UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

terça-feira, 22 de julho de 2025
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Estudantes de Belém contra aumento de passagem

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No final de julho, o Conselho de Transporte de Belém aprovou reajuste no valor da passagem do transporte público, que passou de R$ 2 para R$ 2,20, fato que gerou grande revolta da população da capital paraense. O aumento representou quase o dobro do reajuste do salário mínimo.

Uma grande frente estudantil foi formada, incluindo a Uesb, Fepet, DCEs, UJR e outras organizações políticas, e levou às ruas mais de mil manifestantes até a sede da Prefeitura, no dia 9 de agosto. O ato, até então pacífico, foi recebido pela Guarda Municipal de Belém com spray de pimenta, bombas de efeito moral e balas de borracha, ferindo dezenas de estudantes, entre eles a aluna do IFPA Jaquelliny Lopes, diretora da Fenet, que ficou com o pé ferido.

A truculência da Prefeitura, que ganhou destaque na imprensa nacional, aumentou ainda mais o ânimo da juventude que, no dia 14, voltou às ruas contando, desta vez, com a solidariedade de categorias profissionais do Município, a exemplo dos servidores da Saúde que se encontravam em greve.

Com as mobilizações, o movimento arrancou o compromisso de uma audiência com o prefeito, onde reivindicou: revogação do aumento; audiência pública sobre a condição do transporte; meia-passagem para alunos de cursos pré-vestibulares; passe-livre aos estudantes; gratuidade, num domingo por mês, nos ônibus; fim da taxa de R$ 22 para emissão da segunda via da meia-passagem; e a garantia de que qualquer outra proposta de aumento seja submetida a audiência pública com a sociedade civil. O prefeito só acatou a proposta de abolição da taxa da segunda via da meia-passagem.

Um calendário de lutas já está marcado para continuar as manifestações no mês de setembro, pelo congelamento por tempo indeterminado da tarifa, pela meia-passagem aos estudantes de cursinhos e pelo passe-livre aos estudantes.

Matheus Tavares, presidente da Federação Paraense dos Estudantes de Escolas Técnicas e membro da UJR

Agosto rebelde em Caruaru

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No dia 10 de agosto, mais de 500 jovens de escolas  estaduais saíram em caminhada até o Marco Zero da cidade de Caruaru, no Agreste pernambucano, e lá entregaram uma pauta de reivindicações da juventude a um dos candidatos a prefeito do Município. A passeata foi organizada pela União dos Estudantes Secundaristas de Caruaru (Uesc) e pela União dos Estudantes Secundaristas de Pernambuco (Uespe), que têm como bandeiras de luta a reivindicação de implantação imediata de 10 % do PIB para educação, eleições diretas para a diretoria das escolas, passe-livre nos transportes urbanos e meia-passagem intermunicipal.

Segundo o diretor-executivo da Uesc, Gleison dos Santos, “a lista tríplice para indicação de diretor de escola é uma múmia morta e enterrada, que agora o governador Eduardo Campos quer ressuscitar para poder indicar os diretores e, assim, esconder da sociedade o descaso com a educação pública”.

Redação PE

Educação Pública x Educação Privada

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O Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados no mundo. Sabemos bem que a educação não é prioridade para os governos, e prova disso é que aumenta a cada dia o grau de sucateamento das escolas. O pior de tudo é que rios de dinheiro são desviados dos cofres públicos para empresas privadas do setor da educação, a exemplo do sistema S (Senai, Sesi, Senac), ainda o ProUni e o Pronatec, aos quais o governo federal repassa enormes quantias de verbas públicas sob pretexto de dar oportunidade às pessoas que não conseguiram uma vaga em instituições públicas. O fato é que todo esse dinheiro, se investido no setor público, ampliaria o número de novos estudantes do ensino técnico.

