UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 21 de agosto de 2025
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Nota do partido Unidade Popular: “Não à usurpação da sigla UP!”

Neste mês, uma federação entre dois partidos oligárquicos da direita deu início a uma tentativa de usurpar a sigla da Unidade Popular, cada vez mais respeitada pelo povo. Leia a nota da Executiva Nacional da UP denunciando o caso

Executiva Nacional da UP


A história do Brasil é repleta de exemplos de ações de uma elite conservadora, composta por latifundiários, banqueiros e bilionários herdeiros de escravagistas, que tudo fazem para se apropriar das riquezas e do patrimônio do povo.

Essa semana tivemos mais um exemplo do arbítrio e desrespeito ao povo brasileiro e à democracia, eis a fraude:

Dois partidos, PP e União Brasil, que recebem somados mais de R$1 bilhão do Fundo Eleitoral e cerca de R$197,65 milhões do Fundo Partidário, querem roubar a sigla da UP!

Esse absurdo está sendo praticado por partidos que defendem os ricos e os patrões, o vergonhoso orçamento secreto, e votam a favor de propostas como o corte de investimentos na saúde e educação para pagar a dívida pública e enriquecer o agronegócio.

Desde que criamos a UP, a admiração do povo só cresce e nos tornamos uma sigla respeitada pelo nosso compromisso com a luta por bandeiras como o fim da fome e da escala 6×1, pelo poder popular e o socialismo.

Acham que podem se apropriar do prestígio que a UP conquistou junto ao povo, mas não conseguirão!

O registro da UP foi possível graças ao apoio de mais de um milhão e duzentas mil pessoas durante a campanha pela criação do Partido. Nossa militância está preparada para impedir qualquer tentativa de golpe e usurpação.

Chamamos todos aqueles que têm senso de democracia e que são contra essa injustiça a se solidarizar com a Unidade Popular – UP, exigindo o fim dessa farsa e dizendo não a tentativa de retirar da UP o direito de utilizar a sua própria sigla.

Executiva Nacional da Unidade Popular Pelo Socialismo – UP

São Paulo/SP, Brasil, 29 de abril de 2025

Distrito Federal vive grave crise habitacional

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“O Distrito Federal também é a unidade da federação com a maior proporção de pessoas sem casa própria. Mais de 53% das famílias da capital dependem de aluguéis, conforme a PNAD Contínua de 2022.”

Pedro Bruno | Brasília (DF)


Moradia é um direito no papel, mas a vida real mostra outro lado. Desde o início, a luta dos comunistas defendeu que todo trabalhador tenha, na lei e na realidade, um lugar digno para viver. Para o governo de Ibaneis Rocha (MDB), que está no poder no Distrito Federal desde 2019, e para a classe que ele serve e protege, moradia é uma mercadoria. 

Nossa capital é profundamente desigual. Ocupa, historicamente, as piores posições nacionais, o DF tem atualmente a terceira maior disparidade de renda dos estados brasileiros, conforme a PNAD Contínua de 2023, do IBGE. O Lago Sul, frequentemente apontado como o bairro mais rico do Brasil, apresentou uma renda domiciliar média superior a R$ 31 mil, cerca de 15 vezes maior do que na Estrutural e no Sol Nascente, dados da PDAD de 2021, do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPE-DF).

No mesmo ano, mais de 10% das residências estimadas do Distrito Federal estavam em déficit habitacional. Isso significa que mais de 100 mil moradias do quadrilátero eram improvisadas, apresentavam condições precárias, estavam superlotadas ou tinham aluguéis sufocantes, superiores a 30% da renda de seus moradores. Dos residentes que vivem nessas condições, quase metade apresenta algum grau de insegurança alimentar.

Aluguéis proibitivos e infraestrutura precária

O DF também é a unidade da federação com a maior proporção de pessoas sem casa própria. Mais de 53% das famílias da capital dependem de aluguéis, conforme a PNAD Contínua de 2022. A PNAD 2021 já indicava, três anos atrás, que quase 80% da população do DF ganhava até 5 salários mínimos (R$ 5.500, à época), sendo que a faixa de até dois salários mínimos (R$ 2.200, à época) representava mais da metade da população do quadrilátero. 

Para a maioria dos brasilienses, alugar um imóvel de cem metros quadrados seria impossível em boa parte da cidade, especialmente nas regiões centrais. O valor médio do metro quadrado no Distrito Federal atingiu o recorde de R$ 44,59, sendo que alguns bairros da capital constam na lista dos mais caros do país, segundo dados da plataforma Wimóveis para janeiro de 2024. 

A segregação espacial dos trabalhadores do DF é histórica. Nos anos 1970, a “Campanha de Erradicação de Invasões” (CEI), produto da ditadura militar, deu origem à Ceilândia, maior bairro do DF, com mais de 18 mil moradias em déficit habitacional. Ao longo das décadas, nos seus arredores, formou-se a comunidade do Sol Nascente, que o Censo de 2022 apontou como a maior favela do país, hoje mais populosa que a Rocinha. 

A formalização da comunidade como a 32ª Região Administrativa pouco fez para amenizar sua dura realidade, compartilhada pelas cidades do Brasil e da periferia mundial do capitalismo. Quase metade das vias não é pavimentada e apenas 38% possui drenagem pluvial, segundo a PDAD 2021, do IPE-DF. Buracos, entulho e esgoto a céu aberto fazem parte da paisagem cotidiana desses lugares, enquanto espaços culturais, árvores e faixas de pedestres inexistem para 85% dos moradores. Itens básicos para o bom funcionamento de qualquer comunidade são prioridade apenas nas regiões mais ricas da cidade.

Situação de rua e violência policial

Talvez a face mais cruel do capitalismo seja vivida pelas suas quase oito mil pessoas em situação de rua. Privadas de condições básicas e excluídas de uma socialização digna, elas representam, no Distrito Federal, a maior porcentagem de todas as unidades da federação, como evidenciam dados do relatório de 2023 sobre População em Situação de Rua, do Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania. Cerca de três em cada mil pessoas vivem à sombra dos monumentos modernistas de Brasília, à margem de um projeto de futuro que não as contemplou.

O desamparo das milhares de famílias em situação de rua é uma potente ameaça que paira sobre toda a classe trabalhadora, um lembrete constante de que o desemprego é sempre uma possibilidade. A essas condições extremas, junta-se a brutalidade típica da Polícia Militar, a única presença do Estado que muitas pessoas sem-teto conhecem. As ordens de desocupação de Ibaneis foram diretamente responsáveis pelo despejo truculento de ao menos sete comunidades. Os alvos iam de acampamentos provisórios até ocupações populares, como a Casa Ieda Delgado, do Movimento de Mulheres Olga Benario, violentamente desmantelada em 2022. 

Esse tratamento, historicamente racista e militarizado, contrasta com a mansidão do governo diante das ilegalidades de grileiros e condomínios particulares, que frequentemente usam terras públicas para construir e vender propriedades. Existem pelo menos 500 condomínios irregulares ocupados por população de baixa, média e alta renda na capital, segundo o Conselho Regional de Corretores de Imóveis do DF.

