UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 4 de maio de 2025
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27 anos de “Sobrevivendo no Inferno”: Cultura popular contrariando as estatísticas

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Lançado há 27 anos, no dia 20 de dezembro de 1997, o álbum “Sobrevivendo no Inferno” dos Racionais MCs se tornou um marco por trazer um retrato ainda atual de um país marcado pela crise, pelo racismo e pela miséria

Gabriela Torres | Redação PR


Uma das produções musicais mais influentes da cultura brasileira, o álbum Sobrevivendo no Inferno (1997) completa hoje 27 anos de seu lançamento. Em um país marcado pelo aumento constante da violência policial e do racismo, o disco segue fortemente atual para entendermos a complexa realidade social brasileira.

O grupo de rap Racionais MC’s, que assina o álbum, surgiu em São Paulo no ano de 1988, composto por quatro jovens negros: Mano Brown, Edi Rock, KL Jay e Ice Blue. Seu segundo disco de estúdio carrega as marcas da Zona Sul de São Paulo, onde parte dos membros do grupo nasceu e cresceu, um território duramente atingido pela desigualdade social e marginalizado.

Sobreviver ao holocausto urbano

Sobrevivendo no Inferno é uma resposta à política de extermínio, ou holocausto urbano, promovida pelo Estado brasileiro através de sua polícia que, durante os anos 90, conquistou o posto de mais violenta do mundo como herança da ditadura militar fascista. Essa cicatriz deixada nas periferias pelos generais golpistas continuou se traduzindo em prisões arbitrárias, repressão, sequestros e assassinatos nas favelas. Essa marginalização da população negra e periférica, especialmente no contexto de São Paulo, é uma das principais denúncias sociais do disco:

“60% dos jovens de periferia sem antecedentes criminais

Já sofreram violência policial

A cada 4 pessoas mortas pela polícia, 3 são negras

Nas universidades brasileiras, apenas 2% dos alunos são negros

A cada 4 horas, um jovem negro morre violentamente em São Paulo

Aqui quem fala é Primo Preto, mais um sobrevivente…” (Introdução da faixa “Capítulo 4, Versículo 3”)

A denúncia do legado escravista e do caráter estrutural do racismo moderno passa por todas as faixas do disco, como em “Mágico de Oz”, música que relata o impacto da farsa da “guerra às drogas” nas periferias, ou “Fórmula Mágica da Paz”, que dimensiona de forma sensível e dura a subjetividade da juventude diante do genocídio.

O inferno carcerário

Detento na Penitenciária do Carandiru segura a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Foto: Jamil Ismail
Detento na Penitenciária do Carandiru segura a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Foto: Jamil Ismail

“Diário de um Detento”, faixa mais conhecida do disco, se consagrou como um hino nas favelas brasileiras, e escancara uma das expressões mais cruéis do racismo no sistema capitalista: a política de encarceramento em massa. A letra desenvolve uma narrativa ambientada na Casa de Detenção Carandiru, palco da maior tragédia televisionada no sistema prisional, onde mais de 111 mortos foram ceifados por uma operação da ROTA em 3 de outubro de 1992. Ainda hoje, o Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, e a poesia dos Racionais MC’s nos traz a dualidade de tortura e desumanização em massa da população negra:

“Cada detento uma mãe, uma crença

Cada crime uma sentença

Cada sentença um motivo, uma história de lágrima

Sangue, vidas inglórias, abandono, miséria, ódio

Sofrimento, desprezo, desilusão, ação do tempo

Misture bem essa química

Pronto, eis um novo detento (…)” (Trecho da letra de “Diário de um Detento”)

Mensagem segue atual

O álbum apresenta, em todo seu projeto, uma identidade religiosa: tanto na estética visual, com a capa estampando uma cruz e o famoso versículo 3 do Salmo 23 (“Refrigera a minha alma e guia-me no caminho da justiça”); quanto nas músicas, com a construção das letras, o louvor, a pregação, o interlúdio de funeral, o testemunho. A oração inicial (“Jorge da Capadócia”), cantada sobre um sample do “Ike’s Rap II” (1971) de Isaac Hayes, simboliza o fechamento espiritual de um corpo que deve enfrentar uma guerra: a guerra não-declarada nas cidades brasileiras, dominadas pelos ricos que exterminam a grande maioria negras e impõem a pobreza para os sobreviventes.

Nas palavras do poeta e professor de História Criolo, Sobrevivendo no Inferno é um “relato não frio, histórico e real da mentalidade que massacra e exclui no Brasil”. Enquanto a realidade econômica e política que produziu os Racionais MC’s for presente, a obra desses quatro jovens negros terá atualidade e relevância para os maiores interessados em parar essa guerra e fazer uma revolução no país.

Luta das mulheres garante agente de saúde para o Conjunto Habitacional Ruy Frazão

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A luta pelo direito à saúde pública, gratuita e de qualidade é histórica e central nas reivindicações dos movimentos de mulheres. Recentemente, essa mobilização trouxe uma vitória concreta para as famílias do Conjunto Habitacional Ruy Frazão, no Recife, que enfrentavam a falta de cobertura de agente de saúde na região.

Adriana Farias e Vitória Ohara* | Recife – PE


MULHERES – Antes da conquista, os moradores enfrentavam grandes dificuldades para acessar os serviços básicos de saúde. As famílias tinham que ir à Policlínica de Emergências, longe, porém a mais próxima do Habitacional, pois não conseguiam realizar o cadastro nos postos e USF (Unidades de Saúde da Família) da região, deixando muitos sem acesso ao atendimento e acompanhamento necessário.

