Na manhã do último dia 27 de agosto, no mês em que se completaram 13 anos da morte de dom Helder Câmara, 27 da morte de dom José Lamartine e 43 do assassinato do padre Antônio Henrique, os restos mortais deles três foram trasladados para um túmulo definitivo na Igreja da Sé, em Olinda.
Padre Henrique, assessor da Pastoral da Juventude na época em que dom Helder era arcebispo de Olinda e Recife, depois de celebrar uma missa em homenagem a Edson Luís, estudante assassinado pela Ditadura Militar no Rio de Janeiro, foi sequestrado e encontrado morto num matagal localizado na Cidade Universitária, no Recife. Ao lado de dom Helder foram depositados também os restos mortais de seu bispo auxiliar, dom Lamartine. Dom Fernando Saburido, o atual arcebispo, com muita emoção celebrou a missa que lotou a Igreja da Sé com militantes dos direitos humanos, amigos e familiares.
As manifestações pela abertura dos arquivos da Ditadura e pela prisão dos torturadores assassinos crescem em nosso país. A juventude, as mulheres e os trabalhadores têm protagonizado esta luta em vários estados brasileiros e, em Pernambuco, no dia 28 de maio deste ano, foi realizado um ato no Viaduto Presidente Médici, localizado na Avenida Norte, que cruza a Avenida Agamenon Magalhães (um dos principais cruzamentos do Recife), durante o qual o viaduto foi simbolicamente renomeado para Viaduto Padre Henrique.
O coordenador-geral do DCE-UFRPE, Clóvis Silva, disse, durante o ato: “Há 43 anos, Padre Henrique foi assassinado e até hoje os culpados estão impunes; já basta de tanta impunidade. Vamos renomear este viaduto com o nome dele para que possamos restabelecer a justiça. Outros atos virão, e iremos firmes na luta pela memória, verdade e justiça”.
O militante camponês e dirigente do Partido Comunista Revolucionário (PCR) Manoel Aleixo da Silva é uma das 136 pessoas reconhecidas pelo Estado brasileiro como desaparecidas, dentre os mais de 500 mortos da Ditadura Militar fascista que instalou no Brasil em 1964 e que, podemos dizer, até hoje não acabou.
Não acabou porque ainda não cessaram as suas dores, o tormento provocado aos familiares dos que tombaram, dos que tiveram seus corpos desaparecidos, dos que foram torturados, mas sobreviveram.
O corpo de Manoel Aleixo continua desaparecido, mas sua história permanece viva. Nascido em São Lourenço da Mata, na Zona Canavieira de Pernambuco, em 04 de junho de 1931, seus pais foram negros alcançados pela escravidão quando crianças. Manoel cresceu trabalhando na moagem da cana de açúcar e ouvindo histórias dos homens valentes em busca de liberdade.
Em 1955, já aos 24 anos, conhece as Ligas Camponeses, que então conquistara a desapropriação do Engenhe Galiléia, no Município de Vitória de Santo Antão. Ingressa nas Ligas, desenvolve lutas e ajuda a organizar novos núcleos em diversas cidades de Pernambuco e Alagoas, recebendo, por isso, o nome de Ventania, pela velocidade e força com que se movimentava.
Nos anos que precederam ao Golpe Militar, as Ligas Camponesas e os Sindicatos de Trabalhadores Rurais travaram grandes lutas, envolvendo uma grande massa de homens e mulheres. Ventania era já então uma de suas maiores lideranças. Quando, de fato, os militares derrubaram o presidente da República João Goulart, em 1º de abril de 1964, Manoel Aleixo se vê obrigado a deixar sua casa, com esposa e filhos, e cair na clandestinidade.
Passados cerca de três anos, em meio ao processo de resistência à Ditadura e de reorganização política do trabalho entre os camponeses da região e das organizações de esquerda no Brasil, Manoel reencontra um velho conhecido: Amaro Luiz de Carvalho, um dos principais comunistas brasileiros com atuação no Nordeste, de ampla formação marxista e militar, que, junto a Manoel Lisboa de Moura e outros camaradas, participara da fundação do Partido Comunista Revolucionário (PCR), em 1966.
Uma vez no PCR, aprende a ler e a escrever e recebe formação política. Logo ingressa na Direção do trabalho no campo, sempre na clandestinidade. O trabalho do Partido cresce em toda a Zona Canavieira de Alagoas ao Rio Grande do Norte, incomoda o Estado fascista e, no início dos anos 1970, vira alvo prioritário das forças da repressão.
