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quarta-feira, 19 de novembro de 2025
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Cresce violência contra a mulher no Pará

delegacia da mulher

Dados da Polícia Civil do Pará apontam que, entre 2013 e 2014, cresceram, oficialmente, os registros de ocorrências relacionados à violência contra mulheres no estado. Destaca-se o aumento do número de estupros, homicídios e lesão corporal, que pularam de 15 mil registros, em 2013, para mais de 16 mil, em 2014. Entretanto, apesar das circunstâncias de violência serem claras, com testemunhas e depoimentos, e o corpo da mulher consistir na prova principal do crime, menos da metade das ocorrências são encaminhadas para instauração de inquéritos judiciais, sem contar os milhares de casos omissos que nem sequer são denunciados, por medo ou ameaças do violentador, além da omissão do poder público.

A violência contra a mulher é tema amplamente debatido durante os acontecimentos que precedem o 8 de março, com promoção de discussões nos jornais, programas e na internet. Os próprios governos “enchem a boca” para dizerem que também estão travando a luta pelos direitos femininos, gritam aos quatro cantos a implantação da Lei Maria da Penha, como se tal ato por si só resolvesse os problemas da violência.

O Brasil, porém, ocupa o sétimo lugar no ranking internacional das nações com mais crimes perpetuados contra as mulheres. No Estado do Pará não é diferente. O segundo maior estado brasileiro em área, com seus oito milhões de habitantes, possui um governo que pouco faz para transformar o quadro de abusos e humilhações impostos às mulheres paraenses. Basta tentar procurar na internet “Delegacia da Mulher no Estado do Pará” que a ausência de informações já é indício da negligência oficial.

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, a maioria dos casos de violência contra as mulheres mostram que, na faixa etária que corresponde até os nove anos, o agressor é o próprio pai ou parente próximo. Predomina dos 20 até os 59 anos a violência do namorado ou cônjuge. A partir dos 60, os filhos são os principais agressores. Também foi constatado que o principal local da violência é o ambiente doméstico. O Disque 180 (central específica de violência contra as mulheres), do Governo Federal, recebeu, entre 2013 e 2014, 667 denúncias do Pará. Número que, de longe, não apresenta o quadro real. São 144 municípios e, em muitos, ainda nem há delegacias de polícia, o que já acarreta em negligência para qualquer tipo de crime, imagine-se com os casos de violência doméstica, estupro, assédio moral e preconceito de gênero.

Por exemplo, no último dia 01 de março, milhares de pessoas participaram de um grande ato contra a exploração do trabalho infantil, promovido pelo TRT-PA, no qual foram realizadas inúmeras denúncias de maus tratos a meninas trazidas de cidades do interior por famílias de Belém e Ananindeua. As crianças, entre cinco e quinze anos, são entregues por seus pais a amigos ou parentes para irem à capital estudar e ter acesso a direitos básicos, como tratamento médico e alimentação digna, pois suas cidades natais não oferecem o mínimo dos serviços básicos, e as famílias não dispõem de recursos financeiros para garantir vida digna a todos os filhos. Ao chegarem à capital, em vez de irem à escola e brincarem, são coagidas a trabalharem como domésticas, sem receber nada, e, em numerosos casos, são vítimas de exploração sexual. Essas meninas, ao chegarem à idade adulta, apresentam diversos transtornos psicológicos, traumas, depressão e indução ao suicídio, pelas diversas formas de humilhação que sofreram durante sua infância e adolescência. O poder público age, principalmente, quando circulam denúncias nos jornais, e, após o sensacionalismo, volta ao seu estado anterior, de negligência judicial, falta de vontade de investigar e omissão social.

Ilusões burguesas para as mulheres

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Diante de tantos casos de violência contra a mulher no Estado do Pará e no Brasil, permanece uma dúvida: será que leis poderiam coibir o machismo e seus crimes? Sem dúvida alguma, a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, foi uma importante vitória. Durante seus primeiros anos de vigência, vimos o feminicídio e a violência contra a mulher diminuir no Brasil. Contudo, as ações de apoio jurídico e psicológico às mulheres são insuficientes. Mesmo com uma presidenta mulher, o Brasil continua registrando o avanço do desrespeito contra as mulheres, desde a residência das vítimas até o Parlamento nacional, como, por exemplo, com as declarações machistas do deputado integralista Jair Bolsonaro. Ou seja, nove anos após a promulgação da lei, a violência física e moral avançam e seus primeiros efeitos positivos foram desacelerados. As taxas de feminicídio são altas, com pequenas variações regionais (5,08, no Sul; 5,14, no Sudeste; 6,42, no Norte; 6,86, no Centro-Oeste; e 6,9, no Nordeste, para cada 100 mil mulheres). Fica claro que o Brasil é o país da impunidade quando o assunto é violência contra a mulher, mesmo após a lei Maria da Penha e a punição de alguns violentadores.

Outra dúvida nos é levantada, diariamente, pela mídia sensacionalista: será que o problema não está na falta de policiamento e infraestrutura de segurança pública? É óbvio que o Brasil não é nenhum país desarmado ou com um sistema policial jogado à sucata. Pelo contrário, o Ministério da Justiça e as secretarias de segurança federal e estaduais dispõem de recursos bilionários, os quais são investidos na mais moderna técnica de “controle de multidões” e “investigação científica”.

Porém, se casos como os relatados acima constituem não uma exceção, mas sim uma regra, é lógico que, numa sociedade capitalista patriarcal, também os dirigentes das forças de segurança e justiça estão contaminados pelo machismo e a intolerância contra as mulheres. É necessário perpetuar a ideia de que os crimes são inevitáveis porque o sexo feminino é “frágil”.

Daí que, mesmo que haja intenso policiamento e inquéritos promovidos pelo Estado, o quadro real apresentado é que o poder público é omisso propositalmente, para manter um clima de medo e submissão às mulheres, o que, para as empresas privadas, é ótimo, pois as mantém abastecidas com operárias e trabalhadoras que, na maioria dos casos, não as denunciarão pelos comprovados assédios moral e sexual vigentes nas grandes empresas.

Após a década de 1950, propagou-se que a saída para o fim do preconceito e da violência era a mulher conquistar seu espaço na área profissional. Será que essa alternativa igualou homens e mulheres na sociedade? Mais de 50 anos depois, vemos que não. Muitas mulheres ocuparam postos de trabalho onde antes eram ambientes exclusivamente masculinos, porém, a ideia de submissão não foi erradicada, sendo levada até as empresas.

