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quarta-feira, 19 de novembro de 2025
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PM sequestrou, torturou e assassinou o adolescente Davi da Silva

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No dia 25 de agosto de 2014, o jovem maceionse Davi da Silva, 17 anos, caminhava na companhia de outro adolescente, nas imediações da sua residência, no bairro Benedito Bentes, em Maceió, quando uma viatura da Rádio Patrulha da Polícia Militar os abordou. Davi da Silva foi levado pela viatura “para dar uma volta” e até hoje nunca mais apareceu.

Os parentes, em especial sua mãe, Maria José da Silva, fizeram várias denúncias à imprensa, OAB, realizaram protestos exigindo uma solução para o caso e o aparecimento do adolescente. Em contato com o jornal A Verdade, vários moradores do bairro onde Davi cresceu expressaram o clima de terror que vivem. “O medo é da polícia e do tráfico” afirmou João Pedro.

Passados quase seis meses do seu sequestro, a Polícia Civil concluiu seu inquérito, com diversas provas testemunhais e técnicas que indicaram que o adolescente foi sequestrado, torturado e depois assassinado, tendo o corpo ocultado em local ainda desconhecido.

De acordo com o inquérito, os policiais militares envolvidos no crime são Eudecir Gomes de Lima, Carlos Eduardo Ferreira dos Santos, Victor Rafael Martins da Silva e Nayara Silva de Andrade, integrantes da guarnição que abordou o adolescente Davi. Eles foram indiciados pelos crimes de tortura, sequestro e cárcere privado, homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

É importante colocar que Davi não tinha nenhuma passagem na polícia, tampouco havia qualquer suspeita de atos criminosos. “Era um jovem cheio de sonhos, que me ajudava como servente de pedreiro. Eles estão matando nossos filhos”, colocou Maria José da Silva, mãe do adolescente.

O caso se tornou emblemático em Maceió. Os policiais envolvidos no caso foram indiciados, mas estão em liberdade. Vários movimentos sociais têm prestado solidariedade à família e realizado atos exigindo punição. Pichações foram realizadas na cidade cobrando o aparecimento do corpo do adolescente. A família pressiona para que o corpo do garoto seja encontrado, para que se possa fazer um funeral digno.

Certamente o caso Davi da Silva não foi um fato isolado. É resultado de uma política violenta de extermínio da juventude pobre e negra da periferia. Nas comunidades periféricas dos grandes centros o tráfico e as milícias organizadas pela Polícia Militar controlam e agem como poder paralelo aterrorizando a população.

Redação Alagoas

Saída à esquerda

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Como se já não bastassem os ataques aos direitos dos trabalhadores, através das medidas provisórias 664 e 665, do corte no orçamento da educação e outras áreas sociais, o “mercado”, isto é, a burguesia, faz uma previsão de recessão de 1% no PIB e inflação de 8,13% para o Brasil em 2015. O que há de interessante nesse anúncio? Nada de novo, se não fosse a própria burguesia, que junto com o governo defende amplamente o arrocho fiscal, a dizer isso.

As medidas de austeridade implantadas pela União e pelos estados deveriam ter, segundo eles próprios, o sentido de acabar com a crise econômica, fazer o país voltar a crescer e a inflação cair. A mídia, o FMI, o Banco Mundial, o “mercado”, todos, menos os trabalhadores e a juventude, defendem estas medidas como a injeção antitetânica para todos os males da humanidade. Agora, dizem que a situação econômica vai piorar em 2015 e 2016.

No mínimo contraditório, se não tivesse um fundo de verdade: a austeridade de fato gera mais crise, e mais crise gera recessão e inflação alta. O que quer dizer, lá no fundo, que este comunicado dos “economistas” do mercado financeiro, como os chama a mídia burguesa, é só mais uma demonstração de que a saída que está sendo posta em prática é a que conduzirá os trabalhadores para o abismo econômico.

Independente das medidas que o governo tomasse, dentro dos marcos do capitalismo, em algum momento a crise internacional iria nos atingir. O fato de o governo ter colocado todas as fichas na venda de commodities, como o petróleo, quando estas estavam em alta no mercado, é uma prova disso. Com a queda brusca do petróleo nas bolsas de valores do mundo, caindo dos 100 dólares (como estava em 2013) para a casa dos 50, somado ao processo de retração da indústria, que no ano de 2014 demitiu mais de 200 mil operários, fez com que o país não encontrasse saída para voltar a crescer.

Paralelamente, a política de fortalecimento do capital financeiro, com o aumento da taxa de juros, que hoje está em 12,75%, e a manutenção do pagamento da dívida pública, que no governo Dilma ocupou um espaço de 35% a 40% do orçamento do país, fez com que este setor se fortalecesse e os setores produtivos, principalmente a indústria, ficassem prejudicados.

