UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 4 de maio de 2025
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Unidade Popular promove 5º Curso Estadual de Coordenação de Núcleos em SP

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Nos dias 16 e 17 de novembro, dezenas de trabalhadoras e trabalhadores de cidades de todo o estado de São Paulo participaram do curso estadual de coordenação de núcleos da Unidade Popular

Amanda Bispo | Executiva Estadual da UP São Paulo


Em clima de muita combatividade e disposição de luta, nos dias 16 e 17 de novembro, a Unidade Popular pelo Socialismo realizou seu 5º Curso para Coordenadores(as) de Núcleo do partido no Estado de São Paulo. A atividade contou com a presença de mais de 70 trabalhadores e trabalhadoras, jovens, mulheres, negras e negros, de 25 diferentes cidades – representando ainda outras 70 cidades de suas regiões no estado. São coordenadores dispostos a estudar e aprender para melhor organizar os núcleos do partido, que devem ser cada vez mais ativos, filiando e lutando e que estejam junto de nossos movimentos sociais propagandeando as ideias do socialismo junto ao jornal A Verdade.

“A realização do curso é essencial porque nós que somos coordenadores cumprimos um papel importante na vida da UP e precisamos estudar e utilizar essa formação para que os núcleos da UP sejam vivos, estejam lutando pelos direitos do povo e fortalecidos na luta pela revolução brasileira”, afirmou Giovanni Costa, 24 anos, morador da cidade de Santos, coordenador do núcleo da zona noroeste da cidade.

A programação começou com a execução da Internacional Comunista e um debate em torno da conjuntura do Brasil e do estado de São Paulo e sobre a tarefa central dos comunistas hoje, que é enfrentar o fascismo e propagandear as ideias do socialismo. Em seguida, debateu-se como devem funcionar os estudos dos núcleos – tanto nas reuniões, quanto individuais para os filiados – e como organizar o cotidiano de cada núcleo. Segundo Tati Bornato, 42 anos, produtora audiovisual e responsável pela comissão de filiação de São Paulo, “nós devemos assumir para nós e cumprir na prática a tarefa de filiar ao milhares. Assim, teremos cada vez melhores condições para enfrentar o fascismo no Brasil e crescer a luta pelo socialismo”.

Organizar as mulheres, principalmente as mães

Coordenadores participaram de série de debates e aulas. Foto: JAV SP
Coordenadores participaram de série de debates e aulas. Foto: JAV SP

Com muitas palavras de ordem que animaram o plenário, o segundo dia de curso teve como debate central o desafio da organização das mulheres trabalhadoras. “As mulheres são as mais oprimidas, as mais exploradas e precisamos trabalhar para garantir as condições delas se filiarem e se organizarem nos núcleos de nosso partido. Somente com as mulheres é realmente possível sermos o partido da revolução socialista”, comentou Beatriz Zeballos de 23 anos, moradora do bairro Sapopemba na Zona Leste de São Paulo, trabalhadora do ramo têxtil e responsável pela comissão de núcleos da Capital.

A professora do Ensino Fundamental e coordenadora do núcleo de Suzano da Unidade Popular, Josiely Maria, de 20 anos, reforçou: “Nós precisamos criar as condições em nosso partido para fortalecer as mulheres negras, mães, que sofrem cotidianamente com a violência do estado e a perda de seus filhos”.

O próprio curso contou com uma creche ao longo dos dois dias para garantir que mães e pais presentes no curso pudessem de fato se concentrar enquanto seus filhos estavam em atividades de diversão e estudo. Larissa Rinck, 37 anos, professora e coordenadora do núcleo de Itu, expressou em sua fala: “Para nós, mulheres mães, se organizar não é fácil. É necessária uma organização com antecedência e o acolhimento do partido e dos companheiros de luta para que a gente possa participar”.

O segundo dia contou ainda com o debate sobre o trabalho de agitação e propaganda, comunicação, filiações e a política de autossustentação do partido. Ao final, foram aprovadas como metas que cada coordenador ajude a fundar um novo núcleo coordenado por uma mulher, ampliar a contribuição financeira individual e alcançar 3 mil filiados no Estado até o final do ano.

Lutar e estudar, estudar e lutar

O curso ainda contou com dinâmicas em seus dois dias, nas quais coordenadores de diferentes cidades e regiões se reuniram em grupos e debateram os desafios concretos de seus núcleos, para juntos apresentarem ao plenário propostas de soluções.

A estrutura com preparação de lanche e café coletivo, além do almoço servido no local e garantia de alojamento para quem veio do interior, contribuíram para a concentração e qualidade do curso. Também esteve presente durante os dois dias, a banquinha das Edições Manoel Lisboa, que chegou a formar filas para compra de livros sobre o socialismo, o marxismo, o materialismo histórico-dialético e literatura.

Eder Modanez, 41 anos, ilustrador e morador da cidade de Cordeirópolis (a 378 km de distância da capital), participa de um dos núcleos online que abrange parte do interior e apresentou: “A importância de estar aqui hoje para mim é perceber a diferença dos socialistas, o clima de camaradagem. Desde a vinda até aqui e a estadia, conhecer os coordenadores de outras cidades e o que é importante para todos os militantes da UP”.

O curso foi concluído com a reafirmação da certeza da vitória da classe trabalhadora na luta por sua libertação, que fica ainda mais próxima com melhores condições de organização dos núcleos da Unidade Popular. Para todos os participantes, ampliou-se a disposição de enfrentar de cabeça erguida e com coragem revolucionária os desafios do crescimento da UP e da luta pelo socialismo no Brasil.

Movimento Olga rebate calúnias contra a Ocupação Alceri Gomes

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Vereadores de direita de São Caetano do Sul promovem campanha de fake news contra a Ocupação da Mulher Operária Alceri Gomes, que acolhe mulheres da cidade. Leia manifesto do Movimento de Mulheres Olga Benario desmentindo as calúnias difundidas pelos fascistas

Redação SP


Na quinta-feira (5/12), o Movimento de Mulheres Olga Benario lançou um manifesto em defesa da Ocupação da Mulher Operária Alceri Gomes, localizada em São Caetano do Sul (SP).

Fundada no último dia 23 de novembro, a Ocupação Alceri Gomes é um espaço de organização popular que homenageia uma metalúrgica negra que lutou contra a ditadura e, assim como as mais de vinte outras casas organizadas pelo Movimento Olga, acolhe mulheres em situação de vulnerabilidade e vítimas de violência.

A Ocupação recebeu forte apoio da vizinhança desde o início, tanto pela importante bandeira que levanta quanto por dar uma função social a um prédio abandonado há mais de três décadas no bairro. Apesar disso, por interesses fascistas, vereadores de direita da cidade e um ex-deputado estadual cassado por machismo têm movido uma campanha de calúnias e fake news contra o Movimento de Mulheres Olga Benario e seu trabalho que salva vidas.