Em 1971, Amaro Luiz de Carvalho é assassinado na prisão, pouco tempo antes do fim de sua pena. Entre 1971 e 1972, outro militante camponês de nome Amaro, o Amaro Félix Pereira, é sequestrado e desaparecido. E, em agosto/setembro de 1973, a Ditadura consegue capturar Manoel Lisboa de Moura, Emmanuel Bezerra dos Santos e Manoel Aleixo. Os três são mortos sob as mais bárbaras torturas, mas a versão oficial divulgada pela Ditadura e pela imprensa burguesa é de que foram atingidos em tiroteios com policiais ao resistir à voz de prisão.
Luta pela memória, verdade e justiça
Em 23 de agosto de 2011, portanto, há um ano, foi criado o Comitê Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco, formado por diversas entidades da sociedade civil e militantes históricos. Já em 16 de maio deste ano, foi empossada a Comissão Nacional da Verdade, criada pela Lei 12.258/2011, de autoria da presidente da República Dilma Rousseff.
O nome de Manoel Aleixo consta, sem dúvida, entre aqueles que o Comitê Pernambucano tem levantado para o devido esclarecimento das circunstâncias de sua morte. É preciso apontar para a Comissão Nacional que leve à frente as investigações sobre Manoel Aleixo, Amaro, Carlos, Odijas, Honestino, Stuart, José, Paulo, Joaquim, Wladimir, Jonas, Maria, Sônia, Soledad, Ana, Anatália, Iara, Íris, Ieda, Marilena…
Para homenagear todos estes militantes e cobrar punição aos golpistas e torturadores da Ditadura Militar, será realizado um ato político no dia 8 de setembro, na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema) – Av. Tiradentes, nº 1.323, na Capital paulista. O ato acontece no marco dos 46 anos de fundação do PCR e será não só uma atividade de denúncia e reivindicação, mas, acima de tudo, uma manifestação em defesa de um mundo novo, socialista, uma celebração da luta libertária, um elogio aos revolucionários que deram suas vidas por esta causa.
Rafael Freire,
presidente do Sindicato dos Jornalistas da Paraíba
A dívida pública espanhola ultrapassou pela primeira vez os 800 bilhões de euros, o que corresponde a 75,9 por cento do PIB, a maior taxa desde 1913, após 12 meses de cortes sociais e salariais decididos pelo governo de Rajoy para “combater a dívida”.
De acordo com dados publicados quarta-feira pelo Banco da Espanha, a dívida pública cresceu 14 por cento nos últimos 12 meses e 3,8 por cento no último trimestre, aquele em que, segundos os analistas, começaram a ter repercussões plenas sobre a economia as medidas de austeridade impostas em fevereiro pelo executivo de direita.
A dívida pública espanhola atingiu os 804.388 milhões de euros, com muito maior responsabilidade da administração central e não das comunidades, que o governo de Madrid costuma responsabilizar pela situação.
De acordo com estatísticas reconstruídas através de um estudo publicado pelo FMI, a dívida de 75,9 por cento do PIB na Espanha é a mais elevada desde 1913, ano em que chegou aos 76,7 por cento.
A dívida pública bate recordes na Espanha ao mesmo tempo que o desemprego atinge os seus valores máximos nas últimas décadas.
Era bonito aquele sorriso. Por mais que houvesse olhado aquela fotografia zilhões de vezes, não conseguia acostumar-se com um sorriso tão bonito e se surpreendia sempre. Analisando friamente, não era um sorriso retilíneo, tampouco havia uma brancura exemplar. Havia mesmo pontos amarelados pelo cigarro. Mas era muito bonito, mesmo assim. Talvez fosse aquele jeito de sorrir com os olhos. E era amor. Sim, definitivamente aquele sorriso transparecia amor. Pela vida, pelos amigos, pelo futebol no domingo. Por Maria Lúcia, namoradinha de colégio e de faculdade. Amor pelo futuro. Era exatamente isso, conseguia enxergar naquele sorriso as suas fantásticas projeções para o futuro. Sempre havia pensado onde é que ele arrumava tanta criatividade para sonhar.
