UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quarta-feira, 19 de novembro de 2025
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200 mil fumantes morrem por ano no Brasil

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cigarroO cigarro é o produto legal mais vendido em nosso país e no mundo. Ao todo, quatro mil substâncias químicas – algumas delas como acetona, arsênico, butano, monóxido de carbono e cianido – se somam às 43 substâncias comprovadamente cancerígenas. Isso faz com que. no mundo, três milhões de pessoas por ano, seis por minuto, morram por causa do fumo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A OMS prevê que, se nada for feito, em 2020 o vício do cigarro levará mais de 10 milhões de pessoas à morte, por ano. No Brasil, mais de 300 pessoas morrem por dia em consequência do hábito de fumar.  Os dados mostraram, também, que 82% dos casos de câncer de pulmão no Brasil são causados pelo fumo e 83% dos tumores de laringe estão relacionados ao tabagismo.

Outro levantamento divulgado pela organização não governamental Aliança do Controle do Tabagismo (ACT), informa que o Brasil gastou mais de R$ 20 bilhões para tratar doenças relacionadas ao tabaco. O valor equivale a cerca de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do País e estima-se que corresponda ao dobro do que se arrecada com impostos sobre cigarros.

Apesar de a maioria dos males causados pelo fumo afetarem o sistema respiratório,  o tabagismo pode atingir outras partes do corpo,  sendo responsável por muitos casos de câncer de bexiga, boca, língua, laringe, problemas de fertilidade e derrame cerebral. Segundo a ACT, cerca de 13% dos casos de câncer de colo do útero e 17% das ocorrências de leucemia mieloide estão relacionados ao tabagismo.

Mesmo com o índice elevado de óbitos e com todos os estudos apontando os malefícios do cigarro, ainda há 1,2 bilhão de fumantes em todo o mundo. No Brasil, o Ministério calcula que 22,4% das pessoas fumem.

Como sair da dependência

O Sistema Único de Saúde (SUS) e o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) oferecem todo o tratamento gratuitamente, com os remédios e o acompanhamento médico e psicológico. A medicina traz vários tipos de tratamento, desde terapias e antidepressivos até chicletes e adesivos de nicotina. Algumas dessas alternativas se baseiam na reposição de nicotina. O fumante é poupado dos efeitos da interrupção repentina do hábito, como a irritabilidade. Então, se oferece ao corpo a nicotina, mas em doses menores até que ele dispense a substância, como é o caso do chiclete e do adesivo de nicotina. Há outros tratamentos que usam antidepressivos, com bupropriona ou BUP, que dá uma sensação de prazer, substituindo a sensação dada através do uso do cigarro.

Muitos ex-fumantes afirmam a que a sua qualidade de vida tornou-se 100% melhor depois de largarem o vício, além de aumentar a própria expectativa de vida.

A indústria do cigarro

Os principais monopólios desse mercado são chamados de “Big Six” (Seis Grandes). A China National Tobacco Corporation (a maior parte dos cigarros do mundo é produzida na China, que controla cerca 43% do mercado global); a Philip Morris, da marca Marlboro; a British American Tobacco; a Japan Tobacco International, a Imperial Tobacco e a Altadis.

Em 2010, a rentabilidade do tabagismo estava ao redor de 346,2 bilhões de dólares, para um lucro líquido de 35,1 bilhões.

Mas manter essa indústria da morte não é tão fácil. Os fabricantes de cigarros têm a consciência de que a nicotina gera dependência ao consumidor e, por isso, utilizam a propaganda como uma das suas armas para aumentar suas vendas, em particular ao público jovem (pesquisas revelam que nesta fase da vida começa-se a fumar e a grande maioria serão fumantes na vida adulta).

O maço de cigarros está carregado de várias mensagens subliminares, tais como um passaporte para o mundo adulto, para o sucesso, para o glamour, para a sensualidade, para desestressar e para a liberdade. Uma pura ilusão, pois este passaporte levará o usuário para dependência e, consequentemente, para doenças que podem levar até ao óbito.

As mulheres atualmente representam a cereja do bolo desse mercado. Com mensagens de prosperidade e a liberação, os cigarros vendidos ao público feminino vêm com design especial: são mais longos, finos, perfumados e com baixo teor de nicotina. E ainda dizem que ajudam as mulheres a não engordar. Os anúncios de cigarro na Ásia apresentam modelos orientais, jovens e chiques, elegante e sedutoramente vestidas no estilo ocidental.

Esta tal propaganda da “liberação” feminina fez o número de vítimas de câncer de pulmão, entre as mulheres, duplicar nos últimos 20 anos na Grã-Bretanha, no Japão, na Noruega, na Polônia e na Suécia. Nos Estados Unidos e no Canadá, os índices aumentaram 300%.

A grande maioria desses consumidores são trabalhadores, jovens e mulheres, que gastam mais de 30% dos seus salários para manter o vício. As várias leis que proíbem a propaganda na TV e no rádio, assim como o fumo em locais públicos, possibilitaram a diminuição do número de fumantes, mas infelizmente essa redução ainda é muito insignificante se comparada ao número de pessoas que morrem anualmente.

É importante entender que, quando você comprar um maço de cigarros, por estar viciado em cigarros, você estará sustentando uma rede de monopólios nacionais e internacionais que  vivem da sua dependência química para manter seus enormes lucros. Eles são como vampiros, ou, em outras palavras, seus clientes morrem a cada dia, e a cada dia eles estão seduzindo novos clientes. É assim que funciona o sistema.

Claudiane Lopes, Fortaleza

Realizado 1º Dia Nacional de coleta de assinaturas para a Unidade Popular

UP 3No dia 28 de março, a militância da Unidade Popular pelo Socialismo (UP) realizou o primeiro Dia Nacional de Coleta de Apoiamentos para legalização do partido junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A mobilização ocorreu em 14 estados brasileiros e alcançou milhares de pessoas, do Amazonas ao Rio Grande do Sul.

Ocupando pontos centrais das principais capitais do país e importantes centros do interior, os militantes realizaram tribunas públicas nas praças, caminhadas nos bairros populares e visitas de casa em casa para discutir com a população a necessidade da construção de um novo partido político para defender os interesses econômicos e políticos dos trabalhadores.

Ao todo, foram coletadas 2.116 assinaturas, com destaque para os estados de Minas Gerais, com 533 assinaturas, e Pernambuco, com 513. Em Minas, foram realizadas coletas de assinaturas nas ocupações Eliana Silva e Rosa Leão, em Belo Horizonte, além de outras cidades como Contagem e Nova Lima. Também destacamos a valorosa contribuição dos companheiros da União da Juventude Rebelião (UJR), que realizaram uma brigada nacional na Praça 7, no centro de Belo Horizonte, com a participação de dezenas de jovens de diversos estados, levantando mais de 300 assinaturas.

Em Pernambuco, brigadas foram realizadas nos bairros, centro da cidade e nos metrôs, conquistando grande simpatia e apoio da população. Além do Recife, cidades importantes como Petrolina, Carpina e Caruaru participaram ativamente das atividades.

Em diversos estados também se destacaram a militância do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e do Movimento Luta de Classes (MLC), que realizaram a campanha nos bairros da periferia e nas fábricas. Em Fortaleza, o MLB percorreu as ruas do bairro Mucuripe, com a participação de um grande número de militantes da UJR e dirigentes sindicais, que realizaram agitação com carro de som, erguendo bandeiras e faixas da UP.