Com o manifesto a seguir, reproduzida na íntegra pelo jornal A Verdade, o movimento rebate a campanha fascista de agressões e apresenta uma série de reivindicações das mulheres de São Caetano do Sul.

NÃO À CRIMINALIZAÇÃO DAS MULHERES QUE LUTAM CONTRA A VIOLÊNCIA!

Manifesto da Ocupação Alceri Gomes – Movimento de Mulheres Olga Benario

No último dia 23 de novembro de 2024. nasceu a Ocupação da Mulher Operária Alceri Maria Gomes da Silva, organizada pelo movimento de mulheres Olga Benario no centro da cidade de São Caetano do Sul. Essa é a vigésima quarta ocupação do movimento no Brasil e a quinta realizada no ABC Paulista, sendo uma forma de luta justa que tem conquistado, a partir da ocupação de imóveis que descumprem a função social da propriedade, diversas políticas públicas para o combate à violência de gênero, como a criação de secretarias municipais de mulheres e a abertura de espaços de acolhimento para as mulheres em situação de violência, geridas pelo movimento em parceria com Prefeituras, governos estaduais e governo Federal.

A ocupação tem recebido grande apoio da vizinhança: “Vim trazer meus filhos para conhecer a casa, porque vocês do Olga Benario estão fazendo história”, afirmou uma das vizinhas que visitou a ocupação. Também tem realizado acolhimentos desde o primeiro dia, com mulheres que buscaram o apoio na casa para sair da situação de violência em que se encontram. “Eu sofri agressão em um relacionamento abusivo e nunca mais fui a mesma. Mas aqui eu estou me lembrando de quem eu era antes da agressão, da Julia de 6 anos atrás”, afirmou Julia na primeira Assembleia aberta da Ocupação.

Mesmo com apoio dos moradores e realizando um importante trabalho, a ocupação e o movimento de mulheres Olga Benario têm sido atacados com mentiras, calúnias e tentativas de criminalização por parte de vereadores e grupos de extrema direita atuantes na cidade.

Os ataques se iniciaram com a tentativa de invasão da ocupação por um grupo fascista liderado pelo ex-deputado Arthur do Val, que teve seu mandato parlamentar cassado e perdeu seus direitos políticos por sexismo contra mulheres pobres e em situação de vulnerabilidade. Após esse ataque, o vereador e líder do governo na Câmara Municipal Gilberto Costa (Progressistas), solicitou e conseguiu aprovar uma Comissão Especial para “investigar” a ocupação, lançando diversas mentiras de caráter fascista para tentar criminalizar as mulheres, acusando-as de roubo, depredação e até maus tratos contra crianças.

A pergunta que fica é: a quem interessa criminalizar mulheres trabalhadoras que lutam contra a violência de gênero? Onde estão esses vereadores quando as mulheres são assediadas e agredidas na cidade (índice que cresceu oficialmente 12% no último ano, mesmo com estatísticas maquiadas pois muitas mulheres têm atendimento negado em serviços públicos da cidade por não terem uma carteirinha que comprove residência em São Caetano, algo que descumpre a constituição)? Por que esses vereadores não criaram uma Comissão para investigar o Prefeito de São Caetano quando este saiu do Consórcio Intermunicipal do ABC, deixou de financiar as Casas Abrigos e, como consequência, as mulheres de São Caetano deixaram de poder acessar essas políticas regionais?

O fato é que os vereadores Fabio Soares (PSD) e César Oliverias (PSD), presidente e relator da famigerada Comissão Especial, além de Gilberto Costa (Progressistas) e do Prefeito José Auricchio Júnior (PSD) não se importam com a vida das mulheres e querem criminalizar o Movimento de Mulheres Olga Benario por motivos políticos. Prova disso é que diversas movimentações têm sido feitas para acusar a ocupação de crimes com base em mentiras, mas em nenhum momento a Câmara Municipal ou a Prefeitura entraram em contato com as mulheres para dialogar e entender as demandas da ocupação.

Além disso, toda essa movimentação está sendo feita para defender a propriedade privada de um prédio que está há mais de 30 anos abandonado, sem cumprir sua função social, descumprindo a constituição e colocando a população em risco; o dito proprietário sequer conseguiu comprovar a propriedade do imóvel e, por isso, até agora não conseguiu pedir reintegração de posse.

Sabendo da impossibilidade de levar para a justiça o pedido de reintegração de um prédio em situação ilegal, esse grupo de vereadores reacionários têm usado as instituições para defender um patrimônio privado contra o interesse público que deveriam proteger.

Vivemos uma conjuntura política de profundos ataques contra o povo pobre e trabalhador e contra a democracia em nosso país, sendo as mulheres as mais atingidas, pois são as primeiras a perderem direitos e sofrerem com a violência em nossa sociedade. Nesse contexto, a tentativa de criminalizar a organização e a luta das mulheres tem nome: fascismo.

Alceri Maria Gomes da Silva foi uma mulher operária, metalúrgica, uma trabalhadora como as milhares de trabalhadoras que constroem São Caetano, assassinada pela Ditadura Militar, um regime fascista onde o ataque à organização dos trabalhadores era regra. Em um momento em que grupos fascistas tramam um golpe em nosso país, a Ocupação da Mulher Operária é um exemplo de que o povo não abaixa a cabeça contra as injustiças; com esse espírito resistiremos contra a campanha de mentiras promovidas pelos fascistas dessa cidade e defenderemos a vida das mulheres!

Por isso, a Ocupação lança esse manifesto e exige o fim da Comissão Especial que quer nos criminalizar, além de reivindicar:

• Volta imediata de São Caetano para o Consórcio Intermunicipal do ABCDMRR;
• Abertura de uma Tribuna Popular na Câmara de São Caetano;
• Fim das terceirizações e abertura de concurso público!;
• Garantia das Delegacias 24 horas no ABC;
• Garantia de vagas em creches para todas as mulheres trabalhadoras!;
• Pelo fim do assédio no trabalho!;
• Pelo fim da expulsão dos pobres do centro!

Eles defendem a ditadura militar e a tortura e nós defendemos as mulheres operárias que lutam pelo prato de comida para suas crianças, pela moradia e por uma vida digna e livre de violência!

Por nós e por todas as que tombaram,

Alceri Maria Gomes da Silva vive!

Movimento Correnteza e estudantes vencem eleições do DCE da UFSC

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Nas eleições Diretório Central dos Estudantes da UFSC o Movimento Correnteza saiu vitorioso com chapa representativa na universidade.