O capitalista lucra mais quando explora ao máximo o trabalhador, e, se for mulher, a mais-valia é assimilada de forma mais incisiva, com ameaças, humilhações e assédios. Não à toa, diversos setores que exploram o proletariado, como supermercados, escolas e hospitais, têm postos de trabalho majoritariamente ocupados por mulheres, as quais, segundo a tradição paternalista, possuem o “sagrado dever de cuidar”, enquanto que os postos de direção e gerência permanecem sob o controle majoritário de homens.

A integração das mulheres no mercado de trabalho capitalista foi realizada sob os ditames morais e repressivos da elite político-econômica, a qual, para garantir passividade, utiliza os métodos da tradicional submissão patriarcal de mãos dadas com a falsa ideia de liberdade restrita ao corpo. A exploração continuará, tanto com o machismo sendo perpetuado por um parceiro ou sendo realizado por vários, pois ainda os homens com consciência social, no sistema capitalista, estão em minoria.

 

Romper com o capitalismo é tarefa de mulheres e homens conscientes

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Após a análise dos casos e situações de violência e preconceito envolvendo as mulheres, chega-se a conclusão de que os meios não podem se confundir com os fins. Lutar por leis que protejam constitucionalmente as mulheres é de extrema importância, pois é necessário que as mulheres que denunciem seus casos possam ter instrumentos jurídicos que levem adiante o inquérito para evitar a impunidade. Exigir proteção policial às mulheres ameaçadas e a implantação de novas delegacias da mulher na maioria das cidades brasileiras também é um importante passo na luta contra a violência. Mulheres trabalhadoras ocuparem postos de trabalho nos mais amplos setores da economia e do serviço público nacional também significa maior participação das mulheres na sociedade. Porém, estas bandeiras de lutas são meios, métodos ou caminhos que nos levarão a um fim.

Acabar com a violência contra a mulher, com as diversas formas de opressão, preconceito e impunidade que afetam as mulheres só será possível com uma revolução social e popular que coletivize a produção industrial e econômica, que incinere os instrumentos capitalistas de opressão, isto é, as tradições patriarcais, as amarras morais de submissão e a mercantilização do corpo feminino. Por isso que as mulheres conscientes, que romperam, nos limiares da coerção capitalista, as correntes que as prendiam ao sistema dominante, têm o dever de se integrarem a uma luta maior, que não apenas libertará as mulheres do jugo do capital, mas que também emancipará seus filhos, netos, companheiros e amigos proletários.

Esta luta diária alcançará seu ápice quando as trabalhadoras e os trabalhadores definitivamente quebrarem as correntes capitalistas e eclodam a revolução popular. Seus primeiros passos serão a construção do socialismo e a igualdade econômica, política e social entre mulheres, homens, minorias nacionais, reprimindo de forma exemplar o preconceito contra as comunidades LGBTT, de cor ou de gênero, trilhando a longa estrada que nos levará à sociedade de comunhão e respeito mútuo, de fartura e felicidade entre todos os indivíduos, a sociedade comunista.

Matheus Nascimento,
coordenador do MLB no Pará e
estudante de Psicologia da UFPA

Enchentes atingem populações pobres pelo Brasil

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No começo do ano, é previsto o início do período chuvoso na maior parte do Brasil, sendo muito comuns os alagamentos das casas, deslizamentos de barreiras, inundações de ruas e destruição de moradias com saldo de feridos e mortos. Assim, já houve casos de enchentes em diversas cidades do País, como as capitais Rio Branco, São Paulo e Recife. As causas das enchentes urbanas estão relacionadas às chuvas, e são agravadas em virtude da impermeabilização do solo, lixo nos bueiros, erros de projeto (drenagem insuficiente) e a ocupação irregular do solo, além das mudanças climáticas com o aumento do período das secas e intensidade das chuvas em todo o planeta.

Em Rio Branco, foi registrada a maior enchente da história do Acre. Mais de 50 bairros residenciais foram inundados e também áreas comerciais, como o calçadão da Rua Benjamin Constant, no Centro da cidade, onde funciona o camelódromo, levando enormes prejuízos aos pequenos comerciantes. Foram mais de 87 mil atingidos, sendo cerca de nove mil desabrigados.

Na capital e no interior de São Paulo, apesar da tão esperada chuva dos últimos dias, em virtude da falta de água para consumo humano no Sistema Cantareira, a chuva provocou enchentes e alagamentos. Na Zona Leste paulistana, a chuva deixou diversos bairros alagados. O poluído Rio Tietê transbordou e atingiu centenas de moradores nas suas casas.

No Recife, o período chuvoso teve início e vem sendo acompanhado com apreensão dos moradores dos morros e das áreas baixas da cidade. Um exemplo é o da população que mora próxima a uma barreira que separa os bairros do Alto do Pascoal e Bomba do Hemetério, na Zona Norte. A população que vive no Alto do Pascoal tem receio que o morro desabe e leve as casas. Já quem mora na Bomba do Hemetério, na parte de baixo, tem receio de que o morro deslize e soterre seus imóveis.

Com as chuvas intensas, não ocorre o escoamento da água, que começa a ser represada nos pontos de estrangulamento, como bueiros entupidos de lixo e os canais. A impermeabilização é a principal responsável pelas enchentes nas cidades, já que a água da chuva, após atingir o solo, só pode evaporar, seguir em lado através do escorrimento ou infiltrar. Como só haverá infiltração se o piso for permeável ou semipermeável (que é o que não acontece com o concreto, o asfalto e os paralelepípedos das ruas brasileiras), esta realidade ocasiona uma grande quantidade de água para o escorrimento superficial, tornando verdadeiros rios as principais ruas das nossas cidades.

O destino do lixo e a insuficiente cobertura na sua coleta nas áreas periféricas e de difícil acesso, além da falta de educação ambiental da população, fazem com que o lixo seja jogado nos canais e nas encostas. A drenagem deficiente pode ser por erro do projeto estrutural, mas, mesmo sendo feito corretamente, com o passar do tempo, aumenta a densidade demográfica e o consequente grau de impermeabilização do solo, devido à pavimentação das áreas verdes pelos moradores.

A ocupação irregular do solo, com a construção de moradias, geralmente feita pela população de baixa renda, é de modo geral vista como a principal causa. É fato que existem áreas nas cidades e arredores, que não deveriam ser ocupadas, como as margens dos rios e as áreas de dunas e com matas nativas, as encostas acima de determinada cota e os mangues, entre outras áreas. A consequência das chuvas intensas são as enchentes, que provocam doenças, prejuízos e atrapalham o trânsito, além dos danos materiais com a destruição parcial ou total dos imóveis, veículos, móveis e utensílios domésticos da população de baixa renda.