No ABC Paulista, a campanha ocorreu com muita agitação no centro de Diadema e São Bernardo do Campo, onde foram coletadas 260 assinaturas. Em Santo André, contamos com o valoroso apoio dos companheiros do Núcleo Carlos Marighella, do MST, que coletaram mais de 30 assinaturas durante a abertura do Curso Marxista ocorrido no Centro Universitário Fundação Santo André.

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No Pará, foi realizado um porta a porta nos bairros com participação de militantes do MLB e da UJR. Em Porto Alegre, a Juventude e o Movimento de Mulheres Olga Benario realizaram a campanha no centro da cidade, com agitação de rua na Esquina Democrática e nos bairros da periferia. A campanha ocorreu ainda nas ruas de Maceió e em Teresina, conseguindo com muito esforço superar a meta nacional estabelecida. No Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul também foi realizada campanha de assinaturas com muita disposição e participação da militância.

A Comissão Nacional Provisória da UP considera exitosa a realização do primeiro Dia Nacional de Coleta de Apoiamentos, pois, além de conquistar um número importante de assinaturas, conseguimos levar nossas propostas para milhares de pessoas que passaram a conhecer a Unidade Popular pelo Socialismo.

Debatemos nas ruas e praças a necessidade de nos organizarmos e lutarmos por bandeiras como o fim dos ajustes contra os trabalhadores, o fim do pagamento dos juros da dívida pública, a punição para os corruptos e a reestatização da Petrobras, além da necessidade da realização de uma profunda reforma agrária e urbana no Brasil, a punição aos torturadores da ditadura militar, o fim da violência contra as mulheres e das mortes dos jovens negros nas periferias, e diversas outras reivindicações populares.

Nossa tarefa agora é avançar essa campanha e nos prepararmos para o próximo Dia Nacional, que ocorrerá no 1º de maio, em homenagem ao Dia dos Trabalhadores. Precisamos criar um grande clima de campanha entre a militância, nos organizarmos melhor e conquistarmos mais e mais apoiadores para a construção da Unidade Popular pelo Socialismo.

Wanderson Pinheiro, São Paulo

Protesto põe Eduardo Cunha para correr da Paraíba

ato ALPB 02Nesta sexta-feira (10/04), dois dias após articular a aprovação do texto-base do PL 4.330 na Câmara Federal, o deputado Eduardo Cunha (PMDB) esteve na Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba, em João Pessoa, para promover uma sessão da “Câmara Itinerante”, na qual apresenta sua visão da reforma política.

Os movimentos sociais paraibanos organizaram uma “calorosa” recepção para o presidente da Câmara, acusado no escândalo de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Centenas de manifestantes se organizaram na frente da Assembleia para repudiar o parlamentar, que é hoje um dos principais representantes dos interesses dos grandes empresários brasileiros.

Eduardo Cunha exigiu que os manifestantes fossem impedidos de entrar na Casa. Os movimentos sociais, então, forçaram a entrada e, após confronto com a segurança, ocuparam as galerias do plenário. A postura autoritária de Eduardo Cunha irritou ainda mais os manifestantes, que puxaram vaias e fizeram “apitaço”, calando os discursos dos deputados da bancada federal paraibana que votaram contra os trabalhadores na aprovação do PL 4.330.

Cunha, observando o insucesso de seus colegas, nem se aventurou a discursar e – aquele que deveria ser a estrela do evento – não falou sequer uma palavra durante toda a solenidade. Antes do previsto, foi encerrada a sessão, e ele fugiu pela garagem do prédio, falando à imprensa e acusando o governador do Estado de “omisso”, por ter não mandado a Tropa de Choque invadir o prédio e esvaziar, à força, as galerias – o que poderia ter resultado numa tragédia.

Estavam presentes à mobilização militantes de diversos movimentos sociais e organizações de esquerda, a exemplo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Partido Comunista Revolucionário (PCR), Consulta Popular, movimento LGBT, Levante Popular da Juventude, Movimento Luta de Classes (MLC) e Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).

Antes da Paraíba, Eduardo Cunha já havia enfrentado protestos em São Paulo e Rio Grande do Sul. Os trabalhadores brasileiros devem seguir este exemplo e rechaçar o representante dos interesses empresariais no Congresso.

Redação Paraíba

Sobre a natureza humana – uma crítica marxista

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Cena do filme “A guerra do fogo” (1981), de Jean-Jacques Annaud

Marx e Engels afirmam no Manifesto do Partido Comunista que a burguesia apresenta seus próprios interesses de classe como se fossem interesses gerais, de toda a sociedade. Para justificar o capitalismo como o melhor dos mundos possíveis, ela recorre, no campo teórico, a todas as formas de artifícios ideológicos, a fim de legitimar sua exploração sobre a classe trabalhadora. Entre estes, um dos mais importantes é o seu conceito de “natureza humana”, com o qual ela pretende demostrar como este sistema é o mais “natural” e o mais “adequado” à essência do homem.

Para explicar a competição e a falta de ética nas relações sociais e humanas, ela aponta para o reino animal e nos diz que somos o que vemos ali: caças e predadores. Apenas os mais aptos sobrevivem. Na linha do darwinismo social, ela nos lembra pelo Discovery Channel e pelo Globo Repórter que aquilo que acontece nas savanas – leões caçando zebras e tantos outros animais engolindo outros – é o que acontece no mercado e dentro das corporações.

Mas o que está por trás desse conceito de “natureza humana” é apenas uma determinada concepção metafísica do real, a qual universaliza as relações sociais dos homens como são agora e explica seu ser no mundo como efetivação de uma suposta “natureza humana” estática, eterna, imutável, criada por um ente superior ou resultado evolutivo de um determinismo biológico mecanicista. Seja como for, o resultado é sempre o mesmo: uma “natureza humana” herdada espiritual ou geneticamente, a respeito da qual nada se pode fazer a não ser aceita-la.

Como o humano se forma

Em A Ideologia Alemã, Marx e Engels afirmam que “o primeiro pressuposto de toda a existência humana e, portanto, de toda a história, é que todos os homens devem estar em condições de viver para poder ‘fazer história’. Mas, para viver, é preciso antes de tudo comer, beber, ter moradia, vestir-se e algumas coisas mais. O primeiro fato histórico é, portanto, a produção dos meios que permitam que haja a satisfação dessas necessidades, a produção da própria vida material”.

Ora, mas para produzir esta vida material o homem precisa se relacionar com outras pessoas, pois ele não caça, planta ou constrói sozinho. Dessa forma, ele não cria primeiro, em isolamento, uma imagem de si mesmo, dos outros e do mundo para só depois sair a este mundo e se relacionar com as pessoas. Ele já está em relação com as pessoas quando começa a fazer essas representações.

Assim, continuam os autores, “a produção de ideias, de representações e da consciência está, no princípio, diretamente vinculada à atividade material e ao intercâmbio material dos homens, como a linguagem da vida real. As representações, o pensamento, o comércio espiritual entre os homens, aparecem aqui como emanação direta do seu comportamento material. O mesmo ocorre com a produção espiritual, tal como aparece na linguagem da política, das leis, da moral, da religião, da metafísica, etc., de um povo”.

O homem não tem uma “essência” pré-determinada que lhe condiciona a agir em todas as épocas e em todas as formas de organização social sempre do mesmo modo. A consciência do homem reflete a organização de sua vida material, das relações de produção em que ele já se encontra envolvido quando começa a pensar sobre si, sobre o mundo e os outros (embora ela não se limite a ser apenas um “reflexo”). Daí Marx e Engels afirmarem que “não é a consciência que determina a vida, mas a vida é que determina a consciência”.