João Rio e Maria Isabel Phillip | Florianópolis


EDUCAÇÃO – Nos dias 27 e 28 de novembro, foi realizada a eleição do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A Chapa 1 “Oposição em Movimento- Estudar, lutar e permanecer”, composta pelo Movimento Correnteza e estudantes independentes,  maior chapa inscrita no processo, foi eleita com 1639 votos, demonstrando a vontade dos estudantes de retomar a representatividade e combatividade da entidade.

Há anos que crescia a insatisfação com a ausência da entidade no cotidiano dos estudantes, especialmente dos estudantes dos campi fora de Florianópolis. Nesse sentido, o Correnteza organizou uma grande campanha, construindo uma chapa que fosse realmente representativa e que contou com estudantes de todos os centros de ensino da Universidade e dos campi. 

O principal debate era a necessidade de retomar a combatividade do diretório central dos estudantes, que nos últimos anos, apresentava uma postura imobilista frente aos problemas que afetam diariamente a comunidade universitária. Com a inscrição de uma chapa de direita (Chapa 4), a chapa 1 chamou atenção para necessidade de uma entidade realmente independente da reitoria e dos governos, que encabeça as lutas com ampla participação estudantil e impeça o crescimento de políticas antipovo na nossa universidade.

A chapa do copinho e do jornal

O período de campanha foi marcado pela necessidade de convidar as pessoas a verem o sentido e a esperança na renovação. Com passagem em sala em mais de 300 turmas, a chapa 1 ficou conhecida como a oposição, mas também como a chapa que declarava o autofinanciamento e a independência como centro de sua política. Através da passagem com copinho pedindo apoio financeiro dos estudantes, a chapa garantiu a ida para os campi do interior e a impressão de panfletos.

Além disso, os apoios possibilitaram a produção de um jornal da chapa, que apresentava a proposta de construção representativa, as principais lutas pela permanência estudantil, passe livre, carteirinha do estudante e também pelo fim do arcabouço fiscal e a prisão de Bolsonaro e seus cúmplices! Nos dias de votação, diversos estudantes reconheceram os membros da chapa pelas passagens em sala e pelo jornal, o que indicou a urgência de um canal de transmissão do DCE que se baseie numa mídia impressa e no olho-a-olho!

Assim, os estudantes conquistaram uma vitória histórica na universidade, apresentaram uma alternativa para o movimento estudantil e uma nova perspectiva de luta para os estudantes da UFSC.

Unir os estudantes para barrar o fascismo

O governador fascista e bolsonarista de Santa Catarina, Jorginho Mello ataca constantemente a educação. Nos últimos anos, o governador trabalha para desmontar a educação pública, através do projeto Universidade Gratuita, que injeta milhões de reais na rede privada de ensino superior, enquanto, na prática, os estudantes pobres de Santa Catarina continuam excluídos de acessar a universidade.

Nesse sentido, o Correnteza trouxe para o debate a necessidade de um DCE que seja linha de frente na luta contra o fascismo em Santa Catarina. Precisamos nos inspirar no exemplo da Novembrada, que este ano completou 45 anos, quando os estudantes catarinenses, liderados pelo DCE da UFSC, ocuparam as ruas aos milhares para protestar contra a passagem do ditador Figueiredo pela cidade de Florianópolis. 

Além disso, é preciso lutar pelo fim do arcabouço fiscal e barrar as falsas soluções privatistas. Queremos o passe livre estudantil, direito que foi arrancado dos estudantes de Florianópolis com o avanço das políticas de direita na capital, mais políticas de permanência, como o café da manhã no restaurante universitário, a ampliação e desburocratização dos auxilios permanência, a implementação total das cotas trans, iluminação nos campi, luta pelo fim do assédio e muito mais.

A vitória pela renovação nas eleições do DCE Luís Travassos foi o início de uma correnteza de lutas e da retomada do movimento estudantil combativo e consequente. 

Trabalhadores da PepsiCo realizam greve contra a escala 6×1

Denunciando péssimas condições de trabalho, escalas exaustivas e frequentes casos de assédio e perseguição, greve durou de 25 de novembro até 2 de dezembro nas plantas de Sorocaba e Itaquera da PepsiCo. Acordo bastante limitado indica necessidade de manter mobilização

Estefani Maciel | São Paulo (SP)


Na últimas duas semanas, os trabalhadores das fábricas PepsiCo, empresa estrangeira da indústria de alimentos, realizaram a primeira greve de trabalhadores brasileiros contra a escala 6×1. A mobilização aconteceu simultaneamente nas fábricas de Itaquera, zona leste de São Paulo, e Sorocaba, no interior paulista.

A categoria, representada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Laticínios e Alimentos de São Paulo (Stilasp), decidiu pela paralisação após uma “tentativa arbitrária da PepsiCo de implementar a jornada 6×2, propondo uma jornada de 11 horas diárias trabalhadas e com redução do descanso aos finais de semana”, afirmou o Sindicato. Em comunicado oficial, complementam que “mesmo com nossas insistentes solicitações para um diálogo construtivo, a empresa se manteve inflexível”.

Assédio, perseguição e ameaças

Na planta localizada no Éden, zona industrial de Sorocaba, trabalhadores denunciam que lideranças da empresa estariam perseguindo e coagindo os funcionários a retomar seus postos de trabalho através de ligações, mensagens e ameaças aos grevistas que realizavam o piquete em frente à fábrica. Antônio*, trabalhador da planta em Sorocaba, conversou com o jornal A Verdade e confirmou que o setor de Recursos Humanos da PepsiCo estaria assediando moralmente os operários favoráveis à greve.

“No primeiro dia, os trabalhadores votaram e decidiram por aderir à greve. Depois teve uma audiência de conciliação em que o juiz sugeriu uma cláusula de paz, mas que ela fosse discutida com os trabalhadores e os trabalhadores decidissem se aceitavam ou não, e na assembleia os trabalhadores decidiram por continuar com a paralisação.”, disse Antônio para o Jornal A Verdade.

Questionado sobre as práticas de repressão da empresa, Antônio ainda afirmou que a empresa tentou impedir a greve através de liminar e interdito proibitório – mecanismo judicial semelhante à reintegração de posse, mas sem que um espaço tenha sido efetivamente ocupado. “Outra coisa [que a empresa está fazendo] é chamar a polícia para impedir que os sindicalistas fiquem na frente das portas”, afirmou.

Renata*, funcionária e dirigente do Stilasp em Sorocaba, acrescentou que as perseguições, que atingem principalmente as mulheres trabalhadoras, antecedem a greve. “70% da empresa é composta por mulheres e muitas são mães solteiras. As mulheres são obrigadas a fazer coisas que não querem ou que não aguentam, mas precisam fazer, pois são obrigadas. Isso é muito triste”.