Mas, mesmo se o governo tivesse cedido às pressões do “mercado” e aplicado as medidas de austeridade antes, a situação teria se mantido a mesma ou estaríamos ainda pior, a exemplo do que ocorre hoje na Europa, onde os países aplicam as medidas de austeridade propostas pelo FMI a mais de cinco anos estão com altas taxas de desemprego e recessão profunda. A pergunta não reside no “onde o governo errou?”, mas no “por que o governo errou?”.

Ao priorizar os interesses do capital financeiro, o governo federal subordinou ainda mais sua política econômica a este setor da classe dominante e com isso saíram prejudicados os trabalhadores, que viram a especulação financeira dominar a economia nacional, encarecendo aluguéis, aumentando os preços dos bens de consumo, etc. O porquê reside aí, na conciliação, na subordinação aos interesses do capital.

Vale lembrar que este é (ou era) considerado um governo progressista, de esquerda, mas a aposta na conciliação de classes fez com que ele se abstivesse de tomar medidas que contrariassem abertamente os interesses do grande capital. Ao se eximir de medidas como taxar as grandes fortunas, fazer a reforma agrária, reestatizar as empresas privatizadas, o setor de energia e o de telefonia, deixou à vontade dos bancos a condução da economia nacional. Conclusão da história: agora que o capital financeiro sai fortalecido ele quer mais espaço na política econômica, o que justifica os aumentos sucessivos nos juros e os cortes de verbas para destinar ao pagamento da dívida pública.

Quando teve a oportunidade, o PT se recusou a enfrentar os interesses de classe da burguesia e preferiu conciliar estes interesses com os anseios da classe trabalhadora. Ao se aliar com a direita no plano político, e não com os movimentos sociais, o PT deu munição para que essa direita sobrevivesse com força no espectro político brasileiro.

Em resumo, a preferência na política de conciliação de classe impediu que o governo desse qualquer saída à esquerda para a crise desde quando ela estourou no plano internacional, em 2008. Agora, colhemos os frutos disso: uma direita mais forte do que nunca e com um viés fascistizante cada vez mais claro, e os movimentos sociais tendo que se reorganizar para enfrentá-la nas ruas e combater as medidas de austeridade impostas pelo governo que ele elegeu por quatro eleições.

Existe uma saída: e ela é pela esquerda

O quadro que se apresenta parece uma estrada de mão única no meio do deserto, sem retornos ou saídas. Mas engana-se quem não vê a saída à esquerda na estrada. O que está posto, que o governo não quer ver e movimentos sociais aos poucos percebem, é que a saída para a crise política e econômica é pela esquerda.

Agora, mais do que nunca, é necessário o combate aberto aos interesses do capital, com taxação das fortunas, suspensão do pagamento da dívida pública, reestatização das empresas privatizadas, reforma agrária e urbana. Com apenas algumas dessas medidas seria possível reduzir o preço da energia, dos alimentos e dos aluguéis, diminuindo assim a inflação; seria possível também investir na educação e saúde e melhorar a infraestrutura nacional, aumentando a produção industrial.

Com isso, se impõe a necessidade da esquerda se colocar de forma unitária nas ruas, com uma ampla unidade popular para apontar o caminho necessário para sair da crise, aprofundando assim a organização do povo para resistir aos ataques da burguesia. Mas, enquanto muitos dentro da própria esquerda confiarem no caminho da conciliação, quem saíra perdendo serão os trabalhadores e o país, pois não haverá a unidade necessária para colocar a pauta dos trabalhadores na rua e disputar os rumos da sociedade.

Se o porquê do erro se encontra na conciliação, a solução dele se encontra na luta de classes contra o capital.

Felipe Annunziata, militante da UJR/RJ

Partidos comunistas dos EUA declaram unidade

american party of laborA esquerda nos EUA não apresentava uma frente de unidade por anos. Já ficaram num passado distante os discuros de W.E.B. DuBois e Eugene V. Debs. Desde a era Macartista e seu ruidoso ataque às forças de liberdade e igualdade neste país, rotulando de anti-americano tudo aquilo a que os soviéticos eram favoráveis, como uma variação das sátiras de Groucho Marx, a esquerda se fraturou, se dividiu, e mesmo ainda existindo em número significativo, de tão dividida se tornou inútil.

Foi uma surpresa então testemunhar dois dos mais ativos partidos da extrema esquerda, o Partido Americano do Trabalho e o Partido dos Comunistas, EUA, anunciarem que trabalharão em conjunto de agora em diante. Esta notícia, de dois partidos estadunidenses colocando de lado suas diferenças e focando em seus pontos em comum repercutiu em todo o mundo. Mas a mídia local se manteve em silêncio, tendo já se convencido desde há muito que a extrema esquerda estava morta, apesar do recente aumento de sua popularidade, o que se tornou ainda mais óbvio com a eleição de Kshama Sawant em Seatle, WA.

party of communists usa 2Em seu anúncio de fraternidade, as organizações unidas estenderam as mãos para que outras organizações da extrema esquerda se juntem a elas. Se alguém vai responder a este chamado ainda não se sabe, mas a simbologia e o movimento de reconciliação, fraternidade e unidade é precisamente o que tem faltado para a extrema esquerda neste país. A força política da extrema esquerda neste país se evaporou principalmente devido ao divisionismo dos grupos entre si. Apesar de terem um objetivo comum, eles tiveram uma história de longas décadas em serem mais propensos a atacar uns aos outros.