Primeiro o homem existe, depois se define

Um século mais tarde, inspirado nesta descoberta fundamental do marxismo, o filósofo francês Jean-Paul Sartre também contesta que o homem seja pré-determinado, possuindo uma “natureza humana” que lhe condicione de forma determinística a ser apenas aquilo que se já é, tolhendo-lhe da liberdade de ser de outro modo. O homem não tem uma essência que precede sua existência, mas, pelo contrário, sua existência precede sua essência. Ele assim se expressa:

“O que significa, aqui, dizer que a existência precede a essência? Significa que, em primeira instância, o homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define. O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de uma definição porque, de início, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer de si mesmo. Assim, não existe natureza humana, já que não existe um Deus para concebê-la.” (Jean-Paul Sartre, O existencialismo é um humanismo, itálico nosso).

Para Sartre, a ideia de uma “essência” humana pressupõe que exista um Deus que a tenha concebido e que, em seus moldes, tenha criado o homem. Mas se não existe nenhum Deus, o homem primeiro existe, está no mundo, vive, e só a partir disso é que se define.

A natureza humana “científica” ou “darwinista”

Se uma determinada concepção da natureza humana pressupõe a existência de um ser supremo para criá-la, como afirma Sartre, a crítica filosófica à existência de Deus – como feita em Kant e Feuerbach, por exemplo – é suficiente para desconstruir todo o edifício a partir de seus alicerces. Mas e quando tais concepções parecem se apoiar em teorias “científicas objetivas”, como o darwinismo, que descartam a ideia de Deus?

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Nestes casos é preciso lembrar que não existe conhecimento “científico objetivo” da realidade, ou seja, conhecimento imediato do mundo. Todo conhecimento é mediado (o oposto de imediato), passando também por um processo de construção social. A categoria de mediação, que Marx trouxe do sistema hegeliano, teve importante papel em sua crítica a alguns aspectos do darwinismo.

Em uma carta endereçada a Engels, datada de 18 de junho de 1862, Marx faz uma aguda observação sobre as descobertas de Charles Darwin, seu contemporâneo. Marx e Darwin chegaram a trocar cartas, nas quais expressavam mútuo respeito e admiração, sendo que Marx até mesmo enviou uma cópia de O Capital para Darwin. Na primeira vez que leu Sobre a origem das espécies, o filósofo alemão ficou positivamente impressionado. Mas cerca de um ano depois, ao reler a obra, ele percebeu algo que lhe escapara num primeiro momento:

“É notável como Darwin reconhece nas plantas e nos animais a sua sociedade inglesa com sua divisão do trabalho, concorrência, desenvolvimento de novos mercados, ‘invenções’ e a ‘luta pela vida’ Malthusiana. É o bellum omnium contra omnes de Hobbes, e lembra Hegel na ‘Fenomenologia’, onde a sociedade civil é vista como ‘reino animal espiritual’, enquanto que em Darwin o reino animal figura como sociedade civil.” (1) (tradução nossa)

Como se pode ver, Marx identificou diversas determinações sociais que atuaram como mediações no pensamento darwiniano. A suposta “natureza humana” que alguns ideólogos burgueses tentam derivar do darwinismo não passaria, portanto, de um anacronismo: seria apenas a projeção do capitalismo e do burguês mesquinho do século XIX para o processo de evolução dos seres vivos e do gênero humano. Mas chamamos a atenção aqui para o fato de que Marx não rejeitou o darwinismo. Muito pelo contrário. Em outra carta a Engels ele se referiu ao darwinismo como a “base natural de nosso pensamento”. (2) No entanto, sua apropriação das descobertas de Darwin não foi incondicional ou acrítica.

A essência humana

O homem do capitalismo é apenas o homem do capitalismo – ele não é expressão de uma “natureza humana” eterna, imutável. Em uma outra forma de organização social, em que as coisas sejam produzidas não para dar lucro, mas sim para satisfazer necessidades humanas, em que as relações sejam pautadas pela cooperação e não pela competição, a consciência do homem também refletirá esta nova forma de organização. Em suas Teses sobre Feuerbach, na tese VI, Marx afirma: “Mas a essência humana não é uma abstração intrínseca ao indivíduo isolado. Em sua realidade, ela é o conjunto das relações sociais”.

O homem possui, contudo, certas características que têm perpassado todas as formas de organização social, e que provavelmente ainda existirão no novo homem do comunismo. (3) Mas este homem perene, das civilizações tanto passadas quanto futuras, se define não por aquilo que lhe aproxima dos animais, mas sim por aquilo que lhe é específico, distintivo (pois uma definição é uma delimitação). Por isso, Sócrates dizia que a essência do homem é a razão, Aristóteles lhe chamava de animal político (zoon politikon) e Freud dizia que o homem é o único ser capaz de sublimar suas pulsões, isso é, de dizer “não” aos seus impulsos biológicos. Neste último sentido, o que é especificamente humano não é exatamente o impulso para matar ou destruir, por exemplo, mas a capacidade de dizer “não” a estes impulsos e reelaborá-los no uso das mais altas construções sociais.

A história do homem é a história da superação de suas determinações biológicas, de sua elevação acima da natureza bruta, da vitória da civilização sobre a barbárie. E é nesta direção que acena, no horizonte, o próximo passo desse processo civilizatório: a instauração da sociedade comunista. Se a opressão do homem pelo homem tem sido uma constante em grande parte da história do mundo, também nunca estiveram ausentes o desejo de liberdade e a luta por sua emancipação. O homem é um ser aberto ao mundo, e sempre será o que ele fizer de si mesmo.

Glauber Ataide, graduando em Filosofia pela UFMG

Notas

1.A íntegra desta carta se encontra em Marx-Engels Werke, Band 30, Dietz Verlag Berlin, 1974, p. 249. “Es ist merkwürdig, wie Darwin unter Bestien und Pflanzen seine englische Gesellschaft mit ihrer Teilung der Arbeit, Konkurrenz, Aufschluß neuer Märkte, „Erfindungen” und Malthusschem „Kampf ums Dasein” wiedererkennt. Es ist Hobbes’ bellum omnium contra omnes, und es erinnert an Hegel in der „Phänomenologie”, wo die bürgerliche Gesellschaft als „geistiges Tierreich”, während bei Darwin das Tierreich als bürgerliche Gesellschaft figuriert.“

2.No discurso diante do túmulo de Karl Marx, Engels ainda comparou seu amigo com Darwin, dizendo que “assim como Darwin descobriu a lei do desenvolvimento da natureza orgânica, descobriu Marx a lei do desenvolvimento da história humana”.

3.É possível entrever um exemplo dessa continuidade do homem das civilizações tanto passadas quanto futuras quando Marx analisa a arte grega e sua capacidade de ainda hoje nos proporcionar prazer estético.

México: FPR apela à ONU por justiça para Gustavo Salgado

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gustavo salgado 151349_B9GRA34CcAEpYlA.jpg_largeAos Organismos Nacionais e Internacionais de Defesa dos Direitos Humanos.