Ibaneis Rocha e o fascismo

Pouco antes de tomar posse, Ibaneis Rocha comprou a casa mais cara já vendida no DF, no Lago Sul. Avaliada em R$ 23 milhões, a enorme mansão, e seu terreno de 10 mil metros quadrados, representam um luxo inalcançável pela maior parte da população do Brasil e do mundo, mesmo depois de vidas inteiras de trabalho. Proprietário de escritório de advocacia e de um patrimônio próximo a R$ 80 milhões, o governador está entre os 0,1% mais ricos do mundo, conforme as faixas de renda e riqueza do World Inequality Report 2022.

Ainda que não chegue perto das grandes fortunas do país, Ibaneis Rocha é agente político da burguesia, e se colocou a serviço de seus elementos mais reacionários. Relativamente desconhecido até as eleições de 2018, ganhou apoio considerável ao se alinhar com o fascista Jair Bolsonaro. Desde então, ele governou para o capital, com o desprezo pelos trabalhadores tão característico do ex-presidente. No dia 8 de janeiro, enquanto golpistas se amontoavam na Praça dos Três Poderes, a polícia manteve a distância e permitiu a destruição do patrimônio público. Apesar de se esquivar da devida punição, a sua omissão criminosa o situou publicamente como cúmplice de Bolsonaro na tentativa de golpe fracassada e resultou no seu afastamento temporário do governo.

A experiência socialista

A cinco mil quilômetros de Brasília, nas águas quentes do Caribe, temos outra história. Uma colônia explorada por cinco séculos, não muito diferente do Brasil, Cuba foi libertada pelo seu povo em 1959 e é governada por trabalhadores desde então. A missão do império estadunidense imediatamente tornou-se destruir a Revolução. O pequeno país sofre um bloqueio econômico há mais de 60 anos, que o impede de comercializar normalmente com o mundo. Todos os anos, as Nações Unidas votam esmagadoramente contra a medida ilegal, mas os Estados Unidos continuam tentando sufocar o povo cubano. 

Ainda assim, com uma economia sitiada e recursos escassos, Cuba não abandona o seu povo. Existem quase 4 milhões de moradias, para uma população de 11 milhões, com cerca de três pessoas por unidade, dados do Perfil da Moradia de 2021, da ONU Habitat. Cuba não é um país rico, mas o relatório reconhece que, apesar das dificuldades materiais, ninguém em Cuba mora na rua.

Cada povo tem a sua luta a travar contra o sistema que destrói a humanidade. A falta de habitação e o déficit habitacional no Brasil não são uma falha do capitalismo, mas suas consequências naturais. Os milhares forçados a viver nas ruas são o produto de um sistema feito para gerar lucro para alguns, e não dignidade para todos. Apenas a classe trabalhadora pode salvar a si mesma. No nosso país, os trabalhadores do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) fazem parte das forças revolucionárias que constroem as fundações de um futuro justo, no qual todos terão onde viver. Outro mundo é necessário. Outro mundo é possível.

Reduzir a jornada e combater a escala 6×1 para lutar contra o desumano sistema capitalista

Este sistema resistirá com toda violência e desespero, buscando barrar qualquer reforma proposta pelos trabalhadores, como a redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1. Conscientes disso, cabe aos trabalhadores se unirem para lutar a favor de uma reforma na escala de trabalho e na redução da jornada.

Wanderson Pinheiro | São Paulo (SP)


A classe trabalhadora é cada vez mais explorada pelos grandes monopólios no atual sistema capitalista-imperialista. No Brasil, com a famigerada escala 6×1, a grande burguesia sustenta uma exaustiva jornada de trabalho de 44 horas semanais. Sem contar que os patrões, muitas vezes, passam por cima das leis trabalhistas, com artifícios como o das horas-extras, para impor uma jornada que chega a 16 horas por dia. Os trabalhadores e trabalhadoras do comércio, da limpeza, dos aplicativos e do telemarketing, são as principais vítimas desse trabalho escravo “moderno”, legalizado pelo Parlamento e pela Justiça burgueses.

Os grandes capitalistas internacionais e seus países imperialistas, que se lançam à guerra para defender os mercados para seus monopólios, são os mesmos que exploram a classe trabalhadora e a empurram para o desemprego e o trabalho informal (sem direitos).

Dessa forma, a grande burguesia atua para aumentar o exército de trabalhadores desempregados, rebaixar os salários e aumentar a jornada de trabalho de forma violenta, tudo com o objetivo de vender suas mercadorias. Por trás disso, existe uma grande disputa por mercados. E se trata de uma disputa entre gigantes, entre oligopólios que levam a concorrência ao extremo. Essas disputas se desenvolvem a ponto de gerar disputa entre Estados imperialistas, de forma que estamos à beira de uma nova guerra mundial.

Para reduzirem seus custos de produção, também aumentam fortemente os investimentos em tecnologia e demitem milhares de trabalhadores. Por outro lado, no geral, reduzem o poder aquisitivo das amplas massas, reduzindo o consumo dos seus próprios produtos e aprofundando a crise econômica do sistema.

Por isso, o avanço da crise do capitalismo-imperialismo moribundo é perfeitamente previsível e inevitável. Porém, este sistema resistirá com toda violência e desespero, buscando barrar qualquer reforma proposta pelos trabalhadores, como a redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1.

Conscientes disso, cabe aos trabalhadores se unirem para lutar a favor de uma reforma na escala de trabalho e na redução da jornada. Essa reforma progressista é pela vida dos trabalhadores, pela redução da exploração e contra a crise econômica que nos rodeia. Estas bandeiras de luta devem estar no centro dos atos do 1º de Maio que se aproximam, até porque o Dia Internacional da Classe Trabalhadora surgiu, há quase meio século, exatamente em torno da luta pela redução da jornada de trabalho.

Escala 6×1

Os altos investimentos em tecnologia, além de reduzir o tempo de trabalho necessário para produzir as mercadorias, demitindo trabalhadores e reduzindo salários. Um exemplo é o que foi apresentado pelo relatório do FMI, de 2024, no qual afirma que os bilhões de investimentos em Inteligência Artificial (IA) afetarão substancialmente 40% dos empregos em todo mundo.

O investimento mundial em IA, de 2023 para 2024, cresceu 62%, chegando a US$ 110 bilhões no último ano. Este é um forte setor de investimentos do capital financeiro em cadeia, que vai desde a produção de microchips em larga escala, passando por fazendas de grande porte para armazenamento de dados, até chegar ao processamento dos dados por meio da IA. As chamadas big techs são parte desse monopólio das informações e tecnologia nas mãos da burguesia em nível internacional.

Segundo o Relatório Emprego Mundial e Perspectivas Sociais da OIT-ONU, 435 milhões de trabalhadores estiveram desempregados em 2024, o que representa 5% da população mundial. Isto é, como disse Karl Marx, um verdadeiro exército de trabalhadores desempregados.

Somando-se à enorme fila dos desempregados, tivemos a redução dos salários, de maneira mais exacerbada nos países explorados pelo imperialismo. No Brasil, por exemplo, tivemos uma queda geral nos salários de 7%. Em nível mundial, o número de trabalhadores no mercado informal ultrapassou a marca de 2 bilhões, e mais de 241 milhões de trabalhadores vivem em famílias com renda per capta inferior a 2,15 dólares por dia (R$ 12,56).