Dizia que no futuro não haveria meninos dormindo embaixo das marquises, nem vendendo chicletes nos sinais. Dizia que a gente ia poder descobrir que estava doente antes dos sintomas tomarem conta do corpo, através de exames moderníssimos, e que não seria apenas para os endinheirados, todos teriam acesso a essa tecnologia, porque assim seria com os trabalhadores na dianteira desse país. O sonho era tão bonito quanto aquele sorriso.
Chegara a sua vez. Guardou a foto na bolsa e caminhou em passos firmes. No caminho as lembranças iam surgindo como num filme. Os tempos de escola, a primeira namorada e o primeiro arranca-rabo com o pai por chegar a casa após a meia noite. Depois veio a faculdade, queria ser advogado, dizia que o problema eram os homens da lei, se o povo mudasse as leis e houvesse homens da lei a favor do povo, tudo se concertava, era questão de tempo. Sonhava bonito aquele sorriso. Um dia chegou alvoroçado.
— Mãe, eles rasgaram as leis – gritou do portão da rua abanando um jornal amassado.
— Eles quem menino? Deixa isso quieto, vamos almoçar! – Disse eu na minha ordem de prioridades. Primeiro todo mundo bem alimentado, depois a gente junta os pedaços dessa lei rasgada e dá um jeito de emendar.
Depois disso houve muita confusão. Nunca vi tanta cavalaria nas ruas, noite e dia. E onde houvesse passeata e protestos, lá estava a cavalaria e lá estava metido também aquele sorriso inconfundível e aqueles lindos sonhos. E o pai não brigava mais, porque todo dia chegava depois da meia noite em casa, sempre muito silencioso, no começo pensava que era para não acordar o pai, depois descobrimos que estava a se esconder dos mesmos homens que tinham rasgado as leis.
Até que um dia não apareceu mais. Os amigos não sabiam do paradeiro. Só tive notícias suas, meses depois. Maria Lúcia que trouxe. Disse que estava bem, que estava escondido porque os homens que rasgaram as leis queriam pegá-lo, e estavam vigiando a casa agora mesmo, e que mesmo Maria Lúcia corria risco sendo vista ali. Disse que me amava muitíssimo, que morria de saudades e pediu que continuasse a vida, porque logo chegava o futuro e levava todos esses rasgadores de leis e de sonhos para bem longe. E eu podia imaginar aquele sorriso em meio a todas essas palavras.
E alguns anos depois Maria Lúcia apareceu de novo. Não trazia boas notícias. Disse que houve choques elétricos, pau-de-arara, pauladas e pontapés. Disse que procuravam informações, nomes, endereços, queriam saber o que fazia e onde se escondiam aqueles sonhos todos. E por conta disso, não havia mais aquele sorriso que tanto amava, as sevícias tinham arrancado os dentes e a alegria. Mas o certo é que não houve informações. Não puderam encontrar os nomes que queriam, os endereços, não sabiam onde é que escondiam-se os sonhos. Também sabia ser duro aquele belo sorriso. Maria Lúcia chorava muito. Disse que jogaram o corpo no fundo do mar. Disse que isso não era coisa que se fizesse, que era covardia.
Enfim havia chegado o momento de depor na tal comissão da verdade. Era preciso contar tudo. Depor contra aqueles que mataram homens, sequestraram e torturaram sonhos, destruíram sorrisos. Sim, eram os mesmos rasgadores de leis. Nenhum detalhe ficou de fora, podia-se pegar o ar com a mão naquela sala de reunião. Homens e mulheres ouviam e anotavam. Era possível ver a indignação crescendo nos olhos daqueles homens e mulheres. O chefe da comissão pediu desculpas, em nome do Estado pelos bárbaros crimes cometidos, um jovem disse alto que era preciso punir os responsáveis pelas atrocidades, pois as leis, outrora rasgadas, estavam vigentes novamente e era preciso fazer valer nossos direitos. Houve um silencio constrangedor. Quem seria capaz de discordar? Esse mesmo jovem falou que naquele exato momento outros jovens estavam organizando manifestações e protestos em todo o país, exigindo a punição de torturadores e carrascos. E quem poderia ser contra a juventude, tão cheia de sorrisos?