A luta pelo direito à saúde pública, gratuita e de qualidade é histórica e central nas reivindicações dos movimentos de mulheres. Foi nesse cenário que o Movimento de Mulheres Olga Benario, em articulação com o Técnico Social do Ruy Frazão, deu início a uma mobilização. A luta começou com diálogos na comunidade e culminou na elaboração de um abaixo-assinado que reuniu mais de 180 assinaturas, evidenciando o clamor coletivo por atenção básica à saúde. O documento foi entregue à Secretaria de Saúde da Prefeitura do Recife e reforçado com ações no Distrito Sanitário 5.

A resposta veio em pouco mais de duas semanas. As famílias receberam a notícia de que a área passaria a contar com a cobertura de agente de saúde. O profissional começou a realizar os cadastros diretamente nos apartamentos dos moradores, facilitando o acesso à rede de atendimento e fortalecendo os vínculos comunitários com a saúde pública.

Um destaque importante para essa conquista é que marca uma virada na gestão habitacional, superando o viés elitista que historicamente excluía os moradores das decisões. Nisso, o Trabalho do Técnico Social junto aos moradores e em especial às mulheres do Ruy Frazão atua com o compromisso na escuta respeitosa e também na organização política dos moradores, indicando a realidade de precarização e omissão do Estado, estimulando a criticidade, politizando os problemas a fim de incentivar as ações transformadoras, sem criar vínculos de dependência, mas que para além do Trabalho Social continue a organização política frente aos desafios cotidianos do sistema capitalista.

Essa conquista demonstra o poder transformador da organização popular e, especialmente, da liderança das mulheres na luta por direitos. “Desde que me mudei pra cá, tento conseguir acompanhamento no postinho lá da Praça da Paz, mas sempre questionam o endereço (isso com todo mundo que mora aqui), e faz mais de 8 meses que aguardo o agendamento com o psiquiatra que a Clínica Geral de lá me encaminhou. Tem gente aqui com criança que não atualizou o endereço pra continuar o tratamento no bairro em que morava antes. É isso ou interromper o tratamento da criança. Completo descaso da Prefeitura. O povo fez seu papel, se uniu e conquistou o que lhe é de direito com a ajuda do Movimento Olga. Os senhores parlamentares não utilizam o SUS, o prefeito nem deve saber o que é levantar de madrugada e ainda não conseguir ficha para ser atendido. Só o povo salva o povo, e só conquista quem luta.” Afirmou, indignada Larissa Vanessa, moradora do Habitacional e militante do Movimento Olga Benario.

Com essa vitória, o Conjunto Habitacional Ruy Frazão dá um passo importante na garantia de direitos básicos para seus moradores. A saúde é um direito de todos, e iniciativas como essa são fundamentais para que mais comunidades conquistem o acesso digno ao SUS.


*Assistentes Sociais do Conjunto Habitacional Ruy Frazão e militantes do Movimento Olga Benario em Pernambuco.

Quatro acusados são denunciados pelo Ministério Público no caso Sarah Domingues

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No último dia 22 de novembro, o MP denunciou quatro pessoas, entre elas o possível mandante do crime, pelo assassinato da companheira Sarah Domingues. O juiz aceitou a denúncia e tornou os quatro acusados réus, em importante passo na luta por justiça

Claudiane Lopes | Porto Alegre (RS)


No último dia 22 de novembro, o Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul denunciou quatro pessoas pelo assassinato da estudante Sarah Domingues, morta em janeiro enquanto realizava uma pesquisa do trabalho de conclusão de curso em Porto Alegre. Além da jovem, o dono de um mercado, Valdir dos Santos Pereira, de 53 anos, também foi morto no ataque – ele seria o alvo dos criminosos.

Também naquela sexta-feira de novembro, o juiz Francisco Luís Morsch, da 1ª Vara do Júri de Porto Alegre, aceitou a denúncia e tornou os quatro acusados réus. Os nomes dos denunciados não foram divulgados. São eles: o mandante (um presidiário), a irmã dele (que teria intermediado a comunicação para a realização do crime) e mais dois apenados (que cuidavam a movimentação do alvo). O MP acusa os investigados de duplo homicídio qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa das vítimas, através da utilização de arma de fogo de uso restrito). Os executores do crime ainda não foram identificados.

O crime aconteceu há 11 meses. Desde então, esperamos por uma resposta pela morte de Sarah. Esperamos que os executores sejam encontrados e punidos por esse crime bárbaro. Esse crime não pode ficar impune, queremos justiça!

Quem foi Sarah Domingues

Sarah era militante da União da Juventude Rebelião (UJR), organização à qual dedicou seus melhores anos e toda sua alegria de vida, tornando-se uma das principais lideranças estudantis de Porto Alegre. Estudante de Arquitetura, foi coordenadora do Movimento Correnteza, diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), do Diretório Central dos Estudantes da UFRGS, do Diretório Acadêmico da Arquitetura e membro do Conselho Universitário da UFRGS. Sarah foi morta no dia 23 de janeiro quando tirava fotos para seu Trabalho de Conclusão de Curso em um bairro da periferia de Porto Alegre, com apenas 28 anos de idade.