Várias são as soluções previstas, a exemplo do aumento dos drenos e canais para facilitar o escoamento das águas; a captação da água da chuva, a partir dos telhados e pisos; bacias ou lagoas de infiltração, para diminuir a vazão máxima das enchentes; pisos permeáveis, para aumentar a infiltração e diminuir o escorrimento; prevenção dos desmatamentos, para que não ocorram os assoreamentos; a diminuição do lixo jogado nos canais de drenagem; e o aumento das áreas verdes, para aumentar a infiltração, etc.

Na realidade, a mais importante medida nas grandes cidades é uma profunda reforma urbana, que começaria com um duro golpe à especulação imobiliária, com a desapropriação de todos os imóveis vazios, já que, segundo os dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o número de domicílios vagos no País é de 6,052 milhões de unidades, e o déficit habitacional brasileiro é estimado em 6,490 milhões de unidades habitacionais.

Assim, mesmo que algumas unidades não possam ser utilizadas para moradia, com certeza, diminuiriam as construções em áreas irregulares e nos morros com perigo de desmoronamento. As famílias de baixa renda prefeririam morar em áreas planas e com disponibilidade de todos os serviços de água, esgoto e coleta de lixo, a não fazer isso em consequência da especulação imobiliária, que eleva o preço dos aluguéis e acaba expulsando a população pobre para os morros, áreas ambientais e de difícil acesso.

 Hinamar Medeiros – PE

Krupskaia, educadora e líder bolchevique

Krupskaia 01Não era apenas a esposa de Lênin. “Ela transmitia inabalável confiança, e a sua firmeza de espírito escondia uma rara modéstia, contaminava sempre com o seu ânimo todos aqueles que entravam em contato com a companheira do grande líder da Revolução de Outubro”, segundo testemunho de Alexandra Kollontai, outra líder bolchevique de primeira linha.

Nadezhda Konstantinovna Krupskaia nasceu em 26 de fevereiro de 1869, em São Petersburgo, capital do Império Russo e sua principal cidade industrial, filha de um oficial do Exército, Konstantin Krupski, e de uma professora, Elisabete Krupskaia. Apesar da origem nobre, a família era pobre; Konstantin não simpatizava com o regime czarista, chegando a ser processado sob acusação de boicotar ordens de superiores.

O pai comentava a exploração a que os operários eram submetidos nas fábricas. Krupskaia ficava revoltada e pensava que quando crescesse iria ajudar aqueles trabalhadores.

Tornou-se professora como a mãe. O pai faleceu quando ela ainda era muito jovem. Como a pensão era irrisória, ela e a genitora tiveram que trabalhar muito para sobreviver, mas Krupskaia arranjava tempo para dar aulas gratuitas aos filhos dos operários nos bairros populares. Nesse contato diário com os oprimidos, convenceu-se de que o tipo de ajuda que ela dava não era bastante. Era preciso mudar o sistema de exploração. Aos 21anos, conhece um círculo de estudos marxistas e se integra nele, começando aí sua militância revolucionária.

Casamento Revolucionário

Conheceu Lênin em 1893. Ele era um ano mais velho. Vinha de Kazan, onde concluíra Direito, estudara o marxismo e se integrara ao grupo revolucionário “Vontade do Povo”. Ora, se a classe operária era a única que poderia destruir o capitalismo, o lugar seria São Petersburgo, para onde se mudou. Krupskaia tornou-se sua secretária, companheira de estudos, auxiliava nas suas pesquisas e reflexões, além de estar sempre em contato direto com os operários. A ligação entre os dois foi se aprofundando e passaram a namorar; depois veio o casamento. Grande pensador e organizador que era Lênin, em pouco tempo havia em São Petersburgo 20 círculos de estudos do marxismo articulados na União de Luta pela Emancipação da Classe Operária. Era o germe do futuro Partido Bolchevique.

Lênin é preso em1895; Krupskaia, em 1896; ambos vão para o degredo na Sibéria, onde se casam. Trinta anos depois, escrevendo para um jornal, Krupskaia lembra: “Como renasce vivo diante de meus olhos aquele tempo de primitiva integridade e alegria de viver. Tudo parecia primitivo: a natureza, os cogumelos, a caça, o afetuoso círculo de amigos íntimos — faz precisamente 30 anos. Era em Minusinsk: passeios, canções, certa alegria ingênua comum. Em casa: mamãe, a economia doméstica primitiva, nossa vida, o trabalho em comum, as mesmas impressões e reações”. Mas foi um período de muito trabalho também em que colaborou com Lênin na escrita de obras como “O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia”, bem como no planejamento da organização de um partido revolucionário e de um jornal que fosse o instrumento de aglutinação dos militantes em toda a Rússia. Dessas ideias, nasceria a “Iskra” (Centelha).

Da Sibéria, seguem para o exílio na Europa, onde, além de sempre auxiliar Lênin nas pesquisas, secretaria o jornal, acompanhando a organização da rede de colaboradores, organiza o transporte de cada edição até a fronteira com a Rússia e também redige seus próprios escritos, como o folheto “A Mulher Operária”, no qual enfatiza que a mulher sofre exploração ainda maior que os homens no trabalho (salários mais baixos, desrespeito – hoje conhecido como assédio moral e sexual) e cumpre a dupla jornada, pois em casa os companheiros operários não aceitam dividir as tarefas domésticas.

Em 1905, voltam clandestinamente para a Rússia, tendo em vista o levante operário que eclodiu. Moravam separadamente, por razões de segurança. Ela era a secretária do Comitê Central do Partido, documentando, relatando, organizando. Escreve para o escritor revolucionário Máximo Gorki: “A organização caminha de vento em popa. Parece que só agora começa a formar-se um verdadeiro Partido operário”.

Ainda era o Partido Operário Socialdemocrata da Rússia (POSDR), mas as frações menchevique e bolchevique já se delineavam. Os bolcheviques se organizam como partido de novo tipo em 1912, ano da retomada do movimento operário russo, que fora derrotado no final de 1905, levando mais uma vez Lênin e Krupskaia para o exílio. A atividade revolucionária não para. Em 1913, colabora do exterior com a fundação de um jornal legal voltado para a mulher operária da Rússia, o “Rabótniza”.

Educando para construir o socialismo

O novo retorno só aconteceria em 1917, ano da Revolução. Eis as impressões de Krupskaia: “Quando, depois de muitos anos de desterro, voltei à Rússia, em abril de 1917, e cheguei a Petrogrado (São Petersburgo, na época), o movimento da juventude operária já tinha grande amplitude. Comecei a observá-lo atentamente, frequentando as reuniões juvenis. A onda revolucionária tinha se apoderado da juventude com uma força extraordinária; a juventude estava em ebulição, era atraída pela luta, pela nova vida”.

Nesse período, se instala no bairro operário de Viborg, onde desenvolve um trabalho de alfabetização de operários e de organização de sovietes.