No dia 3 de fevereiro passado, no município de Villa de Ayala, Estado de Morelos, foi registrado o DESAPARECIMENTO DE GUSTAVO ALEJANDRO SALGADO DELGADO, do sexo masculino, 32 anos de idade, dirigente nacional da organização social Frente Popular Revolucionária (FPR), no dia seguinte, 4 de fevereiro, FOI ENCONTRADO TORTURADO E DECAPITADO na região rural do mesmo município por uma equipe da Polícia de Investigação Criminal de Cuautla; frente a estes fatos, o processo de investigação que realiza a Promotoria de Cuautla a cargo da Promotoria Geral do Estado de Morelos, tem uma série de desatenções e irregularidades que geram um temor fundado de que há pouco interesse em esclarecer as causas profundas e reais do desaparecimento e assassinato cometido contra Gustavo A. Salgado Delgado; dito desinteresse passa pela falta de atenção a eventos anteriores e posteriores ao assassinato que deveriam formar parte das linhas de investigação do caso, entre esses eventos está uma maior perseguição por parte de grupos suspeitos vinculados aos detidos, associados ao crime organizado e a autoridades do município, perseguição contra duas comunidades do município de Villa de Ayala, Morelos (Emiliano Zapata, conhecido como El Chivatero e ao Acampamento Indígena de Ayala, localizado em frente ao balneário Axocoche). Por eventos anteriores, expomos os seguintes:

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ANTECEDENTES

  1. GUSTAVO ALEJANDRO SALGADO DELGADO, foi militante e dirigente de organizações, entre elas, desde o ano de 2003 como estudante se incorporou nas fileiras da União da Juventude Revolucionária do México (UJRM), no ano de 2004 foi membro do Comitê Preparatório Nacional do XIX Encontro Internacional da Juventude Antifascista e Antiimperialista (EIJAA), realizado na UNAM no final de julho e princípio de agosto de 2004. Durante sua militância na UJRM, ocupou vários cargos de direção e por vários anos foi membro do Comitê Central desta organização juvenil.
  2. GUSTAVO ALEJANDRO SALGADO DELGADO, desde o ano de 2006 se converteu em membro do Comitê Central da FPR, sendo parte da Comissão Executiva Nacional da FPR até o momento de seu assassinato. No interior da FPR desempenhou diversos cargos, entre eles o de membro e responsável do Comitê Estatal da FPR em Morelos, comissionado por parte do Comitê Central para atender o trabalho nos estados de Querétaro, San Luis Potosi, Veracruz e Guerrero.
  3. Durante o ano de 2008, no Estado de Morelos e em todo país se inconformaram ante as reformas educativas, quando foi conformado o Movimento do Magistério de Base e que, no caso do Estado de Morelos, este movimento se prolongou e teve transcendência nacional; Gustavo Salgado esteva ativamente e inteiramente dedicado a organizar a solidariedade com este movimento; a partir de então foi alvo de reportagens nos meios de comunicação como um dos dirigentes do citado movimento, inclusive, em diversos meios jornalísticos, descobriu-se que o Centro de Inteligência e Segurança Nacional (CISEN) desde então o estava investigando.
  4. No ano de 2009, com a demissão de 40 mil trabalhadores do Sindicato Mexicano de Eletricistas (SME), se conformou o movimento de resistência e luta do setor apoiado por diversas organizações em nível nacional, entre elas a FPR no Estado de Morelos, encabeçada por Gustavo A. Salgado Delgado, que apoiou de maneira constante a luta dos trabalhadores eletricistas pela reinserção no trabalho.
  5. De maneira permanente, e sem medir esforços, o companheiro Gustavo A. Salgado Delgado apoiou as lutas de maior impacto no Estado de Morelos, tais como a luta da comunidade de Huexca contra a Termoelétrica instalada na dita localidade; a luta contra o aqueduto que conduziria a água de Cuautla, Ayala e outras comunidades, até a a Termoelétrica de Huexca; se solidarizou de maneira permanente a todos os povos de Puebla-Tlaxcala e Morelos que lutam contra o gasoduto que passa por esta região.
  6. Em março de 2014, Gustavo A. Salgado Delgado foi detido por aproximadamente 7 membros da polícia estatal em uma manifestação pacífica que se levava a cabo em frente a secretária de finanças de Cuernavaca como parte de uma atividade da demanda da frente cidadã contra as cobranças excessivas no município. A detenção aconteceu quando Gustavo Salgado reclamou com os policiais que empurravam mulheres idosas. Foi quando o golpearam e prenderam, o levaram para uma camionete fechada e levaram à Procuradoria do Estado, onde desde o primeiro instante as pessoas da manifestação seguiram a polícia exigiram sua imediata libertação por não ter cometido nenhum delito. Ante a pressão e a falta de um só argumento que justificasse a prisão foi posto em liberdade após 8 horas de detenção, não ficando registrada nenhuma queixa que manchasse sua reputação ou dignidade.
  7. A mais recente atividade de Gustavo A. Salgado Delgado estava ligada na organização de comunidades migrantes no oriente de Morelos, para lutar por demandas de moradia; assim mesmo era ativo promotor neste Estado da luta pela apresentação com vida dos 43 estudantes da Normal Rural “Raúl Isidro Burgo” de Ayotzinapa, Guerrero. Estava promovendo a luta por uma Nova Costituinte, a construção da Assembleia Nacional do Proletariado e dos Povos do México e a realização da Greve Política Geral no México.
  8. No dia 28 de setembro de 2014, ante a negativa dos governos Estatal e Federal de atender a necessidade de moradia de diversos grupos indígenas migrantes, trabalhadores rurais que se estabeleceram no Estado de Morelos, muitos deles desalojados com violência e pelos fenômenos naturais que destroçaram nos últimos anos as comunidades da Costa Chica e da Montanha Guerreiro. Frente Popular Revolucionária dedicou-se a tarefa de levantar a demanda destes grupos e exigir melhores condições moradia, de trabalho, de educação e trabalhou assim a ocupação de um terreno abandonado por uma construtora com o objetivo de chamar a atenção do governo para as necessidades das famílias. Foi assim instalado o Acampamento Indígena Migrante de Ayala (localizado na rodovia Cuautla-Jojutla, em frente ao balneário Axocoche) e Gustavo A. Salgado Delgado, como representante da FPR no Estado, tomou a tarefa de trasladar sua moradia nestes últimos 4 meses para este acampamento para organizar e atender as demandas das famílias ali estabelecidas. Suas tarefas neste período oscilaram principalmente na assistência ao acampamento e à comunidade Emiliano Zapata (Chivatero) onde a luta se desenvolvia por um financiamento de gestão da moradia do fundo FONHAPO, para famílias de baixa renda.
  9. Neste período também aconteceram alguns momentos de tensão na comunidade Emiliano Zapata, devido a conflitos de um grupo da comunidade com o ajudante e outro grupo da comunidade. O primeiro grupo estava criando conflitos e tomando terrenos comuns destinados ao parque e a igreja e, frente a falta de atenção do Município de Ayala e do governo do Estado que foram informados do problema, coube a FPR promover assembleias comunitárias para coesionar dar solução pacífica.
  10. Cabe ressaltar, também, que entre o período de dois meses de ocupação, em diversas ocasiões apareceram patrulhas das polícias municipal e estadual interrogando e intimidando o companheiro Gustavo A. Salgado Delgado e outros companheiros do acampamento sobre a liderança daquele movimento. A polícia dizia que não tinham que estar ali, questão que por si só é grave já que não se tem conhecimento de uma ordem aberta de investigação pela qual os policiais tivessem que praticar tais ações. Na verdade se tratavam de ações de perseguição e intimidações de policiais que estavam dirigidos por outros interesses.
  11. Em toda sua trajetória de luta, Gustavo A. Salgado Delgado esteve organizando grupos vulneráveis como jovens pelo direito à educação, trabalhadores por melhores condições de trabalho, comunidades pelo direito à moradia, grupos em geral pelo direito à saúde, às liberdades de organização, expressão e mobilização, por melhores condições de vida e pelo respeito aos recursos naturais dos povos; quer dizer, pela defesa dos direitos humanos mais elementares dos povos do México. POR TANTO, DEVE-SE RECONHECÊ-LO NACIONAL E INTERNACIONALMENTE COMO UM INCANSÁVEL DEFENSOR DOS DIREITOS HUMANOS.