Com apoio do governo federal, Governadora de Pernambuco quer privatizar o metrô do Recife

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Em visita ao estado de Pernambuco em novembro, Rui Costa (PT), Ministro da Casa Civil, confirmou que o estudo que viabiliza a privatização do metrô do Recife será entregue em dezembro e aponta para entregar aos empresários do transporte no estado o metrô.

Clóvis Maia | Redação PE


BRASIL – Em visita ao estado de Pernambuco no início de novembro, Rui Costa (PT), Ministro da Casa Civil confirmou que os estudos feitos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) será finalizado em dezembro desse ano.

Pago pelo novo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC 3), o estudo faz parte do Programa Nacional de Desestatização (PND) e visa privatizar as linhas do metrô pertencentes a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) que possuem linhas também em Maceió (AL), João Pessoa (PB) e Natal (RN) e é uma política que vem sendo fortalecida desde o governo golpista de Michel Temer e ampliado por Jair Bolsonaro. Vale lembrar que em 2022 o metrô de Belo Horizonte (MG) já tinha sido privatizado.

Privatizar não resolve

Não é novidade para ninguém o projeto privatista da governadora do estado, Raquel Lyra (PSDB) para Pernambuco. Ela, que é de família ligada a empresários do transporte, subsidia as empresas de transporte em mais de R$400 milhões e almeja entregar para esses mesmos empresários o metrô, que já possui um sistema totalmente integrado aos ônibus na Região Metropolitana do Recife.

O pior é ver o governo federal, que tem interesse em trazer para a base do governo Lula a governadora, usar a privatização de um serviço tão essencial como moeda de troca política. Mais: indo na contramão da própria população, que apoiou em massa as mobilizações e as recentes greves da categoria em defesa de um serviço público e de qualidade, o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (SINDMETRO-PE) lançou uma nota publica comemorando um Acordo Coletivo Especial (ACE) que garante que os servidores da CBTU não serão demitidos, caso a concessão pública seja confirmada.

No lugar de seguir a luta como os metroviários de Porto Alegre, que barraram o processo de privatização em maio do ano passado, preferiram jogar a toalha. Lembrando que o processo de privatização em Belo Horizonte foi marcado por demissão em massa, aumento das tarifas (de R$4,50 para R$5,50), piora dos serviços e perseguição para os trabalhadores, mesmo tendo recebido R$2,8 bilhões do Ministério das Cidades após privatizado.

A tática nesse caso é sempre a mesma: sucatear, jogar a população contra o serviço e divulgar a propaganda de que apenas a privatização pode resolver o problema. O governo federal garantiu a manutenção do valor das passagens para os mais de 200 mil usuários por dia no metrô do Recife (dados da própria CBTU) mas de boas intenções, como sabemos, o inferno está cheio.

A solução é priorizar um transporte realmente público

A pergunta que temos que fazer é a seguinte: se a situação do metrô é tão ruim, por que os empresários tem tanto interesse em adquirir esse serviço? Segundo a Casa Civil, o governo faria um investimento público para melhorar o serviço do metrô antes de entregar para o setor privado num contrato de no mínimo 30 anos. E o lucro vai pra quem?

Para a imprensa o Ministro Rui Costa também afirmou que o governo irá consultar a população antes de privatizar. Agora, em setembro desse ano, a CBTU, sem dialogar de nenhuma forma com a população, encerrou os serviços do metrô aos domingos deixando trabalhadores e famílias com dificuldades para se deslocarem para o trabalho ou para o lazer com a família. Ironicamente, após os empresários pressionarem, o metrô voltou a funcionar aos domingos agora em dezembro, para garantir o comércio no centro aos domingos.

Assim como no metrô do Rio de Janeiro, privatizado em 1997, o futuro do metrô em Recife na mão do setor privado é de dificuldade para os usuários, que sofrem diariamente com vagões superlotados e quentes, metrôs atrasados e quebrando quase toda a semana. Como canta o MC Demo, “socializando o prejuízo e privatizando o lucro”. Essa é a ótica dos empresários e deve ser combatida.

Nasce a Ocupação Nego Fuba em João Pessoa (PB)

Organizada pelo MLB na capital paraibana, a Ocupação Nego Fuba homenageia dirigente comunista das Ligas Camponesas. O prédio, pertencente à UFPB, não cumpre função social desde um despejo promovido pelo ex-reitor e interventor Valdiney Gouveia, indicado por Bolsonaro

Redação PB


Na madrugada da última segunda-feira (16/12), cerca de 70 famílias organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocuparam mais um prédio, localizado no centro de João Pessoa. O prédio pertence à Universidade Federal da Paraíba (UFPB), no entanto, seguia desocupado e sem cumprir função social desde o ano de 2021, após o despejo de entidades e movimentos sociais realizado pela então gestão interventora indicada por Bolsonaro, Valdiney Gouveia. Entre os 17 movimentos e entidades despejados estavam a Associação Paraibana de Amigos da Natureza (Apan) e o Fórum Estadual de Reforma Urbana (FERURB).

A ocupação Nego Fuba é uma homenagem ao líder das Ligas Camponesas, sapateiro e notável militante comunista, João Alfredo Dias. Natural de Sapé (PB), cumpriu, de forma aguerrida, o enfrentamento à ditadura militar fascista em nosso país no ano de 1964, e por isso foi brutalmente torturado e morto pelas mãos da repressão. Sua memória jamais será esquecida, pois se fortalece nas lutas populares realizadas em todo o país.

