UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

segunda-feira, 10 de novembro de 2025
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Renúncia do Papa expõe grave crise na igreja

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O Papa renuncia e expõe a grave crise na igrejaNunca se saberá com exatidão os motivos de ordem subjetiva que levaram o octogenário papa Bento XVI à renúncia durante o Carnaval. Seria uma tarefa esotérica buscar as reais motivações subjacentes a essa decisão que – interpretada de modo superficial – revelou um gesto de humildade e de relativização do exercício do poder.

Aos 83 anos, com sua energia física e mental cada vez mais reduzida, Ratzinger recebeu elogios de quase todos os lados. Aqueles que, porém, buscam analisar a renúncia de modo objetivo e dialético, observam, nesse gesto, um componente que mostra e projeta cabalmente alguns dos reais fatores  para essa decisão pontifícia.

É inegável, em primeiro lugar, o fracasso do projeto neoconservador do Papa. Quando ele entrou no consistório, para disputar a sucessão de João Paulo II, com 50 por cento dos votos garantidos em seu favor, de acordo com fontes do próprio colégio cardinalício.

Depois da primeira ofensiva contra a Teologia da Libertação, feita por seu antecessor, Bento XVI  passou a liderar, como chefe da Igreja, a segunda ofensiva.

O seu objetivo era igual ao de seu antecessor: deslegitimar as teorias e práticas decorrentes da primeira elaboração teológica com o rosto dos indígenas, dos negros, dos trabalhadores rurais e urbanos, das mulheres, enfim do povo, das massas que continuam oprimidas nos países periféricos deste mundo.

Profundamente abalada pela migração de católicos para o indiferentismo religioso e as experiências neopentecostais, a Igreja Católica Romana continua a sofrer um abalo sísmico contínuo e profundo. O projeto eclesial da direita revelou-se tímido, com os seus movimentos-líderes (Opus Dei, Comunhão e Libertação e outros) envolvidos na luta pelo poder, entre eles e a burocracia da Cúria Romana. Numa sociedade altamente impactada pelo referencial das novas tecnologias da informação e da comunicação, a Igreja tentou o impossível: conciliar as formas e os métodos da Cristandade com o modus operandi da pós-modernidade.

O quadro da crise é completado com o uso do espaço e dos instrumentos de poder do Vaticano para fins espúrios, tais como a lavagem de dinheiro e outros crimes.

Diante de tudo isto, as cartas estão lançadas. Mas o diagnóstico parece ser esse: do ponto de vista político e sociológico, somente a reabertura de espaços plurais pode aliviar a atual crise da Igreja.

Dermi  Azevedo
Jornalista e cientista político com tese sobre “Igreja e Democracia. A Democracia na Igreja”. 

Nota do PCMLV sobre a morte de Hugo Chávez

Palavras do PCMLV frente à morte do Comandante Chávez

PCMLV
O Partido Comunista Marxista-Leninista da Venezuela (PCMLV) manifesta a todos os operários, camponeses, estudantes, organizações de mulheres, partidos e organizações revolucionárias de massas, anti-imperialistas, socialistas, bolivarianas, seu pesar e solidariedade frente o desaparecimento físico do comandante-presidente Hugo Chávez Frías.

Igualmente expressamos condolências a todos seus familiares, amigos e ao governo nacional frente a perda de um grande humanista, patriota, progressista e consequente estadista revolucionário, como demonstrou ser o presidente Hugo Chávez até os últimos dias de existência.

Convocamos a classe operária, que aprendeu a crescer na luta revolucionária, nos momentos mais urgentes da história, a preparar-se para resistir e vencer os reacionários que não demorarão em aproveitar este difícil momento para impedir, por meio da violência, as conquistas e reivindicações alcançadas sob a direção do presidente Chávez. O imperialismo espreitará mais neste doloroso momento que atravessa o movimento revolucionário nacional.