FATOS

  1. No dia 3 de fevereiro de 2015, por volta das 7 da noite, o companheiro Gustavo Alejandro Salgado Delgado, saia de uma assembleia organizativa na comunidade Emiliano Zapata, conhecida também como El Chivatero, localizada no município de Ayala. Ele dirigiu até a para de uma “kombi”, transporte coletivo que o conduziria ao Acampamento Indígena de Ayala, localizado a 20 minutos do El Chivatero, onde o esperavam para uma outra assembleia. À saída da referida assembleia em Emiliano Zapata foi a última vez que se viu com vida ao companheiro Gustavo A. Salgado Delgado.
  2. Aproximadamente uma hora depois, ou seja após às 8 da noite, os indígenas tlapanecos, mixteccos e nahuas, militantes da FPR que esperavam a chegada de Gustavo A. Salgado D. na assembleia do acampamento, vendo que ficava tarde, começaram a telefoná-lo sem obter respostas – coisa inusual, já que sempre respondia – e então começaram a buscar por ele. Depois de percorrer o trajeto que Gustavo devia ter feito para chegar ao acampamento e após ouvir os membros da comunidade El Chivatero que afirmaram terem visto se encaminhar para tomar o transporte, telefonaram a sua esposa para verificar se havia retornado a Cuernavaca. Obtiveram, assim, a resposta de que Gustavo não regressaria e que ele já devi ter chegado ao acampamento indígena. Sua esposa, então, se encaminhou até a polícia municipal, onde foi informada de que a queixa por desaparecimento só poderia ser aberta após 24 horas. Foram então aos centros de detenção preventiva da polícia, à Cruz Vermelha, aos Hospitais e Centros de Saúde próximos, sem encontrar nenhum sinal de Gustavo.
  3. Nos primeiros minutos do dia 4 de fevereiro, a FPR comunicou por diversos canais à Secretaria Geral do Governo e reportou a diversas corporações policiais sobre o seu desaparecimento associando-o a um Desaparecimento Forçado, já que o companheiro havia sido explicito sobre qual era o seu trajeto sendo impedindo de chegar ao destino. Dessa maneira, exigiram que se iniciassem imediatamente as ações de busca. A resposta por parte das instituições do Estado foi negativa desde aquele momento. Nenhum dos três níveis de governo empreendeu ações para localizar o companheiro Gustavo A. Salgado D. com o argumento de que deviam esperar que passassem as 72 horas para começar a busca.
  4. No dia 4 de fevereiro, desde as 8 da manhã, a esposa de Gustavo A. Salgado Delgado, se apresentou ante a Promotoria Regional de Cuautla para apresentar a denúncia de Desaparecimento Forçado; o desinteresse dos funcionários da Promotoria e a lentidão com que atuaram, fizeram com que a ordem de busca demorasse mais de 5 horas para ser emitida. Esta busca foi iniciada por parte de uma equipe de aproximadamente 5 pessoas, membro da polícia de investigação criminal, após as três da tarde e pedindo apoio de pessoas da comunidade para adentrar no território da Villa de Ayala.
  5. No dia 4 de fevereiro, entre as 5 e 6 horas da tarde, a Polícia de Investigação Criminal (PIC) do Estado de Morelos localizou o cadáver de Gustavo A. Salgado Delgado, decapitado e com as mãos cortadas, e uma localidade conhecida como “Las Hilotas”, sobre uma estrada que conduz à comunidade de Las Piedras, Município de Ayala, no mesmo Estado de Morelos. Segundo a PIC, as pessoas que encontraram o corpo telefonaram para a polícia que foi até o local recolher o corpo e avisar a esposa que foi até a Promotoria e reconheceu o corpo.
  6. No dia 4 de fevereiro, um militante de anos na FPR e um outro familiar reconheceram o corpo na promotoria
  7.  Na madrugada do dia 5 de fevereiro, foram detidas 4 pessoas que são acusada pela promotoria como prováveis autores materiais do Homicídio Qualificado cometido contra Gustavo A. Salgado Delgado. No mesmo dia, aconteceram reações de um grupo político do município de Ayala, denominado “La Semilla” ou “los victorinos”, que se manifestaram na porta da promotoria sob o argumento de que os detidos eram pessoas inocentes e que haviam sido maltratados na detenção. Esta manifestação foi encabeçada por Adelaida Marcelino Mateos, que até esse momento tinha o cargo de Oficial de Registro Civil do município de Ayala, Morelos, cargo que é designado diretamente pelo Presidente Municipal, neste caso, José Manuel Tablas Pimentel.
  8. Depois destas detenções, e com a localização do cadáver de Gustavo Salgado, a promotoria transformou a denúncia de desaparecimento em Homicídio Qualificado apenas, com o argumento de que Gustavo Salgado foi assassinado imediatamente depois de ter sido sequestrado, deixando de lado o tema do desaparecimento forçado, da privação de liberdade e/ou sequestro. Isso evidencia o interesse da promotoria em descartar as demais linhas de investigação e descarta a configuração de outros delitos, particularmente o de Desaparecimento Forçado, cárcere privado, etc.; essa situação também demonstra o interesse de deixar com a menor pena, no melhor dos casos, as quatro pessoas atualmente processadas; Tampouco, houve interesse em realizar uma investigação de fundo, muito menos de dar encontrar com os responsáveis intelectuais deste crime.
  9. Foi realizada uma diligência para reconhecimento do computador pessoal de Gustavo Salgado por parte da esposa, que reconheceu de pronto o aparato físico, deu previamente as características do mesmo e também proporcionou nomes de arquivos ali contidos.
  10. Foi estabelecida uma mesa de diálogo sobre o caso com o Secretário de Governo Matias Quiróz e com o Promotor do Estado de Morelos e ambos se comprometeram a abrir linhas de investigação assim como garantir condições de segurança para os familiares, aos membros da organização e à comunidade em Villa de Ayala. No entanto, o seguimento não foi satisfatório e o interesse pelo caso vem decaindo por parte das autoridades que inclusive minimizaram as denúncias públicas de perseguição à comunidade.
  11. Até a data atual (25 de fevereiro de 2015), nem os familiares de Gustavo Salgado nem nossa Organização, a Frente Popular Revolucionária (FPR), tiveram acesso à pasta de investigação: Unidade de Investigação de Delitos diversos D/471/2015, pasta essa que se encontra nos arquivos da Promotoria Regional com sede em Cuautla, Estado de Morelos. Esta situação está deixando em total desamparo aos familiares de Gustavo Salgado e a nossa organização, o FPR, já que ao existir falta de seriedade e atenção no caso, assim como falta de cuidado e medidas de segurança e proteção a vítimas e testemunhas, conclui-se que não há cuidado em velar pelo RECONHECIMENTO DOS RESPONSÁVEIS PELO DELITO, A REPARAÇÃO DO DANO E, SOBRETUDO, A NÃO REPETIÇÃO DO ATO DELITIVO.
  12. Por outro lado, após o desparecimento e assassinato de Gustavo Salgado, foi iniciado um clima de perseguições e intimidações, tanto na comunidade Emiliano Zapata “El Chivatero” como no acampamento Indígena de Ayala. Pessoas armadas e com trajes civis têm rondado à noite em locais próximos às casas de integrantes da FPR. Em assembleias encabeçadas por Adelaida Marcelino Mateos e Ramiro Marcelino Mateos, foi afirmado publicamente que buscariam vingança pela detenção de seus familiares, citando em particular aos dirigentes da FPR e alguns familiares de Gustavo Salgado como alvos de sua vingança. As autoridades estatais estão informadas e, por conta disso, foi solicitado o reforço da segurança, o que até hoje não foi feito.