Terra da desigualdade

Em um momento em que se veiculam propagandas sobre a capital da Paraíba, exaltando seu potencial de turismo e qualidade de vida, a realidade é, como de costume, implacável. É o que mostra o dado divulgado pelo IBGE que apresenta a infeliz informação de que João Pessoa é hoje a cidade mais desigual de todo o Brasil, superando até mesmo São Paulo.

Enquanto os mais ricos da cidade recebem em média mais de R$ 10.000,00, os 40% mais pobres recebem apenas R$ 972,00, índice inclusive abaixo do insuficiente salário mínimo. Portanto, a luta pela reforma urbana e pelo socialismo segue sendo o caminho para as famílias que ainda carregam a escravidão do aluguel nas costas possam avançar suas conquistas e seus direitos em nossa sociedade.

A importância da luta coletiva

“Estamos aqui hoje graças a cada companheira, de cada companheiro, que decidiu que vai sair do aluguel, graças à coragem e à decisão de cada família presente”, disse Joyce, coordenadora da Ocupação na ocasião.

Em poucas horas, o que era um prédio abandonado, cheio de lixo e entulho, se transforma em moradia, com espaço para cozinha coletiva, creche e quartos organizados e limpos, prontos para receberem as famílias. Após algumas horas, o dia amanheceu com um delicioso café da manhã e com faixas estendidas na área externa do prédio para que a população possa conhecer a mais nova ocupação de sua cidade.

Não há melhor presente para comemorar os 25 anos de história do MLB do que avançar a luta do povo pobre pela reforma urbana e pelo socialismo.

Viva os 25 anos do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas!

Nego Fuba vive, luta e resiste!

Viva as famílias do MLB!

Itália: greve geral reúne mais de 500 mil trabalhadores contra proposta do governo Meloni

Na Itália, os trabalhadores foram às ruas em mais de 40 cidades para protestar contra a nova proposta de orçamento, que prevê o aumento dos ataques às condições de vida dos operários e trabalhadores e promove uma política econômica de serviço exclusivo aos grandes ricos do país.

Wildally Souza | São Paulo


INTERNACIONAL – Mais de 500 mil trabalhadores e operários de toda a Itália aderiram à greve geral no país, contra a proposta orçamentária da primeira-ministra Giorgia Meloni (Irmãos da Itália, direita), para 2025. Pressionados pelos trabalhadores que disseram estar “cansados do imobilismo” das Frentes Sindicais perante os ataques do capitalismo, a greve foi convocada oficialmente pela CGIL (Confederação Geral Italiana do Trabalho) e pela UIL (União Italiana do Trabalho) e envolveu todos os setores públicos e privados, com exceção dos transportes ferroviários que já estavam em greve pela redução da jornada de trabalho e aumento imediato dos salários.

Os operários denunciam que será impossível viver com os salários de miséria e fome proposto por Giorgia Meloni e acatado pelo Ministro da Economia e Finanças, Giancarllo Giorgetti, para os próximos anos. 

Manobra orçamental antipovo

Entre as medidas estão cortes no repasse financeiro para setores fundamentais como saúde, educação e programas sociais. O orçamento ainda não prevê um centavo para questões de moradia.  Além do corte de mais de 12 bilhões do orçamento para prefeituras e ministérios locais, sendo 3,2 bilhões de euros das autoridades locais (2015-2029) e mais 5 bilhões de euros de 2030 à 2037, além de 7,7 bilhões em corte anuais nos ministérios, principalmente os trabalhistas, o que poderá levar municípios italianos e até mesmo regiões inteiras à falência. 

Na educação quase 8.000 cargos serão extintos e servidores demitidos; no setor público, uma redução de 25% no volume de contratos, o que significa a demissão de 1.200.000 trabalhadores. Já na saúde não haverá recomposição orçamentária proporcional e as 30 mil contratações previstas não serão efetivadas. Além disso, cortes em hospitais e residências comunitárias estão como prioridade na manobra orçamental. 

A situação dos aposentados também é crítica. A lei Monti-Fornero, reforma previdenciária aprovada para os anos de 2014-2025, será ainda mais agravada e o aumento da idade para aposentadoria vai obrigar os trabalhadores a permanecerem no trabalho até os 70 anos; hoje a idade mínima é de 66 anos com 20 anos de contribuição. 

De acordo com nota da Plataforma Comunista – pelo Partido Comunista do Proletariado da Itália, “esse orçamento aprovado pelo governo Meloni enquadra a Itália nas regras aprovadas pelo Parlamento Europeu no chamado “Pacto de Estabilidade da União Europeia”, pacto esse que garante financiamento para as guerras imperialistas e exploração dos especuladores e monopolistas às custas do suor e da vida dos operários dos países europeus”.

Governo Meloni promove o imperialismo

O financiamento do clima de guerra e agravamento dos conflitos interimperialistas é a única rubrica de todo o documento onde prevê significativo e forte aumento de orçamento, deixando explícita a política fascista do governo Meloni. Lembremos que no começo desse ano foi divulgado dados de que a Itália forneceu helicópteros e armas para Israel promover massacres contra o povo palestino na Faixa de Gaza. Além disso, é um dos países que financia a guerra imperialista Rússia e Ucrânia. 

Em tudo isso, os trabalhadores são as principais vítimas do imperialismo, que os escravizam, tomam suas casas, os deixam na miséria e desempregados para financiar guerras e os grandes monopolistas internacionais, que projetam o avanço do fascismo no mundo, para poderem expandir seus domínios sobre a classe trabalhadora e os operários do mundo. 