A tática dos capitalistas é clara. Jogam milhões de pessoas nas filas em busca de emprego, passando fome e morrendo à mingua para pressionarem aqueles que estão empregados, ameaçando-os de demissão caso reivindiquem melhores condições e pagando salários miseráveis. E pior: mesmo passando fome e estando subnutridos, os trabalhadores têm que cumprir jornadas exaustivas, como a escala 6×1.

Jornadas exaustivas

Devemos observar que a escala de trabalho 6×1 é parte de um sistema de exploração geral e violento. É a extração da nossa força de trabalho até o limite, sugando nosso sangue e nos matando. Esta situação é mais grave nos países explorados, onde somos obrigados a vender nossa força de trabalho para os patrões, sem receber o mínimo necessário para nos manter em pé no dia seguinte.

Segundo o IBGE, no Brasil, 60% dos trabalhadores vivem com até um salário mínimo (R$ 1.518,00), que, ironicamente, não satisfaz o “mínimo” para sobrevivermos e nos recompor para trabalhar uma jornada de trabalho exaustiva de 44 horas semanais ou mais. Não temos tempo para o descanso, para o lazer e nem mesmo para conviver com a própria família.

Além disso, esse limite de jornada é muitas vezes “flexibilizado” pela reforma trabalhista. Este é o caso de uma grande quantidade de trabalhadores informais (os “uberizados”, pjotizados, etc.), falsamente caracterizados como colaboradores/empreendedores e trabalham cumprindo até 12 horas por dia.

Pesquisa da ONG Ação Cidadania revela que 56% dos entregadores, em São Paulo e no Rio de Janeiro, trabalham mais que 9 horas por dia. Com dados referentes a agosto de 2024, a pesquisa diz ainda que 13,5% vivem em condições de restrição alimentar grave e 41% já sofreram acidentes no trabalho.

Mais ainda, segundo o Colab/PUC-Minas, o regime de escala 6×1 está associado ao crescimento da síndrome burnout no Brasil, que é uma doença de esgotamento profissional silencioso. Os sintomas da crise são o cansaço extremo, sensação de ineficácia, dificuldade de concentração e irritabilidade constante, que geralmente evoluem para ansiedade e depressão. As causas do desenvolvimento da síndrome são a pressão por produtividade, ausência de pausas adequadas e as jornadas de trabalho exaustivas.

A luta contra o capitalismo

A redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6×1 é uma luta de toda a classe trabalhadora contra a classe da grande burguesia e diz respeito diretamente ao lucro dos capitalistas. Por isso, essa luta se desenvolve de maneira encarniçada, já que os patrões não admitem perder nada.

Porém, para obter essa grande conquista, a classe trabalhadora precisa se organizar e desenvolver uma grande luta em nível nacional, e mesmo internacional. Um caminho a seguir é a realização de uma enorme “Campanha pelo fim da escala 6×1”, com grandes atos e manifestações nacionais, que coloquem milhões de trabalhadores nas ruas. Devemos ainda desenvolver e aprofundar atos de protestos nos shoppings, supermercados, call centers e demais empresas que promovem a escala 6×1.

Mas, para obtermos mais rapidamente vitórias, precisamos nos inspirar no que fizeram os irmãos trabalhadores da Pepsico (ver pág. 6), que realizaram uma grandiosa greve de sete dias, parando completamente a produção, e conquistaram a primeira vitória contra a escala 6×1. No final da greve, os trabalhadores conquistaram mais um dia de folga no mês e derrotaram os patrões. Por isso, consideramos que esse é o caminho a seguir: não ficar esperando o Parlamento burguês, mas sim deflagarmos uma jornada de GREVES CONTRA A ESCALA 6×1!

Para avançarmos nessa luta, não podemos ter ilusão que a conquista virá do parlamento, da justiça burguesa ou de alianças com o centrão para a aprovação de um projeto via conciliação. É necessário levarmos nossos interesses às ruas, com ações do poder popular. Já está demonstrado que nem o Centrão nem a social democracia defendem os reais interesses do nosso povo. Também é claro que esses setores não se movem para reverter as privatizações e a retirada de direitos. Portanto, a força para acabar com a escala 6×1 e reduzir a jornada de trabalho deve vir das ruas pelas mãos da classe trabalhadora.

Também é importante avançarmos a consciência dos trabalhadores enquanto classe. Demonstrar que esses precisam se unir e lutar por uma política da classe trabalhadora. Política esta que combate as privatizações, luta pelo cancelamento das reformas trabalhista e previdenciária, pela auditoria e cancelamento da dívida pública, pelo aumento de 100% do salário mínimo, pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários e o fim da escala 6×1. Enfim, queremos que a luta por reformas progressistas não caia nos limites da legislação vigente (burguesa), do puro reformismo, pois os capitalistas querem nos fazer conformar com as migalhas permitidas.

A nossa luta pode e deve se desenvolver no caminho da revolução socialista, da construção do poder popular e do socialismo. Pois, somente assim, poderemos acabar de uma vez por todas com todas as formas de exploração e opressão e destruir o velho sistema capitalista-imperialista que tanto nos explora e assassina.

Matéria publicada na edição impressa nº 311 do jornal A Verdade

A canção de protesto de Nara Leão contra a Ditadura Militar Fascista

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Nara Leão foi uma das maiores cantoras e compositoras brasileiras. Rompeu com o movimento bossa nova e dedicou-se a uma arte comprometida com o povo, através do que ficou conhecido como canção de protesto, foi perseguida pelos militares.

Igor Barradas | Redação RJ


CULTURA – Em 19 de janeiro de 1942 nascia Nara Lofego Leão, cantora capixaba que em suas músicas defendeu uma sociedade com justiça social e sem exploração em meio a Ditadura Militar Fascista (1964-1985)

Ao longo de sua carreira, ela lançou mais de 20 discos e interpretou algumas das maiores canções da música brasileira. A história da vida de Nara Leão retrata um pessoa que se engajou com as causas sociais, rompeu com um padrão capitalista de produção de música e fez várias críticas ao exército burguês, chegando a ser perseguida pelos militares.

Origens de Nara

Nara nasceu no Espírito Santo, mas desembarcou no Rio de Janeiro com os pais e a irmã Danuza quando tinha 1 ano de idade. Filha de um advogado, cresceu em um amplo apartamento na Avenida Atlântica frequentado por nomes como João Gilberto, Roberto Menescal e João Donato, que escreveram na sala com vista para o mar canções que pavimentaram a Bossa Nova, como O Barquinho.

Esses artistas, começaram um movimento musical, segundo o escritor Ruy Castro: “era uma simplificação extrema da batida da escola de samba”, como se dela tivessem sido retirados todos os instrumentos e conservado apenas o tamborim. 

Rompimento com a bossa nova 

Nara, ao definir a bossa nova, dizia agora que “era uma música alienada”. A bossa nova tinha músicas que falavam sobre a vida da pequena-burguesia. Sempre citavam as vidas nas praias, contemplando o mar e a avistar barquinhos e não tinha muito mais para onde se expandir. Nunca citavam os problemas reais que o país passava na época.

Em uma passagem do início da carreira, Nara diz ter descoberto a existência da fome e da pobreza, e se revoltou em continuar entoando canções descoladas da realidade do povo brasileiro e das questões sociais.