O Estado do Piauí vem se destacando pelo fato de suas escolas receberem títulos tão diferentes como a Escola Dom Barreto, em Teresina, que está entre uma das melhores do Brasil, enquanto a Escola Municipal Francisco José dos Santos, em Santa Rosa do Piauí, é considerada a terceira pior do país. Atualmente as Secretarias de Educação do Estado e da cidade de Teresina são administradas por empresários, donos de escolas e universidades particulares, e uma de suas estratégias é sucatear cada vez mais a educação pública para aumentar seus lucros.

E como é o povo que sempre fica com o ônus, o Estado continua em segundo lugar no ranking dos Estados brasileiros com o maior número de jovens e adultos analfabetos, totalizando 563 mil pessoas.

Natália Santos, estudante do Liceu Piauiense e militante da UJR

Estudantes debatem recursos energéticos na Fumec

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Um debate sobre o tema dos recursos energéticos ocorreu na Faculdade de Engenharia da Fumec, em Minas Gerais, como parte da programação de calourada dos estudantes da universidade. O auditório lotado e a grande participação estudantil mostrou o quanto é importante debater temas como esse na universidade.

Cerca de 300 estudantes participaram do debate “Os Recursos Energéticos no Brasil”, realizado pelo Diretório Acadêmico de Engenharia da Fumec em conjunto com o Diretório Central dos Estudantes e a Converge-Jr., no dia 22 de agosto. Como palestrantes participaram o professor Wladmir Coelho, responsável pela coluna Petróleo e Política no portal Diário Liberdade e mestre em direito; o engenheiro Cláudio Homero, doutor em Engenharia Química pela Universidade Federal de Uberlândia; o professor Nilo Sérgio, ex-presidente do Sindicato dos Engenheiros (MG); e o professor Gustavo Isaia, coordenador do curso de Engenharia Bioenergética da Fumec, além de representantes do Crea-RJ.

A discussão sobre os recursos energéticos está cada vez mais presente na sociedade porque a disputa pelo petróleo tem causado guerras e conflitos em várias regiões do mundo, onde a soberania nacional e interesses econômicos têm se colocado em campos opostos. Todos os palestrantes destacaram o caráter privatista da política energética adotada no Brasil, especialmente através dos leilões organizados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Outro debate abordou o fim dos contratos de concessão das hidrelétricas e a descoberta do pré-sal. Do ponto de vista dos que pensam na soberania nacional, no equilíbrio da natureza e numa política voltada para a melhoria das condições sociais da população, essas riquezas devem servir para melhorar as condições vida do povo, aplicando-se uma política de tarifas mais acessíveis e o controle social.

Ana Gabriela Santana, estudante da Fumec

Passeata relembra luta de Emmanuel Bezerra

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A União dos Estudantes Secundaristas Potiguares (Uesp) e a União da Juventude Rebelião (UJR) organizaram, no último dia 16, em Natal, uma manifestação que ocupou a Secretaria Estadual de Educação do RN.

O ato teve como objetivo relembrar a história de luta de tantos estudantes e jovens que deram suas vidas defendendo o povo brasileiro no período da ditadura militar. Um deles foi Emmanuel Bezerra dos Santos, estudante secundarista e universitário na cidade de Natal, que foi perseguido e barbaramente assassinado.

Os estudantes denunciaram os cortes e os poucos investimentos na educação pública e o descaso com que são tratadas as escolas do Estado. Cobraram um quadro completo de professores e a construção ou reforma das quadras esportivas, apontando como absurdos os enormes gastos com as obras de um novo estádio de futebol para a Copa 2014. Exigiram ainda estrutura para os laboratórios de química e informática, climatização das salas de aula e acessibilidade aos portadores de deficiências.

Com a ocupação, uma comissão de estudantil foi recebida pela secretária de Educação Betânia Carvalho, e por seu adjunto, Joaquim Juraci de Oliveira. A secretária se comprometeu a visitar prioritariamente as dez escolas ali representadas até o fim de setembro, para falar com os estudantes, professores, funcionário e direções, levando com ela uma equipe de engenheiros e técnicos com a finalidade tratar da situação das unidades, diante da pauta de reivindicações apresentada.