Este chamado é para não desistirmos da luta pela construção do socialismo, bandeira que levantava o presidente Hugo Chávez em qualquer cenário. Esta bandeira tem de ser assumida com rigor e coragem neste momento difícil da história para todos os proletários da nação. Nós, como Partido da classe operária da Venezuela, fazemos o chamado para a luta e a construção do socialismo e do comunismo na concepção científica do marxismo-leninismo.

A sabotagem, os assassinatos mandados, o terrorismo, a escassez de alimentos, a propaganda de desinformação e manipulação se intensificarão. Os reacionários nacionais e internacionais se sentem vitoriosos neste momento, mas a classe operária nacional e mundial seguirá adiante travando as batalhas necessárias e estratégicas para continuar o caminho da vitória e de acúmulo de forças para enfrentar os fascistas e imperialistas.

Que a morte do Presidente da República não signifique o declínio da organização popular, mas sim, que serva como impulso para futuras lutas contra o inimigo de classe. Não devemos acreditar em falsas condolências da direita colonial, a mesma que, em dezenas de ocasiões, tentou assassinar o comandante. Estes setores são movidos por um único impulso: o lucro à custa do que for.

A direita está avaliando que ações tomar nos próximos dias. Não é por acaso que o governo venezuelano expulsou dois militares dos EUA por conspiração.

Reforçamos o chamado a todos os multiplicadores revolucionários a construir fileiras contra o inimigo de classe capitalista e imperialista. A classe operária, que se prepare para uma possível conjuntura difícil, não confia no inimigo burguês, que historicamente provou ser traiçoeiro. Se a burguesia pró-imperialista tentar se aproveitar deste momento de dor do povo humilde e explorado, as massas deverão responder com força e aplicando a violência revolucionária.

O socialismo só se constrói com a aliança operário-camponesa no poder e o povo em armas!

PCMLV

Caracas, 5 de março de 2013

Greve na limpeza urbana da Paraíba une categoria e arranca 10% dos patrões

piquete de greve na porta de empresa 01

Os agentes de limpeza urbana da Região Metropolitana de João Pessoa, além de Campina Grande, conseguiram, através de uma greve de dois dias, arrancar dos patrões 10% de reajuste salarial e 20% no vale-alimentação. Agora o salário do agente de limpeza será de R$ 712, e o vale de R$ 180. A paralisação, realizada nos dias 04 e 05, contou com adesão total dos funcionários das empresas Ambiental Soluções, Limp Fort Engenharia e Construtora Marquise.

O Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza Urbana da Paraíba (Sindlimp-PB) e o Movimento Luta de Classes (MLC) coordenaram a greve em cinco cidades (João Pessoa, Bayeux, Cabedelo, Santa Ria e Campina Grande). Na manhã da segunda-feira (04), a categoria entregou carta endereçada à presidenta Dilma Rousseff, que esteve em visita à Paraíba. O documento foi recebido e lido por Ubirajara Augusto, da Secretaria-Geral da Presidência da República, que ainda conversou com os agentes de limpeza.

Com as empresas, no entanto, a conversa foi dura. Após mais duas rodadas de negociações e muitas denúncias por parte do Sindicato contras as práticas patronais de pressão sobre os trabalhadores, as empresas tiveram que reconhecer a força da mobilização e aumentaram sua proposta de reajustes, saindo dos 8,5% e 10% no salário e no vale-alimentação, respectivamente, que sustentaram até o início da greve. A mediação foi feita pelo chefe da Seção de Relações do Trabalho, José Cursino Nunes Raposo, na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE).

Para Ulisses Alberto, tesoureiro do Sindlimp-PB, “muito além das questões econômicas, a greve estourou, neste momento, devido ao repúdio da categoria a um sistemático assédio moral promovido pelas empresas: jornada de trabalho de 10 a 12 horas por dia; punições injustificadas, demissões imotivadas, humilhações de cunho social e moral, etc. Com a greve, demos uma grande resposta a tudo isso, e agora vamos fiscalizar com muita determinação o cumprimento do Acordo Coletivo e garantir o fim do assédio”.