A intensa retirada de direitos do povo pobre na Itália foi a razão para os trabalhadores ocuparem as ruas e pararem a produção no país, cruzar os braços e dizer para a burguesia italiana que irão lutar e reivindicar sua liberdade e direitos. 

A única saída é a luta

Apesar de contar com mais de 500 mil trabalhadores, 70% de adesão dos trabalhadores nas categorias essenciais, chegando a 100% em algumas categorias mais específicas, como o caso dos comerciários, a greve durou apenas 8 horas. Os aeroportos pararam e voos foram cancelados, empresas ficaram horas com as máquinas paradas e servidores públicos largaram seus postos de trabalho para ir para se juntar aos grevistas. Trabalhadores e movimentos sociais ainda denunciam falta de coragem dos sindicatos de base social-democrata e prometem voltar às ruas para combater o fascismo e reivindicar seus direitos custe o que custar.

É perceptível que estamos diante de um afunilamento inconciliável da luta de classes. No próximo período deve crescer as mobilizações e as greves em todo o mundo com o objetivo de denunciar os crimes do capitalismo, a exploração e as condições de vida dos trabalhadores e operários. Essas manifestações devem colocar para os povos de todo o mundo a real necessidade de uma ruptura completa com o sistema capitalista e o fortalecimento de uma unidade combativa da classe trabalhadora para que o poder deixe de estar nas mãos dos vermes fascistas, e passe a emanar das mãos dos operários e trabalhadores, e levante-se a bandeira revolucionária do socialismo, única saída para a exploração, a fome, os baixos salários e o desemprego.

Estudantes reconstroem o DCE da UNAMA

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Após 5 anos de abandono da entidade, mobilização encabeçada pelo Movimento Correnteza reconstruiu o DCE da Universidade da Amazônia (UNAMA). A vitoriosa chapa “Pra Fazer Acontecer”, que vendeu 111 jornais na eleição, promete enfrentar a precarização do ensino pelo Grupo Ser, monopólio privado que gere a UNAMA

Nicole Bel e Ícaro Santos | Belém (PA)


Neste fim de ano, a vitória da chapa “Pra Fazer Acontecer”, com a participação do Movimento Correnteza, marcou a reconstrução do Diretório Central dos Estudantes da Universidade da Amazônia (DCE UNAMA).

Há quase 5 anos, o DCE da UNAMA estava abandonado, deixando os estudantes da instituição sem qualquer forma de representação, sentindo na pele a precarização do ensino pelas mãos do grupo Ser. Essa grande empresa monopolista do setor do ensino superior privado é a atual mantenedora da UNAMA e tem sob seu poder um grande número de universidades particulares em todo país.

Para enfrentar esse cenário, o Movimento Correnteza organizou núcleos de atuação na universidade, convocou reuniões e plenárias para ouvir com detalhe as demandas de cada curso. Após a organização inicial, foram travadas lutas reivindicatórias de extrema importância, representando o interesse dos estudantes, demonstrando a luta como alternativa e pavimentando os primeiros passos para a refundação da entidade.

Precarização do ensino

Com base nos núcleos e plenárias, os estudantes denunciaram que apesar de pagarem por cursos presenciais, em muitos cursos há a presença das disciplinas online (DOL),  além do abuso de taxas cobradas nas primeiras mensalidades de diversos calouros. As DOL são a expressão prática da implementação da Portaria N° 2.117/19 do MEC, aprovada no governo do fascista Jair Bolsonaro, que permite até 40% de Ensino à Distância (EaD) nos cursos de graduação das universidades privadas e públicas sem que eles deixem de ser considerados “presenciais”.

Para elevar cada vez mais seu lucro, as instituições privadas em todo Brasil estão se aproveitando desta portaria para impor a modalidade EaD no máximo de cursos possíveis em pouquíssimo tempo. O Movimento Correnteza denuncia que essa manobra precariza a qualidade do ensino, explora os professores, e na prática, torna os cursos híbridos, enquanto os estudantes seguem pagando por cursos presenciais.

Jornal organiza luta estudantil

Diante de tanto desrespeito, os estudantes decidiram pela reconstrução do DCE, que havia sido abandonado pela última gestão. Em 2023, atas do DCE foram fraudadas pelas forças majoritárias da União Nacional dos Estudantes (UNE) para a obtenção de vantagens no congresso da entidade, à revelia dos estudantes que cada vez mais percebiam a mercantilização, a piora do ensino e a falta de um instrumento para conduzir suas lutas. Por isso, no segundo semestre, o Movimento Correnteza realizou diversas passagens em sala e panfletagens convidando os alunos a se organizarem e participarem da assembleia de refundação do DCE, que deu início ao processo.

É necessário destacar o papel que o jornal A Verdade cumpriu para a difusão de importantes debates políticos, como o papel central da organização coletiva. Ele também sempre se manteve no centro da luta dos estudantes, já que todas as panfletagens foram acompanhadas de brigadas dos jornal, que totalizaram 111 exemplares vendidos durante o período eleitoral. Além disso, nas reuniões de núcleo do Movimento Correnteza, são estudadas as as matérias que denunciam a realidade cada vez pior dos estudantes, apontando a luta coletiva como saída e solução desses problemas.