Após a Revolução Bolchevique de outubro de 1917, é nomeada Comissária da Educação, desenvolvendo a adequação do ensino à nova sociedade, dentro dos seguintes princípios: “O governo operário e campesino, que resguarda o interesse das massas populares, deve eliminar o caráter de classe da escola, deve fazer a escola de todos os graus acessíveis para todos os setores da população e deve fazê-lo não em palavra, mas de fato. A instrução seguirá sendo privilégio classista da burguesia enquanto não se modifiquem os objetivos da escola. A população está interessada em que as escolas primárias, secundária e superior tenham um mesmo objetivo: educar indivíduos integralmente desenvolvidos, com instintos sociais conscientes e organizados, possuidores de uma visão de mundo refletiva e íntegra, que tenham clara compreensão de tudo o que ocorre ao seu redor na natureza e na vida social; indivíduos preparados na teoria e prática para todo o gênero de trabalho, tanto manual como intelectual, que visam a construir uma vida social razoável, abundante, formosa e alegre. Tais indivíduos fazem falta à sociedade socialista, sem eles não pode materializar-se cabalmente o socialismo”. (Contribuição ao tema da escola socialista – 1918). E não deixa de realizar sua grande paixão: criar jardins de infância, creches, escolas de crianças e pioneiros. Comenta com a mãe de um garoto: “Não sabes com que rapidez consigo ganhar a simpatia das crianças, sei brincar com elas de um modo que imediatamente começam a querer-me”.
Incansável até o último dia

Esteve ao lado de Lênin até o fim, cuidando dele com zelo na doença que o abate de vez, em 1924. Discursa na homenagem fúnebre, dizendo do companheiro: “Seu coração pulsou com imenso carinho por todos os trabalhadores, por todos os oprimidos. Ele não o dizia nunca, nem eu o diria, noutro momento menos solene, e digo isto agora porque foi um sentimento que herdou do heróico movimento revolucionário russo. Ele queria que o Poder pertencesse aos trabalhadores. Compreendia que a classe operária precisava do Poder não para gozar uma boa vida à custa dos demais trabalhadores; compreendia que a missão histórica da classe operária consiste em libertar todos os oprimidos, todos os trabalhadores. Esta ideia fundamental imprimiu sua marca a toda a atividade de Vladimir Ilitch. Camaradas comunistas, levantai mais alto a bandeira que Lênin amara, a bandeira do comunismo!”.

E continuou seu trabalho educativo incessante sob o comando de Stálin: o trabalho escolar, os clubes e bibliotecas, os destacamentos de pioneiros, a literatura para a juventude e a infância, o estudo científico dos problemas de pedagogia, etc. Era membro do Comitê Central e deputada do Soviete Supremo.

8 de março é dia de luta

Durante o exílio, Krupskaia participou da organização da III Internacional Comunista e de várias conferências de mulheres, tendo sido, junto com Clara Zetkin (ver A Verdade, nº 134), uma das maiores incentivadoras da criação do Dia Internacional de Luta das Mulheres.

Depois da Revolução, o 8 de março passa a ser feriado na Rússia, como Dia de Luta das Mulheres, uma proposta da deputada Alexandra Kollontai, apoiada entusiasticamente por Krupskaia, que, como Comissária da Educação, incentivava a realização de atividades também nas outras datas comemorativas: Dia da Juventude, Dia da Constituição, Dia do Exército Vermelho, o 1º de Maio, o 7 de Novembro, etc.

No dia 26 de fevereiro de 1939, o Comitê Central do Partido Comunista da União Soviética, o Conselho de Comissários do Povo, as organizações do Partido, os órgãos soviéticos e as organizações sociais celebraram o aniversário de 70 anos da grande lutadora pela causa do comunismo, dedicada e incansável companheira de vida e de luta de Lênin. Na madrugada do dia seguinte, 27 de fevereiro de 1939, falece Nadezhda Krupskaia.

Em 1977, a ONU oficializa o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher, que deixa de ser um dia de luta para ser apenas um dia de homenagens (muitas vezes falsas) e distribuição de rosas. Resgatar o 8 de março como Dia de Luta da Mulher trabalhadora é honrar a memória das grandes revolucionárias como Krupskaia e dar seguimento à verdadeira luta de libertação.

José Levino é historiador

Fonte: Figuras do Movimento Operário: Nadezhda Krupskaia, por C. Bobrovskaia, artigo traduzido e publicado pela revista Problemas, nº 27, junho de 1950.

Gonzaguinha: um canto para nossa luta

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Gonzaquinha 2Muitos podem achar que a água que tomava o povo brasileiro nos anos 50 era mágica. A quantidade de grandes artistas que cresceram nesta época pode nos fazer pensar nesta possibilidade. Elis Regina, Tim Maia, Maria Bethania, Cartola, Chico Buarque, etc., são alguns dos inúmeros artistas que engrandeceram nossa cultura.

Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha, também tomou muita água nesta época. Podemos contar sua história a partir de suas composições, pois possui uma obra baseada nas experiências de sua vida. Filho do mais famoso sertanejo nordestino, Luiz Gonzaga (Rei do Baião) e da cantora Odaléia Guedes dos Santos, para quem dedicou a música Odaléia, Noites Brasileiras. Gonzaguinha não seguiu os mesmos passos dos pais. A mãe morreu de tuberculose ainda muito jovem, com apenas 22 anos de idade, deixando Gonzaguinha órfão aos dois anos, e o pai, não podendo cuidar do menino porque viajava por todo Brasil, entregou-o aos padrinhos Dina e Xavier, no morro São Carlos, periferia do Rio de Janeiro. Canta sua infância em “Com a Perna no Mundo”.

Sempre disse que aprendeu muito com as lições de vida que recebeu pelas ladeiras do morro. Para conseguir seus primeiros trocados, carregava sacolas na feira. Moleque Luizinho – seu apelido de infância – aprontou com a vizinhança do bairro, furou três vezes o olho esquerdo com pedrada, estilingada e quina de cama (perdeu 80% da visão deste olho). No morro despertou a paixão pelo futebol e pela música. Desde cedo, frequentou os blocos e rodas de samba da Unidos de São Carlos. Aos 14 anos, escrevia sua primeira composição: Lembranças da Primavera. “Nas ruas do Estácio, Gonzaguinha ia crescendo, entre a malandragem dos moleques de rua e o carinho da madrinha”.

Imerso no dia a dia atribulado da população, Gonzaguinha ia aprendendo a dureza de uma vida marginal, a injustiça diária vivida por uma parcela da sociedade que não tinha acesso a nada. Foi nesse contexto que o jovem amadureceu a militância para mudar a política, sendo a música sua principal arma.