Apesar de existirem dúzias de grupos Tea Party, eles ignoram suas diferenças e focam em seus fatores comuns, que é o que lhes faz mais efetivos na arena política, apesar de serem superados numericamente pela esquerda neste país. Precisamos de mais cooperação entre a esquerda, entre os verdes e os comunistas, entre os socialistas e os progressistas. Se essas organizações podem andar juntas em irmandade, todos nós podemos.

É um lembrete do lema dos EUA, antes que deixemos os macartistas pisotear o que a América queria dizer com “E Pluribus Unum”.

De muitos, Um.

Nathaniel Downes
Tradução de Glauber Ataide
Fonte: The Red Phoenix

PM paulista reprime batalha de MC´s

BatalhaNo dia 1º de Abril, o jornal A Verdade esteve presente na Batalha da Matrix, encontro cultural da juventude do ABC paulista que acontece há dois anos nas terças-feiras a noite em frente a igreja da Matriz, São Bernardo do Campo.

A Batalha é um espaço de propagação da cultura hip-hop onde os MC´s fazem desafios de rima entre si, praticando o rap e o verso de improviso.

Essa presença da juventude da periferia no centro da cidade, no entanto, vem incomodando claramente o poder público e a polícia militar, já que esses não são acostumados com a cultura e a organização espontânea da juventude.

O resultado da repressão policial podemos ver no vídeo abaixo:

 

Da Redação, São Paulo

A tarde mais triste: líder de ocupação é brutalmente assassinado em Belo Horizonte

Foto do companheiro Bahia

O movimento de luta pela moradia está de luto após o assassinato de Manoel Ramos, o Bahia, coordenador da Ocupação Vitória, com golpes de machado e facão, desferidas por três pessoas que pretendiam especular com lotes na comunidade. A região em que Bahia atuava fica na área conhecida como Mata do Isidora, que concentra ainda as ocupações Rosa Leão e Esperança, reunindo um total de 4.500 famílias nas três ocupações. A área é palco de intensa disputa entre as empreteiras e a Prefeitura de Belo Horizonte de um lado, que planejam um megaprojeto milionário de especulação imobiliária, e de outro, as milhares de famílias das ocupações, que resistem às constantes ameaças de despejo. O dia primeiro de abril foi de muita consternação, de denúncias e também de homenagens por parte dos movimentos e das comunidades de ocupação de BH. A seguir, reproduzimos nota dos movimentos de moradia sobre a luta do militante Bahia como exemplo da necessidade da reforma urbana e a garantia do direito à cidade.

A TARDE MAIS TRISTE: COMPANHEIRO BAHIA ASSASSINADO

Ontem, 31 de março de 2015, a tarde mais triste das ocupações da região da Isidora, em Belo Horizonte e Santa Luzia, MG. Morreu Manoel Ramos, o Bahia, coordenador da Ocupação Vitória e valoroso militante da luta das famílias sem-teto da capital de Minas Gerais e da Região Metropolitana de BH. Por volta das 15h foi assassinado a golpes de machado e facão por oportunistas infiltrados na comunidade Vitória, indivíduos que pretendiam lucrar com a luta de milhares de famílias que lutam aguerridamente por moradia própria, digna e adequada. Bahia tombou no lugar onde sonhou viver, um sonho que não era só dele, mas compartilhado por milhares de famílias que desejam se libertarem do aluguel e da humilhação de sobreviver de favor; um sonho de outras tantas pessoas, dentro ou fora das ocupações, que assumem o compromisso de construir uma cidade onde caibam todos e todas.

Bahia morreu impedindo que as áreas ocupadas não fossem griladas por aproveitadores e oportunistas que vivem às custas da batalha do povo pobre brasileiro. Morreu por ser justo e por fazer do princípio da igualdade seu maior estandarte. Foi vítima da cobiça intolerável de poucos, da intransigência dos poderes públicos em construir uma solução justa, pacífica, negociada e rápida para o maior conflito social urbano do Brasil, hoje instalado na Região do Isidora. Foi a ausência de uma política efetiva de Reforma Urbana que fez do Bahia uma vítima, e nos privou a todos da presença deste gigante em coragem e generosidade.