Voltando para casa em um táxi, repassava mentalmente tudo o que tinha me ocorrido naquele dia. Essa memória misturava-se com o quarto arrumado igual como ele deixara, durante anos a fio, décadas. Retirei a foto da bolsa, queria olhar uma vez mais aquele sorriso bonito carregado de esperança nesse tal futuro que ele tanto falava. E apesar do amarelo e da data impressa no canto da foto, percebi que sorrisos não envelhecem. Sonhos também não.
No dia 8 de setembro, 300 pessoas participaram de um importante ato Pela Punição dos Torturadores e Assassinos da Ditadura Militar e em homenagem aos militantes do Partido Comunista Revolucionário assassinados pela Ditadura Militar. O mês de setembro foi escolhido por ser o mês do assassinato de dois dos mais importantes fundadores do PCR, Manoel Lisboa de Moura e Emmanuel Bezerra dos Santos, mortos pela ditadura em 4 de setembro de 1973.
No dia 8 de setembro, 300 pessoas participaram de um importante ato Pela Punição dos Torturadores e Assassinos da Ditadura Militar e em homenagem aos militantes do Partido Comunista Revolucionário assassinados pela Ditadura Militar. O mês de setembro foi escolhido por ser o mês do assassinato de dois dos mais importantes fundadores do PCR, Manoel Lisboa de Moura e Emmanuel Bezerra dos Santos, mortos pela ditadura em 4 de setembro de 1973.
Estiveram presentes como debatedores os companheiros Ivan Seixas, Coordenador do Núcleo de Memória Política e membro da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva de SP; Rafael Martinelli, Presidente do Fórum dos ex-Presos e Perseguidos Políticos e fundador da ALN; Amelinha Teles da Comissão dos Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos e também integrante da Comissão Estadual da Verdade-SP, e do companheiro Luiz Falcão, diretor de redação do Jornal A Verdade e membro do Comitê Central do PCR.
A maioria dos presentes no ato eram militantes da União da Juventude Rebelião (UJR) e do PCR dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e dezenas de entidades dos movimentos populares, sindicais e estudantis com destaque para UNE, UBES, FENET, MLB, MLC, Movimento Olga Benário e dezenas de Centros Acadêmicos, DCE´S, Grêmios, Associações de Moradores e sindicatos.
As falas dos debatedores foram cheias de energia revolucionária e transmitiram grande força e emoção aos presentes.
A companheira Amelinha Teles ressaltou a luta travada pelos familiares desde a década de 80 para que os corpos dos militantes desaparecidos fossem identificados e entregues a seus familiares para que estes lhes dessem um digno sepultamento, e concluiu afirmando que “Muitos casos ainda não foram resolvidos e é fundamental continuarmos a luta para que tudo seja esclarecido e os responsáveis por tudo isso sejam punidos”.
Dando sequência Ivan Seixas, falou da luta travada ontem e hoje contra as torturas e por uma sociedade com justiça social e denunciou que hoje o Estado e a Polícia continuam matando e torturando nossos jovens nas periferias das grandes cidades. “É fundamental que o PCR assuma esta tarefa e juntos possamos trabalhar para punir os assassinos e torturadores de Manoel Lisboa e dos demais companheiros do PCR”. “Nós não queremos torturar como eles fizeram conosco, queremos apenas que seja feita justiça, que eles sejam condenados e punidos. Querer justiça não é revanchismo”, afirmou Ivan.
Rafael Martinelli falou sobre a traição de classe ocorrida com o revisionismo soviético e que é necessário construir um partido verdadeiramente revolucionário. “Neste sentido acredito que o PCR está no caminho correto, fico emocionado quando vejo tantos jovens, gente dos bairros, sindicalistas, estudantes de vários cantos e todos com o mesmo propósito”.
Outro momento de grande emoção do ato foi quando o companheiro Luiz Falcão, representando o Comitê Central do PCR, relatou todos os sofrimentos e torturas sofridos pelos companheiros Manoel Lisboa, Amaro Luiz de Carvalho, Emmanuel Bezerra, Amaro Félix e Manoel Aleixo e ressaltou que eles deram suas vidas para acabar com a miséria do povo e pela construção do Socialismo. “Neste momento em que o capitalismo atravessa sua maior crise desde a crise de 1929, que promove guerras, massacra povos como fez no Iraque, no Afeganistão, na Líbia e deixa milhões de seres humanos sem água e comida, joga no desemprego milhões de jovens, mais do que nunca é necessário reafirmarmos nosso compromisso com a construção do socialismo. Por isso, este ato é também para renovar nosso compromisso de continuar essa luta. Pouco antes de morrer, Manoel Lisboa falou com a companheira Maria do Carmo e nos deixou sua última palavra de ordem, pediu para que continuássemos o trabalho do partido. Hoje, Manoel, o PCR conta com centenas de militantes em todos os cantos do país reafirmam esse compromisso com a causa pela qual deste tua vida.”