Muito estudioso, queria ser economista. Na Faculdade de Ciências Econômicas Cândido Mendes (RJ) conheceu e se encantou por Karl Marx. Na faculdade fundou o M.A.U. (Movimento Artístico Universitário) com Ivan Lins, Aldir Blanc e outros colegas. Contratado pela Rede Globo para o programa “Som Livre Exportação”, o grupo começou bem, mas a emissora quis cortar alguns artistas do grupo. Gonzaguinha liderou a campanha ou ficam todos ou não fica ninguém. Assim a rede não cedeu.

Dono de uma voz memorável, marcou a Música Popular Brasileira como um dos maiores expoentes das canções de protesto e de amor, sempre atingindo as angústias existências das paixões.

Em 1968, participou de seu primeiro Festival Universitário de Música Popular do Rio de Janeiro. Chegou até a final com a canção Pobreza por Pobreza. Um ano depois, venceu o mesmo festival com O Trem.

“É que eu quero ver quem recordará”

Nos anos 70, nem a censura segurava o talento do jovem. Sua nítida repugnância ao governo militar que carregava em suas letras o fez ser muito conhecido na censura do Dops. Para gravar 18 músicas, Gonzaguinha submeteu 72 à analise – 54 foram vetadas. Fazia dois ou três discos para poder gravar um. No entanto, sua criatividade fez passar letras como Recado (1978): “Se me der um beijo eu gosto/ Se me der um tapa eu brigo/ Se me der um grito não calo/ Se mandar calar mais eu falo (…) Verbo eu pra mim já morreu/ Quem mandava em mim nem nasceu” e Comportamento Geral: “Você deve abaixar a cabeça/ E dizer sempre muito obrigado/ São palavras que ainda lhe deixam dizer/ Por ser homem bem disciplinado”. Na canção Pequena Memória para um Tempo sem Memória deixa uma linda homenagem os heróis brasileiros que enfrentaram a ditadura: “Ê ê, quando o Sol nascer/ É que eu quero ver quem se lembrará/ Ê ê, quando amanhecer/ É que eu quero ver quem recordará/ Ê ê, não quero esquecer/ Essa legião que se entregou por um novo dia/ Ê eu quero é cantar essa mão tão calejada/ Que nos deu tanta alegria/ E vamos à luta.”

Outro papel importante que Luiz Gonzaga Junior cumpriu foi entre seus companheiros de música. Fundou junto com amigos a Sombrás (associação de músicos) e conseguiu avançar no debate dos direitos autorais das composições. Ele também conseguiu fundar seu próprio selo fonográfico para editar suas músicas, chamava-se Moleque. Gonzaguinha dispensou os empresários e essa atitude foi fundamental para sua carreira. Segundo ele, a vantagem de trabalhar independente dos empresários é poder levar a música para um número maior de pessoas e recuperar a base humana do trabalho.

Com o começo da redemocratização, suas letras ganharam romantismo. Muitos casais tiveram suas trilhas sonoras recheadas de canções do Gonzaguinha. Os relacionamentos que teve, lhe deram inspiração para retratar muito bem a paixão entre amantes. Como nas letras Sangrando, Eu Apenas Queria que Você Soubesse, Começaria Tudo Outra Vez e Diga Lá, Coração: “Diga lá, meu coração/ Conte as estórias das pessoas,/ Nas estradas dessa vida./ Chore esta saudade estrangulada/ Fale, sem você não há mais nada/ Olhe bem nos olhos da morena e veja lá no fundo/ A luz daquela primavera”.

“Uma canção de amor também é aquela que canta a luta da vida (…) o suor do trabalho/ O calo das mãos de quem canta a esperança (…) com garra e fé”, diz a letra de Uma Canção de Amor. Gonzaguinha levou a sério esses versos a vida inteira, pois representam o orgulho que tinha dos trabalhadores brasileiros e da batalha diária por uma vida digna. Sempre consciente de que a transformação da sociedade chegaria com muita luta. Mostra sua esperança na letra E Vamos à Luta: “Eu acredito é na rapaziada/ Que segue em frente e segura o rojão/ Eu ponho fé é na fé da moçada/ Que não foge da fera, enfrenta o leão/ Eu vou à luta com essa juventude/ Que não corre da raia a troco de nada/ Eu vou no bloco dessa mocidade/ Que não tá na saudade e constrói/ A manhã desejada”.

O Moleque Luizinho faleceu em um acidente de carro no ano de 1991, no auge da carreira. Em sua última música de sucesso É, deixa a mensagem: “A gente quer valer o nosso amor/ A gente quer valer nosso suor/ A gente quer valer o nosso humor/ A gente quer do bom e do melhor (…) A gente não tem cara de panaca/ A gente não tem jeito de babaca (…) A gente quer viver pleno direito/ A gente quer é ter todo respeito/ A gente quer viver numa nação/ a gente quer é ser um cidadão”.

Emiliano Zuchetti, militante da UJR, Porto Alegre

Operários do Comperj se unem na luta por seus direitos

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PROTESTO/PONTE

Como diz o ditado popular, “na briga do rochedo contra o mar, quem se dá mal é o marisco”. É o que está acontecendo com quase três mil trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), contratados pela Alumini Engenharia, empreiteira que presta serviços para a Petrobras. Desde dezembro, eles estão sem salários, e 469 foram demitidos sem o devido pagamento dos direitos trabalhistas.

Os operários estavam construindo um polo petroquímico no Município de Itaguaí, região metropolitana do Rio de Janeiro.

O investimento, orçado em R$ 6,5 bilhões, encontra-se quase parado. A obra se tornou um “canteiro de demissões”, e a promessa de dias melhores para milhares de pessoas vai se esvaindo no ralo das denúncias de corrupção na Petrobras e na irresponsabilidade do governo federal e de suas empreiteiras contratadas.

Diante do descaso dos patrões, os trabalhadores se organizaram, com o apoio do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindpetro-RJ), e começaram a realizar mobilizações exigindo seus direitos. A presença dos trabalhadores do Comperj na porta do prédio central da Petrobras, no centro do Rio, tornou-se rotina. Essa agitação conquistou o apoio da população que passava pelo local, e a solidariedade foi aumentando. Várias pessoas se revessavam no microfone do carro de som, declarando seu apoio ao movimento e criticando o governo por gastar dinheiro com as dívidas interna e externa, engordando os lucros dos banqueiros e deixando as famílias dos trabalhadores sem ter o que comer.

No dia 10 de fevereiro, centenas de trabalhadores do Comperj realizaram um ato público no vão central da ponte Rio-Niterói, paralisando metade das pistas e chamando a atenção da população para o problema que estão passando. O ato demonstrou a unidade dos trabalhadores e denunciou à sociedade a situação de dificuldades pelas quais passam suas famílias.