Nara no CPC da UNE

Ainda neste período, também começou a gravar seu primeiro disco, Nara, lançado em 1964. Àquela altura, seu nome era associado a favor dos movimentos de esquerda. Em especial, seu nome era ligado ao de militantes comunistas da época, chegando a convidar alguns à sua residência para falar sobre as ideias comunistas.

Nara ligou-se ao Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), fundado em 1961 por estudantes artistas e intelectuais progressistas, que tinham o objetivo de difundir e criar uma arte que fosse popular e política ao mesmo tempo e que fosse feita do povo e para o povo, que rompesse com a arte mercantilizada das classes dominantes ao tratar de assuntos reais do cotidiano. 

Além das apresentações ao vivo, Nara ainda passou a participar de programas de TV em diferentes estados. Em agosto, já contratada pela recém-inaugurada gravadora Elenco, começou a gravar seu primeiro disco, no estúdio Rio-Som, no centro do Rio de Janeiro. No repertório, faixas assinadas por Cartola, Elton Medeiros, Zé Keti, Moacyr Santos, Baden Powell, Edu Lobo, Carlos Lyra, Vinícius de Moraes, Gianfrancesco Guarnieri e Ruy Guerra. Entre os clássicos, “Diz Que Fui Por Aí”, “Luz Negra” e “O Sol Nascerá”. 

O Grupo “Opinião”

O cenário de repressão instaurado nas ruas após o golpe militar de março de 1964 inspirou a montagem de outro espetáculo do CPC (àquela altura já posto na ilegalidade pelo novo regime), chamado Opinião. Com a direção de Augusto Boal, do Teatro de Arena, textos de Oduvaldo Viana Filho e produção musical de Lyra, o musical trazia como protagonistas Nara Leão, Zé Keti e João do Vale.

O grupo trazia as representações dos próprios artistas para o palco, misturando a jovem branca pequeno-burguesa, o sambista negro e o nordestino, também negro. 

Logo que estreou, em um pequeno teatro dentro de um shopping center em Copacabana, em 11 de dezembro de 1964, Opinião transformou-se em febre entre os jovens que queriam protestar publicamente contra os primeiros meses de ditadura. 

Questões como desigualdades sociais, favelas e reforma agrária tornaram o evento um símbolo de resistência política a favor da democracia e da cultura brasileira. 

Duas canções na voz de Nara tornaram-se ícones daquilo que se convencionou a despois deste espetáculo, chamar de música de protesto brasileira: Opinião” (“Podem me prender/ Podem me bater/ Podem até deixar-me sem comer/ Mas eu não mudo de opinião”) e “Carcará” (“Carcará não vai morrer de fome/ Carcará mais coragem do que homem/ Carcará pega, mata e come”).

A primeira não só abre o repertório do segundo álbum de Nara, lançado ainda no final de 1964, como também dá título ao trabalho, que também traz do mesmo espetáculo “Sina de Caboclo”.

O estouro de Opinião foi a primeira demonstração pública de Nara Leão a respeito de seu descontentamento com tudo aquilo que se torna massivo. 

“Esse exército não serve pra nada!”

No dia 22 de maio de 1966, quando a ditadura militar começava a intensificar sua repressão contra o povo, com torturas e censura de ideias, o jornal Diário de Notícias publicava uma entrevista com Nara. Nela, a cantora soltou o verbo contra o regime. Disse que os generais entendiam de canhão e metralhadora mas não de política. 

Nara Leão defendia a extinção do exército burguês. Dizia que a instituição não servia para nada e “estava ficando cada vez mais obsoleta” e “caindo aos pedaços”.

Nara também disse que o Brasil, com suas profundas desigualdades, deveria investir na construção de hospitais e escolas, de preferência dentro das fábricas, para que, assim, o operariado tivesse uma vida decente.

No fim da entrevista, Nara ainda criticou a cassação dos deputados contrários à ditadura e disse que os militares fascistas deveriam ser impedidos de exercer suas funções e proclamou a urgência da nacionalização de toda e qualquer empresa no Brasil.

As manchetes de jornais alardeavam os rugidos de Nara Leão: “Nara é de opinião: esse Exército não vale nada”; “Nara pode ser presa mas não muda de opinião”; “Nara: sou contra militar no poder”; “Entrevista abalou os alicerces do Exército Nacional”; “Considero os exércitos, no plural, desnecessários e prepotentes”; “Meu violão é a única arma que tenho; meu campo de guerra é o palco.”

Mobilização contra prisão política de Nara Leão

As declarações de Nara repercutiram como uma bomba na sociedade carioca e dentro do governo. Jairo Leão previu que os militares fizessem alguma retaliação de forma arbitrária, enquadrando a filha na Lei de Segurança Nacional e abrindo um processo para prendê-la imediatamente. 

Nos bastidores, integrantes da linha dura do exército já pressionavam por alguma punição e ações que intimidassem Nara e seus amigos a não mais se sentir à vontade ao abrir a boca. E também que ela passasse a ser tão vigiada de perto que acabasse pedindo asilo político fora do país. 

A classe artística, por sua vez, mobilizou-se para fazer um abaixo-assinado encaminhado ao marechal Castello Branco, o primeiro militar presidente brasileiro após o golpe de 1964, pedindo o arquivamento do processo. 

Nara foi um exemplo de artista comprometida com a justiça social. Seu exemplo inspira. Sob ameaça de ser presa, Nara Leão foi defendida pelo poeta Carlos Drummond de Andrade, através de um poema publicado na imprensa e destinado ao Marechal Castelo Branco, disse quenão adiantava prisão para a voz que, pelos ares, espalha sua canção.”:

 APELO (excerto)

“Meu honrado marechal

dirigente da nação,

venho fazer-lhe um apelo:

não prenda Nara Leão (…)

 

A menina disse coisas

de causar estremeção?

Pois a voz de uma garota

abala a Revolução?

 

Narinha quis separar

o civil do capitão?

Em nossa ordem social

lançar desagregação?

 

Será que ela tem na fala,

mais do que charme, canhão?

Ou pensam que, pelo nome,

em vez de Nara, é leão? (…)

 

Que disse a mocinha, enfim,

De inspirado pelo Cão?

Que é pela paz e amor

e contra a destruição?

 

Deu seu palpite em política,

favorável à eleição

de um bom paisano – isso é crime,

acaso, de alta traição?

 

E depois, se não há preso

político, na ocasião,

por que fazer da menina

uma única exceção? (…)

 

Nara é pássaro, sabia?

E nem adianta prisão

para a voz que, pelos ares,

espalha sua canção.

 

Meu ilustre marechal

dirigente da nação,

não deixe, nem de brinquedo,

que prendam Nara Leão.”

Repressão a indígenas em Brasília mostra caráter antipovo do Estado burguês

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Indígenas que lutavam em Brasília foram brutalmente reprimidos pela PMDF. Ação da polícia é sinal da política contra os povos indígenas do Estado brasileiro.

Marcela Bigonha | Brasília


LUTA POPULAR – Na noite do último dia 10 de abril, o Estado burguês mostrou mais uma vez sua verdadeira face: repressora, violenta e racista. Em um ato pacífico do Acampamento Terra Livre (ATL), que reuniu cerca de 8 mil indígenas de mais de 200 povos em frente ao Congresso Nacional, a Polícia Militar do Distrito Federal, com apoio do Departamento de Polícia Legislativa, lançou bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta contra os manifestantes, que exigiam o básico: respeito às suas terras, culturas e vidas.