Em todos os momentos do Ato a plateia manifestou muita combatividade e emoção. Várias falas, palavras de ordem, declamação de poesia e bandeiras vermelhas com o rosto dos nossos heróis tremulavam enchendo o ambiente de energia revolucionária. Por fim, a comemoração foi encerrada com uma grande festa ao ritmo dos tambores do samba e da voz da Negra Dija que fez todos dançarem, se confraternizarem e se prepararem para as lutas que avançam a cada dia.
Uma operação para manipular as eleições presidenciais de fevereiro de 2013 está em curso no Equador. O Conselho Nacional Eleitoral – CNE, dirigido em sua integridade por aliados do presidente Rafael Correa e seu partido (Aliança Pais), colocou em curso uma manobra de fazer inveja a qualquer ditador com o objetivo de impedir os partidos que compõem a frente de esquerda unificada lançarem seus próprios candidatos nas eleições presidenciais.
A manobra visa atacar principalmente os dois principais partidos de esquerda do país: Movimento Popular Democrático – MPD e o Pachakutik -PK. Estes dois partidos já haviam sido inscritos e confirmados junto ao órgão eleitoral, mas tiveram seus registros suspensos no início de setembro após uma revisão fraudulenta e manipulada das assinaturas de filiação. Militantes históricos e até dirigentes do MPD tiveram suas filiações suspensas pois supostos grafologistas identificaram diferenças entre a assinatura firmada no momento da filiação e a arquivada nos registros do CNE.
Este ataque ocorre exatamente no momento em que se fortalece uma candidatura unificada da esquerda revolucionária do Equador. Reunidos em uma multitudinária convenção realizada em 1º de setembro, os partidos e movimentos MPD, PK, Montecriste Vive, RED, PCMLE e outros setores socialistas decidiram lançar à presidência o ex-presidente da Assembleia Nacional Constituinte e um dos principais líderes da oposição de esquerda ao atual governo, Alberto Acosta. Esta candidatura põe em cheque e desmascara toda a falsa propaganda do atual governo que tenta manter um verniz de esquerda no cenário internacional enquanto pratica uma política reacionária no interior do país.
A verdade é que o governo de Rafael Correa vem perseguindo todos os movimentos sociais do país que não apoiam sua reeleição. Mantém dezenas de presos e processados políticos, entre eles o ex-presidente da Federação dos Estudantes Universitários do Equador, Marcelo Rivera, enquanto privatiza a o serviço público de água, reprime os professores, estudantes e povos originários em todas as suas lutas.
Com a inscrição suspensa, os dois partidos (MPD e PK) têm, segundo as regras ditadas pelo CNE, até o dia 24 de setembro para apresentar o número de assinaturas que complete a inscrição (13 mil para o PK e 25 mil para o MPD). Ademais, a frente de esquerda está convicta que as intenções golpistas do governo só serão barradas através da mobilização popular e já convocou para o dia 13 de Setembro uma marcha nacional contra a fraude e em defesa da democracia.
É dever de toda a esquerda revolucionária estar em solidariedade com os lutadores do Equador que lutam para desmarcar o direitismo travestido de socialismo do século 21. Devemos denunciar todos os intentos golpistas do governo de Correa e propagar aos quatro cantos que no Equador sim existe uma esquerda revolucionária unida que não se rendeu nem se vendeu.
O Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo, atrás apenas dos EUA. Pelo menos, 28 milhões de pessoas no Brasil usaram cocaína de forma inalada ou fumada (crack ou óxi) nos últimos 12 meses. Esses números transformam o Brasil no segundo principal mercado consumidor de cocaína do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, onde 4,1 milhões usaram a droga no último ano. Considerados só os que consumiam o crack, o total chega a 1 milhão de pessoas no País, o que torna o Brasil o principal mercado consumidor do planeta. Mas como nos demais países pesquisas não separam o consumo de cocaína inalada e fumada, é difícil apontar o tamanho do mercado consumidor de crack nas outras nações.