Samara Martins,
presidente da Uesp e militante da UJR

Manifestação encerra Eijaa em Caracas

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Entre os dias 4 e 10 de agosto, na cidade de Caracas, capital da Venezuela, aconteceu a 23ª edição do Encontro Internacional da Juventude Antifascista e Anti-imperialista (EIJAA), que a cada dois anos reúne jovens revolucionários de diversos países na luta por um mundo novo e contra as intervenções imperialistas contra os povos e a juventude.

Estiveram presentes na Universidade Bolivariana da Venezuela delegações da Alemanha, Argentina, Áustria, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, França, Inglaterra, Líbano, País Basco, Peru, República Dominicana, Turquia, Venezuela e Brasil. Temas como cultura, educação, meio-ambiente, lutas da juventude no mundo e a repressão aos movimentos sociais foram abordados, sempre tendo em vista a crise econômica do capitalismo que assola o mundo.

Muitas consequências da crise são comuns aos jovens destes diversos países: desemprego, aumento da repressão policial, queda na qualidade da educação, perda de perspectiva de futuro; aumentando consequentemente os índices de alcoolismo, consumo de drogas e de suicídios.

Contra tudo isso, uma grande quantidade de lutas tem sido protagonizada pela juventude nos últimos anos: greves pelo aumento nos investimentos da educação, lutas contra os cortes das áreas sociais, protestos contra as demissões e, de uma forma mais clara e decidida, a denúncia do imperialismo como o grande responsável pelos problemas sociais que assolam o mundo.

A delegação brasileira, formada por treze pessoas, se fez presente em todos os espaços do acampamento, levando questões importantes da conjuntura política do país: a campanha pela punição dos torturadores e assassinos da Ditadura Militar; a denúncia dos mais de 90 dias de greves das universidades federais; a mobilização crescente do movimento estudantil pelos 10% do PIB para a educação, etc.

As atividades culturais organizadas pelos próprios participantes dos diversos países foram uma grande oportunidade para apresentar a cultura popular, mostrando que também na cultura é preciso e possível combater o massacre da cultura imperialista que tenta anular a participação do povo nas manifestações artísticas.

O término do acampamento aconteceu com uma combativa manifestação que tomou as ruas de Caracas com palavras de ordem e muitas denúncias contra o imperialismo, somando-se ao espírito do povo venezuelano, que nos últimos anos vem travando uma grande luta pela soberania nacional com várias mudanças sociais promovidas pela grande mobilização popular e pelas ações do Governo de Hugo Chávez.

Rafael Pires,
coordenação da UJR

A importância da divulgação do jornal A Verdade

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Hoje as atividades do jornal A Verdade servem de estímulo aos seus admiradores, aliados e assinantes, e é principalmente nas brigadas e assembleias que o jornal concentra todos, com o intuito de divulgar e propagandear a impressa que defende o interesse dos trabalhadores. Exemplo disso são os companheiros da cidade de Carpina, em Pernambuco, que mensalmente realizam assembleias nas associações de moradores, creches, escolas, etc., além de brigadas nas fábricas, comércio e faculdades.

Nas assembleias realizadas nas escolas são dezenas de alunos que leem e debatem um tema que, muitas vezes, tem a ver com a sua realidade e conhecem mais o nosso jornal. Diante disso, temos que intensificar nossa agitação política em todos os lugares e, onde não estão sendo realizadas essas atividades, devemos retomá-las com ânimo novo. Se, em todo começo de mês, realizarmos assembleias e brigadas, teremos um jornal quinzenal como todos queremos e, em breve, diário, para defender mais fortemente o socialismo em nosso país.

Marcelo Pessoa, Carpina

Qual é a principal causa do sofrimento mental?