Para desmobilizar a greve, PepsiCo ofereceu voucher de R$200 em aplicativo aos trabalhadores. Foto: Reprodução
Para desmobilizar a greve, PepsiCo ofereceu voucher de R$200 em aplicativo aos trabalhadores. Foto: Reprodução

Lucro na mão dos sionistas

A PepsiCo é uma empresa multinacional estadunidense de alimentos, lanches e bebidas, sediada em Nova York. Dona de marcas como Pepsi, Toddy, Doritos e Gatorade, apenas no terceiro trimestre de 2024 anunciou um lucro de 2,93 bilhões de dólares no Brasil (o equivalente a R$17,54 bilhões, na cotação atual do dólar). Com base apenas na receita líquida, a PepsiCo é o segundo maior negócio de alimentos e bebidas do mundo, sendo a maior empresa do setor nos Estados Unidos.

Em 2018, a PepsiCo anunciou a compra da SodaStream, um dos maiores alvos do movimento por Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), por US$3,2 bilhões, compra vista pelos sionistas como uma vitória moral. O genocida e primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, comemorou a compra da SodaStream e aprovou a mudança da fábrica, na Cisjordânia, para Neguev.

Em uma declaração fascista, o ex-assessor do antigo primeiro-ministro israelense Menachem Begin, Zev Chafets, afirmou que a transação comercial marcou “uma vitória para Israel e para os acionistas da SodaStream”, além de alegar que isso seria “um efeito colateral da posição autodestrutiva na recusa da Palestina em se concentrar em objetivos alcançáveis.”

Acordos entre o sindicato e a PepsiCo

Ata da audiência entre a empresa e o sindicato, cujos resultados desagradaram os trabalhadores. Foto: Stilasp
Ata da audiência entre a empresa e o sindicato, cujos resultados desagradaram os trabalhadores. Foto: Stilasp

Em audiência de conciliação realizada na manhã desta segunda-feira, 2/12, entre representantes da PepsiCo no Brasil e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Laticínios e Alimentos de São Paulo e Região (Stilasp), foi fechado o acordo para encerramento da greve.

A proposta aprovada, que já havia sido considerada “ridícula” e “maluca” pelos trabalhadores, institui que os funcionários terão que trabalhar 11 horas nos sábados que antecedem o “sábado de descanso”. Com a divisão de horas apresentada, os trabalhadores deverão passar 12 horas na linha de produção – a jornada diária era, até então, de 7 horas e 20 minutos.

Procurada, a Pepsico afirmou em nota que “cumpre rigorosamente as leis do país e, ainda que em discussão no Congresso, a jornada 6×1 está de acordo com a legislação brasileira em vigor”. Além disso, alegam que o fim da escala 6×1 causaria “ociosidade” e “ineficiência” aos trabalhadores brasileiros.

Os próximos passos dos trabalhadores

No final da noite de segunda-feira (2/12), a direção do sindicato e os trabalhadores do terceiro turno realizaram uma assembleia na planta de Itaquera, em que foram repassados os acordos firmados na audiência realizada pela manhã.

O sentimento geral dos trabalhadores, afirmado por Marcos*, é de insuficiência. “Começamos a organizar essa greve entre maio e julho, e o acordo não foi o que esperávamos, mas vamos encarar como um primeiro passo”, declarou o trabalhador. “Esse é o primeiro passo para uma mobilização maior e que seja realmente boa para nós”, concluiu.

*A pedido dos entrevistados, os nomes são fictícios.

Policial militar mata motorista de aplicativo em Pernambuco

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Na cidade de Camaragibe (PE), um sargento da PM de Pernambuco assassinou Thiago Fernandes Bezerra, motorista de aplicativo de 23 anos, para não pagar uma corrida de 7 reais. Barbaridade da ação escancara que o policial militar não temia ser punido

Clóvis Maia | Redação PE


O mês de dezembro começou com violência em Camaragibe, cidade na região metropolitana do Recife. No último domingo (01/12), um sargento da Polícia Militar de Pernambuco, que não teve seu nome divulgado, assassinou o motorista de aplicativo Thiago Fernandes Bezerra, de 23 anos. Após ser cobrado por uma corrida que havia custado R$7,00, o PM negou-se a pagar o valor, atirando no jovem trabalhador em seguida.

Na segunda-feira (02/12), após motoristas de aplicativo realizarem um enorme protesto no município exigindo justiça, a Polícia Militar finalmente emitiu uma nota informando que vai abrir um processo administrativo para apurar o caso. Na sequência da onda de protestos, o PM envolvido teve sua prisão preventiva decretada.

Não fosse a indignação dos trabalhadores de aplicativo, dos familiares do Thiago Fernandes e da população, esse seria mais um caso esquecido, já que a própria imprensa tradicional procura fazer sensacionalismo, ora colocando a culpa apenas no policial que efetuou os disparos, ora tratando o caso como um fato isolado, sem se aprofundar nos motivos: uma política de violência e de desvalorização da vida.

Banalização da violência 

Como apontam dados do Instituto Fogo Cruzado, a região metropolitana do Recife é um dos locais mais violentos do país. Em outubro desse ano, a entidade divulgou um relatório apontando que, só no mês de setembro, 120 tiroteios haviam ocorrido na capital do estado. Outras cidades, como Jaboatão dos Guararapes, São Lourenço da Mata, Olinda e Cabo de Santo Agostinho também se destacaram de forma negativa na pesquisa, registrando tiroteios seguidos de morte.

A banalização da vida dentro do sistema capitalista chegou a tal ponto que, como demonstrou o caso em Camaragibe, apenas R$7,00 já se tornam motivo para um policial militar tirar a vida de um jovem. Mesmo assim, notas protocolares emitidas pelas autoridades tentam minimizar o ocorrido. Nenhuma cita o fato de que a política do governo federal de Jair Bolsonaro de difusão e facilitação da compra e do uso de armas de fogo incidiu sobre os índices de violência. Simultaneamente, o fortalecimento da PM em Pernambuco é algo que tem sido priorizado pela atual gestão de Raquel Lira (PSDB), como demonstram outros casos desde o início de seu governo.

Impunidade da PM

Em 2023, também em Camaragibe, policiais militares realizaram uma chacina no município, matando seis pessoas de uma mesma família. Dois anos antes, em um ato pelo Fora Bolsonaro, dois homens foram cegados pela repressão violenta e arbitrária da PM aos manifestantes em pleno centro do Recife. Os dois homens sequer estavam participando da manifestação. Em ambos os casos, a mídia tentou individualizar a responsabilidade dos crimes e, de um modo sensacionalista, explorar o fato sem se aprofundar num problema estrutural da sociedade brasileira: a certeza da impunidade por parte dos militares.

Essa impunidade dialoga com esses fatos recentes, mas também vai de encontro aos questionamentos mais amplos sobre a violência policial e à luta pelo fim da Polícia Militar e pela reestruturação da segurança pública no Brasil, para que não continuemos a ver agentes públicos impunes após cometerem crimes. A vida de um jovem trabalhador ceifada, de um modo banal, não pode ser vista como mais uma nota de rodapé no noticiário, nem tampouco passar despercebida.