Bahia era há meses vítima de ameaças por seguir as determinações coletivas que impedem a venda de lotes em áreas ocupadas. Também foi sobrevivente de um atentado contra sua vida executado por PMs, fato que quase o levou à morte, isso por se opor às violações de direitos promovidas por policiais militares contra os moradores da Ocupação Vitória. Bahia nunca se intimidou. Seguiu lutando, denunciando e construindo o futuro de milhares. Um futuro que lhe pertence e que lhe foi negado.

Um pedaço de nós morreu com Bahia, porém aquilo que é vivo em nós se fortalece nesta dor.Não será inútil o sacrifício deste amigo e companheiro. Bahia morreu por defender a justa luta por dignidade, por uma cidade aberta, na qual todos/as e cada um/a possam conviver em plenitude. Diante de um gesto de tanta coragem, não temos o direito de desistir. Devemos levar às últimas consequências o exemplo deste extraordinário ser humano. Devemos lutar, resistir e vencer, coletivamente.

Se tentaram, pelo medo, impor uma ordem injusta, será pela coragem de moradores/as, apoiadores/as e organizações que prevalecerá a igualdade e a Vitória. Seguiremos combatendo toda e qualquer tentativa de utilização indevida da luta de tantos e tantas.

Cabe aos governos evitar que esta situação se repita, e que de uma vez por todas garanta o direito de todas as famílias sem-teto das ocupações urbanas de Minas Gerais.
Não toleramos mais pagar com sangue a intransigência dos governantes, a insensibilidade do judiciário e os interesses dos empresários.

A tarde mais triste nos desola. Ontem a noite e hoje choramos sobre o corpo de um de nós. Amanhã nos daremos conta que estamos vivos, e que o tributo cobrado pelo que tombou, é a marcha firme dos que vivem. Nos manteremos sempre de pé.

Companheiro Bahia. PRESENTE!

Belo Horizonte, MG, Brasil, 31 de março de 2015

Assinam essa nota:

– Brigadas Populares;
– Comissão Pastoral da Terra (CPT);
– Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB);
– Coordenação das Ocupações Vitória, Esperança e Rosa Leão
-Rede de Apoio.

Trabalhadores em educação entram em greve contra a retirada de direitos

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No dia 31 de março os trabalhadores em educação do município de São José de Mipibu, Rio Grande do Norte, ocuparam as ruas da cidade. A categoria está em greve desde o dia 19 de março contra a retirada de direitos promovida pelo prefeito Arlindo Dantas (PMDB) pai do atual vice-governador Fábio Dantas (PCdoB).

De maneira autoritária o prefeito em conluio com a Câmara Municipal atacaram os direitos dos trabalhadores que já estavam assegurados há anos. Não bastasse isso ainda cortou o ponto dos trabalhadores em greve, cortou o repasse das contribuições sindicais e persegue os trabalhadores em luta.

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Por tudo isso, às 8 horas da manhã se deu início a concentração de professores, funcionários e pais e alunos. Depois dos informes dos advogados do sindicato os trabalhadores junto com pais e estudantes saíram as ruas de São José com palavras de ordem como “o povo está na rua, prefeito a culpa é sua”, bandeiras negras representando o sentimento de luto diante do descaso com a educação mipibuense e falas denunciando do caos instalado.

Ao chegar a prefeitura se deu prosseguimento as falas, entre elas a do Movimento Luta de Classes que estava presente no ato. Em seguida uma comissão foi recebida, mas a resposta da prefeitura foi negativa diante das reivindicações demonstrando intransigência e autoritarismo diante da categoria. Diante desta arrogância, que configura em um crime contra a educação pública, a resposta dos trabalhadores foi o fortalecimento da luta, da mobilização e da greve.

Redação RN

Casa da Morte de Petrópolis: retrato dos crimes da Ditadura

A Casa da Morte, como ficou conhecido o imóvel localizado à Rua Arthur Barbosa, nº 120, no bairro de Caxambu, em Petrópolis (RJ), funcionou clandestinamente, durante os anos 1970, como local de tortura e assassinato de presos políticos pela Ditadura Militar.

Coordenado pelo Centro de Informações do Exército (CIE), o lugar, também chamado de “Casa dos Horrores”, só ficou conhecido em 1979, após a denúncia feita por Inês Etienne Romeu, ex-dirigente da VAR-Palmares e única pessoa que conseguiu sobreviver à Casa da Morte. Inês havia sido presa pela equipe do delegado fascista Sérgio Paranhos Fleury, em São Paulo, no dia 5 de maio de 1971. Levada a Petrópolis, foi torturada e estuprada por 96 dias, e só saiu viva após mentir e convencer seus algozes de que havia concordado em colaborar com a repressão. Além de Inês, foram ali torturados Honestino Guimarães, Ana Rosa Kucinski, David Capistrano, Marilena Villas Boas, Fernando Santa Cruz e o ex-deputado Rubens Paiva, entre outros.

Rotina

Graças ao trabalho da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro (CEV-Rio), novas informações sobre como funcionava a Casa da Morte foram conseguidas.