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Nas duas últimas décadas ocorreu um aumento muito grande do número de casos de depressão na adolescência e na infância. Algumas pesquisas também mostram que cerca de 20% dos estudantes do ensino médio sentem-se profundamente infelizes ou têm algum tipo de problema.

A depressão é certamente o diagnóstico psiquiátrico mais observado em adolescentes que tentam o suicídio. Desesperança, falta de oportunidades, transtornos de humor e principalmente o meio social de que o jovem faz parte podem ser considerados os principais agentes causadores desse distúrbio.

A taxa de doentes depressivos que cometem suicídio chega a ser de 15%, somente na adolescência. O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking da prevalência da depressão em países subdesenvolvimento: são 18,4% de doentes em uma faixa de idade que vai até 24 anos.

Afinal de contas, qual é a principal causa do sofrimento mental? Como explica o médico de psiquiatria no setor de saúde mental do hospital universitário Walter Cantídio, da Universidade Federal do Ceará, “A origem do sofrimento reside no próprio sistema; onde deveria haver amor é dada violência, onde deveria ser distribuída a riqueza produzida pela sociedade para a felicidade de todos, o que é dado é miséria e fome”

Por exemplo, crianças que abandonaram a escola até os sete anos para cuidar da casa, ajudar os pais por falta de estrutura familiar (ou até mesmo para arrumar um trabalho, ilegalmente, e que na maioria das vezes são mais exploradas que uma pessoa adulta), perdem toda a esperança de vida, fazendo assim com que 23 mil delas estejam hoje vivendo nas ruas, desmotivadas a viver por não verem mais um caminho que as possa tirar da situação de miséria.

Outro caso muito comumente analisado de jovens que ficam depressivos e depois cometem suicídio é o fato de a maioria deles morarem em setores marginais da zona urbana. De acordo com o Ministério da Saúde, 22% da população brasileira é formada de jovens de baixa renda que moram em área de risco das cidades, o que dificulta ainda mais o contato com a escola, diversão e arte, trabalho e saúde. Anualmente milhares de estudantes que concluem o ensino médio tentam o vestibular para ingressar em uma universidade pública, mas, com um pouco mais de 270 mil vagas, sendo metade delas ocupadas por alunos de escolas privadas, a maioria acaba perdendo a oportunidade e a esperança de formar-se; um total equivalente a 4,5 milhões de jovens fora das universidades.

Recente pesquisa realizada em Nova Iorque, EUA, mostrou que o fato de ir para a cama mais cedo protege os adolescentes contra a depressão e pensamentos suicidas. Dos 15.500 adolescentes com idade entre 12 e 18 anos estudados, aqueles que costumavam ir para a cama depois da meia-noite mostraram chances de ter depressão 24% maiores que os adolescentes que iam dormir por volta das 22 horas. Os adolescentes que dormiam menos de cinco horas por noite tinham um risco de depressão 71% maior do que aqueles que dormiam oito horas.

Em nosso país também temos jovens que passam a noite sem dormir ou dormem apenas cinco horas por noite, e o motivo da insônia é que, dos usuários da internet à noite, 79% deles estão presos à alienação da mídia burguesa, o Facebook. Os usuários fanáticos ou desequilibrados do Facebook acreditam que, por ser uma rede social em que eles possam expressar-se livremente ou fazer autoexposição, ela os ajuda a ficar felizes ou até mesmo fugir dos seus problemas pessoais. O que não sabem, porém, é que as prováveis consequências são de reações negativas, podendo aumentar o risco da depressão.

No dia 9 de setembro comemora-se o Dia Internacional da Luta contra o Suicídio, e não podemos deixar de nos manifestar e dizer que a vida e seus benefícios são um direito de todos, que só haverá jovens e adultos satisfeitos com ela quando viverem numa sociedade em que a vida humana prevaleça mais do que o dinheiro, em que pessoas de qualquer idade terão acesso à cultura, com uma educação suficiente para lhes dar suporte psicológico, com direito para todos, uma sociedade socialista.