Os dados são do 2º levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), feito pelo Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Drogas (Inpad). Foram ouvidas 4.607 pessoas com mais de 14 anos em 149 cidades.
Em relação ao mercado de cocaína, o Brasil fica à frente até mesmo, de continentes inteiros, como Ásia, onde 2,3 milhões de pessoas usaram a droga no período. No Reino Unido que ocupa a terceira posição, há 1,1 milhão de usuários.
Além de se destacar pelo tamanho da demanda, o Brasil possui uma oferta que torna o produto bastante acessível. Entre aqueles que consumiram cocaína, 78% acham fácil conseguir a mercadoria no país. No Sudeste concentram 1,4 milhão dos usuários e o Nordeste 800 mil, Norte 300 mil, Centro – Oeste 300 mil e Sul 200 mil.
O ano de 2011 foi marcado pela intransigência do governo Dilma Roussef, que se negou a negociar as pautas de reivindicação dos servidores públicos federais e aprovou a Medida Provisória 568/11 sem as 400 emendas propostas pelo movimento sindical.
Nesse ano de 2012, a história foi diferente: 350 mil servidores do executivo, técnico-administrativos e professores dos IFS, e outras fundações e autarquias mobilizaram-se e realizaram a maior greve da categoria. Porém, o governo não queria sequer negociar com as categorias em greve. Empurrou um acordo rebaixado e se caracterizou pela arrogância e a truculência: cortou o ponto integral de 12 mil servidores, emitiu o Decreto nº 7777/12, que permite a contratação de terceirizados e o aproveitamento de servidores estaduais e municipais para suprir a falta dos grevistas e ameaçou a utilização das forças armadas nas áreas de segurança. Contra essas medidas que vão contra o direito de greve, os servidores públicos aumentaram as mobilizações em defesa dos seus direitos e por um serviço público de qualidade.
O pontapé inicial da campanha salarial 2012 foi dado em 16 de fevereiro. O Fórum Nacional dos Servidores Públicos Federais, formado por 28 sindicatos e 3 centrais, apontou que a única forma de obter conquistas era unificando todos os servidores para uma greve geral.
De fevereiro a maio, foram realizados atos, paralisações e passeatas nas principais cidades do Brasil. Em maio, os docentes das Universidades Federais iniciaram a greve.
Mais de 400 mil servidores mobilizados e em greve no Brasil
Em pouco tempo, os docentes de 57 das 59 universidades federais entraram em greve. Os técnicos administrativos seguiram o movimento e cruzaram os braços. Acompanhando o desenvolvimento da greve e na luta por melhores condições e o fim do sucateamento na educação pública, os estudantes também entraram em greve. Os professores da rede federal da educação básica, profissional e tecnológica também paralisaram suas atividades.
A partir do mês de junho foi a vez dos servidores do executivo, ligados a Condsef e seus sindicatos filiados.
Dentre as bases grevistas da Condsef, destacou-se o Arquivo Nacional, em Brasília e no Rio de Janeiro, que durante 58 dias permaneceu de braços cruzados por um Plano de Carreira e pela substituição do diretor do órgão. Mesmo após a direção geral, através do setor de Administração, constranger, ajuizar ação contra a Associação dos Servidores do Arquivo Nacional – ASSAN e o Sintrasef/RJ, cortar o ponto de dias de paralisação de 2011 e zerar parte dos contracheques no mês de agosto, os servidores se mantiveram em greve, com piquete na porta do órgão, realizando atividades políticas, de confraternização e assembleias diárias com a presença de mais de 80% dos servidores. Uma assembleia histórica dos servidores do AN ocorreu depois do corte de ponto de 30 dias, quando aprovou a continuidade da greve, demonstrando a sua disposição de enfrentar o governo e servindo de exemplo para toda a greve dos servidores.
A mobilização no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) também foi um símbolo de unidade e luta nessa greve. Apesar da oposição governista por parte da Associação dos funcionários, os companheiros do núcleo de base do Sintrasef/RJ conseguiram realizar 9 dias de paralisações com mais de um mês de “operação padrão”, que culminou com a conquista de uma Gratificação de Qualidade(GQ) que avança na erradicação das distorções entre nível médio e nível superior.