Para o sucesso da greve, foi fundamental o apoio e a participação ativa de vários companheiros e companheiras do Partido Comunista Revolucionário (PCR) e da União da Juventude Rebelião (UJR), que militam em diversas entidades, como: Sindicato dos Trabalhadores da Limpeza Urbana de Pernambuco e de Caruaru, Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Calçados de Carpina, Sindicato dos Urbanitários da Paraíba, Sindicato dos Jornalistas da Paraíba, Sindicato dos Motoristas e Ajudantes de Entrega da Paraíba, Movimento de Mulheres Olga Benario, Associação Paraibana dos Estudantes Secundaristas (Apes-PB), Movimento Correnteza e Movimento de Luta nos Bairros (MLB).

Rafael Freire

A Rua é Pública – curta-metragem na Ocupação Eliana Silva

Eles tinham a bola, o time e nenhum lugar pra jogar. Sem campo, quadra ou rua, algumas crianças do assentamento Eliana Silva, não acham que disputa de pênaltis seja uma grande aventura, mas isso está prestes a mudar.

Em Portugal, governo treme com manifestação popular mais ofensiva

Mais de 1 milhão de pessoas compareceram as ruas de Lisboa, Portugal, no último dia 2 de março contra a permanência da Troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Européia).

Diferente das outras manifestações, a população voltou a cantar a música “Grândola, Vila Morena“, que antes ditou o ritmo da retomada democrática pelos portugueses junto ao Movimento das Forças Armadas, quando da Revolução dos Cravos no fim da ditadura de Salazar. Era nítido o medo do governo português ao escutar os portugueses reivindicando o espírito revolucionário da música, o que resultou no governo respondendo com polícia, violência. Veja este e outros vídeos.

Jornalistas criam Comissão Estadual da Verdade

Jornalistas criam Comissão Estadual da VerdadeO Sindicato dos Jornalistas do Estado do Ceará (Sindjorce), dando prosseguimento às suas atividades de comemoração aos seus 60 anos de funcionamento, lançou, em evento realizado no dia 27 de fevereiro, no Centro Cultural Dragão do Mar, em Fortaleza, a Comissão Estadual da Verdade dos Jornalistas. Segundo a Presidente do Sindjorce, Samira de Castro, a Comissão terá o papel de esclarecer os crimes cometidos pela ditadura militar contra jornalistas. “O nosso objetivo é fazer memória e justiça a esses profissionais, para que não se esqueça e não se repita”, disse.

A Comissão é composta por seis jornalistas, sendo presidida por Messias Pontes. Dentre os trabalhos, está o recolhimento de informações e documentos sobre casos da época, para serem enviados à Comissão Nacional dos Jornalistas, e a produção de um livro e documentário.

Diversas entidades sindicais e movimentos sociais estavam presentes no auditório do Dragão do Mar, que contou ainda com o lançamento do livro “As duas Guerras de Vlado”, de Audálio Dantas, que lutou contra a ditadura ao lado de Vladimir Herzog, assassinado nos porões do DOI-CODI-São Paulo, em outubro de 1975.

Audálio, que é Presidente da Comissão Nacional dos Jornalistas, reforçou que é necessária a punição de todos os torturadores. “Temos que exigir que sejam punidos os assassinos. Muitos estão soltos circulando livremente pelo país. Os pobres, negros, mestiços e camponeses continuam sendo vítimas dessa violência”.

Da Redação, Ceará

Descoberto espião entre trabalhadores e militantes de Belo Monte

Um espião contratado pelo Consórcio Construtor de Belo Monte foi identificado neste último domingo (24) por militantes do movimento Xingu Vivo, enquanto gravava uma assembleia com uma caneta espiã.