O Movimento Correnteza, junto com estudantes independentes, inscreveu nas eleições do DCE UNAMA a chapa “Pra Fazer Acontecer”, que construiu vários dias de mobilizações onde diversos problemas da universidade foram denunciados, como a infraestrutura precária, a burocracia acadêmica e as mensalidades abusivas. Ao fim, a eleição se concluiu com 786 votos para a chapa, vindos de estudantes que acreditaram na organização do movimento estudantil e estavam ansiosos por colocar a UNAMA de volta para a luta.

UFRGS cria Comissão da Verdade sobre os crimes da ditadura

Em importante passo na luta por memória, verdade e justiça no Rio Grande do Sul, a UFRGS criou na última terça-feira (10/12) a Comissão da Verdade “Enrique Serra Padrós”. O trabalho da Comissão envolverá levantar e tornar públicos os registros das violações de direitos humanos cometidas pela ditadura militar fascista na universidade

Redação RS


A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) oficializou nesta terça-feira (10/12) a
instauração da Comissão da Verdade “Enrique Serra Padrós”, que tem por objetivo levantar e disponibilizar os registros das violações dos direitos humanos ocorridas na UFRGS durante a ditadura militar fascista de 1964 a 1985. O nome do órgão homenageia um dos professores da instituição que mais lutou pela sua criação, falecido em 2021.

Desde o golpe militar em abril de 1964, a UFRGS foi marcada por perseguições e “expurgos”, assim chamados pelos próprios militares, que deram cabo da demissão ou afastamento de um total de 37 professores considerados subversivos ou opositores ao regime, em 1964 e 1969.

Não somente os docentes foram perseguidos. Estudantes que participavam do Movimento Estudantil e da União Nacional dos Estudantes (UNE) e técnicos-administrativos envolvidos com a luta sindical em defesa dos direitos dos trabalhadores também foram alvo das ações repressivas da ditadura militar fascista.

A solenidade contou com a presença de diversas entidades e movimentos sociais, como o Movimento Correnteza, a União da Juventude Rebelião (UJR) e o Movimento Luta de Classes (MLC), que denunciaram, através de palavras de ordem, a necessidade da punição dos golpistas de ontem e de hoje como medida para avançar na luta por memória, verdade e justiça.

Ao longo dos próximos dois anos, a comissão irá reunir, organizar e divulgar registros relativos a estas violações de direitos humanos durante o período da ditadura militar, com a publicação de um relatório final de suas atividades previsto para dezembro de 2026.

Supermercados seguem sendo coniventes com casos de racismo

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Novos casos de agressão e assassinato de pessoas negras em grandes redes de supermercados escancaram a farsa de suas “ações contra o racismo”, muito divulgadas na imprensa burguesa. É preciso seguir denunciando a conivência e a cumplicidade dos monopólios com esses crimes

Guilherme Arruda e Felipe Gomes | São Paulo (SP)


No último mês de novembro, a denúncia de um caso de racismo em um supermercado em Suzano (SP) e o assassinato de um homem em uma loja do Oxxo em São Paulo (SP) relembraram a todo o país que as “medidas antirracistas” supostamente tomadas pelos donos das grandes empresas do varejo após escândalos anteriores foram uma verdadeira farsa.

No dia 3 de novembro, o policial militar Vinicius de Lima Brito deu 11 tiros pelas costas de um jovem negro de 26 anos que havia furtado sabão em pó de uma unidade do Oxxo. O agente havia sido reprovado em um exame psicológico da Polícia Militar três anos antes, por demonstrar “inadequação” em sua capacidade de controle emocional. Mesmo assim, a corporação o permitia andar armado pelas ruas, o que inevitavelmente levou ao crime do mês passado.

Apesar da execução brutal que cometeu, o soldado da PM sequer foi preso até um mês depois do caso, quando o rapper Eduardo Taddeo, tio do jovem assassinado, publicou em suas redes sociais a gravação das câmeras da loja que provavam o crime. Segundo o pai do jovem, o corpo de seu filho ficou estendido por várias horas após a morte no estacionamento do Oxxo, que seguiu funcionando normalmente.

Já no dia 6 de novembro, um homem negro relata que foi seguido, agredido e ridicularizado em Suzano por seguranças do Supermercado Nagumo, que o acusaram falsamente de ter roubado produtos. Diógenes da Silva conta que, depois de pegar um frango, notou que estava sendo seguido. Um segurança o abordou e disse: “Tá com rabo preso, negão?”.

Mesmo após Diógenes negar que tivesse roubado qualquer mercadoria, os seguranças o cercaram, agrediram-no com um soco na costela e forçaram o homem a se despir para supostamente provar que não estava escondendo nada. “Eu tirei a roupa dentro do mercado, na frente de muitas pessoas. Foi muito humilhante”, disse ele a um canal de TV.

Após provar que a acusação de roubo era falsa, Diógenes chamou a Polícia Militar para denunciar o caso de racismo, mas a viatura nunca veio. Em nota, o Supermercado Nagumo afirmou que seus “profissionais são devidamente treinados para que não ocorram quaisquer ocorrências como a citada”.

Aparentemente, o “treinamento” não serviu para conter o racismo escancarado em uma unidade da rede de supermercados. Da mesma forma, onde estava o “treinamento” do PM que deu 11 tiros nas costas de um jovem, que supostamente deveria imobilizá-lo e não assassiná-lo friamente, segundo dizem os porta-vozes da corporação que mais mata no Brasil?

Racismo atinge clientes e funcionários

Antes desses dois crimes recentes, o Brasil já havia sido palco de uma série de casos de discriminação contra negros em supermercados. Em alguns deles, a violência racista chegou ao ponto de levar à morte das vítimas.