Segundo o tenente-coronel reformado Paulo Malhães, assassinado em abril deste ano, semanas depois de prestar depoimento à CNV, à qual relatou, entre outras coisas, a rotina de funcionamento da Casa da Morte. O lugar era chamado pelos militares de “centro de conveniência” e era utilizado para tentar convencer, por meio de tortura, os presos a mudar de lado e virarem informantes do regime. “Para virar alguém, tinha que destruir convicções sobre comunismo. Claro que a gente dava sustos, e o susto era sempre a morte. A casa de Petrópolis era para isso”, confessou Malhães.

Ainda de acordo com o coronel, todos os militares que trabalhavam na Casa da Morte eram vinculados ao gabinete do Ministro do Exército e tinham que prestar contas ao comando do órgão, revelando que o alto escalão das Forças Armadas sabia das torturas e outros crimes cometidos pelos agentes encarregados da repressão política.

Espaço de memória

Desde que veio a público a existência da Casa da Morte de Petrópolis, movimentos sociais, ex-presos políticos e familiares dos mortos e desaparecidos já realizaram vários atos exigindo que o local seja transformado em espaço de memória da resistência à Ditadura.

Em setembro de 2013, a Prefeitura de Petrópolis publicou decreto que autorizava a desapropriação do local para fins de utilidade pública. E, em fevereiro deste ano, a então ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, comprometeu-se a destinar verba federal para a desapropriação, que custará R$ 1,4 milhão. “O objetivo é trabalharmos em conjunto, o Município de Petrópolis, o Estado do Rio de Janeiro e o Governo Federal, para compormos na Casa da Morte um projeto pedagógico de valorização da vida, que conte a história da resistência à Ditadura Militar”, disse.

Os esforços pela transformação da Casa da Morte de Petrópolis em centro de memória são um passo importante na luta pela preservação da memória, pela afirmação da verdade e pela justiça, e devem continuar até a conquista definitiva do local.

O exemplo da Casa da Morte prova que está mais do que na hora de o Brasil encarar seriamente a questão de transformar todos os espaços de tortura e morte utilizados em locais de memória da resistência e de promoção da democracia e dos direitos humanos, além de punir os responsáveis pelos crimes contra a humanidade cometidos nesse período da história brasileira que jamais poderá ser esquecido.

Da Redação

A guerra iminente começou no Iêmen

IemenFoi noticiado que cerca de 100 aeronaves de guerra da Arábia Saudita estão bombardeando Sanaa, a capital do Iêmen, que, recentemente, foi tomada por rebeldes Houthi, e que aproximadamente 150 mil soldados entraram no norte do Iêmen para uma ofensiva em solo.

Também se sabe que a ofensiva saudita no Iêmen é apoiada pelo Egito, Marrocos, Jordânia, Sudão, Kuwait, UAE, Qatar, Bahrein e Paquistão. De acordo com as agências de notícia, os EUA não estão envolvidos na ofensiva, mas realizam apoio de logística e inteligência.

No Iemên, com uma população de 25 milhões de habitantes e sendo um dos mais pobres países da região, os rebeldes Houthi tomaram a capital Sanaa em janeiro de 2015 e  instalaram um “conselho presidencial” com cinco membros.

As forças reacionárias e imperialistas que atuam na região sempre tiveram um papel nos conflitos no Iêmen, que é um país de importância estratégica vital como caminho por onde se transporta o petróleo do Golfo Pérsico através do Mar Vermelho. Em nenhum momento, no entanto, as intervenções tinham sido realizadas de maneira direta.

Quem acompanha os acontecimentos na região sabe que a Arábia Saudita e os EUA não ficariam cegos à vitória dos Houthi no Iêmen. Um governo Houthi no Iêmen significa uma facada xiita nas costas da Arábia Saudita, com a qual o Irã sai beneficiado.

Os xiitas iemenitas, que compõem a linha do “Crescente Xiita”, presente no extremo sul do Oriente Médio, são também ligados à maioria xiita da população nos campos de petróleo da Arábia Saudita e dos países do Golfo. Quando a rebelião Houthi no Iêmen começou, a discussão era: “Quem irá ganhar no Iêmen? A Arábia Saudita ou o Irã?”  Ao invés de: “Quem vai governar o Iêmen?”. Na sequência, a tomada de poder dos Houthi no Iêmen foi vista ao redor do mundo com “a vitória iraniana no Iêmen”.

Sem dúvidas, a vitória dos xiitas significa pânico aos tronos dos monarcas e reis na Arábia Saudita e em outros Estados do golfo porque a parcela considerável da população xiita nesses é, também, a mais oprimida e miserável.