Identificado apenas como Antonio, o espião confessou, ao ser descoberto, que trabalha para o Consórcio Construtor de Belo Monte desde o ano passado. Na memória da caneta foram encontrados vídeos de assembleias, reuniões e até instruções sobre como utilizar o equipamento.

Segundo Antonio, o material seria analisado pela inteligência da CCMB, que contaria também com a participação da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência).

Devido a este serviço de espionagem, cinco trabalhadores foram presos e oitenta foram demitidos sob a acusação de comandarem a última revolta nos canteiros de obras de Belo Monte, em novembro do ano passado.

Confira o depoimento do espião no vídeo.

Mário Lopes

Carta de Marcelo Rivera: Para uma amiga que me deu a liberdade

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Marcelo RiveraMe lembro daquele dia, na primeira reunião do núcleo da Juventude (JRE) que você formou no colégio Cinco de Junho, participei por um convite de uma companheira de curso, chamavam-na de “a gata”, se lembra dela? Era alta, branca e com lindos olhos de gato.

Há muito tempo que procurava por vocês, e cheguei ao lugar certo, nessa reunião te conheci, desde aquele dia eu não parei em minha atividade, mesmo na prisão não deixei de ser ativo: sempre organizando, sempre desenvolvendo idéias, propostas, iniciativas … sempre lutando.

Devo te dizer que nesses anos de prisão tenho compreendido um pouco mais o que significa ser livre, e estou convencido que me cheguei a se-lo quando ingressei na organização. Você, amiga e camarada, teve uma grande participação nesse processo de libertação.

Ser livre significa pra mim romper cotidianamente as cadeias da alienação ideológica que o sistema capitalista constrói todos os dias em nossa consciência. Ser livre é cortar essas milhares de amarras que nos atam às concepções, idéias, modelos, mentalidades, preconceitos, conceitos que nos impõe uma única forma de vida e um único caminho a seguir: ser mais uma peça da grande máquina opressora que nos domina. Quando ingressei na organização, comecei esse processo de libertação e ainda estou lutando todos os dias para ser um pouco mais livre.

Um belo dia, de uma hora pra outra, me tiraram o direito de ir e vir, me prederam num caixão de cimento, rodeado de barras, cadeados, correntes, regras, regulamentos, vigilantes, disposições administrativas, e a ameaça permanente de transferências… Enfim, minha existência ficou reduzida ao controle institucional de quem pretende me “rehabilitar”. Me arrancaram de minha familia e amigos, fui colocado com presos comuns para que saiba que “se rebelar contra a grande máquina é um crime, pior ou mais desprezível do que matar, roubar ou estuprar”.

Esta situação deveria provocar uma mudança em minha essência, já não sou o mesmo, agora sei o que é ser livre. Todos os dias assimilo essa realidade e compreendo que nada poderá voltar a me prender, nada poderá tirar a MINHA LIBERDADE. Somos livres amiga, saimos da escuridão e de um mundo de mentiras, a organização nos deu a luz e agora sabemos “o porquê“ de todas as coisas que passam neste mundo e por isso sabemos como transformá-lo e vamos mudá-lo, disso estou plenamente seguro.

Somos livres porque abandonamos a miragem e o sonho eterno em que vivem milheres de pessoas que acreditam ser livres, nossa tarefa agora é libertar a todos, devolver a dignidade ao ser humano, por isso vivemos, essa é nossa responsabilidade de vida.

Há muitos anos me deste a mão, abriu-me a porta e me convidou a ser parte desta organização de seres humanos livres, me convidou a seguir este caminho que jamais deixarei, por isso sou eternamente agradecido.

Uma mulher me deu a vida, uma mulher me deu a felicidade e uma mulher me deu minha liberdade.

Teu amigo Marcelo Rivera
Janeiro de 2013

Entenda o caso

Em dezembro de 2009, Marcelo Rivera, então presidente da Federação dos Estudantes Universitários do Equador – FEUE, foi preso, acusado e condenado pelo governo de Rafael Correa de “agressão terrorista” e “destruição de bens”, por lutar contra uma reforma universitária que estava sendo imposta pela reitoria de sua Universidade.

