Familiares de mortos e desaparecidos políticos protestam exigindo justiça e punição dos responsáveis pelos crimes cometidos pela ditadura militar no Uruguai. Este ano, devido à pandemia, Marcha do Silêncio foi “virtual”.
Por Heron Barroso
Rio de Janeiro
INTERNACIONAL – Em silêncio e em casa. Assim “marcharam” este ano familiares de mortos e desaparecidos pela ditadura militar no Uruguai. Todos os anos, em 20 de maio, a Marcha do Silêncio percorre as ruas da capital Montevidéu para lembrar os mais de 200 desaparecidos entre 1973 e 1985 e exigir que o governo e a justiça investiguem e punam os responsáveis pelos sequestros, torturas e assassinatos de opositores do regime militar.
A data escolhida para a manifestação faz alusão ao desaparecimento, em 1976, dos parlamentares uruguaios Zelmar Michelini e Héctor Gutiérrez Ruiz, e dos militantes tupamaros Rosario Barredo e William Whitelaw, à época exilados na Argentina e mortos pela famigerada “Operação Condor”.
Devido à pandemia, a marcha foi simbólica, com fotos e faixas apenas, mas não menos forte. “A marcha é a maior expressão da consciência política do povo uruguaio. Todos os dias 20 de Maio marchamos para quebrar o muro da impunidade institucionalizada no Uruguai e para manifestar nossa vontade de voltar à vida fazendo justiça”, explicou Jorge Zabalza, um dos organizadores do ato.
“É importante que a luta pela verdade e a justiça não termine com as pessoas que viveram a ditadura e o terrorismo de Estado, e que os jovens continuem essa luta para construir nossa própria memória, que não é a memória oficial”, disse o estudante Felipe Matontte, que também ajudou a organizar a Marcha do Silêncio este ano.
Ações como esta são fundamentais para que a verdade sobre os crimes cometidos pelas ditaduras militares que se instalaram em vários países da América Latina nas décadas de 1960 e 1970 não caia no esquecimento, e para que a luta por justiça e pela punição dos responsáveis pelas graves violações aos direitos humanos cometidas por essas ditaduras siga em frente.