FEPAL: Quantos cessar-fogo são necessários para cessar o genocídio na Palestina?

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Com o atual cessar-fogo, Israel se retira do Líbano sem alcançar seus objetivos genocidas. Secretário de comunicação da FEPAL questiona: os líderes sionistas serão levados ao banco dos réus ou o cessar-fogo é apenas um intervalo antes que cometam crimes ainda maiores?

Marcos Feres* | Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL)


O cessar-fogo que entrou em vigência ontem (27) e interrompe momentaneamente a guerra de extermínio comandada pela gangue de Tel Aviv ao Líbano é derrota da ocupação genocida autoproclamada “israel” e mais um indício do ocaso do empreendimento colonial sionista na Palestina.

Incapazes de atingir seus autodeclarados “objetivos militares” – a saber, “neutralizar as capacidades militares do Hezbollah” – ou mesmo de infligir perdas significativas à resistência libanesa, os delinquentes israelenses batem em retirada com o rabo entre as pernas e apavorados por descobrirem que enfrentar combatentes treinados é diferente de massacrar mulheres e crianças como fazem em Gaza. Os soldados do exército mais criminoso do mundo podem, no máximo, “se gabar” dos TikToks supremacistas que inundam as redes sociais assaltando casas de civis, roubando roupas íntimas de mulheres, brinquedos de crianças e profanando locais de culto muçulmanos e cristãos.

Não se engane: os gangsters de Tel Aviv não querem paz ou desistiram de seguir seu assalto genocidário e expansionista no Líbano. Ao aceitarem os termos de um cessar-fogo – lembrando, temporário, de 60 dias –, os sionistas têm vários objetivos, e nenhum deles é a estabilidade regional: a um só tempo, mascarar seu fracasso militar em solo libanês e conter o pânico na sociedade israelense com os êxitos da resistência libanesa em atingir alvos militares dentro de “israel”; abafar a crise de deserções e suicídios que toma conta do exército genocida; e, por último, difundir propaganda e refrescar os noticiários tomados pelas ordens de prisão emitidas pelo Tribunal Penal Internacional contra o Açougueiro de Gaza, Netanyahu, e seu ex-ministro do extermínio, Yoav Gallant.

Da perspectiva da heroica resistência no Líbano, uma vitória acachapante, repetindo a humilhação imposta aos degenerados de Tel Aviv em 2006, bem como a igualmente histórica expulsão dos israelenses do território libanês em 2000, encerrando 18 anos de ocupação criminosa no sul do país.

Desde 08 de outubro de 2023, o Hezbollah conduziu 4637 operações de resistência contra o agressor genocida ao longo de 417 dias de campanha em solidariedade a Gaza. Uma média de 11 operações por dia. Os alvos, sempre militares. As baixas civis do lado israelense? 45. Em 417 dias. A título de comparação, “israel” mata em média 51,94 crianças palestinas por dia em Gaza. Você já sabe qual é o lado apresentado como “terrorista” pelas agências de propaganda que se disfarçam de “veículos de imprensa”.

“israel”, por sua vez, pausa seu assalto genocida contra o povo libanês deixando um rastro de morte de mais de 3800 assassinados, a esmagadora maioria civis, incluindo três crianças brasileiro-libanesas, 1,2 milhão de desabrigados, mais de 100 mil casas destruídas e um prejuízo estimado em 8,5 bilhões de dólares em infraestrutura civil destruída. Foram cerca de 14 mil bombardeios aéreos contra o Líbano, incluindo hospitais, posições das forças de paz da ONU e bairros residenciais densamente povoados em Beirute, capital do país. O mesmo padrão genocidário aplicado em Gaza.

É impossível não sorrir com as imagens de famílias libanesas, resilientes, orgulhosas e perseverantes, retornando a suas casas no sul do Líbano, mesmo que a maioria delas tenha sido reduzida a escombros pelo grupo terrorista financiado pelos Estados Unidos que atende pelo nome de “israel”. Assim o fizeram em 2000, em 2006 e hoje. O povo libanês paga um preço caro para defender sua terra e por sua solidariedade irrestrita aos palestinos há décadas. E nós, palestinos, só podemos agradecer aos libaneses. Seus mártires são nossos mártires e nossa vitória, com o fim do projeto genocida de “israel” na Palestina, será compartilhada.

Se sua memória estiver em dia, lembrará que há exatamente um ano também estávamos em um “cessar-fogo”, ou melhor, no interlúdio do genocídio em Gaza. Entre os dias 24 e 30 de novembro de 2023, também nos emocionamos com as imagens dos reféns palestinos, há anos sequestrados, deixando as masmorras israelenses rumo à liberdade. Talvez a mais marcante, a história de Israa Jaabis, a mãe palestina sequestrada por 8 anos que finalmente podia abraçar seu filho após perder sua infância e adolescência.

À época, em 22 de novembro de 2023,  eram 5,8 mil crianças palestinas assassinadas – outras 3,5 mil crianças desaparecidas – e 3,2 mil mulheres exterminadas por “israel”. 12,7 mil palestinos assassinados; outros 4,5 mil, desaparecidos. Mais de 30 mil feridos.

Em 01 de dezembro de 2023, as engrenagens da indústria de morte sionista em Gaza voltaram a girar. Hoje, 27 de novembro de 2024, são 55.045 palestinos exterminados em Gaza e desaparecidos sob escombros, 21.659 crianças assassinadas e 12.679 mulheres. Os feridos passam dos 110 mil. Considerando a estimativa de 4 mortes indiretas para cada morte direta, podemos estar diante de estratosféricos 225 mil palestinos varridos do mapa, isto é, 10,11% da demografia do enclave palestino. O que nos leva à pergunta original deste texto: Quantos cessar-fogo são necessários para fazer cessar o genocídio na Palestina?

O povo palestino e o povo libanês merecem mais. Não podemos seguir vendo e vivendo os crimes de “israel” contra a Palestina de tempos em tempos, o recomeço da destruição e do empilhar de cadáveres e escombros, neste ciclo vicioso que se aproxima de seu 78º aniversário e aceitar que tudo se “resolve” com mais um cessar-fogo – até que se renove a matança promovida pelos maníacos de Tel Aviv contra o povo palestino, libanês e todos que ousarem enfrentar a ocupação colonial e de apartheid que parasita o Levante há mais de ¾  de século.

A história nos mostra que todos os impérios coloniais se tornaram mais genocidários e violentos às vésperas de seu colapso. Não é diferente com o mais maligno de todos, o sionista. À medida que esta ocupação estrangeira e seu projeto de extermínio da população originária, os palestinos, se aprofunda em seu declínio, mais sanguinário e descontrolado se torna.