Entre os atingidos pela ação brutal estava a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG), liderança indígena e mulher da luta. Mesmo se identificando, foi impedida de sair do local pelos policiais, desrespeitando sua imunidade parlamentar e demonstrando, mais uma vez, que o aparato repressivo do Estado não distingue entre povo e representante quando o objetivo é calar vozes insurgentes.

A repressão foi covarde. As imagens falam por si: homens armados até os dentes, cercando corpos pintados, mulheres com crianças nos braços, anciãos com cocares, cantando e marchando por justiça. Não havia qualquer “ameaça à ordem”, apenas o pavor da classe dominante diante da organização popular.

O ATL, em sua 21ª edição, vem sendo um grito dos povos originários contra o Marco Temporal, a política genocida do agronegócio e a omissão cúmplice do governo federal na demarcação de terras indígenas. Ao invés de atender às pautas históricas do movimento, o Estado responde com cassetete, gás e spray de pimenta.

Essa violência não é um erro isolado, é a expressão do caráter de classe do Estado brasileiro. Um Estado a serviço do latifúndio, das mineradoras, das empreiteiras e do capital imperialista. Um Estado que nega direitos ao povo trabalhador enquanto protege os interesses de meia dúzia de parasitas.

Só a luta popular organizada e a aliança entre indígenas, camponeses, estudantes, trabalhadores e juventude pode pôr fim a esse sistema apodrecido. A repressão não vai silenciar a marcha da história. Pelo contrário, mostra que estamos no caminho certo: o caminho da resistência, da solidariedade e da construção do poder popular.

UP cresce com o trabalho político dos núcleos do DF

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Núcleos da UP do Distrito Federal desenvolvem importante trabalho político e partidário nas lutas locais.

Laura Ingrid | Brasília – DF


PARTIDO – No Distrito Federal, dois núcleos da Unidade Popular têm se destacado ao adotar um trabalho político e sistemático: o do Guará e o de Sobradinho.

O núcleo do Guará implementou duas brigadas mensais: uma fixa na Feira do Guará e outra na Rua do Lazer. Nessa última, além das brigadas, há uma banca que promove a venda de materiais e a interação com a comunidade. O núcleo também lançou um panfleto exclusivo, intitulado “Jornal Popular do Guará”, e organiza atividades como a colagem de lambes e porta em porta para apresentar o partido. Todas as propostas de atividades são definidas durante reuniões que ocorrem religiosamente nas noites de segunda-feira, a cada quinzena. 

Os resultados foram significativos: em apenas sete meses, de abril a outubro, o núcleo do Guará experimentou um crescimento de 350% no número de participantes. As brigadas se tornaram um ponto de referência, atraindo cada vez mais militantes e aumentando as vendas do jornal. As bancas, por sua vez, se mostraram locais ideais para recrutamento e obtiveram um excelente retorno financeiro.

O núcleo de Sobradinho realiza brigadas quinzenais na Rodoviária e na Feira Permanente, com panfletos específicos do núcleo. Além disso, promove agitações nas paradas de ônibus, abordando as pessoas que aguardam transporte. Esse sucesso é resultado de um estudo aprofundado de AGP nas reuniões regulares, que acontecem presencialmente, favorecendo a conexão entre os filiados e ampliando a consciência política dos militantes.

Diversas atividades financeiras também são desenvolvidas, incluindo eventos que mobilizam não apenas o núcleo de Sobradinho, mas também outros núcleos do partido. Além dessas, atividades como rifas e cine debates sobre a crise da saúde no DF são realizadas. Os resultados são notáveis: desde janeiro até outubro, o núcleo cresceu 67%. Como consequência desse engajamento e consciência, foi estabelecido um ponto fixo e diário para a venda do jornal A Verdade em uma papelaria próxima à Rodoviária de Sobradinho, consolidando ainda mais a presença do núcleo na comunidade.

A Unidade Popular do Distrito Federal organiza sua militância em núcleos territoriais, o que facilita a participação e o engajamento dos filiados. No entanto, é fundamental destacar que o desenvolvimento de cada núcleo não ocorre de forma espontânea. A construção de uma base sólida e a adesão as atividades exigem um esforço contínuo e persistente, essencial para o fortalecimento do partido.

O Papel do Coordenador no Fortalecimento dos Núcleos

Para superar os desafios impostos pelo liberalismo e pela falta de envolvimento, é essencial que o coordenador do núcleo exerça uma liderança firme, promovendo reuniões produtivas e atividades regulares. Um coordenador eficaz não se deixa desanimar pela baixa participação ou pela dificuldade em recrutar novos membros; em vez disso, ele analisa essas situações para identificar falhas e não desiste de manter as atividades em andamento. As ações realizadas dentro do núcleo sempre trarão retorno, mesmo que não seja imediato.

Um bom coordenador se apresenta aos companheiros não apenas como dirigente, mas também como companheiro, compreendendo as realidades cotidianas dos participantes e oferecendo apoio nas dificuldades. O núcleo deve ser um espaço de aprendizado e desenvolvimento individual e coletivo, além de um meio para atrair novos membros e ampliar a atuação da Unidade Popular na região. A atuação do coordenador deve incluir acolhimento e ensino, oferecendo críticas construtivas quando necessário e sendo um exemplo de dedicação e colaboração para todos.

Atividades e Reuniões: Estratégias para o Engajamento dos Militantes

O sucesso das reuniões no núcleo depende do desenvolvimento de encontros que incluam estudos relevantes e que estejam conectados ao cotidiano dos participantes. Marcar as reuniões com antecedência e confirmar a presença de cada membro são práticas que incentivam o envolvimento. É fundamental que cada reunião já saia com a próxima agendada, além de atribuir atividades a serem realizadas entre os encontros, garantindo que todos os participantes se sintam responsáveis pelo núcleo. A criação de atas é essencial para registrar os assuntos discutidos e as decisões tomadas.

A presença de um núcleo territorial facilita as atividades presenciais, já que os militantes residem ou trabalham na mesma região, e o conhecimento do local por parte dos membros é um ativo valioso. Para fortalecer a atuação, é recomendável estabelecer uma brigada em um local fixo, o que ajudará a criar compradores habituais e promover diálogos mais produtivos. Nas reuniões, o núcleo deve debater os melhores locais para essa brigada, realizando testes antes de definir um espaço fixo, que deve ocorrer regularmente a cada quinzena.

Outra atividade importante é a instalação de uma banca, que deve ser decidida em conjunto durante as reuniões. Este espaço se torna uma excelente oportunidade para aprofundar diálogos, realizar recrutamentos, fazer financias e divulgar a linha política do partido.

Nas brigadas, é essencial contar com dois importantes meios de diálogo com o povo: o Jornal A Verdade e um panfleto específico do núcleo, que traga as reivindicações mais urgentes da comunidade. A elaboração deste panfleto deve envolver todos os militantes do núcleo, promovendo uma mobilização coletiva e atribuindo tarefas que geram entusiasmo em relação ao trabalho realizado.