gustavo salgado delgado caricatura soto

Por tudo isso, EXIGIMOS:

  1. Una investigación seria, transparente y profunda, hasta llegar a la verdad y alcanzar la justicia por la desaparición forzada y el asesinato de Gustavo Alejandro Salgado Delgado.|   |
  2. Que al Frente Popular Revolucionario y a los familiares de Gustavo A. Salgado Delgado, se permita el acceso inmediato a copias certificadas de la carpeta de investigación sobre el caso, y se acepte en lo inmediato a un abogado coadyuvante en el proceso; dado que las Fiscalía del Estado de Morelos ha dado muestras de desinterés acerca de este crimen.
  3. Garantías de seguridad para la comunidad de Emiliano Zapata  “El Chivatero”, el Campamento Indígena de Ayala (ubicado frente al balneario el Axocoche), a los militantes del Frente Popular Revolucionario y a los familiares de Gustavo Alejandro Salgado Delgado. Responsabilizamos al Gobierno de Graco Ramírez y de Enrique Peña Nieto de cualquier agresión que puedan sufrir estas personas que hoy por hoy se encuentra en un alto grado de vulnerabilidad.
  4. Solicitamos medidas cautelares para proteger la integridad física y la vida de todos los mencionados en el punto anterior, así como que se vele por la justicia, verdad, la reparación del daño y sobre todo la no repetición de un acto delictivo en contra de los ya mencionados.
  5. A los Organismos Nacionales e Internacionales de Protección de los Derechos Humanos que: En la medida de sus atribuciones externen al Gobierno Mexicano su preocupación ante la gravedad de estos hechos e insten al gobierno mexicano a que atienda las peticiones planteadas.
  6. A la Comisión Nacional de Derechos Humanos y los organismos protectores de derechos humanos en las entidades federativas pedimos: Desde el ámbito de sus competencias exhorten al ejecutivo federal, al ejecutivo del estado de Morelos y al propio organismo de derechos humanos de esa entidad a que tome las medidas necesarias para garantizar la investigación objetiva del delito cometido en contra del activista Gustavo Salgado Delgado.
  7. A las organizaciones de la Sociedad Civil, a las organizaciones no gubernamentales y defensores de derechos humanos en general, les solicitamos: De manera solidaria hacer suya la presente acción urgente, remitiéndolas a cada una de los destinatarios por los medios de comunicación a su alcance y difundirla en la medida de sus posibilidades para dar a conocer la desaparición del activista Gustavo Salgado Delgado.

¡Unidad de Todo el Pueblo por la Emancipación Proletaria!

ATENTAMENTE.

Florentino López Martínez
Presidente Nacional (National President).
FRENTE POPULAR REVOLUCIONARIO.
fprmx@yahoo.com.mx
cel. 9511771341

Metade das grandes propriedades é improdutiva

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terra improdutivaRecentemente, a ministra da Agricultura do governo Dilma, Sra. Kátia Abreu, afirmou que “latifúndio não existe mais no Brasil”. A ministra também se declarou contrária a demarcação das terras indígenas, pois considera que os índios possuem muita terra e estão “invadindo” terras produtivas. A ministra mente ou desconhece profundamente a realidade brasileira.

Vejamos. Segundo dados do Cadastro de Imóveis Rurais do Incra, de 2014, referente apenas aos imóveis rurais privados, excluídas as terras públicas ou devolutas, o Brasil possuía cerca de 130,3 mil latifúndios ou grandes propriedades rurais, que concentram uma área superior a 244,7 milhões de hectares. O tamanho médio é de 1,8 mil hectares. Na realidade, 2,3% dos proprietários concentram 47,2% de toda área disponível à agricultura no País. Além disso, os movimentos sociais estimam em 120 mil famílias acampadas à espera da reforma agrária. Cabe ressaltar que não existe limite máximo para tamanho de imóveis no Brasil, como já ocorre em alguns países.

Um estudo da Associação Brasileira da Reforma Agrária (Abra), estima que metade das grandes propriedades é improdutiva. Esta avaliação ocorre baseada na atualização dos índices de produtividades. Quando o imóvel não atende certo grau de produtividade é considerado que não cumpre a sua função social e fica passível de desapropriação para novos assentamentos.

Ainda hoje, os índices de produtividade são baseados no Censo Agropecuária de 1975 e sua atualização oficial não ocorre devido à pressão dos latifundiários, a exemplo da ministra Kátia Abreu. Estes não querem levar em conta a evolução tecnológica ocorrida nos últimos 40 anos na agronomia porque permitiria um aumento significativo de novas áreas para a reforma agrária.

A atualização dos índices de produtividade agrícola deve passar pelo Legislativo e encontra forte resistência dos representantes do agronegócio, que se estima na atual legislatura na Câmara Federal de 139 ruralistas e a Frente Parlamentar da Agropecuária, tem uma base de apoio mínima de 250 deputados e 16 senadores.

Kátia Abreu, que foi uma escolha pessoal da presidenta Dilma, é conhecida por uma militância política intransigente em defesa dos interesses dos setores mais reacionários da burguesia rural. É normal sua defesa dos latifundiários, mas é estranho ela fazer parte de um governo que se diz dos trabalhadores.

Cabe lembrar ainda que a política de reforma agrária do governo Dilma se resume a programas de assentamentos, em que ocorrem conflitos sociais, ocorrendo desapropriação apenas nas áreas de expansão da fronteira agropecuária, mantendo intacta ou aumentando a concentração das terras.

Hinamar Medeiros é agrônomo

Nadezhda Krupskaia: “Nem todas as organizações da juventude são boas”

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krupskaiaOs pedagogos burgueses falam e escrevem bastante sobre a necessidade da “educação/estudo” da juventude, entendendo por “educação cívica” o respeito à propriedade privada e ao regime político existente, o “chauvinismo” (patriotismo, como eles dizem), o desprezo às demais nações, etc.

Com o objetivo de fortalecer esses sentimentos na juventude, organizam diversas uniões juvenis, como os escoteiros, nas quais os pequenos podem exercitar desde cedo esses sentimentos. Os jovens ficam contentes que se lhes dê a possibilidade de aplicar suas forças em alguma coisa e manifestar sua atividade, agilidade e inteligência, sem perceberem, entretanto, o veneno injetado em suas almas por meio dessas uniões. É o veneno da concepção burguesa do mundo e da moral burguesa. Um veneno que incapacita a juventude de participar do grande movimento emancipador que libertará o mundo do jugo e da exploração, acabará com a divisão de classes e dará à humanidade a possibilidade de viver feliz.

Vimos os resultados dessa educação cívica na Rússia, em Petrogrado, quando arrastaram os estudantes das escolas secundaristas à manifestação em defesa do Governo Provisório. Rodeados por uma multidão hostil à classe operária, os jovens caminharam entre cartolas e damas cheias de joias, unindo-se aos que diziam que Lênin havia comprado os trabalhadores com dinheiro alemão, aos que caluniavam os socialistas e agrediam os oradores que expressavam francamente suas ideias em meio a esta multidão hostil. Aos jovens asseguravam que cumpriam seu dever cívico ao manifestarem-se ao lado dos inimigos da classe operária.