Luane Mota,
diretora da Fenet e militante da UJR – Fortaleza

O cavaleiro das trevas contra o povo

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O filme Batman: o cavaleiro das trevas ressurge (Christopher Nolan, 2012) confirma duas verdades da sétima arte. A primeira é que as superproduções hollywoodianas são armas de propaganda ideológica do sistema e a segunda é que os “investidores” preocupados com essa luta ideológica não jogam leve: foram gastos US$ 250 milhões nesse filme. Não por acaso, a trilogia (que pretende ser definitiva) Batman aparece ao púbico mundial em meio a uma das maiores crises econômicas da história do capitalismo e, consequentemente, em meio a diversas revoltas e rebeliões populares ao redor do mundo. Rebeliões que contam com um protagonismo da juventude, exatamente o público ao qual se destina, principalmente, a trilogia.

Em recente entrevista, o diretor Christopher Nolan dá a dica: “Não acho que exista uma perspectiva de esquerda ou de direita no filme. Ele faz apenas uma avaliação honesta, uma exploração honesta do mundo em que vivemos – de coisas que nos preocupam”.   O ambiente do filme é uma Gotham pacificada, onde os policiais quase não tem trabalho a fazer. A proeza se deve ao Ato Dent (surpreendentemente parecido com o Ato Patriótico de Bush), lei que permite à polícia prender sem mandado, punir sem provas contundentes, extingue o habeas corpus e institui a incomunicabilidade do preso pelo tempo “necessário”. Essa lei colocou na cadeia todos os criminosos de Gotham, à exceção de alguns ladrões de galinhas. Nesse contexto, Bruce Wayne descansa tranquilo em sua mansão, pois não precisa ser mais o Batman.

Porém uma conspiração acontece em meio a essa calmaria. Um vilão de nome Bane recruta centenas de degredados sociais para algum desígnio obscuro. E não são homens comuns os que ele recruta, pois mesmo ao serem torturados (ou interrogados, segundo linguagem do filme e da vida real da polícia) não falam nada, não entregam o esconderijo e sequer confirmam qualquer acusação. Simplesmente ficam calados. Qualquer semelhança dos “bandidos do mal” em questão com militantes políticos não parece mera coincidência. E quando se percebe a gravidade do caso, temos o ressurgimento do Batman para, mais uma vez, salvar Gotham. Mas não é assim tão fácil.

Bane é, na verdade, herdeiro de Ra’s Al Ghul e líder da Liga das Sombras, organização “terrorista” secreta, que pretende acabar com a hipocrisia e corrupção existentes no mundo, com métodos nada ortodoxos, tais como dizimar toda a população de uma cidade. Num determinado momento, depois de plantar explosivos por toda a cidade e dinamitar todas as pontes que ligam Gotham ao continente, Bane convoca o povo a assumir o poder, ou seja, lidera uma insurreição popular na qual o grupo de vanguarda são os prisioneiros do Ato Dent (claro que todos bandidos perigosíssimos). Aqui, é necessário entender a caracterização que Nolan dá ao vilão em questão.