Além disso, após a queda de Mosul, a “guarda revolucionária” iraniana e os oficiais iranianos (inclusive generais) estão lutando como parte da contraofensiva contra o Estado Islâmico. Isso significa mais que “proximidade na fé”; Iraque e Irã se tornaram aliados. Isso também significa que, na medida em que a ameaça do Estado Islâmico é debelada, Iraque se tornará um país sob o controle do Irã. Os EUA e outras potências ocidentais estão preocupadas com este fato.

Dessa maneira, “Iêmen não é apenas Iêmen”, nem tampouco os “Houthi são apenas Houthi”! Se este fosse o caso, o Iêmen seria no máximo um problema apenas para a Arábia Saudita. Mas não é este o caso. Ao contrário, o conflito no Iêmen – do ponto de vista do quadro geral da região – se tornou o território mais perigoso do conflito ‘Xiita-Sunita’. De fato, todos os dez países que fazem parte da “coalizão” que está atacando o Iêmen têm governos sunitas. (*)

Como era esperado, o ministro das Relações Exteriores turco declarou apoio à operação. A declaração “apoiando a intervenção militar da Arábia Saudita no Iêmen” afirma que a “operação militar contribuirá para legitimar a autoridade no Iêmen”. Claro; essa declaração tem várias interpretações. Mas a questão principal é saber qual o interesse de Çanakkale ou Sarıkamış sobre o Iêmen! Especialmente quando se sabe que o conflito no Iêmen não será controlado facilmente!

Os Estados Unidos, aliados com a linha do “Crescente Xiita” através do Iraque e do Irã no extremo-norte do Oriente Médio são, por outro lado, aliados da Arábia Saudita contra o Irã e a linha do “Crescente Xiita” no extremo-sul. A contradição não é exatamente como parece. É um sinal de como, mais do que nunca, as contradições se tornaram fraudulentas no Oriente Médio.

İhsan Çaralan, membro do Comitê Executivo do Partido do Trabalho – Emep

(*) Egito e Turquia estão em desacordo sobre a questão da irmandade mulçumana, mas este é um desacordo dentro dos marcos do Islã sunita. Ambos estão unidos contra os xiitas.

Petroleiros param em luto por mortes causadas pela precarização

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Ato contra mortes na petrobras_1

Petroleiros de todo o país estão de luto pelas mortes de cinco companheiros vítimas da explosão no navio plataforma FPSO “Cidade de São Mateus”, no dia 11 de fevereiro. Além dos óbitos, 25 trabalhadores ficaram feridos.

O navio, situado no Campo de Camarupim, região de Aracruz-ES, é operado pela empresa BW Offshore, contratada da Petrobras. Atendendo a uma demanda de 2,2 milhões de metros cúbicos por dia, o “Cidade de São Mateus” contava com um efetivo de 74 profissionais, dos quais 73 eram terceirizados.

A tragédia provocou uma série de mobilizações no dia 13 de fevereiro, convocadas pelos sindicatos da base da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

No Espírito Santo houve paralisação nas trocas de turno e trancaço no aeroporto de Vitória; Na Regap (Minas Gerais) e na Refinaria Abreu e Lima (Pernambuco) também houve corte na rendição; na Replan (Paulínia) os petroleiros paralisaram as atividades, inclusive no setor administrativo. Na Bahia houve paralisação, e as mobilizações prosseguiram durante todo o dia. Em Manaus houve uma grande manifestação na Reman e atraso no início do expediente. No Ceará os petroleiros da Transpetro, Base Maracanaú, realizaram manifestação e atrasaram o início do expediente, com adesão dos trabalhadores terceirizados.

De 1995 a 2015, já foram quase 350 petroleiros mortos, dos quais 285 cerca de (81,4%) eram terceirizados. Os números da terceirização revelam uma terrível realidade e trazem à tona a verdadeira causa do salto do número de acidentes: a política da privatização.

A grande mídia vem tentando mudar o foco das denúncias de corrupção para esconder a responsabilidade dos grandes monopólios capitalistas, detentores dos ativos de empresas contratadas pela Petrobras. Querem enganar a sociedade manipulando a informação e tentando, como que por meio de uma lavagem cerebral, fazer com que a sociedade acredite que a Petrobras está falida e que a solução é entregar todo o nosso patrimônio à iniciativa privada. A mídia tradicional esconde os rastros de corrupção e mortes deixados pelas empresas privadas que operam para a companhia. Assim, os conglomerados têm seus interesses defendidos pelos grandes meios de comunicação.

Para dar um basta nas mortes é necessário que tenhamos uma mudança estrutural no atual modelo de produção, passando pelas condições físicas do ambiente de trabalho e chegando ao planejamento de metas que não ponham a vida do petroleiro em risco. Essa reestruturação vai na via contrária aos interesses do mercado, que enxerga cada trabalhador apenas como uma fonte de lucro. Uma política séria de prevenção de acidentes não pode ser implementada sem a completa estatização da Petrobras.