Em 2020, seguranças da rede Ricoy torturaram um adolescente negro nos fundos de uma unidade na Vila Joaniza, bairro da Zona Sul de São Paulo. O garoto foi agredido com chicotes e fios elétricos enquanto estava amarrado e nu, em cenas que revivem os tempos da escravidão. Vídeos da sessão de tortura foram gravados e postados na Internet pelos próprios agressores criminosos.

Naquele mesmo ano, o assassinato de João Alberto Freitas, o Beto, nas dependências de um Carrefour em Porto Alegre chocou o país. Dois seguranças do mercado – um deles sem autorização para trabalhar como tal por ser membro da Brigada Militar do RS – o espancaram e asfixiaram até a morte no estacionamento da loja.

Apesar do evidente racismo que originou as agressões contra Beto, um homem negro, o Tribunal de Justiça do RS afastou a “motivação racial” do crime, em julgamento que corre sob segredo de justiça. O caso aconteceu um dia antes do Dia da Consciência Negra em uma rede de supermercados que hoje também é conhecida por seu apoio aos crimes bárbaros dos sionistas contra o povo palestino na Faixa de Gaza.

Os trabalhadores dos supermercados também são alvo do racismo, com a conivência da direção das lojas. Mais recentemente, também no Rio Grande do Sul, um supermercado foi condenado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região a indenizar uma funcionária negra que foi chamada de “escrava” enquanto trabalhava. Durante os oito meses que trabalhou na rede, a mulher relatou sofrer “repetidas situações de humilhação e agressões verbais com teor racista”.

Ao denunciar o ocorrido, a gerência se omitia alegando que “o cliente sempre tem razão” e não tomando qualquer providência. Pela negligência, um juiz determinou que o supermercado terá que pagar R$30 mil reais à trabalhadora negra, quantia que jamais poderá reparar as agressões sofridas, uma vez que até mesmo na letra fria da lei burguesa o crime de racismo é inafiançável.

Luta contra a fome

Os supermercados no Brasil são verdadeiras vitrines da opressão e da exploração. Enquanto a classe trabalhadora brasileira sofre com salários de fome e situações de trabalho cada vez mais precárias, os supermercados ostentam em suas vitrines tudo aquilo que a nossa sociedade é capaz de produzir mas incapaz de fornecer para a população a um preço razoável para que se tenha um padrão de vida minimamente digno.

É injustificável que falte comida no estômago do povo enquanto as prateleiras estão cheias. É inaceitável que o preço a se pagar por um item de necessidade básica sejam 11 balas nas costas, e que mesmo quando se tenha dinheiro para comprar, um trabalhador corra o risco de ser assassinado por conta da cor de sua pele.

Esse tipo de violência expõe a herança escravista que o capitalismo carrega dentro de si. Todos os anos, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) condena esse escárnio em sua jornada de luta contra a fome, ocupando supermercados e pautando o debate público acerca da fome e do racismo no país.

No último dia 7 de setembro, o movimento realizou a maior jornada contra a fome de sua história, conquistando 13,5 mil cestas básicas em todo o país. A cobertura do evento, inspirador em sua vitória, está disponível no canal do jornal A Verdade.

Estudantes de Rondonópolis (MT) refundam entidade municipal histórica

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No dia 5 de dezembro, estudantes universitários e secundaristas refundam a UMEs (União Municipal dos Estudantes de Rondonópolis), entidade desativada há 4 anos que conquistou direitos como o acesso à meia entrada e a sede física localizada no centro da cidade.

Ana Pistori e Whilber Rafael | Mato Grosso


EDUCAÇÃO – Com objetivo de retomar a luta por uma educação mais justa e de qualidade na cidade de Rondonópolis, no dia 05 de dezembro, estudantes universitários, em ensino técnico e secundaristas refundam a UMEs, entidade desativada há mais de 14 anos.

Ao final do congresso de refundação, foram eleitas as novas representações: para a presidência foi eleito Adriann Maciel, estudante de Administração na UFR e para a vice-presidência Isadora, estudante do IFMT Rondonópolis e presidente do Grêmio Geraldo Vandré.

O tom das falas foi o mesmo: sobre a importância de refundar uma entidade combativa para os estudantes de Rondonópolis. “Cuiabá tem passe livre há muito tempo, o movimento estudantil há anos conquistou esse importantíssimo direito e nós vamos conquistar aqui também! Eles não podem dizer não pra esse tanto de estudante aqui reunido!”, disse Isadora, então vice-presidente da UMES.

“A gente recebe ordem a vida inteira e esse espaço é pra gente se revoltar! Estamos aqui para buscar novos direitos! Todas as escolas têm reivindicações diferentes, por isso cada aluno precisa se unir a essa luta!”, propõe Adriann aos estudantes que estavam presentes no espaço.

Inicialmente fundada para organizar estudantes secundaristas, o plano em 2025 para a UMES é retomar as lutas estudantis em Rondonópolis abrangendo, agora, todas as categorias de estudantes, sejam eles secundaristas, técnicos e/ou universitários.

Devido ao abandono da entidade e do avanço do fascismo na cidade, o debate feito pelos estudantes ao ampliar a atuação da UMES é o de unificar a luta estudantil com a palavra de ordem “organizar aos milhares!”.

