivo de cercar o inimigo.
O povo soviético e o Exército Vermelho, dirigidos pelo Partido Comunista Bolchevique da URSS (sob a liderança de Josef Stálin), ofereceram aos alemães algo que eles não tinham vivido até aquele momento: uma barreira intransponível, um desejo de lutar pela Pátria e defender seu Estado e o socialismo. Em vez de se renderem, os soldados soviéticos, mesmos cercados, combatiam até a última bala. Ao mesmo tempo, membros da população civil, militantes do Partido e da Juventude Comunista (Komsomol) se somavam aos milhares nos grupos guerrilheiros, conhecidos como partisans. Esses tinham como objetivo destruir as linhas de comunicação inimigas, impedir o avanço das tropas invasoras e manter o Exército Vermelho informado sobre a localização, a força e os movimentos dessas tropas.
Os nazistas não conseguiam concentrar sua força de ataque no front, já que eram obrigados a combater também na retaguarda contra os grupos do Exército Vermelho que estavam cercados e os guerrilheiros, que transformavam a vida noturna dos alemães em um inferno. O efeito psicológico era devastador contra os nazistas, que comumente tinham seu sono interrompido por todo tipo de ações de sabotagem: estoques de munições e de alimentos incendiados; água de poços envenenada; tanques de combustível e pontes explodidos; carros inutilizados; placas trocadas; conexões de trilhos alteradas, fazendo com que um trem colidisse com outro. Isso fez com que os objetivos alemães não fossem alcançados, e a guerra que foi programada para durar oito semanas se estendeu por quatro anos.
Mesmo em áreas ocupadas, a atuação do Partido não acabou. Só na Bielorrússia ocupada pelos nazistas, o Partido tinha em funcionamento nove Comitês Regionais, 174 Comitês Distritais e mais de mil células em sua base. Na Ucrânia ocupada atuavam 12 Comitês Regionais, 265 Comitês Distritais e 670 organizações do Komsomol. Além das armas, o Partido Bolchevique combatia com panfletos e jornais. Durante a madrugada, os guerrilheiros e os militantes tinham a tarefa de deixá-los debaixo das portas das casas, de picharem os muros, e o efeito moral na população era enorme: mesmo com tantas dificuldades, o povo sabia que seu Partido ainda estava ali, clandestinamente.
Combater a falsificação da história
Por ser um dos eventos mais importantes da geopolítica do século 20, a Segunda Guerra é fonte de muitas distorções e falsificações. Milhões de dólares são gastos todos os anos nos filmes e séries que buscam recontar os eventos dessa época para fraudar a História: afirmar que quem venceu a Guerra foram os estadunidenses.
As narrativas mentirosas dos livros não resistem aos números, tão menos à realidade: a cada 10 soldados do Eixo mortos, 8 foram de responsabilidade do Exército Vermelho; o famoso Dia D só aconteceu em junho de 1944, quando a URSS já estava avançando para a tomada de Berlim. No cinema, a maioria dos filmes transforma derrotas humilhantes de franceses e ingleses em vitórias e tenta justificar o colaboracionismo das potências capitalistas com os nazistas em algumas ocasiões.
Os filmes também tentam nos fazer acreditar que o Japão fascista se rendeu por conta do ataque nuclear contra a população civil japonesa feito pelos EUA. Escondem a realidade: a URSS desembarcou suas tropas na Manchúria e na Coreia, declarando guerra ao Japão, que viu suas tropas de mais de 1,5 milhão de homens se renderem, com os soviéticos tendo superioridade numérica e de armas em combate.
Outra falsificação criada é que o Exército Vermelho obrigou o povo a ingressar nos esforços de guerra. Se isso fosse realmente verdade, bastava a população se render quando os nazistas entrassem no país, mas o que assistimos foi a população integrar os grupos guerrilheiros e defender palmo a palmo o solo da Pátria.
Vencer a guerra não foi uma tarefa fácil: ao todo, mais de 35 milhões de soviéticos morreram nas câmaras de gás, assassinados nas batalhas, exterminados nas aldeias ou de fome nas cidades sitiadas. Mesmo assim, foi possível vencer. Há 80 anos, o Partido Comunista Bolchevique e o Exército Vermelho provaram a superioridade do socialismo e que com um povo ganho para defender seus interesses, é possível tudo, até mesmo vencer uma máquina de guerra que parecia invencível.
Os povos do mundo sempre serão gratos ao heroico povo soviético pela vitória contra o inimigo nazista. Honremos aqueles que morreram lutando pelo socialismo no passado, lutando pelo socialismo hoje.
Matéria publicada na edição impressa nº 312 do jornal A Verdade