O movimento também lançou um manifesto onde afirma que “fomos abandonados pela empresa, pela Petrobras e pelo governo. Quem trabalha e constrói as riquezas desse país não pode ficar refém de disputas políticas que salvam as grandes empresas, enquanto os direitos trabalhistas nos são negados”.

Para dar uma solução ao problema, no dia 24 de fevereiro, 40 operários do Comperj, acompanhados pelo diretor Ronaldo Moreno do Sindpetro-RJ, foram a Brasília e fizeram uma vigília em frente ao Palácio do Planalto para serem recebidos pela presidenta Dilma Rousseff. A presidenta encaminhou a comissão de operários ao Ministério do Trabalho para que uma solução para o problema seja encontrada.

Os trabalhadores exigem que a Petrobras assuma sua responsabilidade diante dessas injustiças. Nesse mesmo dia, o juiz da 1ª Vara da Justiça do Trabalho deferiu pedido do Ministério Público do Trabalho, bloqueando as contas da Petrobras para o pagamento dos salários e resíduos de verbas rescisórias dos trabalhadores da Alumini Engenharia. O valor devido já soma mais de R$ 13 milhões.

Essa é uma vitória parcial na Justiça, mas ainda cabe recurso da estatal, e os trabalhadores sabem que o que vai garantir seus direitos é a continuidade das mobilizações e a unidade conquistada durante o processo da luta.

Victor Madeira, Rio de Janeiro

Neve em Chamas, o heroísmo soviético na luta contra o nazifascismo

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neve em chamasHá 70 anos, em maio de 1945, chegava ao fim a 2ª Guerra Mundial, a guerra contra o nazismo e que deixou milhões de homens e mulheres mortos.

A vitória contra a ameaça fascista só foi possível graças à atuação heroica do Exército Vermelho, que impôs a primeira grande derrota das hordas hitleristas em Stalingrado, enfraquecendo o exército alemão em força e moral.

Mas a Grande Guerra Patriótica, como os soviéticos se referiam à 2ª Guerra, também serviu de inspiração para que escritores produzissem dezenas de livros sobre o heroísmo do povo e do exército soviético durante o conflito. Um desses livros, Neve em Chamas, de Iuri Bondarev, narra justamente uma batalha durante o cerco alemão a Stalingrado.

Na obra, o autor aborda o confronto das mais diversos pontos de vista, desde a perspectiva de simples soldados na frente de batalha até o alto comando militar.

O próprio Bondarev foi oficial de artilharia durante a guerra e se tornou membro do Partido Comunista da URSS, em 1944, formando-se no Instituto de Literatura Máximo Gorki, em 1951. Ganhou diversos prêmios e escreveu vários romances sobre a guerra, alguns dos quais ganharam versões no cinema.

Neve em Chamas mostra com riqueza de detalhes os augures da guerra e o heroísmo, combatividade, abnegação e determinação dos membros do Exército Vermelho.

A importância desses homens para a história da humanidade é enorme. Sem os sacrifícios realizados pelos combatentes do Exército Vermelho o mundo poderia ter sido curvado pelas bestas fascistas, e a quantidade de mortes, torturas e demais mazelas seriam muito superiores.

Neve em Chamas é uma leitura recomendada para quem quer conhecer um pouco mais dessa história e do exemplo deixado pelo povo soviético para as futuras gerações. O livro pode ser encontrado em sebos ou pela internet.

Rafael Coletto, Rio de Janeiro

EUA escondem a verdade sobre atentados de 11 de setembro

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11 de setembro02Emergem de certo esquecimento os acontecimentos de 11 de setembro de 2001, quando dois aviões comerciais se chocaram contra as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. Um estado de comoção tomou conta do mundo. O presidente dos EUA, George W. Bush, apressou-se em declarar “guerra ao terrorismo”, elegendo como alvo a Al Qaeda, organização chefiada por Osama Bin Laden, terrorista formado pela CIA para enfrentar os soviéticos que haviam ocupado o Afeganistão, em 1979.

No entanto, para muitos, o atentado às torres gêmeas não foi devidamente esclarecido. Várias questões duvidosas a seu respeito não foram respondidas, e até hoje pairam no ar como uma nuvem de fumaça a ameaçar o grande castelo de mentiras, assassinatos, chantagens, censuras e podridão moral que se transformou o governo imperialista norte-americano.

Contradições que revelam a verdade

Fruto das contradições que se acentuam atualmente entre Rússia e EUA devido ao bloqueio econômico imposto ao país após a anexação da Crimeia e o apoio aos rebeldes separatistas da Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin tem retomado a discussão sobre o atentado como barganha para frear os intentos norte-americanos na região.

Putin diz possuir imagens de satélite que demonstram que o governo Bush (e seus sucessores como cúmplices) está envolvido na morte de mais de 3.000 pessoas pelo único motivo de salvar a indústria bélica norte-americana do buraco em que se encontrava na época. Além disso, era necessário alavancar a indústria petrolífera estadunidense. O episódio serviu para devastar o Afeganistão a procura de Bin Laden e pilhar os milhões de litros de petróleo dos campos do Iraque, sob a acusação de que Saddan Hussein possuía armas químicas de destruição em massa. Bin Laden foi morto dez anos depois, e os imperialistas foram obrigados a admitir que mentiram sobre a existência de armas químicas de Saddan.

Em 2006, os jornalistas brasileiros Marcelo Csettkey e Marcelo Gil, após quatro anos de pesquisas, lançaram o livro Crime de Estado – A verdade sobre o 11 de setembro, e chegaram, naquela época, à mesma conclusão que está vindo à tona a partir do acirramento das disputas entre os estados imperialistas por mercados e posições militares estratégicas.

O que descobriram?

1) Os órgãos de inteligência norte-americanos (CIA, FBI, NSA, CSG), o Pentágono e a Casa Branca estavam amplamente informados, meses antes de 11 de setembro, da presença de terroristas ligados a Al Qaeda em território nacional e com objetivos claros de promover um atentado ao WTC. Três relatórios determinantes foram abafados, engavetados, ou mesmo adulterados, para que as investigações não fossem adiante.

2) O presidente do Egito, Hosni Mubarak, o ministro do Interior Afegão, Ahmed Wakil Muttawakil, e o Mossad (serviço secreto de Israel), alertaram o governo Bush sobre a possibilidade de atentados, sequestros de aviões e mortes em massa.

3) Nenhum dos quatro voos que mudaram de rota no dia 11 foram interceptados ou mesmo abatidos pelo sistema de defesa dos Estados Unidos, procedimento considerado obrigatório. Entre a decolagem do primeiro avião e o choque com a torre, houve um intervalo de mais de 30 minutos, tempo suficiente para a interceptação, aviso de retorno à rota original e tomada de decisão pelo alto comando para abatê-lo.