Nem todas as organizações da juventude são boas; há aquelas que até proporcionam muitas satisfações aos jovens, porém os pervertem.

Existe outra “educação cívica”. Trata-se da educação cívica dada pela vida aos jovens operários. A vida os educa no nobre espírito da solidariedade operária de classe; faz com que compreendam e amem a palavra de ordem de “Proletários de todos os países, uni-vos!” e os colocam nas fileiras dos lutadores “por um mundo fraterno e pela sagrada liberdade”.

Os jovens operários de todos os países organizam uniões proletárias ligadas à Internacional Juvenil e que marcham ombro a ombro com a classe operária e têm os mesmos objetivos dela. A Internacional Juvenil não se desintegrou durante a guerra. Durante a sangrenta matança imperialista convoca os jovens operários do mundo inteiro a lutar e se organizar em suas fileiras. A seção alemã da Internacional Juvenil foi dirigida durante muitos anos por Karl Liebknecht, que tão valentemente se levantou contra a atual guerra de rapina, lançando francas condenações ao governo de seu próprio país, pelo que foi condenado a trabalhos forçados.

Quando, após a Conferência Internacional de Mulheres, em 1915, se convocou a Conferência Internacional da Juventude Operária, a seção russa da Internacional Juvenil não esteve devidamente representada. Isto porque sob o regime autocrático as operárias e os operários jovens não podiam criar uma organização com todos os requisitos formais necessários e porque a guerra dificultava de tal modo a comunicação entre os países que não houve possibilidade de entrar em contato com a Rússia.

Entretanto, o Comitê Central do Partido Operário Socialdemocrata da Rússia enviou um delegado a esta Conferência para manifestar, em nome dos jovens operários russos, que estes estavam de todo o coração com a juventude operária de todos os países e marchavam com ela sob a bandeira comum da Internacional. A prova de que o Comitê Central não se equivocou é de que hoje os aprendizes e as aprendizes fabris de Petrogrado já agrupam em suas fileiras cerca de 50 mil jovens. Estes jovens assentam as bases da seção russa da Internacional Juvenil e convocam todos a se unirem aos jovens operários, tanto aqueles que trabalham nas fábricas como também os aprendizes, os gazeteiros, enfim, todos os jovens que se vêm obrigados a vender sua força de trabalho. Chamam a se unirem com eles os jovens de Moscou e região, de Ekaterinoslav e de Jarkov, em uma palavra, de toda a Rússia. Chamam todos a lutar por um mundo melhor, pelo socialismo.

Nadezhda Krupskaia, em 27 de maio de 1917

CUT convoca paralisação nacional para o próximo dia 15

Paralisação nacional contra o PL 4330 das terceirizações foi convocada pela CUT e outras centrais sindicais para a próxima quarta-feira, dia 15 de Abril. Se aprovado, o 4330 permitirá todo o tipo de terceirização, se constituindo no mais grave ataque aos direitos trabalhistas desde a ditadura militar.

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Em reunião nessa quinta-feira, dia 09 de abril, a Central Única dos Trabalhadores – CUT, a Central dos Trabalhadores do Brasil – CTB, a Nova Central Sindical dos Trabalhadores – NCST, a Intersindical/Central da Classe Trabalhadora e a Central Sindical e Popular – CSP/Conlutas, decidiram convocar uma paralisação nacional para o próximo dia 15 de Abril.

Para a CUT, o PL 4330 não melhora as condições dos cerca de 12,7 milhões de terceirizados (26,8% do mercado de trabalho) e ainda amplia a possibilidade de estender esse modelo para a atividade-fim, a principal da empresa, o que é proibido no Brasil. Fragmenta também a representação sindical e legaliza a diferença de tratamento e direitos entre contratados diretos e terceirizados.

O Presidente Nacional da CUT, Vagner Freitas, apontou que a luta contra o PL 4330 é o combate mais importante da atual conjuntura porque assola os direitos dos trabalhadores.

“Mesmo após o enfrentamento ao Congresso conservador e a truculência da polícia que agrediu nossos militantes, nossa luta vai se intensificar. Vamos cruzar os braços e faremos questão de ir de estado em estado para denunciar os deputados que votarem a favor do projeto para que o povo brasileiro não reeleja os traidores da classe trabalhadora”, disse.

Em São Paulo, a paralisação se somará a uma mobilização de rua organizada pelo MTST, MLB e outros movimentos. A concentração será às 17h no Largo da Batata.

Da Redação

MTST e outros movimentos sociais convocam mobilização no dia 15

mtstFoi convocado para o próximo dia 15 de abril, quarta-feira, uma manifestação popular contra o ajuste fiscal que beneficia os ricos e contra a retirada de direitos da classe trabalhadora. A convocação é uma iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Sem-teto – MTST, apoiada por vários outros partidos de esquerda e movimentos sociais que pretendem trabalhar por uma alternativa à esquerda para atual crise que vive o Brasil. 

No dia de hoje, o regime de urgência para o projeto de lei 4330, que ataca frontalmente os direitos trabalhistas liberando todo e qualquer tipo de terceirização, foi aprovado na Câmara dos Deputados. Também hoje, a presidenta Dilma entregou ao PMDB mais um posto-chave no governo, a articulação política, deixando claro que o caminho do governo federal é ceder tudo o que for necessário para a direita, fortalecendo o projeto conservador e reacionário. 

É por tudo isso que frentes únicas como essas são fundamentais para construir a resistência independente do povo e dos trabalhadores.

Abaixo, reproduzimos o manifesto de convocação do dia 15 de Abril: 

MANIFESTO CONTRA A DIREITA, POR MAIS DIREITOS!

TODOS ÀS RUAS EM 15 DE ABRIL!

 

Vivemos um momento de descontentamento social e grande polarização política no país.

De um lado uma contra-ofensiva conservadora, com manifestações que tentam canalizar essa insatisfação para uma agenda de retrocesso. Elas tiveram eco no Congresso Nacional – que tornou-se um reduto do atraso político, sob o comando de Cunha e Renan Calheiros – e pautou propostas como: a redução da maioridade penal, a PL 4330 da terceirização, a lei antiterrorismo, a autonomia do BC e a PEC da Corrupção, que legaliza as doações empresariais para as eleições. A direita tenta impor a sua agenda política semeando a intolerância e o ódio, propondo políticas que incentivam o racismo, o machismo e a LGBTfobia.

De outro lado, o governo federal faz a opção de jogar o custo da crise mundial no colo dos trabalhadores. O ajuste fiscal e as medidas propostas pelo ministro Joaquim Levy reduzem direitos dos trabalhadores, dificultam o acesso a políticas e direitos sociais, corta investimentos para educação e moradia. Associado ao aumento de tarifas, que vem sendo seguido por vários governos estaduais, só agrava a situação do mais pobres. Sem falar na crise da água em São Paulo que é de responsabilidade do governo tucano no estado.

A política de ajuste fiscal do Governo Federal é indefensável e dá espaço para que as bandeiras levantadas pela direita ganhem apoio.

Entendemos que a saída da crise é pela esquerda. O ajuste deve sim ser feito, mas taxando aqueles que sempre lucraram com as crises. É preciso taxar as grandes fortunas, os lucros e os ganhos com a especulação financeira e na bolsa de valores, limitar a remessa de lucros para o exterior, reduzir drasticamente os juros básicos da economia e uma auditoria da dívida pública. O caminho para mudanças populares no país um Programa de Reformas Estruturais como a tributária, que implante a progressividade nos impostos, a urbana para atender a enorme demanda habitacional do país, a agrária que garanta trabalho e soberania e segurança alimentar para a população e a democratização dos meios de comunicação.