No segundo filme da série (Batman, o cavaleiro das trevas), o vilão era o Coringa. Personagem de uma crueldade insana desde sua aparição em 1940, ele é a própria antítese do Batman, um vilão sem nenhum escrúpulo. É humanizado, porém, em suas características psicológicas (além de uma impressionante interpretação de Heath Ledger) nesta série, enquanto Bane é o vilão sem qualquer vestígio de humanidade ou compaixão, que não pensa duas vezes em assassinar friamente qualquer de seus colaboradores ou inimigos. Os dois representam, no fim das contas, uma crítica frontal e profunda ao sistema corrupto e hipócrita de Gotham City, ou seja, o capitalismo. Cada qual com sua característica, o Coringa é a revolta sem objetivos definidos, a anarquia em sua mais pura essência. A crítica à moral hipócrita burguesa é central nesse personagem desde sempre. Sua ação é sempre impulsiva, nunca arquitetada, a não ser para gerar o caos e a confusão; ao contrário de Bane, que representa a ameaça à própria existência do Estado burguês. Sua ação não é individual, ele não quer a glória para si. Ele é a própria representação da vanguarda organizada dos oprimidos e espoliados, é exatamente Bane que lidera a revolução popular que acontece na trama e institui a ditadura dos pobres e oprimidos. Ele representa o fim das instituições democráticas burguesas, é o poder do povo de Gotham. É sintomático o tratamento diferenciado para os dois personagens. É natural que Hollywood e seus financiadores prefiram e achem mais humano o primeiro ao segundo.

O fato é que Bane lidera uma insurreição popular que expropria os ricos e distribui a riqueza entre a população de Gotham. Mais: institui um tribunal revolucionário para julgar a burguesia.  Prende a polícia de Gotham nos esgotos da cidade e institui uma brigada popular que patrulha as ruas. Qualquer semelhança, novamente, não deve ser mera coincidência. Mas há resistência, e ela vem de Jim Gordon, o chefe policial e reserva moral de Gotham City. Ele começa a recrutar os policiais que não estão presos no esgoto para libertar seus homens e começar a luta contra a tirania de Bane.

No final, Batman forja a própria morte salvando Gotham de uma catastrófica explosão atômica, sacrificando a própria vida pela da cidade. Na verdade ele escapa e se esconde para viver em paz, sob a justificativa de que não precisamos de heróis. Pois sempre existirá mal e sempre existirá bem, e o ideal é o equilíbrio, ou seja, não vale a pena lutar. As últimas palavras de Bruce Wayne (supostamente morto na rebelião popular por ser um dos ricaços) são lidas por um emocionado Jim Gordon e são as últimas palavras do Conto de duas cidades, de Charles Dickens: “Essa é a melhor coisa que faço e que jamais fiz, este é sem dúvida o melhor descanso que terei e que jamais tive”. Exatamente porque os extremos sempre carregam em si alternativas antidemocráticas e totalitárias aos defeitos e erros da democracia instituída.

A última frase do segundo filme da trilogia (Batman, o cavaleiro das trevas) pode resumir todos os três filmes: “A verdade às vezes não é o suficiente. Por vezes as pessoas precisam mais que a verdade, precisam ver sua fé recompensada”. Ou seja, o povo precisa ser protegido de si mesmo, porque sem as instituições democráticas (polícia, bancos, Estado etc.) em que ele tem fé, e as quais escondem a verdade, a tendência é que esse mesmo povo siga líderes cruéis e sanguinariamente igualitaristas e totalitários. Toda essa lição de moral nos é dada por um milionário que faz fortuna com fabricação de armas e especulação financeira.

Yuri Pires,
crítico de cinema de A Verdade

Empresa engana operários

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A empresa Têxtil Bezerra de Menezes (TBM), uma das maiores do Ceará, prometeu aos trabalhadores a participação nos lucros, no programa Querer, no valor equivalente a um salário, para os operadores das fábricas que atingissem as metas de qualidade.

Até o fim do ano passado, porém, apenas uma parcela havia sido paga, e, ainda assim, somente duas unidades da empresa a pagaram. Os trabalhadores, depois de muito esforço para conseguir bater as metas, aguardam a quitação da segunda.

Achando pouco a falta de respeito com os operários, a TBM fez grande alarde, distribuindo camisas e calendários para lançar no mês de julho deste ano a segunda fase do programa, o 100% Querer, prometendo, desta vez, o pagamento do 14º e 15º salários.