As históricas lutas dos estudantes rondonopolitanos com a UMES

A UMES foi fundada em 28 de março de 1986, com o objetivo de organizar a luta dos estudantes secundaristas por meio da filiação de Grêmios e da organização de ações em direção à conquista de direitos para os estudantes de Rondonópolis.

A partir desse objetivo, houve a promoção de Conselhos Municipais da União Municipal de Estudantes Secundaristas de Rondonópolis-MT e dos COMGES (Conselho Municipal de Grêmios Estudantis da UMES).

Em 2010, o direito a meia-entrada foi oficializado e respeitado pelos espaços culturais da cidade, como o cinema, shows promovidos pela iniciativa privada e outros espaços de lazer. No mesmo ano, a UMES pressionou a gestão pública a respeito do passe livre estudantil, conquistando o meio-passe. Entretanto, depois da desativação da entidade a luta esfriou.

Tomando essas conquistas como exemplo, é que a UMEs retomará seus trabalhos em 2025. Os estudantes organizarão a luta pela Tarifa Zero no transporte público, pela Creche Universitária e pela ampliação dos bandejões nas escolas técnicas.

O futuro de Rondonópolis parte dos estudantes!

O avanço do fascismo no Centro-Oeste se reflete em todos os setores da sociedade. Nas cidades e no campo vemos a degradação ambiental e a despolitização das pessoas, a descrença, artificialmente implantada, no poder da luta popular.

Em Mato Grosso, as absurdas quantidades de agrotóxico envenenando o povo (A Verdade, Ed. 303, p. 4), assim como o desmonte de instrumentos da luta, causaram por anos o enfraquecimento das lutas por direitos no estado.

Mesmo assim, vemos avançar a quantidade de pessoas buscando a organização e a luta coletiva, como nos mostra a Unidade Popular pelo Socialismo (UP), o partido mais jovem e que mais cresce no Brasil. Esses movimentos de radicalização das bases não poderiam ser diferentes no Mato Grosso.

Em Rondonópolis, após as eleições, foram eleitos a maioria de fascistas. A refundação de uma entidade estudantil que se propõe a organizar a luta dos jovens estudantes, e que tem o compromisso de reviver o movimento estudantil combativo é um sinal de rebeldia. Já dizia Che Guevara: “Em todos os países onde a opressão chegar a níveis insuportáveis, deve-se erguer a bandeira da rebelião.

Assim, a retomada do exemplo de lutas travadas pelos estudantes rondonopolitanos é fundamental para construir um futuro de vitórias! A juventude é criativa, e por meio de uma entidade combativa, vai encontrar ferramentas para construir conquistas extraordinárias. Isso tendo sempre em mente a palavra de ordem de que “devemos organizar aos milhares”.

Viva a luta estudantil! Viva a UMES! Venceremos!

Crise climática castiga o povo e a caatinga do Piauí

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Com a pior seca dos últimos anos em um contexto de crise climática, deterioram-se as condições de vida do povo do Piauí e as árvores da caatinga nativa são consumidas por incêndios. Ação predatório do agronegócio agrava o cenário

José Augusto e Fábio Andrade | Teresina (PI)


A população do estado do Piauí sofre com a seca mais severa dos últimos anos. Intensificada pela ação predatória de empresas do agronegócio, a crise climática vem causando mais danos à população desse estado.

Em setembro, o Governo Federal reconheceu uma situação de emergência ao longo de uma região no Piauí que abrange 106 municípios e onde a caatinga é predominante. Há mais de 6 meses não chove regularmente, e as reservas de água estão ficando insuficientes para o povo. A Barragem de Cajazeiras, uma das maiores do Piauí, está com apenas 10% da capacidade de armazenamento, restando só 2 milhões de m³ de água em um reservatório que deveria comportar 24 milhões de m³. Com isso, o valor das contas de água (já afetado pelo plano de privatização da Agespisa promovido pelo governo estadual) e dos caminhões-pipa têm subido e muitas famílias estão comprometendo seus recursos para ter acesso a água potável.

Toda essa situação não é apenas resultado da estiagem, que acontece nessa época do ano. Na verdade, a atual seca é causada principalmente pela ação humana. O agronegócio tem penetrado cada vez mais na economia do estado, e os latifundiários provocam o agravamento da crise climática do Piauí ao queimar as florestas do estado para plantio de grãos que servem apenas de ração de gado e produto para exportação.

As consequências são sentidas não só pelo bioma, mas também pela população. “Já passei mal de calor dentro do ônibus quando pego pra ir estudar. Aqui é muito quente e de uns tempos pra cá isso vem piorando”, relata Francisco Alberto, estudante do Instituto Federal do Piauí, ao jornal A Verdade. Arian, estudante que mora na cidade piauiense de Oeiras, complementa: “Nos últimos meses, já passei mal de calor várias vezes”.

O cenário de emergência no estado nordestino se conecta com um problema global, já que especialistas no mundo todo alertam que estamos vivendo numa época em catástrofes climáticas como a que aconteceu no Rio Grande do Sul podem ocorrer novamente em outros lugares, já que os grandes capitalistas impedem a realização de ações estruturais para a preservação do meio ambiente.

Enquanto as árvores nativas do Piauí vão sendo consumidas pelo fogo, o calor aumenta e o nível de água dos rios e águas segue baixando. O povo piauiense só poderá superar essa seca e ter acesso digno a água potável quando for superado o sistema econômico que destrói a caatinga e mata a população para obter enormes lucros, o sistema capitalista.