O enfrentamento da corrupção deve ser feito com a defesa clara de uma Reforma Política Democrática, com o fim do financiamento empresarial das eleições e o aprofundamento da participação popular. Neste sentido é preciso fortalecer iniciativas como o projeto da Coalização Pela Reforma Política Democrática, a Campanha por uma constituinte do sistema político e o Devolve Gilmar, que exige a retomada imediata do julgamento da ADI 4650, obstruída escandalosamente a um ano pelo Ministro Gilmar Mendes.

Por tudo isso estaremos nas ruas no próximo dia 15 de abril. É fundamental construir uma agenda política alternativa que combata as propostas da direita e que ao mesmo tempo defenda os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras contra os ajustes antipopulares propostos pelos governos estaduais e federal. Essa agenda comum deve ser a base para a unificação de todos os setores populares e da esquerda em torno de um calendário de mobilizações em defesa e ampliação dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, do povo pobre e de todos os setores oprimidos da sociedade. Deve também apoiar todas as iniciativas de luta e resistência, como a greve dos professores de São Paulo. Contra a direita, por mais direitos.

A pauta do nosso Ato está focada em 3 eixos:

1 – Em defesa dos direitos sociais: Não ao PL 4330 da terceirização e ao ajuste antipopular dos Governos. Pela taxação das grandes fortunas, dos lucros e da especulação financeira!

2 – Combate a corrupção, com o fim do financiamento empresarial das campanhas eleitorais!

3 – Não às pautas conservadoras, à redução da maioridade penal e ao golpismo! Contra o genocídio da juventude negra!

A saída para a crise são as Reformas Populares!

Dia 15 de Abril, às 17 horas, no Largo da Batata, em São Paulo.

Ocorrerão mobilizações também no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Fortaleza e Curitiba, dentre outras capitais.

Reserve sua agenda, convide mais pessoas e venha para a rua construir uma alternativa popular para o Brasil.

Convocam:

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)

Central Única dos Trabalhadores (CUT)

Intersindical – Central da classe trabalhadora

Fora do Eixo / Mídia Ninja

Articulação Igreja e Movimentos Sociais

Igreja Povo de Deus em Movimento (IPDM)

Uneafro

Coletivo Juntos

Rua – Juventude anticapitalista

Coletivo Construção

Movimento de Luta nos bairros e favelas (MLB)

Círculo Palmarino

Juventude Socialismo e Liberdade (JSOL)

Movimento de Luta por Moradia (MLM)

Partido Comunista Revolucionário (PCR)

Pólo Comunista Luis Carlos Prestes

Movimento Periferia Ativa

Movimento de Mulheres Olga Benário

Rede Emancipa

Liberdade para Khalida Jarrar

Khalida Jarrar, Deputada do Conselho Legislativo da Palestina
Khalida Jarrar, Deputada do Conselho Legislativo da Palestina

Em resposta à detenção administrativa de seis meses realizada pela ocupação israelense contra a líder palestina e membro do Conselho Legislativo Palesitino, Khalida Jarrar, a Frente Popular pela Libertação da Palestina – FPLP afirmou que os ataques do Estado racista e fascista não vão diminuir a determinação e a resistência na luta de Jarrar, tampouco sua capacidade de enfrentar e resistir ao invasor. Ela é um exemplo da grande firmeza do povo palestino, que nunca parou de resistir à ocupação a despeito das prisões e expulsões. Foi assim que fez Khalida Jarrar quando enfrentou a ordem emitida contra ela em Jericó.

A Frente clama pela realização de uma campanha de solidariedade com Jarrar e faz um chamado também a todas instituições oficiais palestina para que assumam suas responsabilidade e ajam com urgência no campo político e diplomático para libertar Jarrar.

Abaixo, reproduzimos a nota da FPLP: 

A Frente Popular de Libertação da Palestina condena firmemente a prisão da líder nacional e membro do Conselho Legislativo Palestino, Khalida Jarrar. A prisão é uma ação das forças sionistas de ocupação, consideramos esta prisão como uma tentativa desesperada de suprimir sua destacada atividade em defesa dos direitos do povo palestino, confrontando as políticas e planos da ocupação além de denunciar seus crimes.

A prisão da deputada Khalida Jarrar, da mesma maneira que as prisões dos deputados Ahmad Sa´adat, Marwan Barghouti e vários membros do bloco de Mudança e Reforma no parlamento, confirma mais uma vez que o Estado sionista não respeita nenhuma imunidade ou acordo. Essa situação exige uma rápida resposta dos vários setores do povo palestino, exigindo que se ponha fim em todas as formas de coordenação de segurança, ou coordenação das áreas da economia e da política com o Estado da ocupação, reconstruindo a estratégia nacional palestina na base do conflito global contra o inimigo.

The Popular Front for the Liberation of Palestine is confident that the leader Khalida Jarrar is able to thwart the occupation’s plans for her arrest, as she defeated its previous plan to expel her to Jericho.

A FPLP confia que liderança de Khalida Jarrar será capaz de impedir sua prisão, da mesma maneira que enfrentou os planos anteriores de expulsá-la de Jericó.

Frente Popular de Libertação da Palestina

Departamento Central de Informação.

Fonte: http://pflp.ps/english/

Dois Dias, Uma Noite: a crise capitalista na tela dos cinemas

maxresdefault“Dois Dias, Uma Noite”, o mais recente filme dos irmãos Dardenne, traz uma abordagem sobre a devastação que o capitalismo provoca nos seres humanos. Sandra, uma jovem mãe e trabalhadora de uma fábrica de painéis solares, recebe uma grave notícia, seria demitida. A informação chega a ela da seguinte forma: seus 16 colegas de setor deveriam votar entre manter seu emprego, ou que ela fosse demitida, enquanto eles receberiam um bônus salarial e alargasse a jornada de trabalho.  Ao perceber que a produção se daria da mesma forma com menos uma pessoa trabalhando, a empresa joga a responsabilidade da demissão aos colegas de Sandra, tentando os persuadir com o bônus.

Afastada do emprego e em fase de recuperação de uma depressão, Sandra passa um final de semana – os dois dias e uma noite do título – a procura destes 16 colegas de trabalho para apelar pelo voto a favor da manutenção de seu emprego. Além da história de Sandra e a forma com que ela é descarta pela empresa por ter adoecido, histórias paralelas de seus colegas retratam também as mazelas que o capitalismo inseri na vida dos trabalhadores, e que são os estímulos para que escolham o bônus e por consequência a demissão de Sandra.

Imigrantes com contratos temporário, arrimos de grandes famílias, contas atrasadas, desempregos de familiares e até o mesmo o individualismo compõem as justificativas que Sandra recebe. Dos obstáculos que ela enfrenta entre os “sim” e “não” de sua peregrinação, estão as crises de depressão, as oscilações de estado emocional, a sensação de impotência, o medo, a solidão. Para lidar com isso, ela consome uma quantidade elevada de antidepressivos, em uma expressão de quase dependência química.

Discutir também as doenças causadas por um sistema que escraviza, coloca um contra o outro como gladiadores e que adoece, física e psicologicamente as pessoas também pode ser visto como uma das pautas levantadas pelo filme.

O filme também pode ser interpretado como uma análise individual e social de como a crise europeia e mundial de desemprego afetou as relações entre os indivíduos, seus espaços na sociedade, a relação com a empresa e os colegas de trabalho.

Ana Rosa Carrara e Luciana Mendonça, jornalistas do Movimento Luta de classes