Além disso, é crucial incutir nos militantes o princípio da autossustentação, incentivando a criatividade e a responsabilidade na formação de um caixa para o núcleo. Esse fundo pode ser utilizado para cobrir despesas, como o transporte de companheiros que não podem arcar com esses custos, assegurando assim a participação de todos nas atividades.

A importância do trabalho com o jornal

É tarefa primordial apresentar e falar do socialismo para a população, com a sua verdadeira face e reivindicações. E isso só será alcançado através da venda em grande quantidade do JAV, que gera conexão com nossa classe e desenvolve consciência política da verdadeira realidade do povo. 

Laura Ingrid | Brasília (DF)


CARTA – É dever primordial e indispensável de todo militante o trabalho de divulgação e propaganda, esse trabalho é herança da práxis, a união dialética entre teoria e prática. E a melhor forma de materialização é com a venda do jornal A Verdade (JAV) .

“O social democrata [1], se for a favor, não apenas em palavras, da política de desenvolvimento integral da consciência do proletariado, deve ‘passar por todas as classes da população’. Como teóricos, como propagandistas, como agitadores e como organizadores, devemos ‘estar entre todas as classes da população’”. Lênin em Que fazer?.

A venda do JAV faz com que todo o trabalho feito pelo partido seja exposto para a população, uma grande oportunidade de mostrar quem é a Unidade Popular e como ela e seus movimentos irmãos atuam no Brasil e no mundo. Imóveis ocupados para criação de casas de referências do movimento de Mulheres Olga Benario, Natal sem fome do Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas – MLB, responsável por arrecadar milhares de cestas básicas, os movimentos grevistas do Movimento Luta de Classes – MLC e o movimento estudantil nas escolas e universidades, com o Rebele-se e o Correnteza. Essas atuações devem sempre ser publicizadas para a população, de modo que possam enxergar a atuação social do partido e diferenciar a mídia popular e revolucionária das mentiras que a mídia capitalista promove para difamar a todo tempo o socialismo.

A burguesia utiliza de todas as oportunidades e instrumentos para impedir o desenvolvimento do socialismo com o movimento operário, e para destruir esse impulso, usa todas as modalidades para reprimir a verdade da população. Inclusive, aplicações de golpes, guerras, ditaduras e até dissolução de parlamentos que ela própria colocou no poder.

Além disso, o JAV possui uma enorme importância para o estudo dos militantes, não um estudo acadêmico, engendrado e afunilado, mas um estudo de qualidade, revolucionário e de fácil acesso. O jornal é responsável por conectar a nossa linha política com o nosso cotidiano e ligar o pensamento dos militantes a um só ideal necessário para a nossa luta, o qual nos permite dar voz aos nossos pensamentos e ser guia no meio de todos os conflitos ideológicos.

“A missão do jornal não se limita, sem embargo, a difundir ideias, a educar politicamente e a conquistar aliados políticos. O jornal não é só um propagandista coletivo e um agitador coletivo, senão também um organizador coletivo.” Por onde começar? Lenin.

O trabalho de venda do JAV pode parecer árduo e causar desconforto nos militantes mais tímidos. Essas dificuldades são vencidas no cotidiano, quanto mais estamos na rua em contato com as massas, mais desenvolvemos a habilidade de falar com o povo. Nem todas as tarefas do partido iremos fazer com brilhos nos olhos e desejo esplendoroso, mas temos que refletir a importância do nosso trabalho ser construído de modo diário, sistemático e contínuo. Para isso, é necessário encarar todas as tarefas que o partido decide em coletivo para construir o melhor para o todo. 

É muito comum o relato de ao termos símbolos comunistas de modo mais expressivo nas capas do JAV, as vendas diminuem ou ficamos apreensivos e com anseio de retaliação. Entretanto, exatamente nesses editoriais, devemos agir com mais garra e determinação, devemos traçar diálogos com a população e expor ainda mais alto as nossas reivindicações e linha política.

Só conquistaremos um Brasil e um mundo verdadeiramente popular com a revolução feita pela massa trabalhadora. É tarefa primordial apresentar e falar do socialismo para a população, com a sua verdadeira face e reivindicações. E isso só será alcançado através da venda em grande quantidade do JAV, que gera conexão com nossa classe e desenvolve consciência política da verdadeira realidade do povo. 

UM JORNAL FEITO PELO E PARA O POVO, JORNAL A VERDADE.

NOTA:

[1] Quando Lenin se refere a “social-democrata” fala na realidade dos comunistas russos que até 1917 utilizavam esta denominação.

Como a dívida pública sabota o futuro do Brasil?

Apesar dos frequentes apelos por cortes em áreas essenciais, como saúde e educação, o Governo Federal destinou R$ 2 trilhões ao pagamento de juros e amortizações da dívida pública em 2024 — valor que representa 43% do orçamento, segundo dados da Auditoria Cidadã da Dívida.

Thaís Rachel Zacharia | Vice-presidente da UNE


JUVENTUDE – A grande mídia e os economistas burgueses frequentemente argumentam que o Brasil não dispõe de recursos suficientes para sustentar áreas fundamentais como saúde e educação, defendendo cortes orçamentários como solução para equilibrar as contas públicas. Contudo, essa narrativa ignora um dado alarmante: quase metade do orçamento anual do país é consumido pelo pagamento de juros e amortizações da dívida pública.

Em 2024, segundo a Auditoria Cidadã da Dívida (ACD), o Brasil destinou R$ 2 trilhões à dívida pública, o equivalente a 43% do orçamento federal. Em contraste, menos de 3% do orçamento foram destinados à educação, somando R$ 111 bilhões, conforme dados do Ministério da Fazenda.

Esses números evidenciam uma dura realidade: a política econômica do atual Governo Federal privilegia os bancos e bilionários em detrimento da educação pública, recebendo quase onze vezes mais recursos!

A situação das universidades federais ilustra ainda mais essa desigualdade. A Universidade Federal do Ceará (UFC), por exemplo, recebeu R$ 170 milhões em 2024, valor insuficiente para cobrir seus custos básicos, como contratos de manutenção e assistência estudantil. Enquanto isso, o pagamento da dívida pública drenou R$ 5,5 bilhões por dia dos cofres públicos. Apenas um dia de pagamento da dívida equivale a mais de 32 anos do orçamento atual da UFC. Essa mesma lógica se aplica à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ): um dia de pagamento da dívida corresponde a 14 anos do orçamento desta universidade.

Outro exemplo. Em 2024, o Governo Federal destinou R$ 1,5 bilhão para programas de assistência estudantil na educação superior, atendendo apenas 400 mil estudantes em um universo de mais de 8,5 milhões matriculados em instituições federais e estaduais. Esse valor corresponde a apenas 27% do montante gasto em um único dia com a dívida pública. Ou seja, a suspensão do pagamento de um dia de dívida garantiria a manutenção de mais de três anos e meio da política de assistência estudantil nacional. Para contextualizar: sete minutos de pagamento da dívida equivalem ao orçamento anual da assistência estudantil da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), que foi de aproximadamente R$ 28 milhões em 2024.