Em Gaza, a matança continua. Voltará ao Líbano ao findar de mais este “coffee break” do extermínio em 60 dias? É preciso dar fim a este ciclo. Novas agressões e novos e inúteis cessar-fogo só terão fim na Palestina e no Oriente Médio quando “israel” sofrer as consequências de seus atos. A comunidade internacional pretende assumir sua responsabilidade e impor a “israel” total obediência às resoluções da ONU, decisões da Corte Internacional de Justiça e do Tribunal Penal Internacional ou apenas assistirá à manutenção do Holocausto em Gaza e à previsível renovação e expansão das atrocidades israelenses no Líbano e no resto do Oriente Médio?

*Marcos Feres é secretário de comunicação da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL). O texto foi originalmente publicado no site da FEPAL.

MLB se reorganiza e convoca luta por moradia e pelo socialismo em Caruaru

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Por meio de assembleias e mobilizações nos bairros populares de Caruaru, agreste pernambucano, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) se reorganiza na região e se prepara para um novo momento de lutas em Pernambuco.

Iany Morais | Caruaru – PE


LUTA POPULAR – Caruaru, cidade do interior de Pernambuco, ocupa atualmente, segundo o IBGE, a sexta posição do estado em número de favelas, comunidades urbanas e conglomerados habitacionais improvisados. No total são 23.048 pessoas morando nessas localidades no município, que além de vivenciarem as dificuldades de morar precariamente, lidam com as mazelas que o sistema capitalista joga nas costas do povo pobre, como a fome, o desemprego, violência, além de saúde e educação precarizados.

Cansado de ser jogado em lugares sem a mínima estrutura para se viver dignamente e muitas vezes ainda tendo que pagar por isso, se desdobrando para arcar com preços abusivos de aluguel, o povo caruaruense decidiu se organizar. Nesse cenário, o Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas – MLB, se reorganiza em Caruaru, como uma resposta a todo esse descaso.

Edinaldo Silva, militante do MLB na cidade fala um pouco sobre a expectativa e desse momento para o município: O projeto do MLB é lutar junto com as família,  é  organizar esse povo para que seu direito seja respeitado, que é o direito à moradia, que inclusive está na Constituição. Não é crime algum a gente lutar pelos nossos direitos. E foi nessa perspectiva que convocamos o povo caruaruense para construir esse movimento. Temos muitas conquistas pela frente e muita luta para fazer. Participar desse momento é um momento muito importante.

Nesse mês de novembro, marcado pela luta do povo negro, o MLB organizou duas grandes assembleias no auditório Gregório Bezerra, no Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil – SINTRACON, em Caruaru, dando início ao cadastro das famílias, a organização dos núcleos do movimento nos bairros pobres da cidade. Segundo Nadja Barreto, da coordenação nacional do MLB e que esteve presente durante essa mobilização, “foi impressionante ver a participação das famílias. Muita gente foi na expectativa de conhecer e saber mais sobre o movimento e estão dispostos a entrar na luta com o MLB em Caruaru. É incrível como uma cidade tão rica e importante como essa ainda tem tanta família que necessitam de uma moradia digna, muita gente morando de aluguel, morando em periferia e sem ter como se manter. Eu acho que o movimento só tem a crescer aqui, e apostar na disposição de luta dessas famílias, como a gente sempre fez e colocar esse povo em movimento é o caminho. A gente só tem vitória se for desse jeito.

Após as assembleias o MLB segue convocando as famílias Caruaruenses a lutar em defesa de casa para quem não tem casa, pelo fim da fome e por uma vida mais digna. Intensificando a luta por moradia de qualidade mas também pelo poder popular!

Atos marcam o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino

Data rememora a criminosa partição do território do povo palestino, aprovada em 29 de novembro de 1947 pela ONU. No Brasil, manifestação popular exige o rompimento das relações diplomáticas e comerciais com Israel

Guilherme Arruda | Redação SP


Manifestações de massa tomaram as ruas das principais cidades do mundo nesta sexta-feira (29/11), que marca o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Capitais como Bagdá (Iraque), Londres (Reino Unido) e Sanaá (Iêmen), além de várias cidades no Brasil, registraram protestos com milhares de participantes.

A data marca o aniversário da criminosa partição do território palestino pela ocupação sionista, que foi aprovada pelas Nações Unidas em 29 de novembro de 1947. Neste ano, em nosso país, os atos denunciaram a continuidade do genocídio perpetrado na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, a violação do cessar-fogo no Líbano pelas tropas israelenses e o não-rompimento das relações diplomáticas do Brasil com Israel pelo Governo Federal.

Órgãos internacionais condenam Israel

Como destaca a edição impressa nº 303 do jornal A Verdade, as manifestações do fim de semana ocorrem poucos dias após o Tribunal Penal Internacional (TPI) pedir a prisão do primeiro-ministro de Israel, o fascista Benjamin Netanyahu, e de seu ex-ministro da Defesa, o general Yoav Gallant, por crimes de guerra. No mandado de prisão, a corte de Haia afirma ter reunido evidências incontestáveis de que, sob as ordens dos dois, as tropas israelenses em Gaza deliberadamente atacaram civis e utilizaram a fome como método de guerra.

Apesar de serem obrigados pelo tratado que criou o TPI a cumprir as sentenças da corte, as potências capitalistas que reconhecem o Tribunal já afirmaram que não vão prender Netanyahu em seu território. As declarações nesse sentido dos chefes de governo da França, da Alemanha e da Inglaterra escancaram a fragilidade das chamadas instituições internacionais em um momento de crise imperialista e crescente ameaça de guerra no mundo.

Apesar do papel das Nações Unidas na criação de Israel, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez uma declaração oficial sobre o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Nela, ele reconhece que o último ano viu enormes retrocessos “para a dignidade, os direitos, a justiça e a autodeterminação do povo palestino”, e afirma: “Mais de um ano depois, Gaza está em ruínas, mais de 43 mil palestinos – a maioria, mulheres e crianças – foram mortos e a crise humanitária se torna pior a cada dia. Isso é terrível e indesculpável”.

No entanto, a ONU tem se mostrado impotente frente à violência generalizada da gangue de Netanyahu, que segue destruindo hospitais, perseguindo jornalistas e promovendo a completa destruição do território palestino. Neste mês, pela quarta vez em um ano, o governo dos Estados Unidos vetou uma proposta de cessar-fogo em Gaza no Conselho de Segurança da ONU, demonstrando que a maior potência imperialista do mundo apoia incondicionalmente a barbárie sionista.

Por sua vez, o governo do Brasil segue se recusando a tomar medidas mais firmes contra Israel, como o rompimento das relações diplomáticas e comerciais, mesmo após as tropas de ocupação matarem crianças brasileiras no Líbano e submeterem os palestinos a uma miséria extrema.