Pela primeira vez, o governo Dilma se viu em cheque e teve que negociar com os grevistas. O Ministério do Planejamento e o Palácio do Planalto apostaram que os servidores não se mobilizariam e a popularidade de Dilma iria derrotar a greve. O que se viu foi justamente o aposto. Uma avalanche de greves tomou o Brasil. Carreiras do serviço público, que há um bom tempo não se mobilizavam, deflagraram greve: Policia Federal, Rodoviária Federal, Ficais da Receita e servidores das Agências Reguladoras dentre outras.
O Governo não tendo mais alternativa teve que ceder. Em Brasília, os servidores lotaram as ruas com suas bandeiras, chegando ao ponto de uma jornalista da Globo falar que “não aguentava mais sair de casa para trabalhar e ver Brasília tomada por bandeiras vermelhas”. O Sindsep/DF organizou piquetes em frente aos ministérios. Carros de som rodavam na Esplanada dos Ministérios fazendo agitação o dia todo aos gritos de “Greve neles!!”. As manifestações com caravanas de todos os estados brasileiros reuniram mais de 40 mil servidores federais.
Após rodadas e mais rodadas de negociação o governo apresentou a proposta de 15,8% de reajuste, divididos em três anos. Esse percentual representa 22 bilhões retirados do orçamento da União. Ao ser aplicado nas tabelas mais baixas da base da Condsef os aumentos chegam até 36% para o nível auxiliar. O movimento grevista também conquistou aumento de 69 reais no ticket refeição, aumento no auxílio saúde e garantiu que o acordo comece a valer a partir do mês de janeiro (o governo queria que fosse em julho). Além disso, várias mesas de negociação setoriais continuam a encaminhar demandas que podem ser resolvidas a despeito da votação do Orçamento da União.
Mesmo o reajuste sendo concedido sobre a gratificação de desempenho e durante 3 anos, o movimento avaliou que a greve foi vitoriosa, pois o governo que no início do ano declarou que não haveria nada para os servidores, e que o cobertor estava curto, foi obrigado a conceder o reajuste, graças à disposição e combatividade da greve geral.
Se o governo pensa que esse acordo irá amarrar os servidores por três anos, está totalmente enganado. As plenárias de todas as entidades sindicais que dirigiram a greve foram unânimes em afirmar a necessidade de começar logo a discussão de manutenção da unidade conquistada nessa Campanha Salarial para a realização de uma greve geral dos servidores mais poderosa, capaz de derrotar a política do governo Dilma, que já demonstrou que seu compromisso é com os banqueiros e os grandes capitalistas. Os servidores públicos federais estão mais unidos, fortalecidos e estarão de volta às ruas muito em breve.
A palavra de ordem do Movimento Luta de Classes (MLC) se confirmou na prática. “Só quem luta conquista”. Que venha a campanha salarial 2013!
Esses dias, sentado no metrô ao lado de um cidadão com aqueles bigodes que impõem respeito, lia no jornal que a cesta básica novamente aumentava de preço. E pensava como podia a carestia da vida estar tão em alta no país, se mesmo o futebol, orgulho nacional, está em declínio. Aliás, o futebol não, a seleção canarinho, que, comandada pelos experts em futebol da CBF, qualquer dia vai exigir do treinador a escalação de oito volantes (para dar mais segurança ao time) e exigir que o centroavante marque homem a homem o lateral esquerdo adversário. Mas isso é assunto para outra conversa.
Como ia dizendo, com tantas coisas em baixa na vida nacional, é realmente uma proeza da cesta básica bater consecutivos recordes nos últimos tempos. A educação vai mal, com índices aterradores quanto à semialfabetização de nosso povo, e a saúde pública cada vez mais nos transforma no país das filas intermináveis dos postos de saúde. Inclusive, fui marcar uma consulta recentemente e recebi a seguinte resposta da atendente:
– O senhor vai estar nos desculpando, mas nós não temos mais horários para esse surto de virose. Se já quiser adiantar consulta para a virose do próximo verão, vá ficando à vontade. – disse com voz anasalada.
Bom, por via das dúvidas eu marquei.
Em recente entrevista, o nosso ministro da Fazenda colocou o problema de o país andar tanto por baixo. O problema seria a falta de espírito empreendedor e confiança no futuro do povo brasileiro. Faltava ao pequeno empresário brasileiro esse tal de self-made man que sobra nos Estados Unidos.