Além disso, os valores destinados à construção de restaurantes universitários – como os R$ 2,35 milhões para o do Campus Leopoldina do Cefet-MG, em 2024, ou os R$ 1,8 milhão previstos em 2025 para o do campus Paulo Freire da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) – são ínfimos frente ao montante diário drenado pela dívida pública. Com os recursos sequestrados pela dívida, seria possível construir um novo restaurante universitário por minuto no Brasil.

Embora medidas como a taxação de grandes fortunas sejam apontadas como alternativas para ampliar os recursos públicos – podendo gerar cerca de R$ 40 bilhões em arrecadação anual – esse valor representa menos de onze minutos do pagamento diário da dívida pública. Em que pese essa medida seja justa e necessária, mesmo políticas fiscais progressivas não seriam suficientes para reverter a desigualdade causada pelo sistema da dívida, que vai continuar pagando muito bem os bilionários, grandes capitalistas e banqueiros do Brasil mesmo que estes tenham suas fortunas taxadas.

Esse contraste entre os recursos destinados à dívida pública e aqueles investidos na educação reflete uma escolha política que prioriza os interesses de uma pequena oligarquia financeira em detrimento das necessidades da população brasileira.

Diante dessa realidade insustentável e injusta, é fundamental que a dívida pública seja auditada para verificar sua legitimidade e suspensa enquanto não houver transparência sobre sua origem e finalidade. O Brasil não deve continuar pagando uma dívida que compromete seu desenvolvimento social e econômico em benefício exclusivo do capital financeiro.

Nesse sentido, a luta do movimento estudantil e de todo o setor da educação continua sendo fundamental para pressionar o Governo e o Congresso Nacional e garantir que os recursos necessários sejam direcionados à educação. Somente por meio da organização coletiva e da mobilização será possível assegurar um futuro mais justo, onde o direito à educação seja plenamente respeitado e valorizado.

Matéria publicada na edição impressa nº310 do jornal A Verdade

Trabalhadores não recebem seus salários e paralisam atividades

Trabalhadores das unidades da rede Caetano em Itu, Valinhos e Vinhedo cruzaram os braços no início de março, após acumularem três meses sem depósito do FGTS e enfrentarem o atraso do salário de fevereiro.

Roque Silva Junior | Valinhos – SP


TRABALHADOR UNIDO – No início de março, trabalhadores das redes de supermercado Caetano, das cidades de Itu, Valinhos e Vinhedo, encontravam-se com o salário de fevereiro atrasado e sem depósito do FGTS por três meses. Os funcionários enfrentaram condições de trabalho precárias, prateleiras vazias, com equipamentos sujos e a falta de esperança na boa vontade do patrão.

Insatisfeitos, os trabalhadores cruzaram os braços. A promessa de pagamento era apenas para o dia 20 de março. O sindicato da categoria apareceu, mas, ao invés de ser um instrumento de luta e apoiar a reivindicação dos funcionários por seus direitos trabalhistas, incentivou-os a continuarem o trabalho e a suspenderem a manifestação.

No dia 11, foi realizada uma nova reunião entre o sindicato e a empresa, definindo que as unidades de Valinhos, Vinhedo e Itu seriam fechadas. Além do fechamento, o sindicato reforçou a promessa de pagamento no dia 20 e que a unidade Valinhos Centro ficaria aberta. Ainda foi informado que os funcionários seriam demitidos sem justa causa, com as verbas rescisórias divididas em nove vezes, incluindo o salário e o FGTS atrasados.

Os militantes do núcleo da Unidade Popular (UP) na região foram conversar com os trabalhadores e acabaram sendo expulsos da unidade Centro e Vinhedo, além das ameaças de que a empresa chamaria a Polícia. Quando retornaram à unidade da Vila Santana, continuaram apoiando e conversando com os trabalhadores e aguardavam por uma conversa com o líder sindical. O combate à exploração da classe trabalhadora incomoda tanto que foram confrontados e ameaçados por um dos seguranças. Apesar das tentativas de intimidação, o povo se posicionou ao lado dos militantes e chegaram a questionar o porquê da expulsão.

Os trabalhadores ficaram trabalhando sem salário, sem orientação, foram impedidos de se comunicar com os militantes e deixados de lado. Quando questionaram o sindicato se poderiam ir até o mercado para obterem mais informações a respeito do cumprimento do acordo, a resposta foi que a presença física não acelera nem muda nada. Tal desincentivo vem para impedir que todos vejam o descaso com os funcionários, fazendo com que eles permaneçam reféns da empresa.

O sistema capitalista explora os trabalhadores, forçando-os a permanecerem trabalhando em uma situação em que o mercado está vazio, sem condições de higiene e sem salário.

A única alternativa a fim de exterminar situações como essa é uma organização da classe para lutar por seus direitos. Trabalhador, organize-se e lute!

Matéria publicada na edição impressa nº310 do jornal A Verdade

O agronegócio e as grandes empresas são responsáveis pela piora na alimentação do povo

Em 2023, o agronegócio emitiu cerca de 617 milhões de toneladas de gases do efeito estufa, enquanto empresas como Cargill, Bunge e JBS seguem com práticas de desmatamento e à degradação do solo.

Sam Paz Silveira | Porto Alegre – RS


BRASIL – Você já se perguntou por que os alimentos de hoje parecem não ter o mesmo sabor – nem os mesmos nutrientes – de anos atrás? A resposta não está apenas na natureza ou no tempo, mas sim nas engrenagens de um sistema movido pelo lucro: o capitalismo. Mais especificamente, nas práticas das grandes corporações alimentícias e do agronegócio, que priorizam quantidade e aparência em detrimento da qualidade nutricional dos alimentos. Em 2023, o setor agropecuário brasileiro emitiu aproximadamente 617 milhões de toneladas de CO₂ equivalente (CO₂e), representando um aumento de 3% em relação a 2022 (Observatório do Clima).

Um artigo publicado na National Geographic Brasil, de 2022, aponta que o conteúdo de minerais, vitaminas e outros nutrientes essenciais diminuiu consideravelmente ao longo das últimas décadas. Ou seja, alimentos como frutas, legumes e vegetais estão ficando progressivamente menos nutritivos.

Por trás disso, está a forma como o capitalismo e o agronegócio operam: monoculturas extensivas, uso intensivo de fertilizantes químicos, sementes geneticamente modificadas para resistir a pragas e longas viagens de transporte. Essas práticas, impulsionadas pelas grandes empresas do setor, como Cargill, Bunge e JBS, têm como objetivo principal maximizar a produtividade e os lucros, mesmo que isso custe a saúde do solo – e, consequentemente, a qualidade dos alimentos. Inclusive, a Cargill, uma das maiores fornecedoras de produtos agrícolas do mundo, está implicada no desmatamento da Amazônia, especialmente devido ao cultivo de soja.

A Bunge, também um gigante global no setor agrícola, assim como a Cargill, é criticada por sua relação com o desmatamento na Amazônia e no Cerrado, especialmente no cultivo de soja e milho.

Já a JBS, embora seja mais conhecida pela produção de carne, também é uma das principais compradoras de soja para ração animal (The Guardian e WWF). A empresa é mencionada em estudos sobre desmatamento devido à sua demanda por soja, cultivada em terras que antes eram florestas tropicais. Além disso, a JBS figura no topo das maiores emissoras de gases de efeito estufa no mundo, segundo um levantamento de 2024 da Changing Markets.