4) Apesar de a imprensa norte-americana ter acompanhado as investigações prévias e denunciado a omissão das autoridades, ela muda completamente seu comportamento e deixa de questionar o governo a respeito das investigações posteriores aos atentados, pois se submeteu à censura explícita do Estado, ganhando como recompensa a alteração da legislação que regula o mercado de comunicações no país, favorecendo o monopólio da mídia. Os principais beneficiados por essa medida foram os seis grandes conglomerados midiáticos ianques: Time Warner (CNN), CBS, Disney (ABC), General Eletric (NBC), Universal e Fox.

5) Da mesma forma, o Senado norte-americano se absteve de tomar as medidas necessárias frente aos relatórios e denúncias recebidas pela comissão estabelecida para estudar toda a situação. Conforme Deonísio da Silva, na apresentação do livro, “se, como disse Engels, ‘a ciência é a eliminação progressiva do erro’, a mídia parece empenhada, em momentos decisivos, na eliminação progressiva da verdade”.

Novas revelações

Recentemente, uma equipe de oito pesquisadores liderados pelo professor Niels Harrit, da Universidade de Copenhagen (Dinamarca), comprovou a existência de explosivos altamente tecnológicos em amostras dos escombros das torres gêmeas e do prédio 7.

Essa descoberta pode explicar a queda livre dos prédios num processo de demolição implosiva controlada. Os aviões não poderiam derrubar as torres gêmeas devido à temperatura do combustível não ser suficiente alta para derreter aço. O impacto também não podia ter afetado a estrutura tal como afirmado pelo governo norte-americano, uma vez que o prédio foi projetado para suportar aviões daquele tamanho. Ferro derretido na base dos prédios ficou vivo por várias semanas. E por três meses, fotos infravermelhas de satélites mostraram bolsões de alto calor nas torres.

Além disso, o empresário Larry Silverstein, em 24 de julho de 2001, adquiriu todo o complexo do WTC, dois meses antes do “ataque”, e segurou os prédios em dois bilhões de dólares contra ataque terrorista, algo como todos sabemos um tanto incomum.

Como não se consegue sustentar uma grande mentira por muito tempo, além da ameaça de Putin, outras evidências da farsa que foi o 11 de setembro vão aparecendo e provando a tese de que o governo Bush foi mentor e articulador dessa barbaridade contra seu próprio povo e a humanidade.

Marcos Villela, Rio de Janeiro

Encontro internacional de sindicalistas acontecerá no Rio de Janeiro

cartaz ElacsNos dias 30 e 31 de outubro e 1º de novembro de 2015, ocorrerá a décima edição do Encontro Latino-Americano e Caribenho de Sindicalistas (ELACS), na cidade de Miguel Pereira, região Serrana do Rio de Janeiro. As atividades do encontro ocorrerão na Colônia de Férias Graham Bell, do Sinttel-RJ, e deverão participar delegações de Porto Rico, República Dominicana, México, Venezuela, Equador, Colômbia, Peru, Argentina e Uruguai, além dos delegados de todas as regiões do Brasil.

Iniciado em 1988, na República Dominicana, o ELACS é um espaço de articulação da classe trabalhadora contra os monopólios capitalistas e o imperialismo. O desafio de sua décima edição é preparar a mobilização contra a retirada de direitos previdenciários e as reformas trabalhistas, que significam descarregar as consequências da crise mundial sobre as costas dos trabalhadores; denunciar a criminalização às lutas sindicais e a perseguição aos dirigentes; e preparar a luta contra a terceirização, a precarização e a falta de segurança e saúde.

A Coordenação Internacional do 10º ELACS está a cargo do Movimento Luta de Classes (Brasil), da União Geral dos Trabalhadores do Equador (UGTE) e do Movimento dos Trabalhadores Independentes (MTI), da República Dominicana. É a primeira vez que nosso país vai sediar o evento.

Nosso desafio (além de receber as delegações estrangeiras) é organizar bancadas de sindicalistas combativos de várias categorias, nos diferentes estados da federação, para que o maior número possível de companheiros e companheiras possa viver a experiência de participar de um encontro internacional como este.

Por isso, mãos à obra na construção do 10º ELACS!

Thiago Santos, da Coordenação Nacional do MLC

Unidade Popular pelo Socialismo realiza plenária em Recife

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No final de fevereiro, a Unidade Popular pelo Socialismo (UP) realizou uma plenária estadual para lançamento oficial do partido em Pernambuco. A plenária aconteceu na Câmara Municipal do Recife e contou com a participação de mais de 100 pessoas e lideranças de vários movimentos sociais que apoiam a campanha pela legalização do novo partido.

Estiveram presentes, dentre outros, o economista e ex-professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) José Fernandes, o vereador de Olinda, , Marcelo Santa Cruz (PT), o membro do Partido Comunista Revolucionário (PCR), Edival Cajá, a coordenadora nacional do Movimento de Mulheres Olga Benário, Guita Marly, integrantes da Esquerda Marxista e do vereador do Recife, Luís Eustáquio.

Em meio à análise de conjuntura política e econômica pela qual passa o Brasil e o mundo, foi reafirmada a necessidade de um instrumento institucional legal e popular que represente os trabalhadores no governo. Um exemplo lembrado pelo companheiro Josivaldo, integrante da Esquerda Marxista, foi o Syriza, partido de esquerda que ganhou destaque na Grécia nas últimas eleições e que tem implementado algumas medidas econômicas em favor dos trabalhadores.

“Muitos querem explicar que a causa da grande crise que ocorre hoje é culpa do PT, do atual governo (…) acontece que a corrupção, a exploração e a opressão não nasceram agora, nasceram junto com o sistema capitalista. (…) A administração brasileira tem que ser passada às mãos da classe trabalhadora, o Estado tem que ser administrado por quem produz! Então é uma felicidade ver nascer esse novo partido que não se engana com a propaganda dessa mídia capitalista”, concluiu Cajá, em apoio às bandeiras de luta da UP.

Thiago Santos, coordenador estadual da UP, ressaltou a importância do trabalho coletivo na construção do novo partido. “Temos a tarefa de organizar os trabalhadores na disputa pelo governo. E temos sido bem recebidos, estimulados e apoiados pela população e pelas lideranças dos movimentos sociais. O trabalho conjunto de toda a militância e dos aliados vai garantir que consigamos atingir as assinaturas exigidas pelo Tribunal Superior Eleitoral para legalização do partido”, destacou.