No dia 27 de fevereiro de 2013, após cumprir 3 anos e 2 meses essa injusta pena, Marcelo Rivera finalmente foi solto e poderá, enfim, se incorporar as trincheiras de luta pela real libertação do homem e da humanidade.

Foi assim a Maré Cidadã em Madrid

Maré Cidadã em MadriSábado, 23 de fevereiro. São 4 da tarde, aproxima-se a hora da grande maré cidadã. Circulamos por Madrid, conduzidas por uma camarada da Izquierda Unida, que nos acompanhará até às Portas do Sol. Pelo caminho cruzamo-nos com uma coluna de manifestantes que se irá juntar a uma das 4 grandes colunas que mais tarde irão confluir na Praça Cibeles. São do bairro de Vallecas. Foi feito um apelo para que cada bairro da cidade se organizasse para participar na grande mobilização de protesto contra o golpe anti-democrático da Troika e dos mercados.

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A nossa camarada estaciona no bairro de Lavapies e seguimos agora a pé pelas ruas em direção ao nosso ponto de encontro. Ao longe já se ouve o fervilhar da multidão. Perceber que pode ser uma multidão faz-nos sorrir.

Chegamos. O nosso ponto de encontro é uma imensa coluna já, da qual não se vê nem o princípio nem o fim,e que ainda vai confluir com outras antes de chegar à Praça Cibeles.

Está um sol radioso que faz brilhar as bandeiras e os cartazes e ilumina os rostos, apesar do frio imenso que teima em gelar-nos as mãos e as faces.

A data é bastante simbólica, passam 32 anos da tentativa de golpe militar de 23 de Fevereiro de 1981, durante o qual a Guardia Civil tentou tomar de assalto o Congresso dos Deputados.

Agora os espanhóis juntam-se novamente para lutar contra este novo golpe de Estado.

Vieram todos. Trabalhadores, desempregados, pensionistas, estudantes, velhos e crianças, os mineiros, as vítimas dos despejos, os que defendem a saúde pública, os que defendem a educação pública, os trabalhadores da rádio e televisão de Madrid (onde já foram despedidos 90% dos trabalhadores e que vai agora ser privatizada), as vítimas do franquismo, os do 15M. As várias marés, (verde, branca, vermelha, laranja) juntaram-se a mais de 300 associações sociais, a partidos políticos, como a Izquierda Unida, e a muitos milhares de cidadãos Vieram mostrar a sua indignação contra a austeridade e os cortes que lhes querem impor, contra a reforma laboral.

Desfilam agora pelas ruas, imunes ao frio gelado. Por todo lado vemos pequenos cartazes que dizem simplesmente “No” com o desenho de uma tesoura, simbolizando “no a los recortes” – não aos cortes. Um grupo que se auto-intitula de veteranos dos 15M, numa divertida alusão à sua idade, gritam que estão ali pelos jovens. Há imensas alusões a Rajoy. Muitos trazem consigo envelopes e mostram que os seus estão vazios. As frases que mais se ouvem serão, talvez, “si, se puede” (sim, é possível) e “no hay pan para tanto chorizo” (não há pão para tanto “ladrão”).

Ainda estamos a meio da Calle de Alcalá a caminho da Praça Cibeles e já se começa a andar bem devagar. Ao longe avista-se uma verdadeira maré de gente a confluir de Leste, Oeste, Norte e Sul. A coluna é cada vez mais compacta. Todos querem chegar perto da Câmara dos Deputados e do ponto final da manifestação – a praça Neptuno.