Ao escolher variedades de vegetais que duram mais nas prateleiras e têm melhor aparência comercial, em vez de priorizar os nutrientes, as grandes corporações alimentares estão transformando o que comemos em produtos cada vez mais vazios. O solo, explorado sem descanso, já não consegue fornecer os mesmos minerais às plantas. E isso significa que, mesmo comendo as mesmas quantidades (o que também não ocorre visto o aumento no preço dos alimentos), estamos nos nutrindo menos.

Esse empobrecimento alimentar tem consequências graves para a saúde do povo. A falta de nutrientes contribui para o avanço de doenças, como obesidade, diabetes, hipertensão, problemas de imunidade e até distúrbios cognitivos. A grande contradição é que, em pleno século 21, com supermercados abarrotados de produtos, vivemos uma nova forma de fome: a fome de nutrientes.

E quem mais sofre com isso são as populações de baixa renda. Os alimentos verdadeiramente nutritivos, muitas vezes cultivados de forma sustentável e sem agrotóxicos, são caros e inacessíveis. Já os produtos ultraprocessados – baratos, calóricos e pobres em valor nutricional – dominam as prateleiras e as dietas da maioria da população.

A verdade é que esse não é um problema individual, de escolhas alimentares erradas. É um problema estrutural, gerado por um sistema de produção controlado por um punhado de grandes empresas que tratam alimentos como mercadorias, e não como parte essencial da saúde humana e do equilíbrio ambiental.

É essencial que repensemos a forma como produzimos e distribuímos alimentos, priorizando uma agricultura que respeite o planeta e as pessoas, evitando o desperdício e o uso predatório dos recursos naturais. Porém, enquanto o lucro for o principal motor da agricultura e da indústria alimentícia, continuaremos vendo nossos alimentos – e nossa saúde – se degradarem. A única forma de garantir a soberania alimentar para todo o povo é acabando com o podre sistema capitalista e construindo uma sociedade nova, o socialismo, em que todos terão acesso à alimentação de qualidade, à saúde e à vida digna.

Matéria publicada na edição impressa nº310 do jornal A Verdade

Demissão de terceirizados na UFAL expõe violação de direitos

Nove trabalhadores terceirizados da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) foram demitidos após denunciarem atrasos salariais e outras irregularidades trabalhistas cometidas pela empresa Percons, responsável por serviços no campus.

Redação AL


TRABALHADOR UNIDO – Em um caso de clara violação de direitos trabalhistas e de transparência, nove funcionários terceirizados da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) foram demitidos após reivindicarem o pagamento de salários atrasados e o cumprimento de obrigações trabalhistas pela empresa Percons, que era responsável pela prestação de serviços na instituição. A situação, que já era grave, ganhou contornos ainda mais dramáticos com a contratação de uma nova empresa, a Terceirize Serviços, que excluiu justamente os trabalhadores que lideraram as mobilizações por seus direitos. Entre eles, está Fábio Monteiro, um funcionário com três décadas de serviço na Biblioteca Central, que, após a demissão, adoeceu gravemente e enfrenta uma crise de saúde física e mental.

Rosilene da Conceição Lima, uma das terceirizadas demitidas, relata que a prática comum na UFAL era a de absorver os funcionários das empresas anteriores quando um novo contrato era firmado. No entanto, em 2024, com a chegada da Terceirize Serviços, dos 93 funcionários da Percons, apenas oito não foram recontratados – justamente aqueles que estavam na linha de frente das reivindicações por salários atrasados, FGTS não recolhido e outros direitos trabalhistas. “Ficou nítido que a gente sofreu uma retaliação. Não tem outra justificativa”, denuncia Rosilene.

Segundo ela, a situação expõe uma falha grave na fiscalização dos gestores de contrato, que permitem práticas como nepotismo e a contratação de terceirizados com vínculos familiares com servidores públicos – algo expressamente proibido por lei. “O nepotismo está aí, claro, à mostra, e isso é inadmissível numa universidade que preza pela democracia”, finaliza.

Descartados

A demissão de Paulo Nascimento, que trabalhava na recepção da Pró-reitoria de Graduação (Prograd), desde 2016, escancara uma prática inadmissível: a perseguição contra trabalhadores que reivindicam seus direitos. No dia 02 de janeiro de 2025, após anos de dedicação à universidade, ele recebeu a notícia de que estava sendo desligado sem qualquer justificativa plausível. Mesmo sem receber em dia, ele e os demais trabalhadores continuaram suas atividades, tirando dinheiro do próprio bolso para transporte e sobrevivência. Mas, ao invés de respostas, vieram as represálias e as demissões.

A revolta é ainda maior porque a legislação garante o direito dos trabalhadores de paralisarem suas atividades em casos de atraso de salários. No entanto, ao invés de serem ouvidos, foram punidos. “Nós prestamos o serviço, a universidade não foi prejudicada, mas fomos descartados como se não tivéssemos valor”, lamenta Paulo. Agora, sem sequer ter acesso imediato ao seguro-desemprego, ele e outros ex-funcionários acionaram a Justiça para tentar garantir o pagamento do que lhes é devido.

Um dos casos mais emblemáticos é o de Fábio Monteiro, que dedicou 32 anos de sua vida à Biblioteca Central da UFAL. Após ser excluído da nova contratação, ele adoeceu gravemente, com picos de diabetes e uma crise severa de erisipela, uma infecção cutânea que o levou a ser hospitalizado por mais de 20 dias. Atualmente, ele está em casa, sem perspectivas de recuperação.

Desvio de função

O advogado Marcos Rolemberg, que representa os demitidos, não poupa críticas à UFAL. Ele afirma que a universidade vem utilizando a terceirização de forma fraudulenta para burlar a necessidade de concursos públicos, contratando pessoas para exercer funções que, por lei, são exclusivas de servidores concursados. “Na carteira de trabalho dessas pessoas consta que elas trabalhavam como recepcionistas, mas, na prática, jamais exerceram essa função. Elas atuavam em serviços burocráticos, recebendo muito menos do que os servidores concursados e sem qualquer segurança jurídica”, denuncia o advogado.

Rolemberg também denuncia a conduta da universidade como “flagrantemente discriminatória e antissindical”, comparando-a à atitude dos “coronéis do início do século 20”, que retaliavam trabalhadores que ousavam reivindicar seus direitos. “Bastou os dirigentes serem cobrados por atraso de salários para retaliarem os trabalhadores com a demissão”, afirma.

Ataque à democracia universitária

O caso dos terceirizados é mais do que uma questão trabalhista, é um ataque aos princípios de democracia e justiça que deveriam ser pilares de uma instituição de ensino superior. A universidade, que deveria ser um espaço de pensamento progressista e de defesa dos direitos humanos, agiu de forma autoritária e discriminatória, punindo aqueles que ousaram lutar por seus direitos.

É urgente que a UFAL e os órgãos competentes investiguem a fundo essas denúncias, punam os responsáveis e garantam que práticas como essas não se repitam. Enquanto isso, trabalhadores como Fábio Monteiro e Rosilene da Conceição Lima seguem lutando não apenas por seus direitos, mas pela dignidade que lhes foi roubada.

Matéria publicada na edição impressa nº310 do jornal A Verdade