Manifestações no Brasil

Em São Paulo, a manifestação de solidariedade ao povo palestino ocorreu no sábado (30/11), na Avenida Paulista. O protesto envolveu a numerosa população árabe-palestina da cidade e suas entidades, além de contar com a participação da Unidade Popular (UP) e de movimentos sociais. Rawa Alsagheer, coordenadora da Rede Samidoun de Solidariedade aos Prisioneiros Palestinos, conversou com o jornal A Verdade no ato.

“A estratégia de Israel é se afundar cada vez mais na guerra. Nessa semana, o Netanyahu abriu outra frente, dessa vez na Síria. No Líbano, eles falam de cessar-fogo, mas já fizeram mais três bombardeios. Em Gaza, continuam atacando hospitais. É um colonialismo com obsessão pelos hospitais, eles querem destruir tudo e tomar todos como reféns. Não esqueceremos nem desses reféns, e nem dos mais de 15 mil que estão nas prisões de Israel sendo torturados”, afirmou.

Sintracon realiza 1º Seminário dos Trabalhadores da Construção Civil de Caruaru

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O Sintracon realiza a primeira edição do seminário, que reuniu operários e operárias na cidade de Caruaru, agreste pernambucano, para debater a atual conjuntura do país e fortalecer a luta categoria.

Felipe Barros | Caruaru – PE


TRABALHADOR UNIDO – No dia 21 de novembro, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Caruaru – PE (SINTRACON), reuniu no Auditório Gregório Bezerra mais de 100 operários e operárias de 49 canteiros para o 1º Seminário dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Construção Civil. Um momento histórico para o sindicato e a categoria na região.

As atividades do seminário iniciaram com a realização da ação do Novembro Azul, com a oferta de exames e consultas com os laboratórios parceiros do SINTRACON e com palestras sobre a conscientização e prevenção do câncer de próstata.

Abrindo os debates do seminário, o editor do jornal A Verdade e membro do Comitê Central do Partido Comunista Revolucionário (PCR), Luiz Falcão, fez uma análise da atual conjuntura política, social e econômica do Brasil, trazendo para o debate como o aumento da exploração da classe trabalhadora e o avanço do neoliberalismo tem destruído ainda mais a saúde e as garantias básicas para garantir o mínimo para sua subsistência. Ainda em sua fala, apontou uma das contradições desse sistema ao lembrar que os trabalhadores da construção civil produzem todas as riquezas do nosso país, colocam as cidades de pé, mas muitos não têm se quer onde morar, além de viver com um salário de fome.

Após o almoço, a mesa sobre a organização da classe trabalhadora contou com a participação do presidente estadual da Unidade Popular (UP) em Pernambuco, Thiago Santos; da dirigente estadual do Movimento Luta de Classes (MLC) e presidente municipal da UP, Iany Morais; e da estudante, militante da União da Juventude Rebelião (UJR) e candidata da UP à prefeitura de Caruaru na última eleição, Maria Santos.

Os debatedores apontaram a necessidade da organização da classe trabalhadora em seus sindicatos, nos movimentos e partidos comprometidos com a luta da classe trabalhadora, apresentando o MLC e a UP como instrumentos de organização e luta para os delegados e delegadas presentes no seminário.

Para José Henrique, presidente do SINTRACON e militante do Movimento Luta de Classes (MLC), “a atividade cumpriu com o seu papel. O seminário foi pensado para conscientizar os trabalhadores e mostrar que para mudar nossa realidade é preciso se organizar. Posso reafirmar que essa meta foi cumprida e que agora vamos intensificar ainda mais o trabalho do sindicato nos canteiros de obras. Todos saímos daqui renovados”.

Durante o seminário, a militância da UP divulgou o jornal A Verdade e filiou dois trabalhadores nas fileiras do partido. Sem dúvidas, os operários e operárias da Construção Civil saíram mais fortalecidos e ganhos para se organizarem na luta por mais direitos. E é esse o caminho para avançar ainda mais na construção de uma alternativa para essa sociedade: organizar cada vez mais os trabalhadores e trabalhadoras.

Estudantes denunciam falta de inclusão na UFPE em Caruaru

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Durante a aula inaugural do semestre letivo no Campus da UFPE em Caruaru, um estudante surdo não pôde participar do evento por não ter um intérprete de Libras no evento.

Maria Santos e Redação Pernambuco


EDUCAÇÃO – Ingressar numa universidade pública é ainda um dos maiores sonhos para a maioria da juventude em nosso país. A chamada Aula Magna é considerado o pontapé inicial para a vida acadêmica, uma espécie de ritual de passagem para todo calouro, e, sem dúvida é marcante para cada um. Mas não foi isso que foi visto na aula inaugural do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco (CAA – UFPE), na cidade de Caruaru.

No último dia 13 de novembro, com a presença do reitor da universidade Alfredo Gomes, os calouros, e todo o corpo docente da instituição, os estudantes notaram uma situação muito desrespeitosa: um dos calouros presentes e o primeiro estudante surdo do curso de pedagogia do campos simplesmente não pôde participar da cerimônia por não ter nenhum intérprete de Libras no local para garantir a inclusão do estudante no evento.

Na ocasião também se descobriu que os dois intérpretes de Libras da instituição se encontravam de licença, impossibilitando assim a participação do estudante. Ou seja, além de não poder ter participado da aula magna, o estudante também se encontra ameaçado até de assistir as aulas, já que não tem como acompanhar as aulas sem um intérprete.

Estudar e lutar

Presente durante o evento, a União dos Estudantes de Pernambuco (UEP) mobilizou os estudantes presentes para denunciar a situação e exigir da reitoria um posicionamento. Além disso, os próprios estudantes deram uma aula de solidariedade ao se juntarem para garantir a interpretação em Libras do evento para o estudante.

Por conta da manifestação, a coordenação do curso e o setor de Assistência Estudantil do campus garantiram a liberação de um auxílio emergencial para a contratação de um intérprete, além de materiais didáticos específicos para auxiliar o estudante. Os cortes nas verbas para o ensino superior promovidos pelo governo Bolsonaro deixaram resquícios no cotidiano das universidades e a recente greve nacional docente foi também prova disso, porém é inadmissível que a instituição deixe os estudantes que precisam de uma apoio tão crucial como o intérprete de Libras em sala de aula desassistidos.

A mobilização durante a Aula Inaugural foi fundamental. A reitoria alegou que a contratação de um profissional de Libras para dar suporte ao espaço vago poderia levar até meses, mas garantiu o edital, com uma bolsa de R$1.000 para preencher a vaga para um intérprete logo após a repercussão da denúncia.