Ludmila Outtes, Recife

Legado de Dorothy Stang permanece vivo nos povos da Amazônia

A file photo of Missionary sister Dorothy Stang in Brazil's Amazon

Em 12 de fevereiro de 2005, foi assassinada, aos 73 anos, a missionária Dorothy Stang, conhecida como Irmã Dorothy. A vítima levou com sete tiros numa emboscada na zona rural de Anapu, a 500 km de Belém do Pará. Os mandantes, Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Galvão, o Taradão, latifundiários com terras ao longo da transamazônica, tinham o intuito de eliminar a missionária e acabar, pelo medo, a luta pela reforma agrária na região. Contudo, a crueldade e a covardia que envolveu o homicídio ganhou notoriedade nacional e internacional e gerou protestos em várias partes do mundo.

Para relembrar os dez anos de martírio da Irmã Dorothy, centenas de pessoas participaram, no último dia 12 de fevereiro, em Belém, de um ato ecumênico em sua memória. Logo após, os presentes e demais ativistas sociais dirigiram-se à Praça dos Mártires de Abril (referência ao massacre dos 21 trabalhadores rurais em El Dorado dos Carajás), onde realizaram ato público, que contou com a presença da CNBB, do MST, da SDDH, do Comitê Dorothy, que declarou: “Dorothy lutou pelo projeto de desenvolvimento sustentável, na região de Anapu, Oeste do Pará, e morreu lutando pela sua implantação, conquistando a criação de dois projetos, o Virola Jatobá e o Esperança, em torno do mesmo município. Os projetos continuam vivos, produzindo e mantendo vivo o legado de Dorothy, e os agricultores mantém hasteada a bandeira da reforma agrária”. O coordenador geral da CPT, padre Paulo Joanil da Silva, declarou: “Infelizmente as mortes continuam a ocorrer e a impunidade persiste. Muitos casos não são julgados. Falta vontade política para fazer reforma agrária e para fazer justiça”.

Amazônia e reforma agrária

A disputa pela posse da terra na Amazônia agravou-se após o golpe militar de 1964. Com o objetivo de explorar as riquezas e aumentar a densidade demográfica na região, a ditadura fascista criou programas para atrair imigrantes camponeses, principalmente das regiões Nordeste e Sul. Porém, ao chegarem à região, depararam-se com poucos loteamentos disponíveis, apesar da vastidão de terras. Nesta situação atuaram (e continuam atuando) os grileiros, que falsificam escrituras para tomar as terras públicas e os lotes concedidos a uma parte dos trabalhadores, contando com o apoio das superintendências administrativas e policiais.

Em 1966, Dorothy deixou os Estados Unidos, sua terra natal, com destino à Amazônia (primeiramente o Maranhão e posteriormente o Pará) para atuar como missionária a serviço da congregação católica Irmãs de Nossa Senhora de Namur. Seus primeiros contatos a revelaram uma situação de extrema miséria à qual são submetidas as famílias campesinas, e imediatamente ela integra-se à luta pela reforma agrária e por justiça social no campo, integrando a Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Já no Município de Anapu, Dorothy trabalha como professora e ajuda a construir a primeira escola de formação de professores da zona rural, a Brasil Grande, e defende, com voracidade, projetos de uso sustentável da terra sob o controle de associações de trabalhadores rurais. Algumas áreas são conquistadas pelos trabalhadores por meio da luta, o que gera o ódio dos latifundiários da região.

Uma das áreas coletivizadas distanciava apenas alguns quilômetros da rodovia transamazônica,, e a administração coletiva da terra aumentou sua produtividade e melhorou os pontos de acesso onde antes era mata fechada. Os latifundiários, tendo à frente Vitalmiro e Regivaldo, com a intenção de expandir suas fazendas, adulteraram inúmeros documentos e escrituras para tomar a terra dos trabalhadores. Porém, através de denúncias e mobilizações, encabeçadas pela missionária Dorothy, a terra permaneceu sob controle popular, mas ela passou a receber inúmeras ameaças de morte.

A Justiça Federal chegou a oferecer, formalmente, proteção, entretanto, Dorothy intervém com a seguinte frase: “Aceitarei a proteção policial somente se forem protegidas todas as famílias da associação, caso contrário, agradeço, porém rejeitarei a oferta”. A justiça nega proteção coletiva e demonstra negligência, que termina por favorecer os latifundiários. Eis uma das últimas declarações da missionária: “Não vou fugir nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta”.

No dia da emboscada, uma testemunha relatou que, antes de receber os disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Irmã Dorothy afirmou “eis a minha arma!” e mostrou a Bíblia.

O mandante do crime, Vitalmiro, foi condenado a 30 anos de prisão, depois inocentado, e novamente condenado a pena máxima, porém já encontra-se em regime semiaberto e a qualquer momento pode conseguir liberdade plena. A negligência, por parte da Justiça, em relação à investigação ao segundo mandante, o fazendeiro Regivaldo Galvão, o Taradão, tem gerado reclamações. Julgado e condenado, o fazendeiro recorreu e conseguiu um habeas corpus, o qual o permitirá aguardar o fim do processo em liberdade. Também existe a possibilidade de ter havido um acordo entre latifundiários e empresários da região por trás da morte da missionária, porém a Justiça negou uma investigação aprofundada da suspeita.

O caso Dorothy é um dos muitos que assolaram a sociedade, criaram mártires e levaram a opinião pública a debater sobre os conflitos fundiários, as ameaças aos trabalhadores rurais, a lentidão da Justiça e a necessidade de uma transformação profunda das relações no campo.

Debora Monteiro e Matheus Nascimento, Belém

Stiupb começa a Campanha Salarial 2015 da Cagepa

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assembleia stiupb

A campanha salarial dos trabalhadores e trabalhadoras da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), em 2014, confirmou-se como uma das mais difíceis dos últimos anos. Contudo, 2015 já começou com mobilizações construídas pelo Sindicato dos Urbanitários da Paraíba (Stiupb), desde fevereiro, a partir de reuniões com os diretores regionais e delegados sindicais. Assim, desde o dia 25 de março, assembleias estão sendo realizadas em todo o Estado, como em Campina Grande, Patos, Pombal, Sousa, Cajazeiras, Monteiro, Guarabira e Picuí.

“Estamos felizes com a participação da categoria, sinalizando com um bom grau de maturidade de classe. Neste ano, estamos lutando por 13% de reajuste salarial, tíquete-alimentação de R$ 800,00 e diminuição do valor que os trabalhadores pagam para ter direito ao plano de saúde”, declarou Wilton Maia, presidente do Stiupb.

Neste ano, o tema da campanha é “Agora é a nossa vez! Vem pra luta”, em referência às mobilizações populares que têm ocorrido no país desde 2013. “Agora, é hora de os cagepeanos levantarem suas bandeiras e exigirem que suas reivindicações sejam atendidas. Os direitos não são dados, mas conquistados com a unidade da categoria, que decide coletivamente suas ações”, finaliza Wilton.

Redação PB