Os petroleiros devem exigir do governo o compromisso, na prática nunca assumido nem por Lula nem por Dilma, de restituir o monopólio estatal do petróleo, quebrado por FHC, barrando as rodadas de leilões, devolvendo os campos que já estão sob o modelo de partilha e reincorporando as subsidiárias. Paralelamente, devemos exigir que seja arquivado o PL 4.330, que pretende ampliar a política de terceirização no país para retirar direitos trabalhistas e dificultar, inclusive, a retomada das estatais que foram arrancadas do povo brasileiro.

Emanuel Reis, diretor do Sindipetro CE/PI e da FUP

Identidade racial: somos todos iguais?

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A partir do Censo de 2010, e pela primeira vez desde a Lei Áurea, a maioria da população brasileira se autodeclarou negra, dentre os quais estão pretos e pardos. Em comparação com o Censo realizado em 2000, o percentual de pardos cresceu 38,5% para 43,1% (82 milhões de pessoas), em 2010. A proporção de pretos também subiu de 6,2% para 7,6% (15 milhões), no mesmo período, sendo a população brasileira atualmente composta de aproximadamente 97 milhões de negros. Já a população que se autodeclara branca caiu de 53,7% para 47,7% (91 milhões).

De acordo com analistas socioeconômicos do IBGE, o que ocorreu foi uma maior tomada de consciência da população sobre a sua cor da pele, sua identidade racial. No entanto, existe o outro lado da moeda: ainda vemos enorme diferença entre os que se autodeclaram pretos ou pardos. No último Censo, a diferença entre pretos e pardos era de 35,5%, considerando que os entrevistados deveriam escolher entre cinco respostas predefinidas (preto, pardo, branco, índio e amarelo).

Quando foram permitidas respostas livres, vieram as mais variadas possíveis: moreno, moreno escuro, mulato, morena-jambo, marrom-bombom, marrom-glacê, escuro, escurinho, dentre outros. Tais dados mostram a dificuldade de a população brasileira ver sua cor da pele, assumir sua negritude. Um problema de identidade racial.

Outro exemplo é a insatisfação de alguns negros com suas características físicas. Muitos (principalmente mulheres) não conseguem ver beleza em seus cabelos naturais cacheados ou crespos, ou tentam modificar através de cirurgias plásticas o “nariz largo ou achatado”, ou disfarçar os “lábios grossos”. Foi desenvolvido até mesmo um creme que “clareia” a pele negra, já amplamente vendido em países africanos. Mas por que isso acontece?

Para entendermos tal questão, precisamos entender que o padrão do que é “belo” é um valor social, determinado pela sociedade, e aprendido na nossa educação desde que nascemos. Como vivemos num mundo onde os interesses do mercado são os que definem nossas relações, o “belo” é tratado como mercadoria.

Não é difícil observar que o poder da grande mídia por meio da televisão, revistas, jornais e internet vem impondo à sociedade padrões de beleza que não respeitam, muitas vezes, as características do negro.

Sendo a beleza uma mercadoria no mercado da moda, e estando na Europa as elites da moda internacional, a beleza europeia é a escolhida por esse mercado, excluindo modelos negras. Essas mesmas relações de mercadoria aprendemos também na infância, no ambiente escolar. As crianças consideradas “mais bonitas” e queridas são as de olhos ou cabelos claros. Lembremos que a infância é um período fundamental para a formação da autoestima e da personalidade de um adulto.

No ensino de História do Brasil, livros didáticos pouco mostram heróis negros em nossa história; pouco se fala a respeito da importante contribuição do negro para a cultura brasileira, as artes, a ciência, técnicas de produção… Enfim, nosso importante papel sócio-político-cultural na construção do país. Nos jornais, poucos cientistas, pesquisadores, educadores negros são mostrados, questionando a inteligência e escondendo as capacidades do negro enquanto liderança na sociedade. Nas novelas, poucos são os protagonistas negros. Mulheres e homens negros aparecem quase sempre vendendo sua “sexualidade”, mercadoria de alto valor no período do Carnaval. Esse é o “estereótipo negro”.

Mas tal visão do negro não passou a ser construída recentemente. Desde que a escravidão do negro foi implementada em nosso país, sua imagem já era desconstruída a partir da sua inferiorização. O sistema escravista era extremamente lucrativo, negros e escravos eram coisa: não tinham direitos, eram propriedade dos brancos ou até mesmo usados como moeda de troca. Esta mesma elite inventou que negros não tinham alma, portanto, não sentiam dor e não tinham inteligência. A cultura e a religião negras foram inferiorizadas como “diabólicas”. Se o negro era considerado em tudo inferior, logo, merecia ser superexplorado.

Após a Abolição da Escravatura, com a chegada do capitalismo, sendo a maioria da população negra, não foi diferente. Como mostramos na edição de novembro de 2014 de A Verdade, o capitalismo também vê no racismo uma forma de sustentar a superexploração do povo. Sendo o trabalhador negro aquele que recebe menores salários, ele se torna mais barato para o empresário que o admite: portanto, aumenta o lucro das elites. A mão de obra negra é a mais barata. Negros, assim como as mulheres, foram escolhidos para ocupar os setores mais pobres, mais explorados (e oprimidos) da sociedade.