Chegamos ao ponto de confluência. Uma verdadeira enchente de pessoas que se agita como uma verdadeira maré. A marcha é cada vez mais lenta. Ainda não se vê o fim da coluna que integramos nem de qualquer das outras. Mas o espaço entre pessoas é cada vez menor. Um pouco mais à frente ouve-se um cântico. Um comentário perpassa pela multidão – são os mineiros! Há um misto de respeito e de admiração nessa afirmação. E todos começam a cantar com os mineiros “Santa Bárbara Bendita”. Furo pela multidão à procura do epicentro. Os mineiros estão sentados no chão, com os seus capacetes na cabeça e as luzes ligadas como faróis. Terminam o cântico e gritam: “arriba mineros!”. Levantam-se e a marcha prossegue. Pela multidão continua a ouvir-se a pergunta: “viste os mineiros?”.

Passa já das 6 da tarde, não estamos sequer a meio do percurso entre a praça Cibeles e a Praça Neptuno, mas já não é possível avançar mais. Os que conseguiram chegar à frente e regressam dizem-nos que não vai ser possível ir mais longe, que junto das barreiras que a polícia instalou em volta do Congresso dos Deputados, está tão compacto que não cabe uma mosca. Ao ponto de confluência continua a chegar um mar sem fim de gente.

Todos se questionam quanto aos números. As autoridades nem nos números abdicam da austeridade e falam em 80 mil. As organizações dizem que entre 400 e 500 mil pessoas. À nossa volta, arriscam que estão muito mais. Uns comparam com a manifestação de protesto contra a guerra que juntou 1 milhão. Outros comparam com os festejos da vitória da Espanha no Mundial que juntou 700 mil pessoas. Com excepção dos dados das autoridades que são manifestamente parcos, é difícil dizer quem terá razão. Devido aos constantes fluxos de pessoas será talvez difícil chegar ao número mais próximo da realidade, mas é certo que as marés não deixarão de voltar a correr pelas ruas em Madrid, porque quem lá esteve viu e sentiu a verdadeira dimensão da indignação.

Cláudia Oliveira
Fonte: BE Internacional

O sistema de saúde em Cuba

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Neste trecho do documentário Sicko, de Michael Moore, norte-americanos vão para Cuba para conseguir tratamento médico. A qualidade do sistema de saúde cubano é reconhecida mundialmente, não obstante o bloqueio econômico e midiático imposto pelos EUA à ilha caribenha.

Vigilantes de todo país fazem paralisação por adicional de periculosidade já sancionado por lei

Greve dos vigilantes

A lei 12.740, sancionada pelo Governo Federal em dezembro do ano passado, garante aos vigilantes patrimoniais adição salarial de periculosidade de 30%. No entanto, as empresas se recusam negociar a efetivação da proposta. Os empresários alegam que estão aguardando a regulamentação da legislação para efetuar o pagamento.

Por todo o país os trabalhadores da categoria mobilizaram paralisações e greves. No estado de São Paulo as principais ações aconteceram no interior, nas regiões de Piracicaba, Sorocaba, Riberão Preto e Franca.

Grande parte dos vigilantes que aderiram às paralisações trabalham em agências bancárias, o que resultou no fechamento de diversas delas, já que, segundo lei federal, para o funcionamento das agências é necessário garantir cota mínima de segurança nos locais. Boa parte dos bancários apoiam as paralisações e afirmam que “sem vigilante, bancário não trabalha”.

Liminares foram abertas por Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) para que um mínimo de 40% do efetivo das regiões interioranas de São Paulo voltassem ao trabalho, consideram inconstitucionais as greves realizadas.

Em protesto, os trabalhadores organizaram doações de sangue coletivas, o que impede que os trabalhadores exerçam a função no dia em que a doação é realizada. Um grupo de 80 vigilantes doaram sangue no Hemonúcleo de Piracicaba nesta última quinta-feira.

A Fetravesp (Federação dos Trabalhadores em Segurança, Vigilância Privada, Transporte de Valores e Similares do Estado de São Paulo) reverteu a decisão judicial da 42º Vara do Trabalho em São Paulo que impedia o direito de greve dos vigilantes.

Ana Rosa Carrara, São Paulo