Taí, gostei da sinceridade do ministro (apesar de não ter gostado nadinha do arrocho salarial anunciado para o funcionalismo público para os próximos anos). E longe de mim ficar como esses que só sabem reclamar e agourar nossa economia! Quero ajudar o governo nessa cruzada contra o pensamento pequeno do povo brasileiro, que decerto ainda não se acostumou a ser sexta potência econômica mundial. Talvez não tenha se acostumado pelo fato de o governo não saber fazer propaganda de nossas conquistas econômicas e sociais de forma correta.
Por exemplo, a cesta básica. Sugiro ao ministro que empreenda uma campanha nacional para mostrar ao povo os avanços concretos da cesta básica. Afinal, estamos obstinadamente lutando pela posição de cesta básica mais cara do mundo! Mesmo em meio à crise mundial, não é todo país que pode ter esse orgulho. Imagine a campanha publicitária: “Os EUA estão se esforçando para chegar a ter tanto desemprego quanto o Brasil, esses danadinhos pensam que vai ficar por isso mesmo?? Não. Nós temos a cesta básica mais cara das Américas!” (com certeza, algum corintiano gritaria: Chupa Ianques!!)
Ou talvez, quem sabe, a gente fazer inveja mesmo aos chiquérrimos franceses e sua culinária que quase não leva carne. Poderíamos fazer a campanha “Em toda favela brasileira, se espalha a culinária francesa”. Claro, porque daqui a pouco, o que vai dar para almoçar vai ser um pouquinho de arroz branco, uma folhinha de alface e um pedacinho de bife de frango. Todos os pobres brasileiros baterão no peito e dirão com orgulho singular: “Antigamente, só os ricaços podiam comer essa merrequinha de comida como símbolo maior de finesse. Nós, pobres, estávamos fadados a ‘bater’ sempre aquele pratão de pedreiro com duas conchas de feijão, no mínimo. Mas agora não, estou me sentindo um bon vivant”.
Com certeza, a partir desta campanha, o povo passaria a ter orgulho de ser brasileiro. E pensaria sempre grande e rumo a novas realizações. Empreenderia cotidianamente forças para ajudar nossos ministros e nossa presidenta a construir esse país. Mas, para colocar de vez uma pá de cal sobre nossa mentalidade subdesenvolvida e nosso espírito de colonizado, sugeriria por último um discurso oficial da presidenta. Aí sim! Fico até imaginando:
“Povo brasileiro, venho hoje à televisão falar sobre algo importante para todos nós: a carestia de vida, o altíssimo custo de nossa cesta básica. Não venho aqui para esconder a realidade de vocês, povo forte e destemido, algumas nações ainda conseguem ter um custo de vida mais alto que o brasileiro. Mas se trata de povos africanos e asiáticos, que como sabemos são obstinados como o diabo, e, quando colocam uma coisa na cabeça, vão até o fim, basta ver os quenianos nas maratonas. Pois bem, agora eles mexeram com quem não devia. Não pouparemos esforços para, no prazo máximo de um ano, ter a cesta básica mais cara do mundo [Imagino que nesse momento, em milhões de lares brasileiros, as pessoas bateriam palmas efusivamente e alguns, mais exaltados, pulariam em seus sofás]! Estamos trabalhando dia e noite para isso. Nunca na história deste país, como diria um grande amigo, nós demos tantos incentivos aos latifundiários brasileiros! Esses verdadeiros heróis são grandes parceiros, obstinados como o quê, em tornar a cesta básica brasileira a mais cara do mundo [E o povo gritando vivas aos usineiros e senhores da soja]!! Não temeremos nenhum esforço; inclusive, se o preço dos alimentos não subir satisfatoriamente, eu congelo os salários todos, para que o poder de compra se mantenha. Prometo, povo brasileiro, não descansarei enquanto não fizer deste país uma carestia só, de norte a sul!”
Tenho certeza de que isso elevaria nosso espírito empreendedor. Qualquer brasileiro, passeando pelas ruas de Londres, ou Paris ou mesmo Washington, diria para um transeunte qualquer: “Meu filho, eu sou brasileiro, ouviu bem? Bra-si-lei-ro! No meu país, até o Eike Batista pensa duas vezes antes de comprar carne de primeira!”
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções. Nós repeitamos a LGPD.
Funcional
Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para a finalidade legítima de permitir a utilização de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou com a finalidade exclusiva de efetuar a transmissão de uma comunicação através de uma rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos.O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.