A garantia de diretos das Pessoas Com Deficiência (PCD)

Desde 2006 que a Convenção sobre os Direitos de Pessoas da Pessoa com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu a siga PcD para designar a “Pessoa com Deficiência”. Termos como “deficiente” ou “inválido” são devem ser usados mais. O jornal A Verdade entrevistou Rita Silva, professora, intérprete e especialista em Libras sobre o que diz a lei sobre a garantia de acesso ao intérprete de Libras para pessoas com surdez.

A Verdade – Existe uma garantia, ou alguma lei para o acesso à intérprete de Libras para a população surda em nosso país?

Rita Silva – Existe a Lei 10.436, de 24 de Abril de 2002, conhecida como Lei de Libras. Ela regulamenta e reconhece a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) como uma língua. Ali você encontra a importância de difundir a língua, e no terceiro artigo fala-se da necessidade dos serviços públicos garantirem o acesso à língua  para as pessoas com deficiência auditiva ou pessoas surdas sinalizantes. Mas vamos pensar: o que é um tratamento adequado para uma pessoa surda em espaços públicos? Minimamente, ela ter acesso à acessibilidade comunicacional, ela se fazer ser entendida e entender o que está acontecendo nesse espaço. Estamos falando de um direito fundamental para uma pessoa com surdez.

E em se tratando do oferecimento ao ensino e a interpretação da Libras, essa lei garante o acesso?

Rita Silva – Em 2005 foi assinado o Decreto N° 5.626, de 22 de Dezembro que regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Quando a gente vai para o decreto de Libras a gente vê um enfoque grande na formação dos profissionais que vão atuar com a educação de surdos. Boa parte desse decreto é voltada para a educação, Tem uma partezinha ali pra saúde e tal, e tem um item que fala sobre esse acesso em espaços públicos. Ali, no inciso segundo do artigo 26, fala-se da utilização dos intérpretes contratados especificamente para intermediação de comunicação, para garantir o atendimento, seja presencial ou remoto, a pessoa surda ou com deficiência auditiva. Entretanto, a gente já vê aí que diz que “poderão utilizar”, ou seja, não é algo obrigatório ou que tem a mesma conotação de “garantir” ou “devem garantir” para as pessoas surdas. Por mais que a gente tenha essa “orientação legislativa”, ainda são pouquíssimos os espaços que dispõem de profissionais intérpretes. Onde a gente encontra mais esses profissionais? Na área da educação, né?

Pode falar um pouco da importância de intérpretes de Libras em eventos públicos?

Rita Silva – Considerando essas questões que eu mencionei, é importante ter intérpretes em espaços públicos, não só em eventos. A pessoa surda ou a pessoa com deficiência auditiva sinalizante é um ser humano que tem os direitos previstos na Constituição, assim como nós, pessoas ouvintes. É um direito básico, fundamental, assim como o de ir e vir, por exemplo. E quando não há um intérprete de Libras, esse direito também é limitado. Uma pessoa surda que vai a um hospital, por exemplo, ela não tem acesso à mesma informação que nós ouvintes temos. Então, é primordial que se tenha um profissional intérprete, que se oferte esse profissional para mediar essa comunicação, para que ele realmente tenha seu direito à saúde garantido. E são inúmeros os casos na área da saúde e em várias outras de consequências terríveis mesmo, por falta de um intérprete nesse caso.  Na área médica, alguns óbitos já ocorreram por não haver essa comunicação e vários equívocos médicos também. É sobre isso que estamos falando.

Já sobre a questão dos eventos públicos, o nome já diz: é público. É para todos que desejarem ir. E a pessoa surda, ela precisa que haja acessibilidade para que ela faça parte desse momento. Infelizmente, muitos eventos públicos ainda não dispõem de interpretação, muitos espaços públicos não têm profissionais intérpretes por mais que haja essa sugestão da lei de utilização dos profissionais.  Algumas instituições, principalmente as educativas, dispõem da contratação desse profissional, mas ainda são muitas que só passam a perceber a relevância ou a necessidade do profissional após a chegada da pessoa surda na instituição. Quando falamos em incluir a Pessoa com Deficiência em todos os espaços públicos da sociedade. Esse é o desafio.

Movimento Correnteza reafirma compromisso com a educação pública e vence eleição do DCE UERN

Iuna Brasil e Lívia Ellen Rodrigues | Mossoró (RN)

Ns dias 21 e 22 de novembro foram realizadas as eleições para a nova diretoria do Diretório Central dos Estudantes Anatália de Melo Alves na UERN. Nesse momento fundamental de aprofundamento da democracia e dos debates políticos da entidade, o Movimento Correnteza, junto a diversos de Centros Acadêmicos e atléticas, reafirmou o seu compromisso com o movimento estudantil ao inscrever a chapa mais representativa do processo eleitoral, contando não só com representantes em todos os campi, mas com centenas de apoiadores inscritos.

Movida pela vontade de manter acesa a chama do movimento estudantil em toda universidade, a Chapa 2 – Ousar Lutar: Raquel Rocha presente! realizou uma jornada de brigadas do Jornal A Verdade atrelada à campanha, vendendo 79 jornais em três campi e levando à vitória nas eleições do DCE com quase 70% dos votos válidos (1294 votos). A Chapa 2 reivindicou o legado de lutas e conquistas da histórica entidade que homenageia a revolucionária potiguar Anatalia de Melo Alves e de Raquel Rocha, militante do Movimento Correnteza e da União da Juventude Rebelião, diretora do DCE da UFRN e da União Estadual dos Estudantes e que enfrentou o sistema capitalista e lutou pela educação pública com ousadia, disposição e disciplina revolucionária.

O caminho para mudar a educação é a luta

Enquanto setores do Movimento Estudantil se aliaram a uma reitoria as demandas báscias dos estudantes como mais espaços de descanso e políticas de assistência estundatil, o Movimento Correnteza provou que é possível ousar mais e que não precisamos nos contentar com o mínimo oferecido por governos e reitorias.

Foi a luta do movimento estudantil, a partir de ocupações, atos, mesas de debate e demais mobilizações amplificadas pela força do DCE Anatália de Melo na gestão “Aos que ousam sonhar”, que garantiu que os estudantes questionassem o sucateamento da educação, as falsas soluções para a fome dos estudantes e conquistassem, então, vitórias essenciais para a universidade, como a reforma do anfiteatro de Natal, a construção do campus de Assú, o projeto arquitetônico dos Restaurantes Universitários em 6 campi da UERN, o orçamento participativo direcionado para a estrutura da UERN, entre muitas outras).

É pelo exemplo de Raquel Rocha, Emmanuel Bezerra, Anatália de Melo Alves e tantos outros lutadores que se norteará a nova gestão do DCE, que tem como perspectiva a ampliação da entidade e a construção de uma luta cada vez mais coletiva, afastada da velha política entreguista e conciliadora, para avançar na construção de um movimento estudantil comprometido com o trabalho persistente e cotidiano, mostrando para os estudantes que o caminho de vitórias é a luta.