Contudo, vários trabalhadores, cansados da enrolação da TBM, deixaram a empresa, que, por sua vez, alega estar passando por dificuldades financeiras. Entretanto, vale ressaltar que a indústria têxtil é a que mais cresceu no Ceará, recebendo gordos subsídios do Governo do Estado, mas continua pagando mal aos operadores, submetendo-os às altas temperaturas no ambiente de trabalho.

No início deste ano, o Sindicato dos Têxteis acionou a Superintendência Regional do Trabalho para participar das mediações com a direção da empresa; um técnico foi designado para inspecionar a temperatura (o que não aconteceu ainda). Para completar, o sistema de climatização existente foi desligado e vários companheiros têm passado mal no trabalho. Tudo isso para garantir os lucros e as mordomias dos patrões, que moram em luxuosas mansões e andam em carros importados com ar condicionado.

Redação Ceará

Trabalhadores enfrentam Polícia em Pernambuco

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Operários continuam luta em Suape, PE

Durante 24 dias, trabalhadores dos canteiros de obras da Refinaria Abreu e Lima e do Complexo Químico-Têxtil de Suape, na cidade pernambucana de Ipojuca (a 50 km do Recife), demonstraram que a classe operária responde com energia à exploração e à arbitrariedade de que é vítima. Fizeram mais uma greve contra o acordo coletivo fechado entre os patrões e o sindicato de trabalhadores (Sintepav-PE) sem que a categoria, composta por cerca de 51 mil funcionários, tivesse aprovado.

Ocorre que, no último dia 27 de julho, o Sintepav-PE iniciou uma assembleia para acreditando que a proposta a ser apresentada aos empregados seria aceita, mas, ao ver que a categoria contestava seus argumentos, resolveu pôr fim à reunião, deixando para deliberar num outro momento. Após a maioria esmagadora ter deixado o local, a direção do Sintepav-PE retomou a discussão para aprovar a proposta da empresa, de 10,5% de aumento, com apenas 300 empregados presentes.

Diante da manobra dos patrões, com a anuência do sindicato da categoria, aos trabalhadores restou se lançar com força total numa intensa mobilização para anular o acordo fraudulento. Sem o apoio da entidade que deveria lhe representar, os grupos que encabeçavam o movimento reivindicatório procuravam adesão para a greve explicando a força que teria o movimento caso todos aderissem. Diante das dificuldades enfrentadas, alguns recorreram mesmo à quebradeira e até ao incêndio de ônibus.

Além de reivindicar um aumento salarial de 30%, os operários pediam ainda melhorias no alojamento, folgas de campo, benefícios de produtividade e aumento no valor do vale-refeição. Nem mesmo uma decisão judicial, do dia 8 de agosto, determinando a volta ao trabalho, foi suficiente para convencer os grevistas a suspender a greve nos dias que se seguiram.

A pedido do Sintepav-PE e do sindicato patronal, em reunião no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-PE), no dia 9 de agosto, o Batalhão de Choque entrou em ação: balas de borracha, agressões, policiais atirando para cima e prisões. Raimundo Amorim Filho, de 50 anos, e Johemert Moura, de 24 anos, acusados de lesão corporal, dano ao patrimônio público e suspensão de trabalho coletivo, foram encaminhados ao Centro de Triagem (Cotel), na cidade de Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife.

Somente a partir de 20 de agosto é que a categoria, pouco a pouco, começou a retornar ao trabalho. A resposta dos cerca de 22 consórcios que atuam no grande canteiro de obras de Suape veio sob a forma de demissões. Cerca de 200 funcionários foram dispensados por justa causa. Não havia dúvida de que os capitalistas iriam impor pesadas penas aos operários revoltosos, mas os trabalhadores preferiram encarar os riscos a se submeter àquela arbitrariedade.

A jornada de lutas de agosto de 2012 dos operários de Suape demonstra que, apesar da traição de setores do sindicalismo brasileiro, o movimento se encaminha para o novo, para o enfrentamento, e não para a conciliação de classes.

Thiago Santos,
presidente do Sintelmarketing-PE