Mas para manter tal estrutura social, é necessária uma ideologia racista que sirva ao capitalismo, que justifique tais injustiças, e que convença à maior parcela da população do nosso país, os negros, de que são inferiores (e não têm inteligência para organizar a produção e a sociedade) e devem se submeter a toda forma de exploração e opressão, pois são inferiores. O racismo, um componente da ideologia burguesa, é uma ideologia de submissão, que classifica o negro como inferior. Serve aos interesses da classe dominante. A partir daí entendemos porque tantos negros negam a sua cor: ninguém quer ser o que há de pior. Ninguém quer ser inferior!

É preciso que a população, principalmente negra, desenvolva sua consciência e, ao perceber a enorme mentira presente no discurso que os inferioriza, assuma sua negritude. Ainda mais: precisamos tomar consciência da importância de nos organizarmos e lutarmos contra a superexploração capitalista do negro e contra a ideologia racista que a sustenta. Assim, ao invés de vergonha, teremos orgulho de sermos negros, e orgulho da nossa luta e resistência.

Carla Lima, Clério Rosa e Eloá Santos
Grupo de Estudos e Luta contra Desigualdades Étnico-Raciais, Rio de Janeiro

Um policial militar contra a redução da maioridade penal

No momento em que o congresso nacional avança na votação da redução da Maioridade Penal, medida punitiva contra os pobres, negros e moradores das periferias que em nada vai diminuir a criminalidade no país mas apenas lotar ainda mais as cadeias fortalecendo o crime organizado, reproduzimos abaixo o depoimento do soldado da Polícia Militar da Paraíba, Jimmy Felipe.

Após anos de propaganda incessante nos grandes meios de comunicação, o discurso de fortalecimento da repressão está forte e ganhou a consciência, inclusive, de muitos setores da classe trabalhadora. É preciso fortalecer a propaganda e a mobilização para barrar esse discurso e a aprovação de mais leis de perseguição contra os mais pobres.

Jimmy Felipe, Soldado da Polícia Militar do Estado da Paraíba.
Jimmy Felipe, Soldado da Polícia Militar do Estado da Paraíba.

Trabalho na Polícia Militar do Estado da Paraíba como soldado e tenho acompanhado o debate sobre o tema da redução da maioridade penal. Talvez pelo fato de trabalhar na rua, na atividade fim e de maneira ostensive, eu tenha possibilidade de ter uma visão diferente do que a maioria das pessoas tem.

Faz um bom tempo que não assisto televisão. Penso que isso também tem certa influência no meu modo de pensar. As vezes vejo que alguns colegas são claramente influenciados pelo que veem na televisão. Mas me considero um pouco imune a essa influência, na verdade tenho até certa aversão ao que passa na programação diária e ao modo como tentam transferir a responsabilidade de uma falha da sociedade e culpar exclusivamente o menor infrator.

Uma coisa fundamental: a minha profissão de policial é o autocontrole, chegar em uma ocorrência às cegas, não poder tomar partido sobre o que ocorre, entre outras coisas, acaba por me possibilitar sair do meio emocional e agir de forma mais racional possível.

Na maioria das ocorrências em que estive e houve envolvimento de menores, existia um padrão que se repetia quase sempre. Eram jovens pobres, vindos de familias desestruturadas e quase sempre estigmatizadas, seja por morarem em zonas de risco ou por sua cor de pele.

Esse tipo de situação me fez pensar sobre o que leva um jovem a esse tipo de situação, dentre as coisas que conclui, destaco as seguintes:

* Desestruturação familiar;

* Influência da mídia de consumo;

* Falta de perspectiva de vida.

* Falta de conhecimento legal sobre o que pode acontecer com os mesmos;

Tudo que citei anteriormente mostra que não adianta tentar sanar o problema da criminalidade cometida pelo menor infrator trantando ele meramente como um adulto, coisa que o mesmo não é.

Tratar criminalmente é apenas uma forma paleativa de tentar solucionar um problema mais grave. É como querer derrubar uma arvoré arrancando-lhe três ou quatro folhas, ou seja, ineficaz.

Enquanto não tivermos em mente que a causa principal da criminalidade juvenil não é exclusivamente a sua “imputabilidade” estaremos enxugando gelo. É preciso fornecer subsidios essênciais, em especial a educação, para que possamos sanar de fato o problema.

Em especial, quando temos vários estudiosos se mostrando contrários a redução da maioridade penal e apontando como verdadeiro problema a falha estrutural da nossa sociedade, que é não dar o suporte necessário aos mais pobres.

Jimmy Felipe, Soldado da Polícia Militar da Paraíba